PE: Operação da PF prende tenentes, coronéis e empresários
Ao todo, já foram cumpridos 69 mandados - sendo de prisões temporárias, condução coercitiva e busca e apreensão - pelas fraudes que aconteceram em 2010 e 2017
Na manhã desta quinta-feira (9), a Polícia Federal efetuou a Operação Torrentes cujos alvos são suspeitos de envolvimento em um esquema criminoso de desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e corrupção de servidores públicos vinculados à Secretaria da Casa Militar do Estado de Pernambuco. As fraudes aconteceram durante a "Operação Reconstrução” para assistência às vítimas das enchentes na Mata Sul, em junho de 2010, e na "Operação Prontidão", em maio deste ano.
O delegado responsável pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado, Renato Madson, informou que até o momento da coletiva, dos 71 mandados foram cumpridas 14 prisões, 19 conduções coercitivas e 36 mandados de busca e apreensão. Os demais ainda estão sendo efetuados. De acordo com a PF, os presos tiveram "participação efetiva" nas fraudes e corrupções.
Segundo o delegado, os recursos aportados pelo Governo Federal para combater as tragédias que acometeram o Estado foram desviados através de um acordo para beneficiar empresários e servidores públicos. "Houve um conluio para desviar recursos e esta prática foi continuada. Os novos aportes que chegaram este ano também foram alvo de desvios", salientou.
Renato Madson também destacou que a operação de hoje serviu para complementar as provas dos desvios já realizados e "estancar" os que continuavam acontecendo, de maneira mais ostensiva. "Os recursos eram para ser utilizados para beneficiar pessoas carentes. Nos entristece ainda mais quando há um esforço do Governo de ajudar em uma situação de emergência e dpeois são constatados desvios", comentou. "As oitivas e prisões estão corroborando o que foi investigado na fase sigilosa", acrescentou.
A Controladoria Geral da União (CGU) constatou as irregularidades a partir de uma amostra de licitações e termos celebrados entre o Estado e as empresas para a aquisição de filtros, alimentos, colchões, material de cama e banho, locação de banheiro químico e de veículos para a população dos municípios atingidos pelas tragédias ambientais. De acordo com o coordenador geral de Operaçãos Especiais da CGU, Israel Reis de Carvalho, alguns itens eram recebidos de doações e mesmo assim as licitações para a compra eram efetuadas.
"Com os elementos levantados pela Polícia Federal e pelas mostras levantadas pela Controladoria, identificamos que houve desvio de recursos públicos”, apontou Israel Reis de Carvalho. Ao todo, são 12 contratos investigados em relação a 2010 e outros três deste ano. Somados, chegam a R$ 450 milhões e a fraude pode, segundo a invetsigação, ser bilionária. O valor ainda está sendo fechado.
A PF os dividiu em cinco grupos de envolvidos no esquema:
Os militares são: o Tenente-Coronel Larinaldo Felix (pregoeiro em 2010); Tenente-Coronel Fábio Resende (hoje secretário executivo de Defesa Civil); Coronel Roberto Gomes de Melo Filho e Coronel Valdemir José Vasconcelos de Araújo.
Além desse, outros grupos envolvidos são os do empresário Ricardo Padilha; o do empresário Rogério Fabrício Roque Neiva; o da Ceasa, do empresário Romero Pontual e outro do empresário Antônio Manuel de Andrade Júnior.
O grupo de empresas que atuou em 2010, de acordo com a investigação, é o mesmo de 2017. Entre os militares envolvidos, de acordo com a PF, os Tenentes-Coronéis Larinaldo Felix e Fábio Resende também atuaram nas duas operações.