COP26: ONGs dão prêmio 'Fóssil da Semana' para Bolsonaro

A falta do brasileiro não foi suficientes para evitar protestos nas ruas de Glasglow, onde uma caricatura do presidente desfilou acorrentada e recebeu o prêmio "Fóssil da Semana"

sab, 06/11/2021 - 15:30
Reprodução/Twitter Fantasia de Bolsonaro foi vista acorrentada como protesto nos arredores da Conferência Reprodução/Twitter

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) já havia previsto que 'jogariam pedra' em Jair Bolsonaro (sem partido) se ele fosse à 26ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP26) da Organização das Nações Unidas (ONU), na Escócia. A falta do presidente abasteceu os protestos das mais de 1,5 mil ONGs nas ruas de Glasgow, que premiaram o presidente do Brasil como "Fóssil da Semana", pelo tratamento "horrível e inaceitável" aos indígenas.

Acorrentado junto com outros líderes mundiais, uma figura grotesca de Bolsonaro desfilou nos arredores da COP26 para denunciar o que os defensores do meio ambiente consideram como uma postura destrutiva do governo brasileiro.

Ataques de representantes do Governo 

O duro discurso da jovem ativista indígena Txai Suruí diante dos chefes de Estado foi valorizado pelo teor crítico das alterações climáticas no Brasil. No entanto, ela foi publicamente rechaçada por Bolsonaro, que entendeu a denúncia como um ataque ao Brasil.

De acordo com o Climate Action Network, instituição que lidera o grupo de ONGs, Suruí também chegou a ser intimidada por um representante do Ministério do Meio Ambiente, que teria dito que ela "não deveria esmagar o Brasil". Na mesma semana, outro integrante da comitiva brasileira com lobby no agronegócio foi detido por seguranças da Conferência ao tentar intimidar mulheres indígenas.

"Tal comportamento desprezível está bem documentado no Brasil; invasões de terras indígenas dispararam; a mineração de ouro de gatos selvagens está poluindo os cursos d'água, a intimidação é generalizada e eles têm um vice-presidente que justificou negar a água doce às aldeias atingidas por Covid porque 'os índios bebem dos rios'", acrescenta o Climate Action.

A ausência do presidente pode ter sido proveitosa

Para o grupo, o desleixo de Bolsonaro com a COP26 foi benéfico porque impulsionou que "os diplomatas do país viessem prontos para se comprometer e até mesmo assinar acordos sobre metano e florestas".

Ao invés de comparecer à reunião, o brasileiro optou em um passeio turístico na Itália sob a justificativa de visitar a terra de seus antepassados. No país, aproveitou para se encontrar um líder da extrema-direita.

A esperança dos ambientalista é que a atenção às pautas sobre a Natureza seja realinhada com uma eventual derrota de Bolsonaro nas eleições, que abriria espaço para "políticas progressistas para salvaguardar a terra e os direitos dos povos indígenas e proteger o que resta das florestas tropicais".

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