Após um 2013 de títulos, recordes e índices alcançados, Etiene Medeiros iniciou a preparação para a próxima temporada com um misto de projeção e nostalgia. Isso porque a recifense de 22 anos, “caiu na água” das piscinas do Parque Aquático Adolfo Teixeira, na Ilha do Retiro - local onde nadou durante a infância. Em entrevista ao Portal LeiaJá, a atleta do Sesi-SP contou sobre a evolução e as expectativas até 2016. “Quando vejo as propagandas das Olimpíadas na TV me arrepio toda, fico energizada. É algo revigorante. Eu sei que posso e quero conquistar uma medalha olímpica”, revelou.
Etiene Medeiros fechou 2013 com um desempenho impressionante. No Mundial de Barcelona, a recifense ficou com a quarta colocação nos 50m costas, a melhor marca já conquistada por uma brasileira. Na Copa do Mundo de Tóquio – na mesma modalidade – o resultado foi a medalha de ouro. Por fim, bateu o recorde no Troféu Open de Natação, em Porto Alegre, com 28s11. “Espero manter a evolução em 2014, porque sei que se conseguir permanecer nessa progressão estarei muito próxima da meta de chegar forte em 2015 e me garantir nas olimpíadas”, projetou a nadadora.
Evolução em 2013
A recifense começou o último ano com uma notícia não tão boa. Então atleta do Flamengo, Etiene Medeiros recebeu a notícia de que o clube não teria mais atividades na equipe de natação profissional. A nadadora se mudou do Rio de Janeiro para a capital paulista e passou a nadar pelo Sesi. “Foi onde tive uma evolução muito intensa. São Paulo é bem diferente de Pernambuco. O povo, o ritmo da cidade. Estranhei um pouco no início, mas aprendi muito. O nível preparação é muito bom e os treinamentos são sempre fortes”, falou. E completou: “Lá, eu treino dia a dia com alguns dos melhores nadadores do Brasil”.
Em São Paulo, Etiene passou a treinar sob os mínimos cuidados do técnico e coordenadorda natação feminina da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Fernando Vanzella. A recifense ainda conta que o novo treinador abriu novas perspectivas que a fizeram evoluir em outras modalidades. “Eu sempre nadei os 50 metros costas. Vanzella foi quem conversou comigo e me mostrou que poderia melhorar muito nos 100 metros também. Hoje, os 100 metros costas é o meu foco, a prova que pode me colocar nas Olimpíadas. A mudança praticamente redirecionou minhas estratégias. Tenho aprendido e melhorado muito”, revelou Etiene Medeiros.
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Pode soar antagônico e até estranho, mas a atleta de 22 anos se tornou referência e é uma das mais experientes da natação brasileira. “Isso acontece porque existe uma renovação. Muitas atletas boas estão se aposentando”, explica Etiene. “Acho que a mais ‘velha’ da seleção, hoje, é Daynara (de Paula), que tem 24 anos”.
Por ter se tornado referência e número 1 da natação brasileira no nado costas feminino, Etiene revelou receber mensagens de atletas mais jovens pedindo dicas. “É interessante, agora, vem muita gente falar comigo: ‘olha, eu nadei assim e tive tal desempenho, como posso melhorar?’. Recebo muitos e-mails e respondo o máximo que posso. Isso é muito legal.”
Nostalgia e decepção
As águas do Parque Aquático Adolfo Teixeira, na Ilha do Retiro, aguçam as memórias de Etiene Medeiros. Foi lá onde a pernambucana nadou durante quase toda infância. "Era muito bom. Essa piscina ficava lotada de crianças, de um canto a outro", lembra. Diferente do situação atual. Enquanto a reportagem do Portal LeiaJá conversava com Etiene, as turmas de natação do Sport Club do Recife estavam em aulas. Porém, não mais como à época de quando a recifense deixou o clube, em 2004. "Diminuiu muito a quantidade de alunos e nadadores. Não só aqui em Pernambuco, no Nordeste. Acredito que essa mudança tem acontecido por falta de incentivos, sabe?"