Não era domingo de carnaval, mas a Praça do Marco Zero, situada no Bairro do Recife se encheu com as cores dos folguedos carnavalescos. No ritmo de samba e frevo, os recifenses caíram na folia para saudar os 475 anos de sua cidade.
Ainda que esteja distante das festas juninas, as agremiações recifenses e carioca se apoderaram dos termos costumadamente usados no mês de junho para homenagear o Rei do Baião. Quadrilha, Caruaru, baião e sanfona foram algumas das palavras utilizadas pelas três agremiações que escolheram Luiz Gonzaga como ícone para seus carnavais.
A festa no Recife Antigo começou ao som de Wellington do Pandeiro e Belo Xis, também intérprete da Escola Gigantes do Samba, que deram início a comemoração e colocaram o público para sambar. Enquanto o show acontecia no palco do Marco Zero, um cortejo passeava por entre as ruas do bairro mais nostálgico da cidade aniversariante. A Escola Gigantes do Samba, Galo da Madrugada e a escola de samba carioca Unidos da Tijuca desfilaram nas ruas do Bairro do Recife em homenagem a "Seu Lua".
Ao fim do show de Belo e Wellington, subiram ao palco a bateria e alas da Escola Gigantes do Samba. Belo assumiu o posto à frente dos vocais da Gigantes e do samba-enredo “A história de São João no centenário de Luiz Gonzaga – o Rei do Baião” que concedeu o título de campeã do carnaval do Recife a agremiação. Vindos do bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife, os campeões verde-e-branco mostraram que a capital do frevo também faz samba.
Rei e rainha do carnaval também prestigiaram a festa. O rei momo recifense Everson Melquíades demonstrou satisfação em fazer parte do movimento. “Estou muito feliz em poder mais uma vez compartilhar essa alegria com o povo recifense. Não existe alegria maior em receber o frevo, junto com o samba. Isso significa que a nossa cidade é uma cidade intercultural”, afirmou. O cantor Ed Carlos, queridinho dos foliões recifenses, também esteve presente para “prestigiar o aniversário da cidade que a gente ama e que é nossa”, como afirmou.
Em seguida foi a vez do ritmo oficial da capital pernambucana: O frevo do Galo da Madrugada trouxe seu desfile ao palco e Josildo Sá cantou a composição “Galo, Frevo e Folião”, de Nuca e Eriberto que também fez menção a Gonzaga. “Milhões de foliões na rua / Seu Lua / É galo, frevo e folião”, o público acompanhava os versos do maior bloco do mundo num coral em uníssono. A senhora Maria Bernadete, de 81 anos, era pura energia. “Moro no bairro da Várzea, adoro carnaval, adoro Recife”, declarou enquanto caia no frevo do Galo.
A noite se encerrou com chave de ouro. A campeã do carnaval carioca, diretamente do sambódromo mais disputado do Brasil, também bradou a história de Luiz Gonzaga. Unidos da Tijuca apresentou aos pernambucanos o enredo O Dia em que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão, sob a interpretação de Bruno Ribas. “Recife e Pernambuco são lugares de muito pé quente, deram sorte à Tijuca, estavam todos torcendo. Agora vamos comemorar o aniversário de Recife e o campeonato da Tijuca”, afirmou.
Comissão de frente, parcelas da Ala das Baianas e da Ala Mestre Vitalino celebraram o aniversário. Teve espaço até para a união dos ritmos: Porta-estandarte do Galo da Madrugada cumprimentando a Porta-bandeira da Unidos da Tijuca e Mestre-sala com sombrinha de frevo. Ao fim da apresentação, Bruno Ribas puxou os versos “Minha vida é andar por esse país...”, da Vida de Viajante de Luiz Gonzaga, e foi declarada a multiculturalidade da cidade aniversariante.