Mural homenageando Marielle Franco em escola será apagado

A decisão foi tomada pelo conselho escolar após receber reclamações de moradores

por Rachel Andrade sab, 21/08/2021 - 15:53
Divulgação Mural pintado na escola Divulgação

A Escola Estadual Vitor Antônio Trindade, localizada em Araçatuba, interior de São Paulo, é palco de uma discussão recente sobre um mural pintado na entrada do local no dia 15 de agosto. Foi feita uma pintura do rosto da ex-vereadora do Rio de Janeiro (RJ) Marielle Franco, junto com os dizeres “quiseram nos enterrar, não sabiam que éramos sementes”. A decisão da confecção foi feita pelo conselho escolar, formado por professores e pais de alunos, e causou polêmica na comunidade. As informações foram publicadas pelo portal G1.

Moradores dos arredores da escola, assim como pessoas da instituição, teriam alegado que a arte contém teor político, e por isso deveria ser removida. Por outro lado, outras pessoas defenderam que a homenagem faz jus ao legado da ex-vereadora. O caso foi levado ao conselho, que se reuniu novamente e decidiu em votação por retirar a pintura.

O advogado Renan Salviano, representante da comissão de diversidade sexual e de gênero da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), entrou com um requerimento na diretoria de ensino da Secretaria da Educação de São Paulo (Seduc-SP) para que a decisão de remover a arte fosse cancelada. Ele alega que a decisão de remover a arte é discriminatória, arbitrária e ilegal.

A Seduc-SP declarou em nota que não exerce tal poder nas escolas da rede. “A pasta dá autonomia às unidades escolares para que realizem esse tipo de atividade artística nos muros das escolas”, informou a pasta.

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), ao qual Marielle era filiada, publicou uma nota comentando o caso, informando que nunca esteve envolvido com a decisão da pintura no mural. “Nosso repúdio se faz necessário após diversos ataques vindos de grupos reacionários que insistem em atacar a imagem de Marielle e associam a homenagem há uma suposta politização da escola, defendendo inclusive a censura, através da remoção por meio de uma nova pintura no muro”, lê-se na nota.

Marielle Franco foi assassinada a tiros no dia 14 de março de 2018, assim como seu motorista Anderson Gomes, e ainda não se sabe quem está por trás do crime.

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