A trituração de frangos machos será proibida na França a partir do próximo ano, pondo fim a uma prática contestada e generalizada em empresas que fornecem galinhas poedeiras.
O ministro da Agricultura da França, Julien Denormandie, anunciou que as cinco empresas incubadoras especializadas no fornecimento de galinhas poedeiras aos agricultores deverão instalar, ou pelo menos comprar, a partir de 1º de janeiro de 2022 máquinas que permitam distinguir ovos com embriões machos de fêmeas.
Essa decisão servirá para evitar que os embriões machos se desenvolvam e sejam triturados. Em vez disso, os ovos com embriões machos serão usados para alimentação animal.
O gabinete do ministro da Agricultura confirmou que até ao final do ano será aprovado um decreto que introduz esta medida.
Léopoldine Charbonnneaux, diretora da ONG CIWF França, defensora dos animais de criação, lamentou que seja um anúncio tardio, pois em 2019 o Executivo já havia prometido que encerraria essa prática antes do final de 2021.
Mas a aplicação dessa medida não avançou com a rapidez esperada na França, maior produtor europeu de ovos e que executa cerca de 50 milhões de frangos machos por ano, por meio da técnica de trituração ou gaseamento.
Com a decisão, o governo francês segue o exemplo da Alemanha, que já havia aprovado a proibição dessa prática desde o início de 2022, e que recentemente instalou máquinas para determinar o sexo de frangos em estágio embrionário.
"Claramente, a Alemanha está impulsionando e pressionando um pouco a França", explica Charbonneaux.
Mas a indústria relutou ao receber o anúncio. "Faremos todo o possível para cumprir esse objetivo", mas "o cronograma é sem dúvida apertado", disse à AFP Philippe Juven, presidente do CNPO.
“Pelo menos duas incubadoras de frangos terão capacidade para atender a essa exigência durante o primeiro trimestre de 2022”, explicou Juven, que lembrou que “as pequenas incubadoras só estarão prontas no final do ano”.
A instalação dessas máquinas custará cerca de 15 milhões de euros e o governo francês prometeu subsídios.
A crescente conscientização sobre o sofrimento animal na sociedade francesa já forçou os produtores de ovos nos últimos anos a abandonar outras práticas polêmicas, como criar galinhas em caixas. Elas foram reduzidos de 63% em 2017 para 36% hoje.