O canadense Christopher Xuereb, treinador dos jamaicanos Asafa Powell e Sherone Simpson, garantiu que não forneceu substâncias proibidas aos dois atletas que acabam de ser flagrados em exames antidoping e outros três competidores do país que também foram reprovados em testes. Por meio de um comunicado, o profissional os culpou diretamente pelo uso de suplementos não recomendados por ele neste episódio que ajudou a abalar a reputação do atletismo mundial.
O preparador físico pediu para Powell, ex-recordista mundial dos 100 metros, e Simpson, integrante da equipe jamaicana feminina que foi medalhista de prata no revezamento 4x100m nos Jogos de Londres/2012, "assumirem a responsabilidade pelo seu doping e não procurarem por um bode expiatório".
##RECOMENDA##O profissional garantiu não ter feito nada errado desde quando foi contratado em maio passado, também para atuar principalmente como massagista e nutricionista da dupla de jamaicanos. Eles testaram positivo para o estimulante oxilofrina, substância que faz parte da lista das proibidas pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), durante seletiva da Jamaica para o Mundial de Atletismo de Moscou, marcado para o próximo mês.
Christopher Xuereb disse ter ficado decepcionado com o fato de que Powell e Simpson estão o culpando pelo doping. O velocista chegou a dizer que acabou confiando na "pessoa errada" ao se referir ao canadense.
"Já é tempo de os atletas assumirem responsabilidade por seu doping em vez de procurar alguém inocente para pagar o pato, não importando se essa pessoa é um terapeuta, garçom ou qualquer outra coisa. Estou extremamente desapontado que esses atletas tenham optado por me culpar pelas violações deles próprios. A Wada e o público precisam parar de aceitar essas histórias e considerá-los responsáveis pelo caso. Mais importante, eu não forneci qualquer substância proibida ou ilegal a Asafa Powell ou Sherone Simpson", assegurou Xuereb, para em seguida apontar que os atletas utilizaram "obviamente suplementos adicionais que não eram discutidos" com ele.
"Eu recomendei vitaminas, sim, mas todas aquelas recomendadas por mim foram compradas em lojas de nutrição com reputação e eram de grandes marcas. Fui instruído pelo agente e pelos atletas a comprar essas vitaminas. Todas elas foram mostradas à equipe do técnico Stephen Francis. Ele confirmou que as vitaminas compradas por mim não continham nenhuma substância de aumento de performance e não foram o que foi encontrado nos exames antidoping positivos de Asafa e Sherone", completou.
Na última terça-feira, a polícia italiana confirmou que Powell, Simpson e Xuereb foram formalmente colocados sob investigação criminal por supostamente terem violado as leis antidoping da Itália, onde o trio estava hospedado em um hotel na cidade de
Lignano Sabbiadoro, no último final de semana. Os atletas jamaicanos tradicionalmente fazem de Lignano a sua base de treinamento durante a temporada europeia.
A polícia chegou a fazer uma busca no hotel onde o trio se hospedou e chegou a confiscar substâncias no local, mas Xuereb garantiu que só soube da existência dos tais "suplementos adicionais" apreendidos por meio dos policiais. "Fui informado pela polícia italiana que outros suplementos foram achados em posse deles. Colaborei inteiramente com a polícia e respondi a suas questões. Não fui detido ou preso, apenas questionado por várias horas, como Asafa e Sherone, e liberado para sair", alegou.
A revelação dos testes positivos de Powell e Simpson aconteceu no último fim de semana, quando também acabou sendo descoberto que o norte-americano Tyson Gay, outro velocista de grande destaque, foi flagrado em exame antidoping. Por causa destes casos, os três ficarão fora do Mundial de Moscou.
Além de Powell e Simpson, Allison Randall, do lançamento de disco, reconheceu ser um dos cinco atletas jamaicanos que testaram positivo para uma substância proibida na seletiva nacional do mês passado. Os outros nomes não foram revelados. Os resultados vêm um mês após a jamaicana Veronica Campbell-Brown também testar positivo para um diurético proibido.