Fábio Wajngarten recusou assinar intimação judicial

A Justiça cobra explicações do ex-secretário da Secretaria Especial de Comunicação do governo Bolsonaro sobre o uso de verba pública em publicidades do falso 'kit covid'

ter, 22/06/2021 - 10:19
Reprodução/Flickr/Senado Federal Wajngarten em seu depoimento na CPI da Covid Reprodução/Flickr/Senado Federal

O ex-secretário-executivo Fábio Wajngarten da Secretaria Especial de Comunicação recusou assinar uma intimação judicial para prestar esclarecimentos sobre a suspeita de crimes de dano ao erário, violação aos princípios administrativos e fornecimento de medicamento sem eficácia para o falso tratamento da Covid-19.

O relatório da diligência descreve a recusa ao atendimento do oficial de Justiça, que visitou a residência do ex-secretário do governo Bolsonaro em um condomínio em Santa Cecília, em São Paulo, no último dia 10.

Conforme o registro, o porteiro do edifício Palazzo Orsini "confirmou que o citando reside no apartamento [...], local para o qual interfonou e me informou que fora atendido por aquele [Wajngarten], que apesar de ser informado de que era procurado por um oficial de Justiça, desdenhou da situação e afirmou que, se eu quisesse, que deixasse o mandado na portaria".

O representante do judiciário conta que, em seguida, informou “ao senhor porteiro que eu precisava entregar o mandado diretamente ao citando, motivo pelo qual o mesmo interfonou novamente ao apartamento e me informou que eu deveria aguardar que alguém iria me atender".

Só após dez minutos de espera, ele foi atendido por um homem que se apresentou como 'assessor pessoal' de Wajngarten, identificado como ‘Giva’, que "afirmou que seu patrão não iria descer para me atender e que, se eu quisesse, ele [o assessor] poderia subir com o mandado e colher a assinatura", publicou o Uol.

Diante da “total negativa” do ex-líder do Governo Bolsonaro, o profissional do judiciário permitiu que Giva "levasse o mandado até o citando para colher sua assinatura" e esperou do lado de fora do prédio por mais 20 minutos, até acionar a portaria novamente.

"O senhor porteiro afirmou que ele [Wajngarten] não poderia descer naquele momento, posto que o citando estaria consultando a documentação para 'ver se poderia receber'", conta.

Sem o documento em mãos, o assessor desceu e afirmou que Wajngarten ainda consultava os autos, "trancado em sua sala, sendo assim impossível devolver o documento".

Nesse momento, Giva foi advertido pelo oficial que disse que "iria entrar em contato com a polícia para conseguir a devolução".

"Certifico que o senhor [assessor] voltou para o apartamento e compareceu novamente à portaria às 15h25, com as duas cópias do mandado, informando que o citando resolvera não lançar sua assinatura no mesmo, momento em que, não restando dúvida quanto à manobra de ocultação do citando para evitar o cumprimento da ordem judicial, DEI POR CITADO o senhor FÁBIO WAJNGARTEN", relatou no documento.

O intimado tem 20 dias para responder à Justiça e enviar por escrito sua versão sobre o financiamento de campanhas publicitárias do falso tratamento precoce da Covid-19, que defende o ‘kit covid’ composto por remédios sem eficácia contra o vírus. No centro da investigação está o gasto de recursos públicos para contratação de um elenco de influenciadores digitais em propaganda às substâncias.

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