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A venda da Liquigás, subsidiária da Petrobras e líder no mercado nacional de distribuição de gás de cozinha, foi autorizada na quarta-feira (18) pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O negócio abrange três operações distintas envolvendo as empresas Copagaz, Itaúsa, Nacional Gás Butano (NGB) e Fogás. O aval foi condicionado à assinatura de um acordo em controle de concentrações (ACC).

Segundo o conselheiro Mauricio Oscar Bandeira Maia, relator do caso, a operação foi notificada ao Cade no modelo fix-it-first. “Ou seja, uma operação que, antecipando a análise concorrencial do órgão regulador, já apresenta remédio embutido com o objetivo de sanar eventuais problemas concorrenciais identificados”, esclareceu.

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Nesse sentido, as empresas informaram ao Cade que a Copagaz passará a ser a nova controladora da Liquigás, junto com a Itaúsa – que deterá de 45% a 49,99% do capital social e votante da Copagaz.

Já a participação da NGB e da Fogás no negócio, segundo as requerentes, tem como objetivo solucionar possíveis preocupações concorrenciais observadas em alguns estados brasileiros, conforme critérios estabelecidos pelo Cade no julgamento da venda da Liquigás para a Ultragaz, vetada pelo órgão antitruste em 2018.

Operações

De acordo com o Cade, a operação principal refere-se à aquisição da Liquigás de forma conjunta pela Copagaz/Itaúsa e pela NGB. Dela derivam outras duas secundárias, que visam minimizar os impactos concorrenciais resultantes da união da NGB e da Liquigás, que estão entre as quatro principais distribuidoras de GLP (gás de cozinha) do país, mais um agente intermediário, que é a Copagaz.

Além de se tornarem acionistas da Liquigás, a Copagaz e a NGB participam inicialmente de outra operação, que compreende a constituição da empresa NewCo 1. A empresa será composta por ativos da Liquigás e da Copagaz, a serem transferidos para a NGB. Após essa etapa, a NGB será desvinculada da composição societária da Liquigás. As unidades que representam os ativos transferidos estão localizadas nos estados de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, de Goiás, do Distrito Federal, da Bahia, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro e de Mato Grosso do Sul.

Por fim, de modo semelhante, o terceiro ato de concentração inserido no negócio envolve a constituição e a transferência da NewCo 2, composta por ativos da Liquigás e da Copagaz, para a Fogás, que participa da operação somente nessa etapa. Nesse caso, as unidades estão localizadas nos estados de São Paulo e Goiás.

O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga se multas aplicadas a empreiteiras pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foram mais baixas do que determina a legislação. Foi aberto processo para apurar irregularidades especialmente em acordos firmados com empresas investigadas na Lava Jato, como Odebrecht, OAS, Carioca Engenharia e Andrade Gutierrez. Conselheiros do órgão apontam que as vantagens obtidas pelas companhias com atos ilícitos foram muito maiores do que as punições sofridas.

Em despacho ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso, o ministro do TCU Augusto Sherman acolhe pedido do Ministério Público de Contas da União e determina a realização de uma diligência no Cade. Há uma semana, foi enviado ofício dando 15 dias para o conselho mandar informações ao TCU.

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Na representação, o procurador do MP da União Júlio Marcelo de Oliveira alega que, ao firmar acordos que encerram as investigações contra as empresas, chamados de Termo de Compromisso de Cessação (TCC), o Cade estaria "estipulando contribuições pecuniárias em valor aquém ao da vantagem auferida, prática que daria margem à subpunição" das companhias.

O procurador cita o julgamento de 16 TCCs relacionados à Lava Jato em novembro de 2018, quando os acordos levaram ao pagamento de um total de R$ 897,9 milhões. No julgamento, foi definido que a Odebrecht pagaria R$ 578,1 milhões, em seis processos. A OAS propôs o pagamento de R$ 175,1 milhões, a Andrade Gutierrez, R$ 75 milhões, e a Carioca Engenharia, R$ 68,9 milhões.

Como mostrou o Estadão/Broadcast na época, dois conselheiros do Cade criticaram o valor das multas. O então conselheiro João Paulo Rezende afirmou que as quatro construtoras ganharam R$ 25 bilhões com as obras superfaturadas e que o valor pago deveria ter sido pelo menos três vezes maior. A então conselheira Cristiane Alkmin disse na ocasião que as multas deveriam ser de cerca de R$ 4 bilhões.

O Cade é uma autarquia, vinculada ao Ministério da Justiça, responsável por coibir a formação de cartéis e estimular a concorrência entre empresas. As punições aplicadas pelo conselho têm caráter administrativo.

'Vantagem'

A lei da concorrência prevê que a multa aplicada pelo Cade seja de até 20% do faturamento da empresa e que nunca pode ser "inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação". No entanto, há discussão de como calcular a vantagem que a empresa obteve com a formação de um cartel, por exemplo, o que ocorreu no julgamento dos casos da Lava Jato citados pelo procurador.

O Ministério Público de Contas afirma ainda na representação que o Cade "recorre extensivamente ao uso de TCCs para concluir investigações". Nenhum caso relacionado à Lava Jato, que teve início em 2014, foi a julgamento até hoje no conselho. Todos os encerrados até agora foram por acordo de leniência e TCCs. "Há desvantagens para o uso extensivo de TCCs. Existe o potencial de se ter um efeito negativo à prevenção, uma vez que os descontos fornecidos são generosos e as empresas sabem que podem celebrar acordos até o momento anterior à decisão do tribunal", afirma o procurador.

O Cade afirmou que a representação do procurador é "falha tecnicamente, baseada em jurisprudência vencida, e denota pouco conhecimento da legislação concorrencial". Afirmou que apresentará todas as informações solicitadas pelo TCU, que a metodologia para a definição de multas é "baseada em jurisprudência do órgão" e que, nos últimos cinco anos, aplicou um total de R$ 1,7 bilhão em multas e R$ 3,6 bilhões em contribuições pecuniárias, pagas em acordos. "Na Lava Jato, o Cade homologou acordos que totalizam R$ 1,205 bilhão."

O TCU informou que o processo que apura "possíveis irregularidades na atuação do Cade" está em andamento e não tem deliberações sobre o caso. 

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou um novo acordo com a Disney para mitigar os efeitos de concentração decorrentes da compra da Fox pelo grupo. O estabelecimento de novos compromissos foi necessário porque não foi possível concluir a venda da Fox Sports pelo grupo, condição estabelecida no primeiro acordo, firmado em fevereiro do ano passado.

De acordo com o Cade, a Disney deverá manter a distribuição de 40 eventos esportivos em canais lineares por três anos ou até a expiração dos contratos. Entre a data de assinatura do acordo e 1.º de janeiro de 2022, a Disney terá de envidar esforços para assegurar que a Fox Sports continue atrativa. Pelo menos o canal principal deverá ser mantido e o uso da marca deverá ser feito de forma consistente, sem prejuízo de transmissão por outros canais.

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Pelo acordo, a partir de 1.º de janeiro de 2022, esses eventos deverão ser transmitidos por algum outro canal, como a ESPN Brasil e a ESPN - o principal é a Copa Libertadores. Caso opte por encerrar o canal Fox Sports em 2022, a Disney deverá se comprometer a devolver antecipadamente a marca, de forma que ela fique livre para uso de qualquer outro agente que se interesse.

"As marcas não estão sendo adquiridas nesse ato de concentração. A Disney poderá usá-las por algum período, mas as marcas serão devolvidas ao seu proprietário", afirmou o conselheiro Luis Henrique Braido.

Em fevereiro do ano passado, o Cade aprovou a operação de compra da Fox pela Disney, mas condicionou a operação à venda da Fox Sports pelo grupo. Segundo o órgão regulador, 34 grupos demonstraram interesse no canal, dos quais 10 preencheram requisitos e foram habilitados, mas apenas três apresentaram ofertas não vinculantes. Nenhuma delas, porém, continha um plano de reestruturação de ativos, condição considerada necessária pelo Cade, já que o canal Fox Sports demandava investimentos imediatos, dava prejuízo e não se sustentava sozinho.

"Não há como tocar empresa no curto prazo sem investimento. Os desafios são enormes, ainda mais em meio à pandemia do novo coronavírus", disse Braido. "Todas as transmissões esportivas interrompidas no mundo todo. A Fox Sports, em particular, é impactada pela desvalorização da moeda, já que seus eventos são internacionais, firmados em dólar e euro, e suas receitas em propaganda e assinaturas são em reais. Isso torna situação mais dramática".

O voto do conselheiro foi aprovado pela maioria de todos. Somente a conselheira Lenisa Rodrigues Prado votou pela postergação do julgamento. Para ela, o ideal seria julgar o processo em data posterior, para permitir negociações com outros interessados. Ela argumentou que a Copa Libertadores está suspensa e que a transmissão de eventos esportivos sofrerá mudanças significativas após o fim das medidas de isolamento social, adotadas em razão da pandemia.

INVESTIGAÇÃO - O Cade aprovou ainda a abertura de uma investigação para apurar os efeitos anticompetitivos decorrentes da compra da Fox pela Disney. Esse processo, de acordo com Braido, pretende apurar práticas irregulares de contratos firmados entre produtoras e operadoras e de que forma o tratamento não isonômico entre empresas pode afetar o consumidor final. A apuração não será restrita a Disney e atingirá todas as produtoras de mercado, disse o conselheiro.

Entre as perguntas que deverão ser respondidas no processo estão: quais produtores cobram preços diferentes; se a estrutura de custos e receitas gera eficiência econômica para essa prática; se isso distorce a concorrência entre operadoras de portes diferentes ou limita a entrada de novas empresas no mercado; se as distorções possuem impacto sobre o consumidor de TV por assinatura. "Insisto que discriminação de preços sem justificativa econômica deriva de posição dominante do mercado", afirmou Braido.

A Superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu duas frentes de investigação sobre aquisições de empresas de transportes de valor pela Prosegur. Os procedimentos administrativos foram abertos para apurar se operações envolvendo a compra de ativos da Sacel Serviço de Vigilância e da Transexcel Segurança e Transporte de Valores deveriam ter sido avisadas ao órgão antitruste.

A decisão do Cade se dá no âmbito de uma guerra que envolve trocas de acusações entre empresas e entidades que representam concorrentes no setor. De um lado, está a Tecban, - empresa de gestão de caixas de autoatendimento bancário fundada por seis bancos -, dona da TB Forte, que detém 7% do mercado. De outro, as gigantes Brink's, Prosegur e Protege, detentoras de 80% de um mercado que girou R$ 33 bilhões em 2018.

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Recentemente, o Cade também mandou as três gigantes do setor explicarem "aumentos de preços". Em agosto, o jornal O Estado de S. Paulo revelou que uma concorrente e parte da clientela de Protege, Brink's e Prosegur reclamam de suposto conluio.

Entidades de classe às quais estas companhias são filiadas antagonizam. As três gigantes do mercado pertencem à Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores (ABTV). Já a rival TBForte, por exemplo, pertence à Associação Nacional de Segurança e Transporte de Valores.

Enquanto a Tecban faz sucessivas representações ao Cade acusando suas rivais de cartel, a ABTV apoia, no Congresso, um projeto de lei que, caso aprovado, proibirá empresas que têm os bancos como seus acionistas de atuarem no mercado de transporte de valores - automaticamente dizimando a TBForte.

Em artigo, o diretor-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores (ABTV), Ruben Schechter, afirmou que "os bancos apresentam resistência em permitir que o mercado de transporte de valores concorra livremente, de forma igualitária".

"Restringir a atuação dos bancos no controle de toda a cadeia de serviços significa defender o saudável desenvolvimento do setor de segurança privada", afirmou.

Também em artigo, o presidente da Associação Nacional de Segurança e Transporte de Valores, Gabriel Montenegro Damasceno, diz que o argumento é "falacioso". "As três gigantes do mercado de transporte de valores detêm 80% de share do mercado nacional. Como ao redor do mundo, este segmento vive um momento perigoso de concentração".

Ao órgão antitruste, o advogado José Del Chiaro, que defende a Tecban, relatou "aquisições sucessivas de empresas de menor porte por Prosegur, Brink's e Protege".

"Com exceção da Norsegel, adquirida em janeiro de 2005 pela Nordeste, todas as demais operações envolveram os três gigantes que compõem o quadro de dominância do segmento no Brasil: Prosegur, Brink's e Protege. Considerando que até a Nordeste também foi adquirida pela Prosegur (em março de 2012), nota-se um franco movimento de consolidação que se reflete em uma dinâmica concorrencial alarmante", afirmou, o defensor, que chega a expor uma "linha do tempo" de aquisições.

"Em um mercado oligopolizado e com indícios de condutas abusivas, faz-se relevante eliminar a concorrência da franja", afirmou ao Cade.

Debruçado sobre os requerimentos da TecBan, o Cade encontrou duas aquisições da Prosegur que merecem ser alvo de procedimento administrativo. Nas duas operações, o órgão notificou as empresas para que informem o faturamento de cada uma das partes no ano anterior à operação.

No caso da compra da Sacel, o Cade ainda questionou sobre quais foram os ativos envolvidos na operação; e sobre a estimativa da estrutura de oferta no estado de Sergipe com base no número de carros fortes, destacando as participações de mercado das partes envolvidas na operação.

Já sobre a compra da Transexcel, o órgão perguntou "se a operação consistiu em (1) fusão, (2) aquisição de controle, (3) aquisição de quotas/ações sem aquisição de controle, (4) consolidação de controle, (5) aquisição de ativos, (6) incorporação, (7) joint venture clássica, (8) joint venture concentracionista ou (9) outra forma de operação não coberta pelas alternativas anteriores, com a respectiva especificação".

Após a decisão, o advogado José Del Chiaro, que defende a Tecban, afirmou. "A máscara cai com a abertura, pelo CADE, de duas investigações para apurar aquisições não comunicadas ao órgão antitruste."

Defesa

Em nota, a Prosegur afirmou que "trata-se de mera diligência atrelada ao processo de análise de aquisição da Transvip e será devidamente respondido à autoridade".

O Senado aprovou, nesta terça-feira, 1, a indicação de quatro nomes para compor o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Ainda falta a apreciação de outros dois nomes já sabatinados na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

Os senadores aprovaram a indicação de Sérgio Costa Ravagnani, Lenisa Prado e Luis Henrique Bertolino Braido como conselheiros. A indicação de Ravagnani veio da Casa Civil e a de Braido, do ministro da Economia, Paulo Guedes. Já Lenisa foi indicada por senadores. A recondução de Walter de Agra Júnior para o cargo de procurador-geral do Cade também foi aprovada.

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O aval do Senado é necessário para a nomeação dos indicados pelo presidente Jair Bolsonaro no órgão. O Cade está com apenas três integrantes no tribunal e sem quórum para votações desde julho. A votação dos nomes ocorreu na mesma sessão em que a reforma da Previdência está pautada.

O Senado ainda precisa avaliar as indicações de Alexandre Cordeiro para o cargo de superintendente-geral do Cade e de Luiz Augusto de Almeida Hoffmann para ser conselheiro do órgão. As indicações foram feitas pelo presidente Jair Bolsonaro em negociação com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que havia manifestado rejeição a nomes anteriormente encaminhados.

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado sabatina na próxima terça-feira, 24, os quatro indicados ao cargo de conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade): os advogados Lenisa Prado, Luiz Augusto Hoffmann e Sérgio Costa Ravagnani, além do economista Luiz Henrique Bertolino Braido.

De acordo com a assessoria do presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), outros dois indicados serão sabatinados no dia 1º de outubro: o superintendente-geral Alexandre Cordeiro, e o procurador-geral, Walter Agra. Ambos foram apontados pelo presidente Jair Bolsonaro para serem reconduzidos ao cargo.

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Na terça-feira, 17, foram lidos na comissão os relatórios de cada um dos indicados e concedidas vistas coletivas - o que é praxe no processo de sabatina. Antes de serem nomeados por Bolsonaro, os indicados precisam da aprovação da CAE e do plenário do Senado.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado, 24, que não tem problemas com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, mas reagiu quando questionado se Moro teria carta branca: "Eu tenho poder de veto em qualquer coisa, senão eu não era presidente. Todos os ministros têm ingerência minha. Eu fui eleito para mudar", disse.

Como informou o Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, Bolsonaro indicou na sexta-feira, 23, cinco nomes para integrar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Apesar de o Cade ser formalmente ligado ao Ministério da Justiça, de Moro, o ministro não foi consultado e não teve influência em nenhuma das indicações.

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Segundo a reportagem apurou, ao menos dois deles foram negociados com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), dos advogados Luiz Augusto Hoffmann e Lenisa Rodrigues Prado, indicada para o cargo de procuradora-geral do órgão.

Além deles, Bolsonaro indicou para o conselho o também advogado Sérgio Costa Ravagnani e o economista Luiz Henrique Bertolino Braido. O atual superintendente-geral do órgão, Alexandre Cordeiro, foi reconduzido ao cargo. Todos os indicados passam por sabatina em comissão do Senado e precisam ter seus nomes aprovados pelo plenário da Casa.

A indicação de Cordeiro também foi defendida por senadores. Ainda há uma vaga no conselho, que também deverá ser preenchida por indicação do Senado.

A tentativa de atender senadores vem em um momento em que os parlamentares devem avaliar a possível indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) para embaixador nos Estados Unidos. No início do mês, Bolsonaro retirou outros dois nomes indicados por ele mesmo em maio e que não teriam agradado aos senadores - eles haviam sido escolhidos pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça, Sérgio Moro.

Tradicionalmente, os escolhidos para o conselho são apontados pelas equipes da Economia e da Justiça. A equipe de Guedes foi quem escolheu Braido. Ele é PHD em economia pela Universidade de Chicago, onde Guedes também estudou, e é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro.

O presidente Jair Bolsonaro cedeu a pressões de senadores e indicou nesta sexta-feira, 23, cinco novos nomes para integrar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo apurou o Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, pelo menos dois deles foram negociados diretamente com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) - os dos advogados Luiz Augusto Hoffmann e Lenisa Rodrigues Prado, esta última indicada para ocupar o cargo de procuradora-geral do órgão que cuida da concorrência entre empresas no País.

Além deles, Bolsonaro indicou para o conselho o também advogado Sérgio Costa Ravagnani e o economista Luiz Henrique Bertolino Braido. O atual superintendente-geral do órgão, Alexandre Cordeiro, foi reconduzido ao cargo. Todos os indicados passarão por sabatina em comissão do Senado e precisam ter seus nomes aprovados pelo plenário da Casa.

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A indicação de Cordeiro foi defendida por senadores, mas, desde o início do ano, ele tem se aproximado da equipe econômica por causa de negociações de acordos com a Petrobras. Ainda há uma vaga no conselho, que também deverá ser preenchida por indicação do Senado.

A decisão de seguir os pedidos apresentados pelos senadores vem em um momento em que os parlamentares devem avaliar a possível indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o "filho 03" do presidente, para ser embaixador do País nos Estados Unidos.

No início do mês, num primeiro movimento, Bolsonaro retirou dois nomes que haviam sido apresentados por ele em maio e não teriam agradado aos senadores - eles haviam sido escolhidos pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça, Sérgio Moro. Alcolumbre demonstrou resistência aos conselheiros escolhidos pelo presidente e "segurou" a tramitação até que o Planalto recuasse.

Parlamentares avaliaram que o presidente do Senado atendeu a demandas de aliados próximos nas escolhas para o Cade. Questionado na quarta-feira passada sobre se uma indicação para o órgão sairia do Senado, Alcolumbre foi irônico: "Daqui? Agora me deu medo".

Nesta sexta-feira, em nota, Alcolumbre afirmou que as indicações ao Cade ou a qualquer outra agência reguladora "são prerrogativa exclusiva do Executivo". "Todos os nomes indicados serão devidamente sabatinados no Senado, onde os indicados poderão provar suas capacidades."

'Privilegiado'

Para senadores ouvidos pelo Estadão/Broadcast, Alcolumbre tem sido um "interlocutor privilegiado" do governo no Senado e as indicações tendem a facilitar a tramitação de pautas do governo. Nos últimos dias, ele reforçou a atuação em prol da indicação de Eduardo e minimizou os riscos de o deputado ser rejeitado na Casa.

Levantamento feito pelo Estadão indica que o governo não teria hoje os 41 votos necessários para aprovar o nome de Eduardo em plenário. Dos 80 senadores com direito a voto (Alcolumbre não vota), 15 declararam apoio formal à indicação.

As escolhas feitas pelo presidente surpreenderam integrantes do Cade, já que advogados e economistas atuantes na área da concorrência vinham sendo sondados. Os indicados foram vistos com reservas por não terem experiência na área antitruste - a exceção é Cordeiro, que foi conselheiro do órgão antes de ocupar a superintendência. "Espero que as indicações tardem, mas não falhem, porque, pela primeira vez na história, não vêm nem da Justiça nem da Economia", afirmou o advogado José Del Chiaro, que atua em processos no Cade.

Hoffmann é graduado em Direito e doutor em Direito Civil pela Universidade de São Paulo. É sócio de um escritório de advocacia. Ravagnani é subchefe adjunto de Política Econômica e graduado em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Lenisa é graduada em Direito pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília e mestre em Constituição e Sociedade pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). É advogada e foi conselheira do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Já Cordeiro é graduado em Direito e Economia e mestre em Direito Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

Moro

Apesar de o Cade ser ligado ao Ministério da Justiça, de Moro, o ministro não foi consultado e não teve influência em nenhuma das indicações. Tradicionalmente, os escolhidos para o conselho são apontados pelas equipes da Economia e da Justiça. A equipe de Guedes, porém, foi quem escolheu Braido. Ele é PHD em Economia pela Universidade de Chicago, onde Guedes estudou. Procurados, os indicados não se pronunciaram. A reportagem não conseguiu contato com Lenisa.

O procurador de Justiça Arnaldo Hossepian e o economista Guilherme Resende são os principais cotados para integrar o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Os indicados têm de passar por sabatina e serem aprovados pelo Senado antes da nomeação. Órgão que cuida da concorrência entre empresas no País, o Cade está sem quórum para julgamentos e com uma fila de fusões aguardando a análise do tribunal.

Conforme mostrou o Estadão/Broadcast na última sexta-feira, Bolsonaro resolveu retirar os nomes de Vinícius Klein e Leonardo Bandeira Rezende porque as indicações não haviam agradado o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que reclamou de não ter sido consultado previamente. Os dois eram escolhas dos ministros da Justiça, Sérgio Moro, a quem o Cade é formalmente vinculado, e da Economia, Paulo Guedes.

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Ontem, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que retirou as duas indicações porque os nomes não eram adequados e que aceita indicações "de qualquer um" para essas e outras vagas na administração federal. Ele chegou a dizer que os nomes poderiam ser escolhidos ainda ontem - de acordo com fontes, ele quer resolver isto nesta semana para que o processo de sabatina comece já na próxima.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) arquivou nesta quarta-feira, 19, dois processos contra o Google. O Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, antecipou na terça-feira, 18, que os processos seriam arquivados.

Um terceiro processo contra a empresa também foi levado a julgamento, que foi suspenso por um pedido de vista. O conselheiro relator do caso, Maurício Maia, votou pelo arquivamento do processo e foi acompanhado por mais uma conselheira.

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O conselheiro Paulo Burnier, no entanto, votou pela condenação da empresa ao pagamento de multa de R$ 32 milhões. O caso deverá voltar a julgamento no dia 26.

As investigações contra o Google foram instauradas entre 2011 e 2013. O processo cujo julgamento foi suspenso foi aberto depois de denúncia da E-Commerce de que o Google teria colocado seu comparador de preços em posição privilegiada dentro dos resultados do próprio buscador na internet.

A empresa também reclamava de que o Google posicionava de maneira fixa os resultados do Google Shopping no topo ou na lateral da página do buscador, o que estaria prejudicando os concorrentes.

Um segundo processo foi aberto também após denúncia da E-Commerce de que o Google estaria copiando avaliações de produtos que clientes teriam feito nos sites Buscapé e Bondfaro para exibir em seu Google Shopping. O caso foi arquivado no julgamento desta quarta-feira.

O terceiro processo, que também foi arquivado, foi aberto após denúncia da Microsoft, dona do site de buscas Bing, de que o Google teria reduzido incentivos para que as empresas anunciassem ao mesmo tempo tanto nas páginas do Bing quanto nas do Google. A prática não foi verificada pela superintendência, que também recomendou o arquivamento.

Nova investigação

Apesar dos arquivamentos, os conselheiros decidiram pedir que a superintendência do órgão abra um processo para investigar se o Google abusa de sua posição de líder no mercado de buscas e também de notícias.

Uma das conselheiras, Paula Azevedo, entendeu que não havia provas da conduta irregular no caso em questão, mas alegou que há dúvidas sobre se o Google adota conduta que poderia prejudicar concorrentes, por isso pediu a abertura de uma nova investigação.

"Não se trata de um pré-julgamento, mas apenas uma determinação para que seja instaurado inquérito e, se houver indícios que levem ao aprofundamento das investigações, haverá abertura de um processo e posterior julgamento. Apoiarei todas as propostas de instauração de inquérito trazidas a esse conselho", completou o presidente do Cade, Alexandre Barreto.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu uma apuração para investigar supostas práticas anticompetitivas relacionadas ao sistema operacional Android, de propriedade do Google. O processo é ainda uma fase inicial, denominada “procedimento preparatório”, cuja apuração pode resultar em uma investigação mais robusta.

O Cade questiona o Google acerca de práticas adotada pela empresa consideradas anticompetitivas pela Comissão Europeia em processo com decisão divulgada em julho do ano passado. A Comissão multou o Google em 4,34 bilhões de euros (R$ 18,8 bilhões). O Conselho quer saber se essas práticas também violaram a ordem econômica no Brasil e prejudicaram consumidores daqui.

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Segundo a apuração da Comissão Europeia, desde 2011 o Google impôs restrições a fabricantes de smartphones que usam o sistema operacional Android e a operadoras de telecomunicações para “consolidar sua posição dominante em buscas na internet”. A empresa utilizou o sistema operacional para direcionar os usuários a utilizarem o seu mecanismo de busca, de mesmo nome (o Google Buscas).

Entre as práticas analisadas pela investigação e consideradas anticompetitivas estão a obrigação de pré-instalar a aplicação de buscas e o navegador da companhia (Google Busca e Chrome) e o pagamento para fabricantes e operadoras com vistas a garantir essa pré-instalação. Além disso, proibiu que fabricantes vendessem aparelhos com versões do Android não autorizadas pela empresa.

O Android se tornou o maior sistema operacional do mundo, ultrapassando o Windows, da Microsoft. Quando considerado o mercado de dispositivos móveis, ele chegou a uma participação de 88% em 2018, segundo a consultoria de estatísticas Statista.

Google

A assessoria de comunicação do Google disse à Agência Brasil que “o Android permitiu a conexão de milhões de brasileiros à internet, ao tornar os celulares mais acessíveis e acelerar sua popularização. Vamos trabalhar com o Cade para demonstrar como o Android permitiu que o mercado brasileiro se tornasse mais competitivo e inovador, e não o contrário.”

Na época da multa aplicada pela Comissão Europeia, o Google publicou uma nota em seu blog afirmando que o Android “criou mais escolhas, não menos”. A empresa argumentou que o Android compete com o sistema operacional iOS e é comercializado em 1.300 marcas e 24 mil dispositivos de diferentes preços.

“A decisão também não considera a ampla gama de opções que o Android oferece para milhares de fabricantes de celulares e operadoras móveis, que criam e vendem dispositivos Android para os milhões de desenvolvedores de aplicativos ao redor do mundo, que construíram seus negócios com o Android, e bilhões de consumidores que agora podem comprar e usar smartphones de última geração”, disse o Google no comunicado.

 

As indicações dos ministros Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Paulo Guedes (Economia) para vagas abertas no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) provocaram mais um atrito nas relações entre o governo e o Congresso. Nos bastidores, deputados e senadores ironizam o "banco de talentos" montado pelo governo para o preenchimento de cargos e afirmam que a estratégia adotada pelo Palácio do Planalto de "criminalizar" a política pode ter efeito negativo sobre votações importantes, como a reforma da Previdência.

O Cade é responsável por analisar fusões e aquisições de empresas, além de julgar infrações econômicas, como cartéis. Somente neste ano, julgou 226 processos e aplicou R$ 263,4 milhões em multas. Com poder de firmar até mesmo acordos de leniência - muitos derivados da Lava Jato -, o colegiado é vinculado ao Ministério da Justiça. Moro já perdeu a disputa pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), transferido para a equipe econômica, por decisão do Congresso, e não abre mão de "blindar" o Cade.

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O presidente Jair Bolsonaro terá cinco das seis vagas para preencher ali até outubro. No fim do mês passado, ele encaminhou ao Senado dois nomes para o cargo de conselheiro do Cade, conforme antecipou o Estadão/Broadcast. Um deles é o do economista Leonardo Bandeira Rezende, avalizado por Guedes. O outro é o do procurador do Estado do Paraná Vinícius Klein, chancelado por Moro.

"Eu acho que, no Cade, as indicações devem ser 100% técnicas e o papel do Senado deve ser o de aprovar ou rejeitar as indicações", disse o senador Major Olímpio (SP), líder do PSL, partido de Bolsonaro. "Mas, teremos outras duas indicações que deverão ser feitas pelo presidente em vagas, até julho. Gestões políticas poderão ser feitas junto ao governo e, eventualmente, a pretensão poderá ser atendida."

Na prática, caberão aos novos conselheiros julgamentos importantes, como o do cartel do Metrô de São Paulo, um dos maiores casos já investigados pelo Cade, atingindo contratos que somam R$ 9,4 bilhões. Empresas suspeitas de participação no esquema têm conseguido liminares na Justiça e os recursos podem empurrar o julgamento - que se arrasta há seis anos no colegiado - para 2020.

Em conversas reservadas, auxiliares de Bolsonaro veem nesse movimento das empresas uma tentativa de influenciar o processo de indicações no Cade. Como já há um entendimento formado no atual conselho pela condenação das companhias investigadas, o temor, agora, é de que haja pressão sobre parlamentares para a escolha de conselheiros favoráveis às empresas.

Antes das nomeações, porém, os indicados têm de passar por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Depois dessa etapa, eles precisam ser aprovados pelo plenário. O processo demora, em média, dois meses. Até agora a Casa não apreciou as escolhas de Moro e de Guedes.

A situação preocupa o Planalto porque, se o Senado não aprovar os nomes enviados por Bolsonaro, o Cade ficará sem quórum para julgamentos a partir do mês que vem, quando se inicia o recesso parlamentar.

'Sono'

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, 4, Guedes disse que a reforma da Previdência destravará investimentos, mas deu uma estocada na direção do Cade ao lembrar que foram liberadas fusões prejudiciais aos consumidores. O ministro chegou a perguntar se a autarquia estava "dormindo" ao permitir monopólios e citou a fusão da Brahma com a Antarctica e do Itaú com o Unibanco.

"O Cade é para impedir monopólios. Batemos lá e perguntamos se ele é contra monopólio mesmo ou se está dormindo", afirmou Guedes. "De uns anos para cá, o Cade acordou."

Partidos do Centrão já tentaram transformar o Cade em um feudo político. Em 2015, ainda no governo Dilma Rousseff, o PP indicou Alexandre Cordeiro para o cargo de conselheiro. Dois anos depois, por pressão de senadores governistas, o então presidente Michel Temer anulou a indicação da técnica Amanda Athayde - feita por Torquato Jardim, à época ministro da Justiça - para reconduzir o apadrinhado do PP, desta vez como superintendente-geral.

Cordeiro foi secretário executivo do Ministério das Cidades na gestão de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), hoje deputado e líder da Maioria na Câmara. Teve apoio do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do então presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). Outras indicações são atribuídas a Eunício, como a do presidente do Cade, Alexandre Barreto.

Procurada, a assessoria do Ministério da Justiça informou que os nomes dos indicados para o Cade "foram encaminhados pela Presidência da República e estão sob análise do Senado, a quem cabe fazer a sabatina". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Petrobrás apresentou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) proposta para vender refinarias que representam metade da capacidade de refino da estatal. A intenção é fechar um acordo com o conselho ainda em junho para encerrar investigações contra a petroleira por abusos no mercado de refino de petróleo, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

No fim de abril, o conselho de administração da Petrobrás aprovou um plano de venda de oito de suas 13 refinarias, que representaria cerca de 48% da capacidade de refino. Agora, a estatal negocia com o Cade o pacote de ativos que será vendido, que não necessariamente será o já aprovado pelo conselho.

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Para o Cade, é importante que o pacote seja suficiente para que haja concorrência nesse setor, que hoje funciona praticamente como um monopólio da Petrobrás. Neste momento, o Cade analisa se a lista apresentada é viável e se resolve os problemas identificados no setor, segundo fontes.

Um segundo acordo está sendo negociado entre a Petrobrás e o Cade para a venda de ativos no mercado de gás, mas as conversas ainda são incipientes. Já o Termo de Compromisso de Cessação (TCC) no setor de refino ainda não foi fechado, mas a expectativa é de que o martelo seja batido nos próximos dias e que o entendimento seja levado ao tribunal do Cade ainda neste mês para homologação.

Oportunidade. A celebração de um TCC entre Petrobrás e o Cade para a venda de ativos no refino vai ao encontro dos interesses do governo, da estatal e do próprio conselho. Um acordo com o Cade facilitaria o trabalho do governo nesse sentido, já que partiria de um órgão regulador a exigência da venda de ativos, cabendo à estatal cumprir a determinação. Isso evitaria discussões sobre o processo de desinvestimentos e alcançaria também os objetivos do Cade de aumentar a concorrência no setor de combustíveis, que é alvo de várias investigações no conselho.

Em janeiro, em entrevista ao Estadão/Broadcast, o presidente do Cade, Alexandre Barreto, previu que o inquérito para investigar a concentração da Petrobrás no mercado de refino de petróleo terminaria em acordo.

O Cade decidiu abrir inquérito para investigar se a Petrobrás abusa de sua posição dominante no refino de petróleo no fim do ano passado. A suspeita do órgão é que a estatal, que tem 98% desse mercado, tira proveito da situação de quase monopólio para determinar os preços dos combustíveis no país.

O plano aprovado pelo conselho da Petrobrás autoriza a venda de oito refinarias e participação na BR Distribuidora. A lista não inclui a maior produtora nacional, a Replan, em Paulínia (SP), e a Reduc, em Duque de Caxias (RJ), outra grande refinaria.

Os ativos de refino incluídos neste programa de desinvestimento são: Refinaria Abreu e Lima (Rnest), Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), Refinaria Landulpho Alves (Rlam), Refinaria Gabriel Passos (Regap), Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), Refinaria Isaac Sabbá (Reman) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor).

Procurada, a Petrobrás não se pronunciou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Sistema Hapvida assinou a carta de intenções para a aquisição integral da operação do Grupo São Francisco, orçada em R$ 5 bilhões. Para o negócio se concretizar, falta a aprovação da Agência Nacional de Saúde (ANS) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que são os órgãos reguladores. Se confirmado, o Sistema Hapvida deve se tornar a maior operadora de saúde do Brasil.

Essa liderança se dá em número de beneficiários, exceto quando comparado com as operadoras que trabalham exclusivamente com a venda de planos odontológicos. O Hapvida, com a aquisição de cerca de 1 milhão e 800 mil clientes do Grupo São Francisco, formará a maior operadora do país, servindo mais de 5,8 milhões de beneficiários em todas as regiões do País.

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O Grupo São Francisco é muito presente na região sul do Brasil, sendo assim, o Hapvida deve ampliar sua presença nessa localidade. "O Sistema Hapvida tem sua expertise para crescer fora das Regiões Norte e Nordeste do País. As duas empresas têm culturas semelhantes e faremos um trabalho de regionalização muito forte a partir de agora", declara Jorge Pinheiro, presidente do Hapvida.

As companhias aéreas líderes de mercado podem não levar um dos ativos mais cobiçados no espólio da Avianca mesmo se saírem vencedoras no leilão da empresa. Segundo o 'Estadão/Broadcast' apurou, órgãos reguladores têm restrições em repassar os slots - autorizações de pouso e decolagem em aeroportos - para Gol e Latam, que estão na disputa.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) defende que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) distribua os slots da Avianca para uma nova empresa, ou, se isso não for possível, entre companhias com menor participação de mercado. No aeroporto de Congonhas, o mais disputado do País, a Azul é a menor empresa, com 5% dos slots.

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A preocupação do Cade é que, se os ativos forem repassados às líderes, haverá mais concentração de mercado, afetando preços e ofertas de voos. Segundo fontes, a avaliação da Anac, responsável pela cessão dos slots, também é que a distribuição para um novo entrante seria a "solução ideal" porque, quanto mais empresas no mercado doméstico, melhor.

A posição dos órgãos reguladores poderia beneficiar a Azul, que também se habilitou para participar do leilão. Uma empresa só "herda" os slots de outra comprada se adquirir toda a operação. No modelo desenhado pela Avianca, seriam vendidas unidades produtivas separadas, por isso há dúvidas se os slots iriam ou não para a ganhadora automaticamente.

Leilão. Com dívidas de R$ 2,7 bilhões, a Avianca tem como plano de recuperação judicial a divisão de seus ativos em sete Unidades Produtivas Isoladas (UPIs). Seis dessas unidades incluiriam os slots e uma delas o programa de fidelidade da empresa. O leilão das UPIs deveria ter ocorrido ontem, mas uma liminar da Justiça cancelou o certame - a Avianca deve recorrer nos próximos dias, apurou o Estado. O questionamento é sobre possível ilegalidade na venda dos slots, que não podem ser considerados ativo da companhia aérea, segundo a Anac.

Ontem, um empecilho extra apareceu na recuperação judicial da Avianca: a arrendadora de aeronaves Gecas (do grupo GE) e BR Distribuidora apresentaram questionamentos na Justiça em relação aos pagamentos previstos no plano. A GE apontou que nem todos os credores são contemplados e pediu reserva do valor que é devido a ela. A BR apresentou agravo pedindo revogação do plano por entender que receberá só 0,02% do crédito de R$ 36 milhões.

Avianca e Latam não comentaram. A Azul não respondeu. A Gol disse que "a quebra dos horários de pouso e decolagem em seis UPIs permite que eventuais aquisições tenham menor impacto em relação à concorrência".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) se manifestou contra as alterações na Medida Provisória do setor aéreo que retomaram a franquia de bagagem despachada e incluíram a obrigação de realização de voos regionais no Brasil pelas aéreas estrangeiras.

A MP, que abre o setor aéreo para o capital estrangeiro, foi modificada por uma comissão do Congresso Nacional semana passada. Para o Departamento de Estudos Econômicos do Cade, as modificações podem interferir no ambiente para a entrada de novas empresas aéreas estrangeiras. O entendimento dos técnicos é que barreiras normativas não seriam desejáveis para a ampliação da participação do capital estrangeiro no mercado de aviação civil.

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Além da franquia de bagagem, o parecer determina que empresas áreas estrangeiras que venham a atuar no Brasil destinem 5% dos voos para rotas regionais por um prazo mínimo de dois anos. "A medida não garante o desenvolvimento da aviação regional, dado que outros fatores se mostram mais relevantes para esse crescimento, notadamente, infraestrutura e demanda por transporte aéreo", diz a nota.

Para o Cade, a volta da franquia de bagagem afetará negativamente os investimentos no mercado porque impacta diretamente o modelo de negócios das empresas aéreas de baixo custo, que teriam manifestado interesse de entrar no mercado brasileiro. "A entrada desse tipo de empresa acirraria a concorrência com possíveis impactos favoráveis ao consumidor sobre o preço do transporte aéreo, incluindo passagens e despacho de bagagens", diz a nota.

O Cade informou que enviará o parecer ao Congresso para discussões sobre o tema. A MP ainda tem de passar pelos plenários da Câmara e do Senado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu processo contra quatro bancos por suposta discriminação ao Nubank. Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander são alvo do processo, que investiga se as instituições estariam dificultando o acesso ao débito automático para os clientes da fintech.

O processo foi aberto depois de indícios levantados em investigação do conselho que começou em março do ano passado. Segundo parecer da superintendência, o débito automático é considerado uma facilidade para os correntistas pagarem as faturas de cartões de crédito. "A não disponibilização do produto para clientes do Nubank pode trazer prejuízos à plataforma, dificultando a manutenção ou captação de novos clientes no mercado", afirmou o Cade.

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O inquérito aberto no ano passado também investigava se os bancos estariam dificultando que a Nubank tivesse acesso a extratos de transações de seus correntistas, mas a superintendência concluiu que não há elementos que indiquem que isso está acontecendo.

A superintendência irá agora aprofundar a investigação, o que inclui abrir prazo para que os bancos apresentem defesas. O departamento então dará um parecer sobre o caso - que pode ser pela condenação ou arquivamento - e enviará o processo para o tribunal do conselho, que é o responsável pela decisão final. Não há prazo para que isso ocorra.

A superintendência geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abriu um processo para investigar se houve conduta anticompetitiva para a compra dos ativos da Avianca Brasil, que serão leiloados no próximo dia 7. O Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que a suspeita é que Gol e Latam tenham entrado na disputa de forma a tirar a Azul da jogada e impedir o crescimento da concorrência.

Gol e Latam não estão no "polo passivo" do processo (não são rés), mas serão investigadas e poderão ser multadas. Outra alternativa é o conselho adotar medida cautelar se ficar claro que as empresas atuaram de má-fé.

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Ao instaurar o procedimento preparatório, a superintendência divulgou nota técnica em que alerta sobre o dano do repasse dos slots da Avianca (horários de pousos e decolagens em aeroportos) para os atuais concorrentes.

A nota, ao qual o Broadcast/Estadão teve acesso, foi enviada à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) comunicando o impacto concorrencial que a paralisação da Avianca pode acarretar. "Considerando a já alta concentração do mercado de aviação civil, essa superintendência alerta sobre os efeitos extremamente deletérios ao ambiente concorrencial que a distribuição de slots da Avianca às empresas incumbentes pode acarretar ao mercado de aviação civil", afirma o texto.

A nota técnica foi feita depois de, no início do mês, o departamento econômico do Cade (DEE) ter divulgado estudo em que conclui que existem riscos à concorrência se os ativos da Avianca, que está em recuperação judicial, forem comprados por qualquer empresa que já atue no Brasil, principalmente a Gol e a Latam. A superintendência lembra que o DEE concluiu que a melhor solução para a crise da Avianca seria a entrada de uma nova companhia no mercado brasileiro. Afirma também que a distribuição de slots, pela Anac, deve ser feita de forma a minimizar os efeitos da saturação da infraestrutura aeroportuária e de maneira transparente, imparcial e não discriminatória. "Cabe ao Cade zelar pela livre concorrência no mercado e informar o público em geral sobre eventuais práticas que possam prejudicar a livre concorrência."

Tanto o estudo do DEE quanto a nota técnica divulgada agora não representam uma decisão do Cade, mas servirão para subsidiar futuras análises pelo conselho. Procurada, a Latam não quis se pronunciar. A Gol informou não ter conhecimento da investigação do Cade

Bolsa

Ontem, as ações da Gol dispararam após a indicação de que a Azul poderá desistir da compra dos ativos da Avianca Brasil. Os papéis subiram 8,5% e lideraram as altas do Ibovespa, já que a empresa, segundo o mercado, se consolida, ao lado da Latam, como potencial compradora da companhia.

A Azul, que deixará de desembolsar US$ 105 milhões pelo negócio, também terminou em alta expressiva, de 6,09%. Ao Estadão/Broadcast, o presidente da aérea, John Rodgerson, afirmou que considera pouco provável que o leilão pelos ativos da Avianca ocorra. "A nossa participação no leilão é pouco provável e a chance de sua realização fica cada vez menor com a retomada de aeronaves (por parte dos arrendadores dos jatos)." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) assinou com a construtora OAS um novo acordo de leniência sobre a participação de quase 50 empresas do setor, em fraudes em licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no governo Lula. Para ser publicado, o acordo depende do aval Ministério Público Federal (MPF), que deve sair nos próximos dias.

De acordo com documentos obtidos pelo Estadão/Broadcast, o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR) e a ex-presidente Dilma Rousseff - à época, ministra da Casa Civil - teriam conhecimento do cartel. Não há relato de pagamento de propinas, mas o esquema dividia obras sem concorrência, prejudicando cofres públicos.

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Os documentos mostram que 47 empresas faziam parte do esquema, divido em três grupos conforme o tamanho delas e o tipo de obras. A divisão também considerava a efetiva participação de cada companhia no conluio ao longo do tempo. O grupo principal seria formado por oito grandes empreiteiras. Além da OAS, Andrade Gutierrez, Carioca Engenharia, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, Odebrecht e Queiroz Galvão.

Pela divisão, as grandes ficavam com duplicação, ampliação e implantação de rodovias. Às menores, cabia restauração e conservação das pistas. Embora o cartel possa ter atuado em 400 licitações, a leniência trata de sete editais.

Procurados, Cade e OAS disseram não poder comentar pelo sigilo do acordo. O MPF não confirmou o teor dos documentos. A Andrade Gutierrez informou que apoia o combate à corrupção. Os outros não se manifestaram.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com cinco vagas a serem abertas no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) até outubro, o governo começa a definir os próximos conselheiros que serão indicados para o órgão. Segundo o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou, já estão na Casa Civil dois nomes para serem avaliados: o do economista carioca Leonardo Bandeira Rezende e o do advogado paranaense Vinícius Klein. O primeiro é uma indicação da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes; o segundo, do ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Também é cotado para o órgão o economista Sérgio Aquino, que já foi economista-chefe do Cade e é visto com bons olhos pela equipe de Guedes. Ganhou força ainda a recondução do atual superintendente-geral Alexandre Cordeiro, cujo mandato vence em outubro.

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O governo quer acelerar o processo de indicações porque, como mostrou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o Cade pode ficar sem quórum no segundo semestre. Já há um assento no tribunal vago e outros três mandatos vencem até julho, deixando o órgão com apenas três conselheiros - o quórum mínimo para julgamento são quatro.

Todas as indicações serão feitas pelo presidente Jair Bolsonaro ao Senado e os candidatos terão que passar por sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e serem aprovados pelo plenário da Casa antes de serem nomeados por Bolsonaro, processo que leva em média dois a três meses.

Segundo fontes, a ideia do governo é reequilibrar o tribunal do Cade entre economistas e advogados, como era costume até os últimos anos.

Currículo

Tanto Guedes quanto Moro querem priorizar nomes técnicos e que tenham "forte formação", após críticas feitas durante o governo Michel Temer, quando indicações foram apadrinhadas por políticos. Ainda não está certo se serão feitas as duas primeiras indicações e, em segundo momento, as restantes, ou se serão enviados quatro nomes para o conselho de uma só vez - a recondução de Cordeiro ou indicação de um novo nome para a vaga de superintendente-geral só seria feita no segundo semestre.

Leonardo Rezende chegou a ser cotado para integrar o Cade no ano passado e deve agora ser indicado para a vaga da conselheira Polyanna Vilanova, cujo mandato se encerra em julho. Com doutorado em Economia pela Universidade de Stanford (EUA), foi diretor do Departamento de Economia da PUC/Rio (2009 a 2016), e atua nas áreas de organização industrial e teoria microeconômica.

Indicado pela equipe de Moro, Vinícius Klein é procurador do Estado do Paraná desde 2008 e deverá entrar no lugar de Cristiane Alkmin, que deixou o conselho em janeiro para ser secretária de Fazenda de Goiás.

Procurados, os cotados não responderam à reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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