Aquele abraço: aliados de Bolsonaro se aproximam de Lula

Com o fim do governo Bolsonaro e início do terceiro mandato de Lula. Aliados e ex-aliados do ex-presidente começam a fazer movimentações para se aproximar do novo chefe do Executivo nacional

por Thabata Alves sex, 06/01/2023 - 16:47
Reprodução A ex-ministra de Bolsonaro, Flávia Arruda abraça o presidente Lula Reprodução

Aliados e ex-aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro estão procurando se acomodar agora que o presidente Lula (PT) tomou posse para seu terceiro mandato. O caso que mais chamou atenção foi o inesperado abraço que a ex-ministra da Secretaria de Governo de Bolsonaro, Flávia Arruda deu no novo chefe do Executivo federal na cerimônia de posse dele no Congresso Nacional, no último domingo (1). O gesto causou um tumulto no meio político e a saída dela do partido do ex-presidente Bolsonaro, o PL. Agora a ex-ministra está sem legenda. 

Com o perfil de Lula que sempre manteve diálogo aberto e conseguiu formar uma frente ampla para se eleger em outubro do ano passado, a ponto de ter dois dos seus ministros que mantiveram relação bem próxima com Bolsonaro. 

O primeiro nome criticado pela aproximação com o ex-chefe do Executivo é o da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União-RJ). A ex-deputada federal integrou a base eleitoral do ex-presidente em sua cidade de origem. Ela é esposa do prefeito de Belfor Roxo, na Baixada Fluminense, Wagner Carneiro, ficou até conhecida na Câmara como "Daniela do Waguinho". Após sua posse, ela ainda foi criticada por sua relação com milicianos do Rio de Janeiro. Após o assunto repercutir nacionalmente com as pessoas compartilhando as fotos das redes sociais dela acompanhada pousando com milicianos, ela apagou as publicações. 

A segunda indicação polêmica é a do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-DEM) que integrava a base do presidente na Câmara dos Deputados. As críticas pela indicação apontam para o fato dele ter sido um dos parlamentares a pedir a prisão de Lula e outras ações extremistas em seu mandato. Outra questão que pesou foi ele ter votado pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e ter o nome associado ao aparelhamento da comunicação pública. 

União Brasil

Mas a lista de parlamentares do União Brasil alinhados ao bolsonarismo e que tentam conseguir espaço no novo governo só tem aumentado. A posse do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) como ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio foi um dos sinais. Na cerimônia, quatro deputados que se elegeram na onda bolsonarista e se afastaram dela após sua saída do PSL, Junior Bozzella (União-SP), Dayane Pimentel (União-BA), Heitor Freire (União-CE) e Julian Lemos (União-PB) participaram da posse do pessebista e fizeram questão de postar fotos nas suas redes sociais. 

Posses movimentadas 

Quem também chamou atenção ao participar de duas posses de ministros de Lula foi o aliado de primeira hora de Bolsonaro, o deputado federal Otoni de Paula (MDB). O parlamentar era vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara. Otoni marcou presença na posse dos ministros dos Transportes, Renan Filho e das Cidades, Jader Filho. A reclusão do ex-presidente e seu afastamento do meio político após a derrota para Lula estão entre os principais motivos dos aliados estarem querendo se achegar ao governo petista. Em entrevista a um site bolsonarista logo após as eleições, o parlamentar afirmou que o silêncio de Bolsonaro "beira a uma covardia, uma manipulação do povo".

E é justamente a reclusão do ex-presidente e seu afastamento do meio político após a derrota para Lula que estão entre os principais motivos dos aliados estarem querendo se achegar ao governo petista.

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