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O Benim elege, neste domingo (28), seus 83 deputados, em uma votação onde apenas dois partidos próximos ao poder puderam apresentar candidatos, e onde distúrbios e uma forte abstenção são esperados.

As assembleias de voto abriram às 7h (3h de Brasília), mas a participação tem sido baixa.

"A população não sai, mas é por causa dos cultos religiosos de domingo", justificou Jacques Noutais, representante da Comissão Eleitoral, em Ze, cerca de 30 km de Cotonou, a capital.

Os principais partidos da oposição pediram o boicote, já que não puderam apresentar candidatos por razões administrativas.

No final de 2018, o Parlamento aprovou um novo código eleitoral para simplificar o panorama político e impedir a proliferação de partidos (mais de 250 num país de 12 milhões de habitantes).

No entanto, nem mesmo as principais formações da oposição conseguiram cumprir as condições exigidas pela Comissão Eleitoral.

No sábado houve brigas no final da tarde e grupos de manifestantes bloquearam várias estradas.

Desde a meia-noite, todas as redes sociais foram suspensas.

Cinco milhões de beninense são registrados nas listas eleitorais e podem escolher entre o Bloco Republicano e a União Progressista, dois movimentos próximos ao presidente Patrice Talon, acusado de ter boicotado todos os seus adversários políticos desde que chegou ao poder em abril de 2016.

O Benim foi considerado um exemplo de democracia na África Ocidental e é a primeira vez desde que a democracia foi introduzida em 1991 que a oposição não tem representação nas eleições.

Na manhã desta quinta-feira (21), o embaixador beninense Boniface Vingnon, está no Brasil para um encontro de negócios entre embaixadores da Arábia e África. A autoridade visitou a Casa do Benin, espaço gerido pela Fundação Gregório de Matos (FGM), no Centro Histórico da capital baiana.

Durante a visita à Casa do Benin, estiveram presentes a comitiva de representantes de países africanos e árabes. Dentre eles, o embaixador do Mali, Mr. Mamadou Traore, o embaixador da Mauritânia, Mr. Wagne Abdoulaye, o embaixador do Togo, Koffi A. Máxime Assah, o presidente da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro. No local, o embaixador beninense doou uma obra representativa dos Eguguns para compor o acervo do museu.

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A Grande Mesquita de Porto Novo é uma joia da arquitetura afro-brasileira em Benin, com seus muros multicoloridos e o minarete que recorda o campanário de uma igreja, mas, como o restante do centro histórico, corre um grande risco de desaparecer.

"Em cada traço se parece com uma igreja porque os antigos escravos tinham experiência construindo igrejas no Brasil", explicou Moubarak Mourchid, chefe da unidade para o patrimônio da municipalidade de Porto Novo, capital administrativa de Benin.

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A partir do final do século XVIII, Porto Novo se converteu em um dos pontos de chegada dos antigos escravos libertados, que decidiram voltar ao país de seus ancestrais.

Suas ruas recordam as de Salvador, na Bahia, e conservam a história deste "período afrobrasileiro", crucial para a história do continente africano.

"Os escravos se converteram ao Islã como uma demonstração de rebeldia em relação a seus donos", explica Moubarak Mourchid.

"Ao voltar à África Ocidental, atuaram como artesãos, aplicando as técnicas de construção que haviam aprendido no Brasil. Depois a foram transmitindo de geração em geração", contou o historiador.

No entanto, não há qualquer prédio classificado como Patrimônio Mundial da Unesco, nem mesmo a Grande Mesquita, lamentou Mourchid.

"Primeiro deve ser reconhecida como patrimônio nacional pelo Estado. Mas não há vontade política", explicou.

Mas, sem apoio, o patrimônio está desaparecendo.

A Casa do Patrimônio de Porto Novo, inaugurada em 2009, é considerada um imenso progresso para a preservação dos bens arquitetônicos na África.

Lá, um pequeno grupo de apaixonados tentam lutar contra a erosão do tempo, os danos que gera a temporada de chuvas e os proprietários pouco escrupulosos que deixam que as casas venham abaixo.

Em 2009, Richard Hounsou, diretor de Cultura e Patrimônio da cidade, registrou que,m em Porto Novo, havia 450 edifícios de estilo afrobrasileiro, mas atualmente restam apenas 400.

Prova de riqueza

Ali Moubarak vive em um desses imponentes prédios de três andares. Ali recebe os visitantes que vêm para ver o edifício vestido com uma túnica branca.

A casa é dividida em dois. A partir do pátio é possível ver o interior como uma casa de bonecas. "Ela foi construída por meu avô em 1910. Ele era enfermeiro, foi uma pessoa importante", explica Moubarak.

Na época em que foi construída, a casa era uma forma de mostrar a sua riqueza. "Ele tinha quatro ou cinco esposas" e "não sei quantos netos", diz, sorrindo.

"De acordo com a lei local, todos nós somos herdeiros e é o mais velho que decide", explica.

A família foi empobrecendo com o passar do tempo e as paredes da casa começaram a descascar. Atualmente, Moubarak perdeu as contas de quantas pessoas vivem ali, entre primos e os filhos destes.

Em um dos quartos há uma lavanderia e noutro uma oficina de costura.

No terceiro andar, em um quarto deslumbrante, com molduras de gesso no teto e paredes pintadas com motivos florais, há um baú esculpido e um espelho antigo que em breve servirão como lenha para o aquecimento.

A cidade de Porto Novo se ofereceu para restaurar o lugar e Moubarak aceito, mas ainda precisa da permissão dos outros herdeiros espalhados entre Cotonou e a França, e que parecem pouco interessados na herança de seus antepassados.

Para alguns, o melhor seria esperar que a casa venha abaixo para vender o vasto terreno e construir novas e mais rentáveis ​​casas.

Na área, uma dessas casas está sendo restaurada. Todas as paredes, que foram construídas com uma mistura de areia e argila revestida com cimento calcário foram cobertas de cimento, mas mantendo "a forma e os motivos da época".

"Custaria duas vezes mais utilizar os materiais antigos", explicou Mourchid, que supervisiona a obra e que prometeu abrir uma escola de artesanato no Benin, com a cooperação do Brasil.

"Além dos problemas relacionados com o dinheiro, acontece que perdemos a técnica de construção", explicou ele. As casas ameaçam tornar-se poeira e com elas as memórias dos escravos libertos.

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