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Pela primeira vez após a libertação, Amanda Berry, Gina DeJesus e Michelle Knight, apareceram em público. Depois de passarem por um cárcere privado que durou uma década, e que foi composto por agressões e estupros, as três mulheres agradeceram a solidariedade e o apoio recebido em vídeo.

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"Obrigada por todas as preces, estou ansiosa para começar minha nova vida. Obrigada.", afirmou Knight.

As três mulheres foram sequestradas em incidentes separados, entre 2002 e 2004. O autor dos crimes, o motorista desempregado Ariel Castro, declarou-se inocente das mais de 300 acusações que pesam sobre ele.

A filha do homem acusado de manter três mulheres em cativeiro por uma década afirmou nesta sexta-feira que a história envolvendo seu pai é um filme de terror, e que o despreza por seus atos. Angie Gregg, filha de Ariel Castro, disse à CNN que ficou chocada ao saber do que seu pai havia feito e que não quer ter ligações com ele.

"Não tenho o menor problema em cortá-lo da minha vida. O menor problema", enfatizou. "Nunca mais quero vê-lo". "Só queria perguntar uma coisa a ele: Você achou que isso ia durar para sempre? O que você acha que ia acontecer? Você ia acabar sendo preso", afirmou ela, comentando que esteve com o pai há duas semanas.

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Durante esse encontro, Ariel Castro mostrou para a filha a foto de uma menina pequena, provavelmente a filha da refém Amanda Berry. Ele chamou a menina de Jocelyn. Angie chegou a notar uma certa semelhança familiar na criança.

"Eu disse: 'Ela bonita, quem é?' E ele disse: 'é a filha da minha namorada'. Eu comentei: 'pai, essa menina parece a Emily'", contou, referindo-se a sua irmã mais nova. "E ele respondeu: 'Não, essa não é minha filha, é filha da minha namorada com outra pessoa'".

Angie admitiu que sempre sentiu que havia algo estranho em seu pai. "Havia coisas esquisitas que notei ao longo dos anos, como, por exemplo, que ele mantinha sua casa trancada o tempo todo", explicou. "Quando a gente jantava na casa da minha avó, ele sempre saía por mais ou menos uma hora e depois voltava sem explicar para onde tinha ido. Tudo faz sentido agora. Estou enojada. Estou horrorizada".

Ela disse que sente muita pena das mulheres que foram arrancadas de suas famílias para viver uma vida de torturas sob o jugo de seu pai. "Eu gostaria de conhecê-las. Gostaria de ver a menininha Jocelyn. Mas não quero pressioná-las a isso. Talvez um dia. É uma possibilidade. Neste momento, essas moças precisam se curar".

"É como um filme de terror", comentou, chocada. É como assistir a um filme de terror muito ruim", concluiu.

Amanda Berry, de 27, uma das três americanas mantidas por dez anos em cativeiro, em Cleveland, voltou nesta quarta-feira para a casa da irmã, a apenas alguns quilômetros do local de onde foi resgatada pela polícia. Ela chegou de carro à casa da irmã, e entrou pelos fundos, acompanhada da filha Jocelyn, de 6 anos, nascida em cativeiro.

Segundo o subchefe de polícia de Cleveland, Ed Tomba, em entrevista à ABC, Jocelyn "está bem, feliz, com boa saúde e tomou um sorvete ontem à noite". Nos jornais, uma foto mostra Amanda sorrindo com a filha e com a irmã, no hospital.

Em meio a uma grande confusão ao redor da casa e sob aplausos, Beth Serrano deu uma breve declaração, agradecendo "à imprensa e às pessoas pelo apoio e por sua ajuda durantes esses anos". "Nossa família gostaria que respeitassem nossa vida privada para que minha irmã, minha sobrinha e eu mesma possamos ter tempo de nos recuperarmos", acrescentou Beth, às lágrimas.

Como afirmou uma prima da ex-refém, "é um dia alegre e triste também para Amanda, porque sua mãe não está mais aqui". A mãe de Amanda, Louwana Miller, faleceu em março de 2006 "de sofrimento", segundo familiares.

Hoje, os policiais encontraram "correntes e cordas" na casa dos irmãos Castro, que foram interrogados logo depois da libertação das jovens na segunda-feira à noite. Eles devem ser apresentados diante de um juiz ainda esta tarde. "Temos a confirmação de que elas estavam amarradas, e encontramos correntes e cordas no corredor", disse o chefe da polícia local, Michael McGrath, ao canal NBC.

Segundo ele, as reféns eram autorizadas a sair apenas "muito raramente": "elas eram soltas no quintal (nos fundos da casa) de tempos em tempos, eu acho". O chefe de polícia não confirmou as notícias da imprensa de que as jovens teriam engravidado seguidamente.

Amanda Berry, Gina de Jesus, de 23, e Michelle Knight, de 32, foram resgatadas na segunda à noite, depois de passarem dez, 9 e 11 anos presas, respectivamente. O caso teve tamanha repercussão nos EUA que, nesta quarta, até a primeira-dama Michelle Obama disse que seu coração estava "cheio de alívio".

"Imagine, primeiro, perder um filho; depois, não saber se ele está vivo, morto, ou ferido, manter a esperança por dez anos e, finalmente, ter suas preces atendidas... É, certamente, o presente mais bonito de dia das mães", declarou Michelle à rede de televisão MSNBC. Os três suspeitos "deveriam ser acusados, no mínimo, de sequestro", disse à AFP o advogado criminalista Page Pate. "Quando os investigadores descobrirem o que aconteceu na casa, novas acusações poderão ser acrescentadas", completou.

Como disse Steve Anthony, do FBI, à imprensa, "o pesadelo terminou". "Essas três jovens nos deram a definição máxima da sobrevivência e da perseverança. A cura pode começar", completou.

Usando uma blusa amarela com capuz, Gina também reencontrou a família nesta quarta-feira. Muito emocionada, ela acenou rapidamente para a multidão. Sua tia, Sandra Ruiz, leu à seguinte declaração: "De novo, muito obrigada, por suas preces e apoio. Não há palavras suficientes para dizer ou expressar a alegria que sentimos com o retorno de Gina", afirmou Sandra, que ainda prestou uma homenagem às companheiras de cativeiro de sua sobrinha.

Ela também lembrou de uma quarta mulher de Cleveland, ainda desaparecida. "Agora, nós precisamos, como um todo, ficar juntos, olhar para a porta ao lado, e trazer de volta o outro membro da nossa família que está desaparecido, Ashley Summers, ok?".

Rosa Garcia, uma das primas de segundo grau de Gina, contou que ela já falou com a família, mas não encontrou todos. "Ela está muito quieta. Não está falando muito. Queremos lhe dar um pouco de espaço, porque todas elas passaram por um período duro", afirmou, do lado de fora da casa de Amanda Berry. Sua filha Miriam, uma enfermeira de 25 anos, lamentou que a mãe de Amanda não esteja viva para ver a volta de sua filha e neta. "É um milagre que tenha terminado assim, porque geralmente não é o que acontece".

Michelle Knight, a terceira resgatada e em uma condição de saúde mais frágil do que as outras, continua hospitalizada, e sem contato com a família, dividida pela tragédia. O desfecho desse triplo e longo rapto deflagrou uma onda de emoção na cidade, e centenas de moradores foram às ruas para comemorar.

Charles Ramsey conta que, na noite desta segunda-feira (6), estava sentado em casa, saboreando um sanduíche, quando ouviu gritos vindos de uma casa vizinha. Correndo para o jardim, Ramsey viu que alguém enlouquecidamente chutava a porta de uma casa de dois andares, localizada num tranquilo bairro de Cleveland, Ohio.

"Eu saí... com meu Big Mac... e perguntei: que raios está acontecendo?'", contou Ramsey à imprensa. "E a mulher disse: 'Fui sequestrada. Estou nesta casa há muito tempo. Quero ir embora. Agora mesmo".

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A mulher era Amanda Berry, 27 anos, que foi sequestrada há dez e cuja fuga audaciosa permitiu que a polícia descobrisse e libertasse outras duas mulheres, Gina DeJesus e Michele Knight, também sequestradas e dadas como desaparecidas há dez anos.

Berry só conseguiu fazer um buraco na porta do tamanho de sua mão, e foi Ramsey que conseguiu ajudá-la a sair da casa carregando uma menina pequena. Com os vizinhos começando a se aglomerar, Berry levou a foragida para uma casa vizinha e ela conseguiu assim ligar para o 911, o telefone de emergência dos Estados Unidos. "'Me ajude", falou Berry, visivelmente nervosa. "Sou Amanda Berry. Fui sequestrada e estou desaparecida há dez anos, e estou aqui, estou livre agora". "Certo", respondeu o operador do 911. "Fique aí com seus vizinhos e fale com a polícia quando ela chegar".

Ramsey também ligou para o 911 e contou a mesma história. "Ela disse que se chama Linda Berry ou qualquer merda assim. Eu não sei quem ela é", afirmou. "Ela é negra, branca ou hispânica?", perguntou o operador. "É branca, mas o bebê dela parece hispânico". "As pessoas que ela disse que fizeram isso, sabe dizer se estão na casa?", prosseguiu o operador. "Não faço a menor ideia, cara", respondeu Ramsey.

Quando a polícia chegou, Berry revelou que outras duas mulheres - DeJesus e Knight - estavam dentro da casa. Elas foram rapidamente resgatadas e os investigadores isolaram o imóvel para poder investigá-lo minuciosamente. O dono da casa, um ex-motorista de ônibus escolar, Ariel Castro, 52 anos, foi preso - ironicamente lanchando também no McDonald's vizinho -, assim como seus irmãos Pedro, 54, e Oneil, 50.

As três mulheres passaram a noite no hospital MetroHealth de Cleveland, onde o médico Gerald Maloney confirmou que estavam em boas condições apesar de seu suplício. "Elas conseguiam falar, estavam bem, e a equipe do hospital está tratando de suas necessidades. Isso é bom. Esse tipo de história geralmente não tem esse final", comentou.

Em seu site de pessoas desaparecidas, o FBI, que oferecia uma recompensa de 25 mil dólares por uma informação que levasse a Berry, imediatamente trocou a condição para "resgatada".

Enquanto isso, no YouTube, Ramsey tornou-se um herói e seu vídeo de entrevista virou viral.

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