Ministro lamenta atentado e fala sobre 'incitação ao ódio'

Almeida citou radicalização através das redes sociais e acesso a fóruns extremistas como alerta para a nova geração

por Vitória Silva seg, 27/03/2023 - 14:48
Valter Campanato/Agência Brasil Ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos Valter Campanato/Agência Brasil

Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do Brasil, usou as redes sociais para fazer o primeiro pronunciamento sobre o ataque a uma escola estadual de São Paulo, ocorrido na manhã desta segunda-feira (27). No atentado, feito sob uso de arma branca e por um adolescente de 13 anos, aluno do 8º ano da instituição, foram feridos quatro professores e dois alunos. A professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, não resistiu aos ferimentos e faleceu.

Em sua mensagem pública, Almeida lamentou as mortes e o choque causado na rede educacional como um todo. O ministro reiterou pontos abordados há anos por autoridades que estudam o perfil dos agressores, especialmente em atentados a escolas: são sempre alunos ou ex-alunos, parte de redes extremistas que se organizam e mobilizam na internet.

“Ao que tudo indica, trata-se de ataque ligado aos efeitos da radicalização de jovens, conectados por redes de incitação ao ódio e à violência. Há anos, especialistas vem alertando para o crescimento deste fenômeno e de como as autoridades ainda se encontram perplexas. Uma possível resposta a este problema passa por aspectos regulatórios e até repressivos, mas estes nem de longe esgotam o tema ou nos fornecem uma solução. Estamos diante de algo que é parte do processo de formação da subjetividade, de ideologia”, escreveu o chefe da pasta. 

Essas redes, no Brasil e fora, geralmente estão ligadas a fóruns na internet que priorizam a "liberdade de expressão" e permitem aos usuários o anonimato. "Channers", como se identificam as pessoas que utilizam fóruns famosos como o 4Chan e o BRChan, possuem até mesmo vocabulário próprio e são, em maioria, homens. Mulheres não costumam ser bem-vindas nesses espaços e o pensamento sexista se expande também para outros espaços on-line, como plataformas de transmissão de vídeos, utilizadas pela comunidade de jogos.

Os grupos on-line têm em comum o aspecto da radicalização, como mencionado pelo ministro; a reunião de crianças, adolescentes e jovens adultos de perfil mais isolado, além de ideais misóginos, racistas e de aversão à socialização como um todo. A fim de reduzir o impacto dessas redes, o Ministério dos Direitos Humanos deve criar um comitê de combate ao ódio e ao extremismo nos próximos dias. 

"Por este motivo o ministério constituiu o GT de enfrentamento ao discurso de ódio e ao extremismo, cujo relatório deverá subsidiar a formulação de políticas nacionais de educação em direitos humanos a fim de que possamos, de alguma forma, interromper o ciclo de violência que hoje nos domina", completou Silvio Almeida.

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