Nenhum constrangimento, diz Gilmar sobre ligação com Aécio
No Recife, ele minimizou o áudio em que aparece conversando com o senador afastado sobre o Projeto de Lei de abuso de autoridade
Bastante seguro e firme na resposta, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, disse, ao ser questionado durante entrevista coletiva no Recife, que não sentia “nenhum constrangimento” pela sua “ligação” com o senador Aécio Neves (PSDB), afastado das atividades legislativas após a divulgação de uma gravação na qual ele aparecia pedindo R$ 2 milhões a um dos donos da JBS, Joesley Batista, com o pretexto de que precisava de dinheiro para a sua defesa na Lava Jato. O magistrado desembarcou na capital pernambucana para participar de evento no LIDE Pernambuco sobre governabilidade no Brasil.
A pergunta sobre a possível ligação entre Gilmar e o tucano deve-se ao fato de uma conversa entre os dois sobre supostas articulações para a tramitação do Projeto de Lei de abuso de autoridade. O registro foi feito pela Polícia Federal (PF). Sobre o assunto, o também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) minimizou declarando que não há “nenhuma novidade” sobre o assunto.
Gilmar Mendes se defendeu destacando que “há muito tempo” defende a lei do abuso de autoridade. “[O Projeto de Lei] fez parte do meu projeto na presidência do Supremo. A lei foi feita na minha gestão e defendo publicamente no Senado Federal. O que acontece agora? Parece que há um pensamento totalitário. Qualquer definição de limites para o Ministério Público como polícia se tornou algo perigoso. Para quem? Para eles e aí dizem que há desobstrução de justiça, como se não pudesse se discutir uma nova lei de delação”, declarou.
Ele também fez uma crítica sobre a legislação pontuando a necessidade de uma nova lei. “Uma nova lei de abuso de autoridade. Veja, a nossa lei de abuso de autoridade é de 1965. Ela está completamente ultrapassada e a conversa que eu mantive com os parlamentares não foi essa telefônica não, foi conversa pública no plenário do Senado sobre a necessidade de aprovação dessa lei. É urgente para evitar os abusos que se perpetuam”, disse.
Mais cedo, durante a palestra a uma plateia de empresários e políticos, Gilmar Mendes criticou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pelo fato de estar, segundo ele, "se omitindo" do assunto.