Raul: carreira de professor é de baixíssima atratividade
Segundo o deputado federal, 'quem faz hoje vestibular para entrar nas escolas de educação, licenciatura e pedagogia são alunos que têm os 30% piores desempenhos do Enem'
A educação brasileira tem sido norte para diversos debates políticos nos últimos dias a partir das medidas de contingenciamento do Governo Federal para o setor e da falta de discussão quanto ao aperfeiçoamento do setor. Para o deputado federal Raul Henry (MDB), a condução da área pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) é “desastrosa” e “sem projetos”.
“Não temos nada. Nenhuma proposta, nenhum projeto ou ideia sendo discutida. Nenhuma disposição para se conversar sobre isso. O Brasil tem hoje instituições que vem acumulando conhecimento, informação e reformas estruturais feitas em outros países, mas continuamos na rabeira e na lanterna das avaliações internacionais. O governo federal não senta para discutir isso”, observou o emedebista.
Na ótica de Raul, que tem a educação como um dos focos do seu mandato, o que precisa ser feito pelo setor é "muito simples" e existe quase um manual do que o governo precisaria fazer: “implantar a base comum curricular, uma política para a primeira infância, fazer uma diversificação para o ensino médio e cuidar da carreira de professor”.
Carreira esta que o deputado foi crítica e considera não estar em um nível eficaz. “ A carreira de professor precisa ser valorizada. Os professores no Brasil ganham, em média, metade do que ganham as outras profissões de nível superior, você tem uma carreira de baixíssima atratividade. Quem faz hoje vestibular para entrar nas escolas de educação, licenciatura e pedagogia são alunos que têm os 30% piores desempenhos do Enem, do ensino médio, são pessoas que não tem livro, nem revistas, nem jornais dentro de casa”, declarou o deputado.
“Estamos recrutando os mais vulneráveis para formar os mais vulneráveis que são as crianças que estão na escola pública. Essa equação não pode dar certo. É uma equação perversa com o Brasil”, acrescentou.
De acordo com Raul Henry, “temos que valorizar a carreira de professor, atrair jovens talentosos para serem professores no Brasil, para podermos melhorar a qualidade da escola”.
“É impossível imaginar a qualidade da escola melhor do que a do professor que ela tem. É um tema central, vários países do mundo estão reformando a carreira de professor para melhorar a atratividade, valorização e formação”, salientou, lembrando que até agora, em cinco meses de governo, a reorganização da matriz curricular para a formação dos professores, que é basicamente toda teórica, não foi abordada. "Sem a gente melhorar a formação dos professores não vai melhorar a qualidade da escola. Isso não foi discutido e é uma coisa óbvia", completou.
Para Raul, isso não acontece porque o governo quer ideologizar a educação no Brasil. “O governo está entrando para o sexto mês com dois ministros, querendo ideologizar essa discussão, que não é ideológica. É um conjunto de evidências científicas que mostram que o mundo inteiro caminha e o governo insiste em querer transformar esse tema em um tema ideológico. Educação representa desenvolvimento econômico, superação das desigualdades e ninguém discute isso com responsabilidade. Querem levar para o lado do simbólico e ideológico”, cravou.