Especialista diz que plano de Miguel é ‘mais do mesmo’
O plano de governo de Miguel Coelho propõe várias intervenções na área da saúde e redução nas contas de luz, ICMS e no IPVA
Com o início do período eleitoral se aproximando, alguns pré-candidatos e pré-candidatas ao governo de Pernambuco já lançaram as suas propostas de governo. Na segunda-feira (13), foi a vez de Miguel Coelho (União Brasil), ex-prefeito de Petrolina e filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), lançar o seu plano de governo, que deve ser construído gradualmente junto à sociedade, através de uma plataforma online.
De acordo com o professor da UFPE e cientista político, Arthur Leandro, as propostas divulgadas pela equipe do ex-prefeito “trazem um rol de ações citadas de maneira genérica, sem a indicação clara de onde viriam os recursos, quais seriam as estratégias de implementação dessas ações, ou o que seria prioritário”. “É um anúncio geral, como um manifesto, e que reflete o lugar da candidatura de Miguel no cenário político do Estado, e no contexto nacional que nós estamos vivendo. Ele tem um perfil político ligado à imagem e às conexões do seu pai, tendo, dessa forma, dificuldade de se apresentar com identidade própria”, afirmou.
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Arthur Leandro explicitou que as propostas do pré-candidato refletem a dificuldade dele ser reconhecido. “Lemos o plano, e não se identifica o que seria especificamente de Miguel, ou em que isso se diferenciaria de algo apresentado por seus concorrentes. Além disso, falta coesão a esse conjunto de propostas de um ponto de vista técnico; um mínimo detalhamento, para que a gente entenda efetivamente como essas iniciativas vão ser custeadas, principalmente as que têm grande impacto financeiro, como as ações de infraestrutura, as obras”, disse.
Ainda de acordo com o professor, não há diferenciação em termos de agenda com relação às outras propostas. “Essas iniciativas e sugestões não sinalizam uma diferenciação em termo de política pública, que permitam ao eleitor entender que a divisão na oposição se dava pelo jeito de ver os problemas do Estado. Então, parecem propostas que estão sendo formatadas apenas agora, quando a polaridade nacional sufoca as agendas dos estados, gerando fragmentação de candidaturas que tentam se posicionar mais perto de Lula, ou de Bolsonaro. Daí que temos diversas candidaturas, mas não existe uma diferenciação muito clara em termos de agenda; no caso de Miguel, o debate com a sociedade pernambucana, que seria a fonte de onde emanariam as propostas de um plano de governo, não foi promovido ao longo dos últimos anos. Daí essa indistinção, essa pobreza programática, que tende a ser disfarçada por movimentações de natureza fundamentalmente eleitoral”, salientou.
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O especialista observou que o pai de Miguel Coelho, o senador Fernando Bezerra Coelho, investe na candidatura do filho há um tempo. “E, inclusive, tinha a intenção de lançá-lo como o nome de Bolsonaro, algo que não ficou viabilizado, então houve a necessidade de pegar algumas das ideias que já estavam prontas, e colocá-las dentro de um pacote que fosse apresentável ao eleitor pernambucano. O fato é que essas propostas não foram construídas com as bases, num processo de negociação e articulação liderada pelo candidato, e seu partido ou grupo político", disse.
“A gente não vê uma ênfase social clara nas propostas, nem ênfase em desenvolvimento econômico, que são as duas principais expectativas do eleitorado, hoje; a gente não consegue ver nem um ponto e nem outro, porque o plano não diz para que lado vai. Parece que isso não é por acaso, mas reflete a identidade, ou a falta de identidade, da candidatura de Miguel numa disputa vertebrada pela campanha nacional, e na qual o eleitor pernambucano terá ainda de decidir pela permanência ou substituição do PSB com força política hegemônica”, completou.