Bolsonaro e Milton são acusados de tráfico de influência
As revelações causaram indignação e um grupo de deputados da oposição pediu a abertura de um inquérito no STF
Vários parlamentares da oposição pediram nesta terça-feira (22) a abertura de uma investigação contra o presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Educação, Milton Ribeiro, por suposto tráfico de influência para favorecer aliados políticos de pastores evangélicos.
"Milton Ribeiro converteu o MEC num balcão de negócios para suas traficâncias rasteiras, negociando favores públicos à luz do dia", escreveu no Twitter o senador Fabiano Contarato (PT/ES).
"Pedirei hoje ao STF [Supremo Tribunal Federal] a imediata abertura de inquérito para apurar as gravíssimas denúncias que pesam contra o ministro", acrescentou.
O escândalo estourou quando a Folha de São Paulo revelou na noite de segunda-feira o conteúdo de um áudio em que Ribeiro, ele próprio pastor evangélico, garantia que, a pedido de Bolsonaro, daria prioridade à liberação de recursos para a Educação nos municípios liderados por "amigos" de dois influentes pastores.
"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", disse Ribeiro durante uma reunião em que teriam participado prefeitos e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que segundo o jornal teriam uma grande influência dentro do governo.
"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim", acrescentou o ministro.
As revelações causaram indignação e um grupo de deputados da oposição também pediu a abertura de um inquérito no STF.
Ribeiro negou as acusações de tráfico de influência e afirmou em nota que Bolsonaro "não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas na reportagem".
Alegou ainda que "não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado".
Comentaristas políticos relataram que há pressão nos bastidores pela renúncia do ministro por parte de parlamentares aliados de Bolsonaro.
Milton Ribeiro, um teólogo, advogado e pastor de 63 anos, foi denunciado no final de janeiro pela Procuradoria-Geral da República por "homofobia", depois de ter dito em entrevista publicada em setembro de 2020 que adolescentes homossexuais vêm de "famílias desajustadas".