Boulos: esquerda não pode depender do que Lula diz ou faz

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Boulos ponderou respeitar Lula, mas também fez questão de salientar que o projeto dele é o 'fortalecimento do PT'

por Giselly Santos qua, 11/03/2020 - 15:35
Julio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo Julio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

Pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos afirmou que a esquerda não pode depender exclusivamente do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) projeta para o país. 

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Boulos ponderou respeitar Lula, mas também fez questão de salientar que o projeto dele é o "fortalecimento do PT". "Muita gente fica apenas esperando o que Lula vai dizer ou fazer, e a esquerda brasileira não pode depender disso", argumentou. 

No mesmo sentido, Boulos observa que sua pré-candidatura ao comando da cidade de São Paulo não dependia da desistência do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) - que já confirmou estar fora da disputa. 

"Minha pré-candidatura nunca dependeu da posição de Haddad, do PT ou de qualquer outro partido, O PSOL tem condições de ter um projeto próprio em São Paulo, que compatibilize a defesa da unidade da oposição a Bolsonaro, mas com renovação, com um projeto de direito à cidade, uma cidade radicalmente democrática”, considerou Guilherme Boulos.

Ainda na ótica do líder nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a participação do PSOL nas eleições de São Paulo não está atrelada ao apoio do PT à candidatura de Marcelo Freixo (PSOL) no Rio de Janeiro. 

“Sou um dos maiores defensores da unidade de esquerda. Mas unidade não se faz com imposição, nem com troca olhando um mapa. O apoio [do PT] ao Freixo no Rio se construiu nos últimos anos. Cada cidade tem uma realidade e São Paulo não está dando condições para uma unidade no primeiro turno. O PSOL vai ter candidatura própria e não aceitaria qualquer tipo de imposição”, salientou. 

Boulos cita também, durante a entrevista, que logo após Lula deixar a cadeia houve "certa histeria dizendo que ele polarizou a esquerda e o bolsonarismo". Contudo, para o psolista, essa é uma tese “falsa”. 

“Querer equiparar um discurso que defende enfrentamento a Bolsonaro e que o povo vá às ruas com a desagregação institucional que Bolsonaro está promovendo. O que as pessoas esperam? Que tenha um governo selvagem de um lado e uma oposição dócil e bem comportada do outro? O mínimo que a oposição pode fazer diante de Bolsonaro é elevar o tom e levar o enfrentamento para as ruas do país”, disse, concluindo que “já passou da hora de ter articulações mais fortes contra o fascismo”. 

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