Deputados protestam contra eventual privatização da Chesf
Lucas Ramos (PSB), Rodrigo Novaes (PSD) e Odacy Amorim (PT) criticaram o Governo Federal e disseram que a medida contraria o interesse público
A pretensão do Ministério de Minas e Energia de privatizar a Eletrobras (Centrais Elétricas Brasileiras) provocou protestos dos deputados na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Entre outras empresas, a estatal do setor de energia controla a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que possui 12 hidrelétricas e mais de 20 mil quilômetros em linhas de transmissão no Nordeste. Na sessão plenária dessa terça-feira (22), Lucas Ramos (PSB), Rodrigo Novaes (PSD) e Odacy Amorim (PT) expressaram a insatisfação com a medida. Segundo eles, a postura contraria o interesse público.
“Privatizar a Chesf e a Eletrobras não é a pauta que o Brasil precisa neste momento”, garantiu Lucas Ramos. “Querem colocar à venda um ativo superavitário, um dos maiores do Brasil, e fazer o povo pagar pela ineficiência dos gestores que por ali passaram anteriormente”, acrescentou o pessebista.
Sob a ótica de Ramos, “vender um patrimônio dos brasileiros por R$ 20 bilhões para encobrir um déficit de R$ 59 bilhões que o sistema Eletrobrás acumula é uma prova da incapacidade do Governo Federal em gerir uma empresa do tamanho e importância da Eletrobrás e suas subsidiárias”. “Mais uma vez o governo Temer se coloca de costas para o povo brasileiro e em uma decisão monocrática coloca à venda um dos maiores ativos do país”, cravou.
Para Rodrigo Novaes, a medida ameaçaria o caráter estratégico da Eletrobras e os programas de cunho social conduzidos em regiões menos desenvolvidas economicamente, como é o caso da Chesf no Sertão de Pernambuco. “Se afirmam que a gestão pública é incapaz de promover os investimentos necessários ao desenvolvimento, imaginem quando estiver tudo entregue a empresários que trabalham de costas para a população e voltados ao caixa da companhia”, apontou.
Odacy Amorim, por sua vez, pediu a presença do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho (PSB), em uma audiência para explicar a intenção do Governo Federal e disse que a decisão pode colocar em risco gerações futuras de brasileiros, sobretudo os pernambucanos do Sertão do São Francisco. “O rio é o sangue do povo nordestino e não pode ser influenciado por decisões tomadas de cima para baixo”, protestou o petista, que anunciou visita a Petrolina, no próximo dia 28, da Frente Parlamentar da Revitalização dos Rios.
Os deputados Antônio Moraes (PSDB), Terezinha Nunes (PSDB), Laura Gomes (PSB) e Zé Maurício (PP) também se manifestaram sobre o assunto. Os tucanos disseram que foi durante "a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff que a empresa passou a operar com prejuízos", mas concordaram ser necessário "cautela" antes de decidir sobre o repasse dos ativos à iniciativa privada. Laura Gomes lembrou já ter requerido à Comissão de Meio Ambiente a realização de audiência pública sobre o tema, para o dia 11 de setembro.
Segundo o ministério de Minas e Energia, ainda não há modelo definido para o processo de redução da participação da União no capital da estatal, cujas ações negociadas em bolsa somam R$ 28 bilhões. Apesar de acumular prejuízos bilionários, desde 2012, por negociar energia a preços abaixo dos praticados pelo restante do mercado, a empresa lucrou R$ 3 bilhões em 2016. O patrimônio da companhia, de acordo com estimativas do Governo Federal, é de R$ 50 bilhões.
*Com informações do site da Alepe