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Na varanda fechada de uma residência do Lago Sul, em Brasília, o então presidente da Petrobras Aldemir Bendine reuniu-se com o empreiteiro Marcelo Odebrecht. O motivo do encontro foi a propina de R$ 3 milhões exigida por Bendine, segundo os investigadores da Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato.

Bendine foi preso nesta quinta-feira, 27, em Sorocaba, interior de São Paulo, por ordem do juiz federal Sérgio Moro. No pedido de prisão do ex-presidente da estatal petrolífera, o Ministério Público Federal fez uma minuciosa reconstituição dos passos de Bendine para corroborar a delação premiada de Odebrecht.

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Bendine havia exigido, inicialmente, R$ 17 milhões. Nessa ocasião, junho de 2014, ele ainda ocupava a presidência do Banco do Brasil.

Seis meses depois, em dezembro de 2014 - Lava Jato a todo vapor - Odebrecht recusou-se a pagar o montante, equivalente a 1% do montante previsto em três processos de crédito que as empresas do grupo tinham junto ao banco - R$ 600 milhões para o Estaleiro Enseada Paraguaçu, € 150 milhões para financiar a aquisição da EGF (processo de privatização em Portugal) e R$ 2,9 bilhões de crédito para a Odebrecht Agro Industrial.

Em fevereiro de 2015, na véspera de assumir o comando da Petrobras com a missão de estancar a corrupção na estatal e a ela dar um novo modelo de governança, Bendine voltou à carga e exigiu R$ 3 milhões.

O ponto de partida da força-tarefa da Lava Jato para cercar o ex-presidente da Petrobras foram as delações de Odebrecht e de outro executivo do grupo, Fernando Reis.

Com base nas revelações dos delatores, os investigadores correram atrás das provas. Uma delas é o endereço em Brasília, na SHIS QI 3, conjunto 10, Casa 2, Lago Sul. O imóvel pertence ao publicitário André Gustavo Vieira, apontado como operador de Bendine.

Os investigadores descobriram que nesta casa Bendine se reuniu com Odebrecht para ajustar a forma de repasse da propina - paga em três parcelas de R$ 1 milhão cada, entre junho e julho daquele ano.

A referência à casa foi encontrada entre os prints efetuados pelo próprio Bendine em diálogos mantidos com André no aplicativo Wickr. Uma mensagem se refere ao endereço do operador, "justamente o local de encontro na noite do dia 18 de maio de 2015".

Em seu depoimento, Odebrecht relatou que na residência de André "a conversa com Aldemir Bendine ocorreu em uma varanda fechada".

Os investigadores fizeram pesquisa no sistema Google Maps e confirmaram que "no endereço de André Gustavo há, de fato, uma varanda fechada, circunstância que corrobora os dizeres de Marcelo Odebrecht".

Na reunião na casa de André, além de Bendine e do empreiteiro, estava o executivo da Odebrecht, Fernando Reis.

"Acertou-se o pagamento de propina para o presidente da Petrobras no importe de R$ 3 milhões", afirma o Ministério Público Federal.

Em seu relato, Odebrecht disse que se curvou ao fato de Bendine ter chegado à Petrobras por indicação direta da então presidente Dilma Rousseff.

O relato do empreiteiro:

"E foi isso que aconteceu, ele chegou, basicamente a conversa, a gente sentou, era tipo uma varanda fechada da casa do André, e a gente basicamente conversou sobre as dificuldades que estava levando a Lava Jato, a questão dos bloqueios, a questão de tudo, a questão dos financiamentos, ele se colocando sempre como a pessoa que, uma das pessoas que o governo tinha escolhido interagir com as empresas para resolver esses problemas, e ai veio, como a gente tinha esse negócio para a pessoa não falar especificamente de senha, claramente, apesar de a pessoa não falar, 'olha, eu tô pedindo a vocês 1% por conta do empréstimo', ele claramente disse aquilo que o André disse que ele ia falar e que estaria mencionando a questão do 1% do achaque. Aí, eu saí da reunião e falei: Olha, Fernando, eu acho que a essa altura a figura mudou um pouco de, quer dizer, a coisa mudou de figura. Quer dizer, o cara é nomeado por ela, recém-eleito presidente na Petrobras, a gente cheio de problemas na Petrobras, Lava Jato, muda de figura! Vamos fazer o seguinte, administra com o André o pagamento, a gente vai administrando, eu não acho que a gente vai pagar 17, mas vamos administrando."

As três parcelas de R$ 1 milhão cada em dinheiro vivo foram pagas pelo Setor de Operações Estruturadas, o famoso departamento de propinas da empreiteira. A investigação mostra que as entregas foram realizadas nos dias 17 e 24 de junho e 1º de julho de 2015 - Odebrecht foi preso no dia 19 de junho, ou seja, duas parcelas de R$ 1 milhão foram entregues a Bendine mesmo após a Lava Jato pegar o empreiteiro.

A investigação mostra que as entregas ocorreram no Edifício Option Paraíso, na Rua Sampaio Viana, 180, apartamento 43, em São Paulo.

Os valores foram providenciados pelo doleiro Alvaro José Galliez Novis, responsável pela conta "Paulistinha", segundo a planilha de propinas da empreiteira.

O endereço no Paraíso para entrega dos recursos em espécie havia sido fornecido por André a Eduardo Barbosa, subordinado de Fernando Reis que, por ordem dele, encaminhava as requisições de pagamento para o Setor de Operações Estruturadas.

A indicação do endereço foi dada durante visita de André ao escritório da companhia na mesma semana em que Marcelo Odebrecht foi preso, possivelmente no dia 15 ou 16 de junho de 2015. Na oportunidade, Eduardo Barbosa anotou o endereço e passou para André as senhas "Oceano", "Rio" e "Lagos", que deveriam ser pronunciadas pelo recebedor dos valores no ato das entregas, para confirmação de sua autenticidade.

Outra prova contra Bendine foi encontrada na planilha de propinas da Odebrecht, onde aparece o codinome "Cobra", suposta referência ao ex-presidente da Petrobras. A Polícia Federal apreendeu a planilha na 23.ª fase da Lava Jato, denominada "Acarajé".

"Aldemir Bendine, conforme apontado por Fernando Reis, foi apelidado com o codinome 'Cobra'. Em decorrência da busca e apreensão na 23.ª fase da Operação Lava Jato (Operação Acarajé), foram apreendidas na posse de Maria Lúcia Guimarães Tavares, secretária do Setor de Operações Estruturadas da ODEBRECHT, registros de requisições de pagamento para codinome 'Cobra' e as senhas 'Oceano', 'Rio' e 'Lagoa'", diz a Procuradoria da República.

Na posse de Maria Lúcia também foi localizado extrato do sistema Drousys, no qual estão registradas as três entregas de R$ 1 milhão, cada, referentes ao codinome "Cobra".

Os investigadores foram atrás do morador do apartamento da Rua Sampaio Viana, em São Paulo, endereço onde a propina para Bendine foi entregue. Eles descobriram que o imóvel, no período entre 22 de abril de 2014 e 22 de abril de 2016 esteve alugado para outro publicitário, Antonio Carlos Vieira da Silva Junior, irmão e sócio de André Gustavo em diversas empresas, como a Arcos Propaganda Ltda, a MP Marketing, Planejamento Institucional e Sistema de Informação Ltda ME e outras.

O emissário indicado para receber os pagamentos, Marcelo Marques Casimiro, segundo a Lava Jato, "possui estreitos relacionamentos com Antonio Carlos e André Gustavo".

Segundo o Ministério Público Federal, André Gustavo "assumiu que recebeu os valores relacionados a Aldemir Bendine, embora tenha adotado condutas para ocultar e dissimular a origem e a natureza criminosa dos valores auferidos".

"A propina chegou às mãos de Aldemir Bendine de forma sub-reptícia por parte de André Gustavo e Antonio Carlos. De se ver que, após o pagamento da propina pela Odebrecht, André Gustavo e Aldemir Bendine, por, pelo menos, duas ocasiões, tiveram encontros presenciais. Além disso, parte dos valores foi repassada por meio de pagamentos de fornecedores de serviços, sem a identificação dos beneficiários, tudo com intuito de omitir a origem e natureza criminosa dos valores."

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine foi confirmado no cargo em fevereiro de 2015, com a missão de ajustar o balanço da companhia e contabilizar as perdas com a corrupção diante do escândalo que já fazia a petroleira sangrar desde março de 2014. Dias antes, sua antecessora, Graça Foster, havia renunciado ao cargo diante da pressão por conta dos desdobramentos das investigações. Bendine foi preso nesta quinta-feira (27), na 42ª fase da Operação Lava Jato, denominada Operação Cobra.

Vindo do Banco do Brasil, Bendine era um nome de confiança do ex-presidente Lula e foi indicado ao cargo pela então presidente Dilma Rousseff. A indicação foi uma surpresa para o mercado e foi recebida com mau humor pelos investidores. No dia de sua confirmação no cargo, as ações da Petrobras fecharam em queda de 6%, mas chegaram a recuar 9% durante as negociações.

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Durante a gestão de Bendine, a Petrobras contabilizou em abril de 2015 o prejuízo recorde de R$ 6,2 bilhões por conta de baixas contábeis relacionadas à corrupção entre 2004 e 2012. O resultado referente ao ano de 2014 ficou negativo em R$ 21,6 bilhões, o primeiro anual da estatal desde 1991.

Bendine renunciou à presidência da Petrobras em maio de 2016, ainda durante a interinidade de Temer na Presidência da República. Naquele momento, a ex-presidente Dilma Rousseff acabava de ser afastada do cargo para responder ao processo de impeachment, concluído em agosto daquele ano.

Em seu lugar ficou Pedro Parente, ex-ministro da Casa Civil e do Planejamento do segundo governo Fernando Henrique Cardoso. O executivo tem uma gestão elogiada pelo mercado e, apesar dos cortes nos empregos e nos investimentos, a Petrobras voltou a mostrar resultados positivos sob seu comando.

Banco do Brasil

Bendine se tornou presidente do BB em abril de 2009, quando substituiu Antonio Francisco de Lima Neto. Também foi membro do Conselho de Administração da instituição. Assumiu a instituição na fase mais aguda da crise financeira global, com a missão de executar duas tarefas da agenda do ex-presidente Lula: ampliar a oferta de crédito para estimular a economia e liderar uma competição mais aguerrida com os bancos privados, para forçá-los a reduzir os juros. Seu antecessor não seguiu a cartilha do Planalto e foi retirado do cargo.

À frente do BB, Bendine conduziu o processo de redução dos juros e a ampliação do crédito. Como consequência, o BB aumentou a participação no mercado em meio à retração dos bancos privados. Pelos dados mais atualizados - do 3º trimestre do ano passado - o BB tem a maior carteira de crédito entre as instituições financeiras brasileiras, correspondente a 21,1% do mercado de crédito nacional.

O BB é o maior banco da América Latina, com mais de 100 mil funcionários e mais de 60 milhões de clientes. Bendine começou no banco aos 14 anos, como office-boy num programa chamado Menor Aprendiz. Sob seu comando, o volume de ativos do BB ultrapassou a marca de R$ 1,2 trilhões.

À frente do BB, ele não se importou com críticas de que o banco é um braço do governo na aplicação da política econômica. "Eu resgatei um pouco esse papel do Banco do Brasil enquanto agente de desenvolvimento econômico e social. Queria dizer: ele tem um papel de governo, de fato", disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em agosto de 2013.

"Sei que o mercado ainda precifica muito a gente negativamente por causa dessa possível interferência, ou intervenção, governamental", afirmou, na ocasião. "Muitas vezes, as pessoas não entendem a governança no Banco do Brasil. Hoje, ela está num nível igual ou superior à das grandes empresas brasileiras", completou.

É bacharel em administração de empresas e cursou MBA em Finanças e em Formação Geral para Altos Executivos.

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendini, preso por volta de 6h desta quinta-feira (27), será transferido para Curitiba, base da Operação Lava Jato. Alvo maior da fase 42 da Lava Jato, denominada 'Cobra', Bendine foi preso em Sorocaba, no interior de São Paulo, a 100 quilômetros da capital.

Os investigadores pediram a prisão de Bendine sob argumento de que ele pegou propina da empreiteira Odebrecht 'na véspera' de assumir a presidência da estatal petrolífera - posto que ele assumiu em 6 de fevereiro de 2015, no auge da Lava Jato que, naquela época, já havia capturado ex-dirigentes da Petrobrás, que ocuparam cargos estratégicos na companhia.

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Na fase 'Cobra' da Lava Jato, também foram detidos por ordem do juiz federal Sérgio Moro dois irmãos, apontados como ‘operadores’ do esquema envolvendo Bendine.

Antonio Carlos Vieira Silva e André Gustavo Vieira Silva, sócios de uma agência de publicidade, foram presos em Recife. André foi localizado no aeroporto da capital pernambucana, quando ia embarcar para Brasília.

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

Preso na Operação Cobra, fase 42 da Lava Jato, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine pediu propina ao empreiteiro Marcelo Odebrecht 'na véspera de assumir a presidência' da estatal, afirma o Ministério Público Federal. Bendine assumiu o cargo em 6 de fevereiro de 2015.

Na ocasião, a Lava Jato estava próxima de completar um ano. A fase ostensiva da investigação foi deflagrada em março de 2014.

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A solicitação de propina, afirma a força-tarefa da Lava Jato, foi feita por Bendine e por um de seus operadores financeiros também ao executivo Fernando Reis, da Odebrecht.

Segundo o Ministério Público Federal, 'as indicações são de que o pedido foi feito para que o grupo empresarial Odebrecht não fosse prejudicado na Petrobras, inclusive em relação às consequências da Operação Lava Jato'.

A pedido da força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná, a Justiça expediu e a Polícia Federal cumpre, na manhã desta quinta-feira, 27, três mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão em nova fase da Lava Jato.

Os focos principais desta operação são, além de Aldemir Bendine, operadores financeiros suspeitos de operacionalizarem o recebimento de R$ 3 milhões em propinas pagas pela Odebrecht em favor do ex-presidente da Petrobras.

O principal alvo desta nova fase esteve à frente do Banco do Brasil entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015, e foi presidente da Petrobras entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016.

"Há evidências indicando que, numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões foi realizado por Aldemir Bedine à época em que era presidente do Banco do Brasil, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial", diz a Procuradoria.

Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do Banco do Brasil.

De acordo com o Ministério Público Federal, em decorrência deste novo pedido e com receio de ser prejudicada na estatal petrolífera, a Odebrecht, conforme depoimentos de colaboradores, informações colhidas em busca e apreensão na 26ª fase da Lava Jato (operação Xepa) e outras provas de corroboração, optou por pagar a propina de R$ 3 milhões. O valor foi repassado em três entregas em espécie, no valor de R$ 1 milhão cada, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 de junho, 24 de junho e 1º de julho, pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Já neste ano de 2017, um dos operadores financeiros que atuavam junto a Bendine confirmou que recebeu a quantia de R$ 3 milhões da Odebrecht, mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultoria que teria prestado à empreiteira para facilitar o financiamento junto ao Banco do Brasil. Todavia, a investigação revelou que a empresa utilizada pelo operador financeiro era de fachada.

Além disso, não foi apresentado nenhum material relativo à alegada consultoria e não foi explicado o destino de valores, a forma oculta do recebimento, a ausência de contrato escrito para serviços de valor milionário e o motivo da diminuição do valor de tais serviços, que inicialmente seriam, conforme reconhecido pelo próprio operador, de R$ 17 milhões, para R$ 3 milhões.

Buscando dar aparência lícita para os recursos, o operador financeiro, após tomar ciência das investigações, efetuou o recolhimento dos tributos relacionados à suposta consultoria, cerca de dois anos após os pagamentos, com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos valores. Há indícios que a documentação também foi produzida com intuito de ludibriar e obstruir as investigações.

"A colaboração premiada dos executivos da Odebrecht foi o ponto de partida das investigações. A partir daí, a investigação se aprofundou e revelou estreitos vínculos entre os investigados e permitiu colher provas de corroboração dos ilícitos narrados", diz a força-tarefa.

Dentre as diligências efetuadas estão análise de ligações telefônicas, identificação junto a hotéis de reuniões secretas, descoberta mediante análise de cartões de crédito de encontros em restaurantes, colheita de comunicações ocultas por aplicativos de celular que eram destruídas em tempo pré-determinado para apagar os vestígios de crimes, bem como exame de anotações que apontam para pagamentos de despesas de hospedagem em favor de familiares de Aldemir Bendine.

Para o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, "é incrível topar com evidências de que, após a Lava Jato já estar em estágio avançado, os criminosos tiveram a audácia de prosseguir despojando a Petrobras e a sociedade brasileira. Os crimes recentes são a prova viva de que a prisão é necessária para frear o ímpeto criminoso de um esquema que vem desviando bilhões há mais de década".

"Há quem fale que as investigações contra a corrupção têm que acabar, mas casos como esse deixam claro que os criminosos não vão parar. Pregar o fim da Lava Jato é defender a liberdade para os ladrões do dinheiro público prosseguirem. Se queremos um Brasil com menos corrupção, é preciso ir até onde eles foram e estão dispostos a ir", disse a procuradora da República Jerusa Burmann Viecili.

"Preocupa a todos nós o arrefecimento do investimento na Lava Jato pela direção da Polícia Federal", destacou o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa no MPF/PR. "Das últimas sete operações da Lava Jato, seis foram pedidas pelo Ministério Público. É preciso preservar o trabalho da Polícia Federal nas investigações. O Ministro da Justiça e o Delegado-Geral têm poder e a consequente responsabilidade sobre o tamanho do efetivo, que foi reduzido para menos de metade", completou.

Defesa

O advogado Pierpaolo Bottini, que defende Aldemir Bendine, afirmou que desde o início das investigações "Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades". "A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a justiça", disse Bottini.

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, entregou nesta segunda-feira, 30, sua carta de renúncia ao cargo. O substituto Pedro Parente deve assumir o comando da estatal quinta-feira, dia 2. Em carta aos funcionários, Bendine ressaltou os avanços que obteve a frente da estatal nos últimos 15 meses e classificou como uma "tempestade perfeita" o momento em que tomou posse.

"Da ameaça de apagão financeiro, chegamos a um caixa superior a R$ 100 bilhões. Essa marca é resultado direto do corte nos investimentos e do enxugamento nos custos operacionais, que fizeram com que nossas despesas fossem menores que nossas receitas pela primeira vez desde 2008", afirmou.

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A "tempestade perfeita" descrita por Bendine combina um ambiente de baixo preço do petróleo, de desvalorização do real ante o dólar, que contribuiu para elevar o endividamento da petroleira, e de crise institucional decorrente da Operação Lava Jato.

No balanço feito de sua gestão, Bendine acredita que, apesar do período conturbado, conseguiu dar os "primeiros passos para virar a página da maior crise do nosso mundo corporativo e voltar a ser orgulho de todos os brasileiros".

O executivo assumiu o comando da Petrobras em fevereiro do ano passado, quando substituiu Graça Foster, desgastada pelos desdobramentos da Lava Jato e pelo atraso na divulgação do balanço financeiro de 2014.

Os ganhos financeiros e as mudanças na estrutura da empresa, com a criação de comitês que passaram a responder por decisões de investimento, foram os marcos da sua gestão. A criação dos comitês serviu para tirar das mãos de executivos, isoladamente, o poder sobre orçamentos bilionários. Em referência aos episódios de desvio de recursos investigados pela Lava Jato, Bendine afirma que trabalhou para que os executivos "não ajam como senhores, mas como servidores dos interesses da empresa".

Ao fim do documento, ele agradece a toda diretoria, aos conselheiros de administração, empregados e colaboradores e se intitula um "petroleiro". Em outro documento, direcionado ao presidente do conselho, Nelson Guedes, se coloca à disposição para esclarecimentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta tarde, no Palácio da Alvorada, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, para acompanhar os desdobramentos da discussão no Senado em torno do projeto do pré-sal. A votação está prevista para acontecer ainda nesta quarta, 24.

O encontro não constava na agenda da presidente. Preocupada com o projeto do senador José Serra (PSDB-SP), que desobriga a Petrobras de ser a operadora única, com participação mínima de 30% na exploração de todas as áreas da camada do pré-sal, Dilma inclusive cancelou a viagem que faria nesta quarta ao Rio de Janeiro para participar de um evento na Fiocruz.

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A presidente, que anteriormente se mostrava terminantemente contrária ao projeto, mudou de posição em relação ao tema, segundo interlocutores. Dilma decidiu parar de expor publicamente sua oposição à proposta e pregou a tese de que a matéria deveria ser bem debatida.

No Congresso, a avaliação é de que os sinais da presidente sobre o projeto são contraditórios. Os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, disseram esta manhã a senadores do PT e do PCdoB que o governo é contra a aprovação do projeto de Serra.

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, afirmou nesta quarta-feira (14) em depoimento à CPI na Câmara dos Deputados, que 32 empresas foram bloqueadas cautelarmente no trabalho com a companhia devido às investigações da Operação Lava Jato. Por isso, acrescentou, a Petrobras está revendo a situação cadastral de todos os seus fornecedores.

"Vamos submeter 12 mil empresas a um novo modelo de relação com fornecedores, que pressupõe avaliação de idoneidade. Cerca de 2 mil fornecedores já passaram por esse processo de integridade desde agosto", relatou.

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Segundo ele, os processo adotados pela companhia permitirão à Petrobras ter uma transparência maior junto a seus funcionários e à sociedade. "Qualquer denúncia será investigada, e se comprovada será punida", prometeu. "Todo e qualquer achado sobre esse tema são repassados para autoridades para que possam apurar qualquer tipo de mal feito ali encontrado", completou.

Bendine frisou que a Petrobras é vítima do escândalo de corrupção. "A empresa ainda é o principal player de um ciclo virtuoso da economia brasileira. Apesar dos problemas, a Petrobras ainda mantém um nível significativo de investimentos, mesmo que muito menor que o de anos anteriores. Este ano os investimentos devem ficar entre US$ 25 bilhões e US$ 27 bilhões, quase R$ 100 bilhões", afirmou.

Desinvestimento

O presidente da Petrobras destacou também que o desinvestimento da companhia faz parte de um ciclo do mercado mundial de petróleo, e não apenas da empresa. "Outras petrolíferas também têm feito isso. Lógico que temos que dosar isso com maior força por conta da dívida. A Petrobras reduziu em 30% os investimentos este ano, e a média de outras companhias do setor tem sido de 20%", afirmou ele à CPI.

Bendine citou que a Petrobras tem capacidade de produzir petróleo por 19 anos sem novas descobertas. "Isso coloca a Petrobras em uma das melhores posições no mundo. Podemos privilegiar a produção, mas sem abandonar a exploração, é claro", completou.

Ele se comprometeu a cumprir a nova meta de produção de 2,8 milhões de barris de petróleo por dia. A anterior era de 4 milhões de barris por dia. "A empresa não pode parar de investir. A indústria do petróleo tem um processo de redução da capacidade de produção de seus poços e, se cortássemos os investimentos a zero, a meta de 2,8 milhões de barris por dia cairia pela metade em cinco anos", explicou.

Prioridades

Bendine listou quatro pontos vitais para a recuperação da empresa e o enfrentamento dos desafios com o preço baixo do barril de petróleo e a dívida acima da meta. "Estamos priorizando os investimentos, com 82% do total, na área de produção e exploração de petróleo, que é a principal atividade da empresa", afirmou.

Em segundo lugar, ele disse que a Petrobras está trabalhando na redução de gastos operacionais. "A Petrobras tem que se adequar a um cenário mais realista, revendo todos os processos para reduzir custos. Nossa meta é reduzir custos gerenciáveis do plano de negócios em até US$ 12 bilhões nos próximos anos", completou.

O terceiro ponto citado por Bendine é redução da dívida e a garantia da financiabilidade da empresa. "As captações junto ao mercado financeiro permitiram melhoria na dívida, com prazos mais longos e juros mais baixos. Só o escalonamento de dívida deste ano, esses movimentos já feitos, garantiram uma economia de US$ 3,8 bilhões este ano", alegou.

Por fim, o presidente da Petrobras destacou medidas para a melhoria da gestão e da governança na empresa. "O modelo anterior não foi suficiente para se evitar essa situação de escândalo propomos então um modelo mais blindando, mais seguro, que privilegie decisões colegiadas e não pessoais. Atacamos um problema que está na raiz da Lava Jato, que eram decisões pessoais na empresa", avaliou.

O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, fez nesta quarta-feira (14), uma apresentação sobre a gestão e governança, desempenho operacional e os investimentos da companhia durante os oito meses sob o seu comando. "A empresa passava por momento de extrema turbulência, e em fevereiro ainda não tinha balanços de terceiro e quarto trimestres (de 2014) aprovados, o que trazia uma situação de insolvência da empresa perante o mercado creditício", afirmou, em depoimento à CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados na condição de testemunha. "Foi um trabalho árduo e conseguimos aprovar os balanços auditados em abril", relatou.

Bendine citou que foram feitos ajustes de ativos, patrimônio e resultados da empresa para dar mais credibilidade às informações da Petrobras. "Conseguimos, através de uma série de captações e negociações com mercados interno e externo, quase US$ 11 bilhões, que puderam fazer frente a caixa da companhia que não atendiam as necessidade de uma empresa desse porte. Isso resgatou um pouco a credibilidade que Petrobras tinha que ter", completou.

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A nomeação de um novo Conselho de Administração também foi relatada por Bendine aos parlamentares, o que, segundo ele, possibilitou a aprovação dos balanços seguintes. "Estamos buscando um modelo de gestão operacional efetivo e reforma de governança para mitigar situações vividas no passado, e para termos conforto em decisões tomadas", acrescentou. O presidente da Petrobras pontuou que a empresa tem colaborado ativamente com as autoridades envolvidas nas investigações e disse que a empresa busca recuperar valores no âmbito da Operação Lava Jato.

Ele voltou a considerar que o mercado de petróleo impõe desafios à companhia, com o barril do produto cotado abaixo do US$ 50 no mercado internacional, bem como a valorização do dólar em relação ao real, o que encarece a gestão da dívida da empresa. "Estamos procurando ajustar nosso plano de negócios e reposicionar a empresa diante destes dois recentes episódios: o da corrupção descoberta, mas principalmente o da mudança do ciclo das commodities", argumentou.

Apesar dos desafios, Bendine disse acreditar que a Petrobras voltará "a ser motivo de orgulho para todo cidadão brasileiro", sendo uma empresa mais enxuta e com resultados robustos. "Diante de um cenário onde a gente busque cada vez mais uma disciplina de capital e de gestão forte, aliados a um programa de desinvestimento, podemos trazer a dívida da Petrobras para um patamar mais confortável", afirmou. "Acreditamos fortemente na capacidade de recuperação da empresa", completou.

Entre os deputados que participam da comissão, há expectativa de que o depoimento de Bendine desta quarta-feira seja a última participação de peso na CPI da Petrobras. Em funcionamento desde fevereiro, os trabalhos da comissão estão previstos para acabar no dia 23 deste mês. Para ser prorrogada, é necessário o aval do plenário da Câmara. Também é possível que a decisão seja tomada por conta própria pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tem sido alvo de denúncias nas últimas semanas sobre possíveis desvios na Petrobras.

Antes do depoimento de Bendine, os parlamentares discutiram por quase uma hora e meia a continuidade da CPI. Enquanto colegas defenderam que a CPI tenha nova prorrogação, o relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), afirmou que tem condições de apresentar o relatório final dos trabalhos já na noite da próxima segunda-feira (19). Para isso, os quatro sub-relatores do colegiado precisariam apresentar parecer até amanhã.

Em conversa com o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, com quem almoçou no Rio de Janeiro, o governador Paulo Câmara (PSB) tratou sobre a conclusão da Refinaria Abreu e Lima, nesta quarta-feira (5). Além dessa agenda, o socialista aproveitou a ida à capital carioca para se reunir, na sede da empresa, com o sócio-fundador da Gávea Investimentos, Armínio Fraga

Na conversa com Bendine foi reafirmada que está na programação da companhia retomar os investimentos do chamado “trem 2” da Refinaria ainda neste ano. O encontro na Petrobras contou com a participação dos diretores da estatal Ivan Monteiro, Roberto Moro, Armando Toledo, Jorge Celestini, Maurício Guedes e a gerente executiva do Jurídico, Taisa Maciel. Do Governo de Pernambuco, participaram os secretários de Desenvolvimento Econômico Thiago Norões, da fazenda, Marcio Stefanni e da Assessoria Especial, José Neto.

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Já na reunião com Armínio Fraga, Câmara apresentou as vantagens de Pernambuco para receber investimentos em setores estratégicos, como o de logística, indústria automotiva e energia renovável. “Pernambuco abriga centros de distribuição de multinacionais. Tem uma infraestrutura e logística muito boa entre Recife e Suape. O Nordeste é abastecido a partir do Recife", destacou.

O chefe do poder Executivo Estadual pontuou recordes do Porto de Suape em movimentação de carga. Segundo ele, foram 15,2 milhões de toneladas em 2014 e a previsão para 2015 é 20 milhões de toneladas. 

Após ouvir os depoimentos do governador sobre o Pernambuco, Fraga afirmou que o Estado é uma “exceção” em meio à crise econômica. “O Estado não pode parar de investir. Pernambuco é uma exceção. É um Estado que consegue se diferenciar desse ambiente que o país vive", enalteceu o ex-presidente do Banco Central. Ele também demonstrou interesse em conhecer a região. “Quero conhecer a experiência em Suape. Tenho muita vontade de fazer isso. Passar dois, três dias em Pernambuco e conhecer essas oportunidades. Pode colocar uma agenda densa, governador”, pediu Armínio. 

Outra área de interesse de Fraga foi à temática da gestão pública e da educação. Na ocasião, Paulo Câmara citou ações do Governo de Pernambuco, como a Escola em Tempo Integral e o Programa Ganhe o Mundo. “Temos a maior rede de escolas em tempo integral do Brasil. Saímos do 21° lugar no Ideb para o 4°”, descreveu o governador. 

O Diário Oficial da União traz em edição extra da sexta-feira a exoneração de Aldemir Bendine do cargo de presidente do Banco do Brasil. Em substituição a Bendine, o documento formaliza a nomeação de Alexandre Abreu para o comando do banco público.

Bendine deixou o BB para presidir a Petrobras. O nome dele foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para a presidência da estatal e confirmado no cargo pelo Conselho de Administração da petrolífera na sexta-feira.

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