O ator e cineasta George Clooney, 52, que apresentou neste sábado (8), na Berlinale, o filme "Caçadores de Obras-Primas" ("Monuments Men"), desfruta plenamente do papel de astro mundial, e, embora não lembre se alguma vez se definiu como liberal, diz que tenta não ser "cínico".
Centenas de jornalistas fizeram fila para vê-lo ao lado dos atores com quem trabalhou na superprodução de Hollywood sobre um grupo de especialistas em arte enviados pelo Exército americano à Europa durante a Segunda Guerra Mundial para resgatar tesouros artísticos roubados pelos nazistas.
##RECOMENDA##Clooney disse que tentou fazer algo "menos cínico" do que outros filmes seus ao rodar esta história de heroísmo, apresentada em Berlim fora de competição. "O tema era apaixonante. Há três anos, o produtor Grant Heslov leu o livro de Robert Edsel sobre esses homens monumentos. Percebemos que existia a possibilidade de se fazer um bom filme", contou.
O roubo de obras de arte pelos nazistas é um tema que ressurge de tempos em tempos, e que continuará sendo discutido, disse, assinalando que, por isso, não estranhou a recente descoberta, em Munique, de quadros avaliados em mais de 1 milhão de dólares em poder de um idoso.
"Deve haver muitas obras escondidas em porões. Fazer um filme sobre arte é difícil. Negociamos por três anos com a Fox. Gostávamos da história. O mundo desconhecia a dimensão do saque praticado pelos nazistas", assinalou.
O filme mostra o líder nazista Hermann Goering escolhendo as obras que serão levadas do museu parisiense Jeu de Paume.
O ator Matt Damon, um dos astros do filme, citou a francesa Rose Valland, historiadora de arte e membro da Resistência contra os nazistas, que, durante a ocupação da capital francesa pelos alemães, catalogou em sigilo e fez um inventário das obras do Jeu de Paume, o que permitiu a recuperação das obras saqueadas.
Clooney afirmou que não sente o peso da fama mundial. "Não posso me queixar, ninguém entenderia", disse o cineasta, que assinalou não ser a Berlinale um espaço para se falar de política, mas comentou a situação em Sudão do Sul e Ucrânia, onde aproveitou sua popularidade para defender a liberdade e autodeterminação daqueles países.
"A comunidade internacional deve se mobilizar para ajudar aqueles países a conquistar sua estabilidade, democracia, autodeterminação", disse Clooney, que, recentemente, apoiou os manifestantes ucranianos, explicando seu interesse por aquele país citando sua amizade com os irmãos pugilistas Klischko, líderes da oposição.
"Yulia Timoshenko é uma prisioneira política, isso parece ter sido esquecido. A luta na Ucrânia é árdua. Por isso, manifestei meu apoio. Os ucranianos também lutam por sua autodeterminação", afirmou.
Clooney recorreu ao humor para responder aos comentários exagerados sobre sua forma física feitos por algumas jornalistas, que não esconderam a admiração pelo ator. "Você está dizendo que, no México, sou importante para a saúde mental das mulheres? Obrigado, mas qual é a sua pergunta?", disse a uma jornalista mexicana.
Uma belga perguntou ao ator por que ele não havia filmado na Bélgica, "onde há cervejas boas e mulheres lindas", segundo ela. "Estivemos lá procurando locações, mas ficava muito caro mudar de set. Experimentamos as cervejas, sim. São muito boas", disse.
Uma jornalista grega perguntou o que Clooney proporia para ajudar a Grécia a recuperar obras de arte que estão no British Museum, em Londres. "Concordo que as devolvam, certamente, isso me parece justo. Propor algo? Não está ao meu alcance."