A Fifa anunciou que Chuck Blazer foi banido "por toda sua vida" do futebol. O norte-americano foi secretário-geral da Concacaf e, desde 2011, atuou como delator ao FBI, gravando dezenas de reuniões e repassando informações à Justiça do seu país sobre os cartolas da Fifa.
A entidade, porém, decidiu que o afastamento do futebol tem como base o seu próprio reconhecimento de que recebeu propinas para votar nas escolhas das sedes das Copas do Mundo de 1998 e 2010, além de subornos em torneios regionais.
##RECOMENDA##Mas foi a partir de suas denúncias que o FBI conseguiu dar um dos maiores golpes da história da entidade e prender no dia 27 de maio sete dirigentes em Zurique, inclusive José Maria Marin, ex-presidente da CBF.
Chuck Blazer foi expulso da Fifa em 2013, depois de ter sido pego desviando milhões de dólares das contas da Concacaf, em Miami. Nos Estados Unidos, seu país natal, foi a vez do FBI desembarcar em sua casa e o indiciar. Mas, num acordo de delação premiada, Blazer entregou a todos em Zurique, inclusive alguns dos principais atores do futebol brasileiro.
O cartola nunca praticou esportes e era conhecido apenas como "Mr. 10%", em referência às propinas que de forma repetida pedia de todas as empresas que quisessem negociar com o futebol.
Chuck, como era chamado na Fifa, pisou pela vez nos gramados nos anos 1970 quando decidiu treinar o time de futebol de seu filho, na cidade de New Rochelle, no estado de Nova Iorque.
Mas tudo começaria a mudar quando o americano se aliou a Jack Warner, de Trinidad e Tobago, para ganhar as eleições na Concacaf e, depois, para subir na Fifa. Uma de suas primeiras medidas nos anos 1990 foi a de transferir a sede do futebol centro-americano e norte-americano da Guatemala para Miami.
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo manteve encontros regulares com Chuck em Zurique no luxuoso hotel Baur au Lac, onde as prisões ocorreram . O americano, além de contar de forma repetida as mesmas histórias a cada dois meses, fazia questão de relatar como estava vivendo uma vida luxuosa, na companhia de modelos.
Tudo começou a mudar em 2011, quando o Fisco norte-americano passou a investigá-lo. Ele admitiu crimes de fraude e lavagem de dinheiro e, num acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, passou a prestar informações sobre os demais cartolas. Para isso, os agentes americanos colocaram um gravador em seu molho de chaves que, a cada reunião, era colocado sobre a mesa.
Chuck acabou sendo obrigado a pagar uma multa de US$ 1,9 milhão. Mas, com 70 anos, conseguiu evitar uma condenação ainda maior ao entregar ao FBI um esquema detalhado corrupção que, em 24 anos, havia desviado US$ 150 milhões. Isso tudo com documentos, gravações e testemunhos.