RJ: gabinete de Bolsonaro custou R$ 1,7 mi e não foi usado
Lei de Acesso à Informação revela que não há registro de visitas oficiais ao escritório, criado com o propósito de dar apoio ao Governo e reportar despachos, diz jornal
O escritório montado no Rio para a realização de despachos do presidente Jair Bolsonaro (PL) consumiu R$ 1,7 milhão só em salários de servidores e nunca foi utilizado pelo titular do Palácio do Planalto, de acordo com o jornal EXTRA. A equipe de reportagem visitou o gabinete na última quinta-feira (7) e não encontrou funcionários e nem sinalização que indicasse atividade do mandatário ou de sua equipe. Apesar de ser paulista, Bolsonaro tem domicílio eleitoral no Rio e montou o escritório na primeira semana do seu mandato.
O gabinete fica no Palácio da Fazenda, no Centro, e também possui salas que são utilizadas pelo ministro Paulo Guedes (Economia) quando ele viaja para a capital do Rio. Ao todo, quatro funcionários trabalham no escritório, que passou por uma reforma que ficou pronta em maio de 2019, quatro meses após a abertura.
De acordo com o jornal, a Secretaria-Geral do Planalto, que cuida das questões administrativas da Presidência, confirmou por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) que Bolsonaro nunca esteve no escritório. Em tese, o local também está disponível para prestar apoio administrativo e operacional ao Governo e seus ministros.
A LAI informou também que não consta nos registros oficiais qualquer visita presencial de ministros. “Informamos que não foram localizadas agendas presenciais no Gabinete Regional do Rio de Janeiro em relação a essas autoridades”, informou a Secretaria-Geral, em referência a Bolsonaro e aos seus auxiliares de primeiro escalão.
Durante a visita na última semana, a reportagem foi acompanhada por um funcionário até o 10º andar, onde fica o escritório, e “não encontrou qualquer sinal de servidores trabalhando”. Na sala informada como o espaço destacado para Bolsonaro não havia qualquer caracterização ou menção à Presidência da República. Todas as outras salas próximas estavam trancadas. Um funcionário do edifício, que disse trabalhar no prédio há 32 anos, afirmou que nunca “tinha ouvido falar no gabinete” reservado para o presidente Bolsonaro.
Por telefone, a capitã reformada da Marinha, Andrea de Almeida Porto, que ocupa o cargo de assessora especial da Presidência no Rio, justificou que a ausência de servidores às 15h45m foi uma “coincidência”. Segundo ela, diariamente, há alguém trabalhando no local.