Família Bolsonaro bloqueia 157 jornalistas no Twitter
A postura da família nas redes sociais enfraquece o discurso em defesa da liberdade
Embora se mostre como entusiasta da ampla liberdade, a família de Jair Bolsonaro (PL) bloqueou 157 jornalistas de 11 veículos de comunicação, entre agências contra fake news, em seu perfil no Twitter. Os números são apenas dos dois últimos anos de Governo, como indicou a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
O Presidente da República restringiu que 94 jornalistas acompanhassem suas publicações. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), tido como responsável pela atuação do pai nas redes sociais, bloqueou 22. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) fez a mesma coisa com 21 profissionais e o senador Flávio Bolsonaro (PL), 19.
A Abraji entrou com um mandado de segurança coletivo no Supremo Tribunal Federal (STF), em 2021, para que o Presidente desbloqueasse os profissionais da imprensa ao apontar que "a prática configura restrição de acesso a informações públicas garantido pela Constituição". A entidade destacou que os bloqueios representam "um claro impedimento ao trabalho de profissionais de imprensa e ato discriminatório".
O procurador-geral da República, Augusto Aras, foi contra o pedido da Abraji sob alegação de que as contas que Bolsonaro usa comumente para divulgar informações oficiais do seu governo não se configuram como meios oficiais de comunicação. Aras pontuou que os perfis são de uso privado e que não estão vinculados à Administração.
O diretor de Políticas Públicas do Twitter na América Latina, Hugo Rodriguez Nicolat, informou que a plataforma não pode interferir nos bloqueios. Nomes ligados a Bolsonaro seguiram o exemplo e também bloquearam parte da imprensa, com destaque ao ex-secretário da Cultura Mário Frias, que restringiu 41, e o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, com 42.
Políticos da esquerda também foram monitorados, mas adotam uma postura menos autoritária, conforme o levantamento. Entre os opositores de Jair Bolsonaro, a Abraji destacou o governador do Maranhão Flávio Dino (PSB), que já bloqueou dois profissionais.