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O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (DEM), reforçou críticas ao governo federal nesta segunda-feira, 22, classificando-o como ausente, de forma "deliberada", com relação ao fornecimento de oxigênio e de financiamento de leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI, deixando os Estados e municípios brasileiros "numa situação asfixiante".

Garcia destacou que o Ministério da Saúde está há 28 dias descumprindo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de retomar o custeio de todos os leitos de UTI no Estado.

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O custo mensal para custeio que deve ser retomado é estimado em R$ 245 milhões por mês.

De acordo com o vice-governador, o dinheiro enviado pela Saúde até o momento é o suficiente para cobrir o custeio de apenas 20% dos 5.800 leitos de UTI em atividade em São Paulo.

Para o vice-governador, o Ministério da Saúde "faz um grande alarde" do repasse realizado até o momento, "mas faltou informar que mais de 80% dos leitos seguem sem financiamento federal".

Garcia disse também que estamos vivendo uma "negação ao SUS", ao comentar a atuação do Ministério da Saúde nessas questões, incluindo o financiamento federal de leitos no Estado.

"O maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil" - como classificou a Fiocruz - se caracteriza pela reunião de diversos fatores que levam à tragédia iminente. O número de casos e mortes segue crescendo exponencialmente, as UTIs estão chegando ao seu limite máximo de internação, pessoas já estão morrendo sem atendimento médico e a vacinação segue em ritmo muito lento. Para piorar, a crise acontece simultaneamente em todo o País, impedindo transferências de pacientes. Na quarta-feira (17) a média móvel de óbitos pela doença no País ultrapassou a marca de dois mil pela 1ª vez.

Divulgado em caráter extraordinário na noite de terça-feira (16) e atualizado na quarta, o boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz revelou em números a situação extremamente crítica enfrentada pelo País. Das 27 unidades da federação, 25 Estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação dos leitos de UTI covid iguais ou superiores a 80% - a única exceção é Roraima, com taxa de 73%. Em 15 delas, a taxa ultrapassa os 90%. Em relação às capitais, 26 apresentam percentuais iguais ou superiores a 80%, sendo que, em 19 delas, o número ultrapassa 90%.

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"Esta é a primeira vez que temos uma crise sistêmica, em todo o País, com praticamente todos os Estados e as maiores capitais em situação extremamente crítica", explicou o coordenador do Observatório covid-19, Carlos Machado de Freitas. "Os colapsos do sistema de saúde que já enfrentamos antes sempre foram locais, no máximo estaduais, como o caso dos imigrantes haitianos e venezuelanos em Roraima, os desastres na região serrana de Santa Catarina, um grande número de casos de dengue e de zika no Rio de Janeiro."

Ao longo do ano passado, como lembra Freitas, foi possível remanejar pacientes de covid-19 para outros municípios ou estados. Agora, no entanto, com o que os especialistas chamam de "sincronização da epidemia" fez com que a doença aumentasse de forma simultânea em todo o País. "Um dos efeitos diretos desse processo é a impossibilidade de remanejamento de pacientes não só para atendimento covid-19, mas também para outras causas", aponta o boletim. "As internações eletivas estão paralisadas na maior parte dos hospitais do País."

O número de casos de covid-19 está crescendo a uma taxa de 1,5% ao dia, enquanto o número de mortes aumenta a 2,6% ao dia, valores considerados muito elevados. Na análise de Freitas, que é especialista em saúde pública, essa situação deve gerar uma grande quantidade de casos graves da doença, que exigem internação.

"A situação é crítica e preocupante, nos deixa a todos sem dormir", afirmou o especialista. Segundo ele, a adoção de medidas de distanciamento social, como sugeriu o novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, não é suficiente para deter o avanço da crise. A vacinação, que segue em ritmo muito lento, só conterá a pandemia a médio prazo.

"O distanciamento físico e social tem que ser adotado durante toda a epidemia", afirmou. "Mas a situação que temos hoje indica que a maior parte dos Estados terão que adotar medidas mais rigorosas, de bloqueio e lockdown, acompanhadas de outras medidas sociais para evitar que alguns grupos sofram ainda mais. Já temos pessoas passando fome."

Freitas lembrou ainda que as medidas mais rigorosas só começam a surtir efeito após 15 dias, como demonstram as experiências de vários outros países do mundo.

"Sem a adoção dessas medidas de bloqueio e lockdown, vamos ter mais pessoas morrendo sem assistência na porta dos hospitais e até mesmo em casa", disse. "Isso é muito sério, não podemos ter pessoas morrendo por falta de assistência; é tarefa do governo organizar e se antecipar. As ações não podem ser apenas reativas."

Em 2020, pouco mais de um mês depois do início da pandemia de coronavírus, Belém começou a dar sinais de colapso no sistema funerário. No Instituto Médico Legal (IML), corpos de dezenas de vítimas da Covid-19 eram retirados de um caminhão frigorífico e amontoados no chão. Não havia vagas nos cemitérios públicos da capital paraense. Um ano depois, o cenário se repete.

Com a superlotação da rede pública de Saúde, a falta de leitos de UTI e o aumento no número de mortos, a demanda de sepultamentos também subiu. Segundo o Sindicato das empresas do segmento funerário do Estado do Pará (Sindef), no principal cemitério público de Belém, no bairro do Tapanã, são realizados diariamente oito sepultamentos, quatro no período da manhã e outros quatro à tarde, até as 16 horas. Após esse horário, o atendimento é retomado somente a partir das 9h do dia seguinte.

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As famílias enlutadas que dependem do cemitério público precisam da confirmação da vaga para encaminhar o sepultamento. No sábado (13), Javan Costa recebeu a ligação comunicando a morte da sogra, Maria Conceição Vilhena, de 71 anos. Ao buscarem uma vaga no Cemitério do Tapanã, foram informados de que o sepultamento só seria possível na segunda-feira, 15. Familiares da doméstica Cilene Araújo Sampaio passaram por uma experiência semelhante. O tio faleceu também no sábado e a falta de uma vaga no cemitério público obrigou a família a fazer uma coleta emergencial. "Tivemos que tirar dinheiro de onde não tinha para comprar uma sepultura", lamenta.

Quem não consegue esperar por uma vaga tem que arcar com os custos do sepultamento. O gerente de uma funerária no bairro do Guamá, Rafael Cabral, relata que atendeu duas famílias no último final de semana nessas condições. Além da burocracia, há também o número insuficiente de funcionários para atender demandas no cemitério público. "São poucos coveiros, que trabalham manualmente, e por isso não dão conta de atender quem precisa", avalia.

Além da incerteza de uma vaga, a burocracia é outro problema que aflige as famílias que buscam o Tapanã. Quando é confirmada a disponibilidade da sepultura, a Agência Distrital de Icoaraci, órgão ligado à prefeitura de Belém, responsável pela administração do cemitério, emite a guia de pagamento, que deve ser quitada em uma agência lotérica. O processo não é eletrônico e só há marcação do sepultamento com o documento pago em mãos. "Em alguns casos, isso leva o dia todo e as famílias aguardam mais de 24 horas para enterrar seus mortos", afirma Ronaldo Borges, presidente do Sindef.

Os problemas no cemitério do Tapanã ocorrem há tempos. O local, apesar de possuir uma área extensa, cerca de 129 mil metros quadrados, não dispõe de espaço para novas construções. Em 2019, o Ministério Público do Pará ajuizou uma ação civil pública contra a prefeitura de Belém para imediata interdição do local em razão do mau funcionamento e contaminação dos poços artesianos situados nas proximidades, além de outras irregularidades. À época, o MP pediu, ainda, providências para a construção de um novo cemitério público municipal.

De acordo com o Sindef, em 2020, para tentar agilizar os sepultamentos, a prefeitura de Belém adquiriu sepulturas em um cemitério particular, também no bairro do Tapanã. À época, foram anunciadas a aquisição de 312 sepulturas, mas, segundo Borges, o número é bem maior e a dívida não foi quitada. A prefeitura de Belém confirma que foram requisitadas, pela gestão anterior, mil sepulturas no cemitério Parque Nazaré, porém nega a existência de pendências no pagamento e vagas não utilizadas.

Sobre o cemitério do Tapanã, o único com rotatividade, a prefeitura não se manifestou. Em nota, o Departamento de Administração de Necrópoles (DANE) informou que outros quatro cemitérios municipais não realizam mais sepultamentos ou dispõem somente de sepulturas familiares. A prefeitura diz que possui servidores para atender a demanda atual dos cemitérios públicos. Mas, ao mesmo tempo, elabora um chamamento público para contratar.

A disparada dos números da pandemia do novo coronavírus aponta para o "colapso" do sistema de saúde no Brasil e para a iminência de uma "catástrofe", avalia a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em edição do Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19 publicada na noite desta terça-feira (16).

Segundo a publicação, 24 Estados e o Distrito Federal têm taxas de ocupação dos leitos de UTI para a Covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS) iguais ou superiores a 80%. "Trata-se do maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil", segundo os pesquisadores da instituição. "É praticamente o país inteiro com um quadro absolutamente crítico."

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Segundo a Fiocruz, 15 Estados já registram taxas de ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 iguais ou superiores a 90%. Apenas dois têm taxas de ocupação inferior a 80%: Roraima, com 73%, e o Rio de Janeiro, com 79% e em tendência de crescimento.

Entre as 27 capitais, 25 têm taxas de ocupação de leitos de UTI para covid-19 iguais ou superiores a 80% - em 19 delas, o índice já passa de 90%. "Apesar de ocupação inferior à lotação máxima de 100%, vários locais apresentam filas de espera por leitos, o que configura situação de colapso no atendimento", dizem os pesquisadores da Fiocruz.

"Quando a capacidade de resposta, como as ações desenvolvidas pelos serviços e sistemas de saúde, se apresenta em uma situação extremamente crítica ou mesmo em colapso, como se vê em quase todo país, sendo incapaz de atender às necessidades de todos os pacientes graves e levando os trabalhadores da saúde a situações de exaustão, estamos próximos ou diante de uma catástrofe", diz o boletim.

A Fiocruz defende, na publicação, a interrupção de atividades não essenciais, incluindo a suspensão de aulas presenciais e um toque de recolher nacional de 20 horas às 6 horas, além da ampliação do uso de máscaras.

Com recordes de mortes, hospitais à beira do colapso e uma campanha de vacinação lenta, o Brasil vive a fase mais letal da pandemia do coronavírus sem uma estratégia nacional para contê-la.

O país registrou 1.641 mortes por covid-19 na terça-feira e 1.910 na quarta-feira, dois recordes consecutivos desde o primeiro caso registrado em fevereiro de 2020. O número total de vítimas fatais da doença é próximo a 260 mil, saldo superado apenas pelos Estados Unidos, em meio a 10,7 milhões de infecções.

"Pela primeira vez desde o início da pandemia, verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores", afirmou esta semana a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), vinculada ao Ministério da Saúde.

Trata-se de um "cenário alarmante" com o aumento de casos e óbitos, altos índices de síndrome respiratória aguda grave (SARS) e uma ocupação de mais de 80% dos leitos das unidades de terapia intensiva (UTI) em 19 dos 27 estados e o Distrito Federal, explicou a instituição.

O presidente Jair Bolsonaro, cético em relação à pandemia, lamentou as mortes, mas mais uma vez foi irônico nesta quinta-feira em relação à000s novas medidas de isolamento social impostas por vários governadores.

"Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando? ”, Disse o presidente de extrema direita, de olho nas eleições de 2022.

"Até quando vamos ficar dentro de casa? Até quando vai se fechar tudo? Ninguém aguenta mais isso. Lamentamos as mortes, repito, mas tem que ter uma solução".

Nos últimos sete dias, a média foi de 1.331 mortes diárias, cifra que até fevereiro se mantinha próxima a 1.100. Desde janeiro, o país não consegue ficar abaixo de mil mortes por dia, como aconteceu entre junho e agosto do ano passado, durante a primeira onda.

O pico é resultado, segundo os especialistas, da falta de distanciamento social durante as festas de fim de ano e das aglomerações do verão e do Carnaval, apesar da folia ter sido formalmente proibida.

Alguns estudos também apontam para a nova variante do coronavírus que surgiu em Amazonas, chamada de P.1, duas vezes mais contagiosa, que já foi detectada em 17 estados e está causando alarme no mundo todo.

- "A ponta do iceberg" -

O Brasil, um país de 212 milhões de habitantes, vem há um mês e meio realizando lentamente a imunização contra a covid, mas sofre com a falta de doses: até agora, 7,4 milhões de brasileiros já foram vacinados, apenas 2,3 milhões deles com a segunda dose.

Essa emergência "não é uma surpresa, é a gente não ter se preparado, porque o cenário de aumento de casos estava previsto. Sabemos que temos uma variante entre nós. Teria que ter havido 'lockdown' antes", disse à AFP a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), Isabella Ballalai.

Nesta quinta-feira, o Rio de Janeiro voltou a impor restrições a bares, restaurantes e praias a partir de sexta-feira para, segundo o prefeito Eduardo Paes, "evitar uma repetição do genocídio" de 2020 na capital carioca.

O estado de São Paulo voltará neste sábado, por duas semanas, à "fase vermelha" das restrições, que proíbe a abertura de centros comerciais, restaurantes e salas de espetáculo.

"Estamos em São Paulo à beira de um colapso na saúde", alertou nesta quarta o governador paulista João Dória. A cada dois minutos, um paciente com covid é internado no estado.

Em Brasília, Mato Grosso, Pernambuco, Rondônia e Acre, entre outros, as atividades já foram reduzidas a serviços essenciais ou o horário de funcionamento do comércio foi limitado, com alguns toques de recolher noturnos.

Mesmo os estados mais ricos e com mais infraestrutura, como Paraná e Santa Catarina, estão em "alerta crítico" devido à alta ocupação de leitos de UTI.

No entanto, a Fiocruz advertiu que o cenário atual "representa apenas a ponta do iceberg de um patamar de intensa transmissão" do coronavírus no país.

- Autogestão -

A situação de emergência e a falta de coordenação por parte do governo federal levaram prefeitos e governadores a se articularem para comprar vacinas.

Secretários estaduais de Saúde pediram na segunda-feira a implementação de um toque de recolher noturno a nível nacional e um "lockdown" nas áreas mais críticas.

Essa postura, porém, se choca com a de Bolsonaro, que promove aglomerações com seus apoiadores, questiona o uso de máscaras e a eficácia das vacinas.

Na semana passada, Bolsonaro afirmou que os governadores que decretarem a suspensão de atividades "terão que pagar" com seus próprios orçamentos as ajudas econômicas à população mais pobre.

"Essa discordância federal e estadual tem sido um dos grandes problemas, de posicionamentos diferentes, muita politização da pandemia e isso sem dúvida nenhuma faz o país estar num dos piores lugares em relação ao gerenciamento da pandemia", concluiu Ballalai.

A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco registrou, neste domingo (28), 616 casos da Covid-19. Também foram confirmados laboratorialmente 22 novos óbitos (14 homens e 8 mulheres), ocorridos entre os dias 05/01/2021 esse sábado (27).

Entre os confirmados neste boletim, 43 (7%) dos casos são de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 573 (93%) são leves. Agora, Pernambuco totaliza 299.475 casos confirmados da doença, sendo 32.473 graves e 267.002 leves.

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Ocupação dos leitos

No boletim deste domingo (28), o Governo do Estado registrou 92% de ocupação dos leitos de UTI na rede pública e 88% de ocupação na rede privada. Ao todo, pelo menos 1.170 pacientes estão em unidades de terapia intensiva em Pernambuco.

Ainda internados, mas em enfermarias, há pelo menos 765 pacientes nas unidades públicas e privadas de saúde, de acordo com os números divulgados pelo governo.

Novos leitos

O Governo de Pernambuco ativou, neste final de semana, mais 20 leitos de UTI para reforçar a rede estadual de combate à Covid-19. As novas vagas foram abertas no Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa, localizado no bairro da Estância, no Recife. Com isso, a unidade soma 30 vagas para receber pacientes com sintomas ou diagnóstico do novo coronavírus. Além disso, outras 10 vagas de terapia intensiva devem ser disponibilizadas à população nos próximos dias.

Nesta sexta-feira (26) o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, declarou durante a coletiva de imprensa que há risco de colapso do sistema de saúde do estado caso o ritmo de internações siga igual. 

“No pico da primeira onda, no dia 15 de julho de 2020, tínhamos 40% dos pacientes internados em UTI. Hoje, esse dado no dia 25 (quinta-feira), era 46%. Portanto estamos internando mais em UTI. A evolução dos pacientes internados, com aumento de 1,6% ao dia, faz com que nós tenhamos um esgotamento de leitos de UTI no estado em 20 dias se essas medidas que estamos tomando agora não fossem implementadas”, disse o secretário.

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A capital paulista retornou à fase laranja do plano de convivência com a doença, junto com sua região metropolitana. Já as áreas de Campinas, Registro e Sorocaba e Marília foram para a fase vermelha.

Na fase laranja, o comércio só pode funcionar durante 8 horas por dia, no máximo até às 20h e com 40% da capacidade total. Na vermelha, apenas serviços essenciais estão autorizados a funcionar. Atualmente, segundo o secretário, o estado de São Paulo já avalia a adoção de medidas ainda mais restritivas que as já definidas na fase vermelha. 

“O Centro está estudando propor uma inclusão no Plano São Paulo de uma nova classificação que poderia ter mais restrições que a fase vermelha […], pelo que vem acontecendo nos estados da região sul, no que aconteceu em Manaus e em algumas regiões e municípios aqui do estado”, afirmou ele.

Segundo o secretário, desde novembro o governo aumentou em 140% o número de leitos UTI no SUS do estado, chegando a 8500. “No caso da Grande São Paulo, caso não fossem implementadas as medidas, teríamos um colapso no sistema de saúde em 19 dias”, disse Gorinchteyn.

Adesão da população

A responsabilidade da população na adesão às novas regras também foi lembrada pelo médico e secretário. “Tudo tem limite, recursos humanos, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, espaços para aumentar UTI. Nós temos o risco de colapsar, precisamos do apoio da população, mais do que nunca tem que acolher os nossos pedidos. Não é só perder paladar, olfato, é perder a vida”.

Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan, lembra que os cuidados precisam ser reforçados num momento em que as novas cepas do vírus já circulam fortemente pelo estado e são de 30% a 50% mais contagiosas. 

“Temos a possibilidade que elas posam ser mais agressivas. Isso têm explicado por que em janeiro e fevereiro estamos batendo recordes”, disse Covas.

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Araraquara, município no centro do Estado de São Paulo com 238 mil habitantes, viu seu sistema de saúde colapsar nesta terça-feira (16), um dia após a cidade ter decretado lockdown. Segundo a prefeitura, 100% dos leitos para Covid-19 em UTI e enfermaria estavam ocupados e 16 pacientes com necessidade de oxigênio aguardavam pela manhã uma vaga de internação.

No início da tarde, os secretários estaduais de Saúde, Jean Gorinchteyn, e de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, estiveram no hospital de campanha com o prefeito Edinho Silva (PT) e anunciaram que o Estado abrirá 70 leitos para covid-19 na cidade, com um investimento de R$ 1,5 milhão. "Araraquara é uma das cidades que mais preocupa no Estado de São Paulo", disse Gorinchteyn. Antes, os secretários estiveram em Jaú, outra cidade da região central de São Paulo que registrou a variante de Manaus em pacientes e confirmou ontem seis mortes. Jaú receberá R$ 7,5 milhões do Estado, para montagem também de um hospital de campanha.

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Araraquara tem 212 pacientes internados, 63 deles em UTI. Há um total de 973 pessoas em quarentena. O número de mortes por covid-19 confirmadas nos primeiros 15 dias de fevereiro equivale a um terço do óbitos registrados pela doença em 2020. Com mais cinco mortes confirmadas ontem, a cidade - que chegou a ter a menor taxa de mortalidade em 2020 - passou a 153 óbitos, 37 deles confirmados em fevereiro.

Dos 16 pacientes que aguardavam atendimento pela manhã, a prefeitura informou que 11 conseguiram vaga de internação na cidade, um foi transferido para Matão, município vizinho, e os outros quatro ficaram aguardando na UPA Vila Xavier. "O único mecanismo que a gente tem neste momento, já que não há vacina para todos, é distanciamento social", disse ao Estadão a secretária de Saúde de Araraquara, Eliana Honain.

Toque de recolher

Ontem, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou, em entrevista à TV Bahia, que estuda adotar toque de recolher no Estado. "Vamos, sim, adotar medidas restritivas para outras atividades e até analiso a possibilidade, se mantiver ao longo dessa semana essas mesmas taxas, de implementarmos o toque de recolher em todo o Estado da Bahia para evitar o pior."

Perto dos 100%

Outra cidade que enfrenta dificuldades no atendimento a pacientes com covid-19 é Goiânia (GO). Com alta de contaminados e mortos, o município teve ontem 100% dos leitos ocupados no Hospital de Campanha de Goiânia e 90% da rede como um todo. Em Goiás já passam de 8 mil os mortos por covid-19 desde 26 de março. Até agosto eram 3 mil. Em cinco meses e meio, o número mais que dobrou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com alta no número de internações por Covid-19 a partir do réveillon, Monte Carmelo, município com 48 mil habitantes no Triângulo Mineiro, enfrenta falta de cilindros de oxigênio para tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Diante da crise, o prefeito, Paulo Rocha (PSD), pediu à população, em uma Live, que, caso tenha em casa, empreste cilindros ao hospital do município. A falta do equipamentos obrigou o município a transferir oito pacientes para outras cidades em dois dias.

A prefeitura da cidade diz que o problema não é a falta de oxigênio, mas a ausência de cilindros. Segundo Rocha, além do preço ter triplicado, não se acha o equipamento para entrega rápida. "Fui secretário de Saúde na gestão anterior e acompanho essa situação há muito tempo. Um cilindro que custava R$ 800, hoje custa R$ 3 mil, e você não encontra para comprar", aponta.

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Rocha afirma que, até o fim do ano passado, em momento algum ao longo da pandemia o hospital da cidade teve esgotada a capacidade de atendimento. "Isso mudou a partir do réveillon. Há mais de um mês temos os 16 leitos de unidade de terapia intensiva e os 31 de enfermaria, todos especificamente para tratamento de Covid-19, ocupados", relata.

Ele diz que, antes da virada do ano, o consumo de oxigênio no hospital da cidade era de quatro cilindros por dia: "Cinco, quando muito. De lá para cá, esse consumo saltou para 54 cilindros por dia", contabiliza. "E, infelizmente, no Brasil, tem muita gente que aproveita um momento desses para ganhar dinheiro", reclama.

Depois da live, feita no sábado (13), a prefeitura conseguiu reunir junto à população 15 cilindros. "Eram usados por pessoas que morreram ou por oficinas mecânicas, que também decidiram contribuir", afirma. Rocha diz ainda que, a partir de contatos e doações feitas por empresários, o município conseguiu ainda comprar 30 cilindros em Uberlândia, a principal cidade da região. A expectativa é que 20 deles cheguem hoje a Monte Carmelo.

Mesmo com a doação dos empresários e o empréstimo por parte da população, o município precisa ainda de outros 35 cilindros para suprir a atual necessidade de oxigênio para o tratamento dos pacientes com Covid-19, antes que novas transferências sejam feitas.

Em comunicado, a Secretaria de Estado de Saúde afirma que o problema registrado com os cilindros de oxigênio em Monte Carmelo foi "pontual" e que já está resolvido. "Quanto à disponibilidade de gases medicinais, especialmente o oxigênio, esclarecemos que o fornecimento do respectivo insumo se encontra normal. Pontualmente, no município de Monte Carmelo, havia a necessidade por cilindros de oxigênio, o que foi localmente resolvido".

O texto diz ainda que "ademais, o governo de Minas Gerais, por meio de suas Secretarias de Saúde e Secretaria de Desenvolvimento Econômico, tem acompanhado e monitorado o consumo de oxigênio e outros insumos e suprimentos relacionados ao enfrentamento da COVID-19. O monitoramento abrange o acompanhamento do consumo junto a municípios e/ou prestadores, bem como, em alguns casos, conversas diretas com fornecedores estratégicos".

Casos de Covid em Monte Carmelo

O prefeito afirma que, atualmente, 471 moradores da cidade estão em casa com diagnóstico confirmado da doença. "Já imaginou se 10% desse total venha precisar de internação? Chegamos a um ponto em que não poderíamos chegar". Rocha afirma que as viagens de moradores da cidade e aglomerações por festas são os principais responsáveis pela situação.

Monte Carmelo, por causa da pandemia do novo coronavírus, implementou toque de recolher. As pessoas não podem transitar pelas ruas da cidade a partir das 21h. Também está proibido o funcionamento de bares. O último boletim epidemiológico da Prefeitura de Monte Carmelo, divulgado nesse domingo, 14, mostra que 40 pessoas já morreram na cidade com Covid-19. O total de casos confirmados da doença é de 1.793.

O Ministério da Saúde vai entregar usinas de oxigênio a sete municípios do Amazonas nos próximos dias. Os equipamentos foram doados pelo Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, e pela Fundação Itaú.

Cada usina tem capacidade para gerar 26 metros cúbicos de oxigênio medicinal por hora.

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O Amazonas enfrenta uma crise na saúde com o aumento no número de mortes pelo coronavírus por falta de oxigênio nos hospitais.

De acordo com o ministério, 10 municípios do Amazonas passaram a ter usinas de oxigênio para tentar frear a falta de equipamentos.

A meta da pasta é instalar 64 usinas em todo o Estado. O Hospital Getúlio Vargas, um dos que mais sofrem com a falta de oxigênio para tratamento de pacientes de covid-19, vai receber uma das usinas disponíveis.

Na tarde desta quinta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, presta depoimento à Polícia Federal. O inquérito foi aberto e autorizado pelo ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), e investiga se o ministro da Saúde foi omisso em relação ao colapso na saúde de Manaus.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que o atendimento básico em Manaus (AM) deve ser a prioridade no Estado. Durante cerimônia de recepção de profissionais do Programa Mais Médicos na capital amazonense, Pazuello afirmou que "a remoção (dos pacientes para outros Estados) é a única solução para diminuir o impacto da fila". "Sem a remoção de 1.500 pessoas, vão continuar morrendo 80 a 100 pessoas por dia", advertiu.

A ideia do ministério é desafogar o atendimento especializado na região para que não haja sobrecarga do sistema de saúde do Estado. Segundo o ministro, dos 350 pacientes transferidos para outras regiões do País nas últimas semanas, 80 já estão curados.

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Pazuello reafirmou também o compromisso com a continuidade da política de transferência dos pacientes.

Logística impraticável

Dentre os problemas listados pelo ministro que levaram ao colapso de saúde em Manaus, está a falta de oxigênio, leitos e recursos humanos na região. No entanto, Pazuello demonstrou tranquilidade e afirmou que "o oxigênio (em Manaus) está estável".

O ministro apontou o isolamento logístico e o clima do Estado como fatores que agravaram a situação em Manaus. De acordo com ele, a região tem uma "logística quase impraticável".

Não é momento para sorrisos e festa

Sem citar nomes, Pazuello fez críticas a quem está "de olho branquinho e cabelinho arrumado" durante a atual situação do País. Segundo o ministro, neste momento quem não está de "olho vermelho, barba mal feita e camisa desgrenhada" está errado.

Ao comentar sobre as ações realizadas no Estado, Pazuello também subiu o tom ao dizer que as ações não eram para "inglês ver" e que não queria propaganda política.

"Não é momento para inglês ver e tirar foto, nós não queremos foto. Nenhuma foto. Nem um banner, nem uma propagando política, nada. Nós queremos o atendimento básico", disse o ministro. "Não é momento de sorrisos, aplausos e festa. É momento de olhar duro, dedicação e foco na missão, 24 horas", acrescentou.

Vacinação

Sobre a vacinação, Pazuello disse que, com a liberação dos insumos da China na semana que vem, o País tem "tranquilidade na cronologia de fornecimento das vacinas". E voltou a garantir que Manaus é a prioridade de vacinação do País. "Nosso objetivo é ultrapassarmos a capacidade da prefeitura de vacinar", afirmou, propondo que o governo municipal "tem que se organizar para vacinar ainda mais".

Pazuello elogiou a atitude dos governadores de ceder 5% das doses das vacinas destinada a cada Estado para o Amazonas e ressaltou que a iniciativa é "uma grande demonstração de união no nosso país".

Vindo de Manaus para tratar a Covid-19 no Recife, por conta do colapso que o sistema de saúde do Amazonas vive, Dyego Morais, 31 anos, acabou realizando o sonho de conhecer a capital pernambucana - mas de uma forma que não esperava: tentando se curar da infecção.

À Unidade de Comunicação do Hospital das Clínicas, o manauara aponta que já tinha passado pelo Recife, mas nunca ficou muito tempo em solo pernambucano. Com a dificuldade de se tratar em sua terra natal, descobriu que seria transferido para a capital de Pernambuco. 

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“Quando soube que o destino seria o Recife, para mim, foi muito gratificante. Apesar da situação e do momento, me sinto muito bem. O povo é acolhedor, hospitaleiro, povo humano. E isso fez com que eu me sentisse bem melhor, com mais vontade de viver e com força. A receptividade foi maravilhosa no Hospital, aliás, está sendo", disse Dyego.

Ele, que é pai de duas crianças, Isabelly, de 10 anos, e Matheus, 3 anos, afirma que sua força para vencer a doença vem dos filhos.  “Além de Deus, minha família e minha namorada, Rayane, me deram muito apoio para eu conseguir vencer a cada dia esta doença”, destacou.

Dyego descobriu que havia contraído a Covid-19 no dia 1º de janeiro, quando surgiram os primeiros sintomas: diarreia e febre alta. Após sete dias, o paciente revela que o seu quadro de saúde piorou e começou a apresentar tosse, dificuldade para respirar e falta de ar - ficando muito debilitado.

Ele só procurou ajuda médica nove dias após o início dos sintomas, quando uma amiga, que é profissional da saúde, foi visitá-lo e o levou imediatamente ao hospital. Ele aponta que na ocasião estava com 80% do pulmão comprometido, respirando com a ajuda de cilindro de oxigênio.

Ainda em entrevista à Unidade de Comunicação do HC, Maria Nubia Cintra, mãe do Dyego, revelou que por conta do colapso que Manaus está enfrentando, a equipe médica que o estava acompanhando afirmou que não tinha condições de mantê-lo naquele hospital na capital amazonense. 

"Já estavam faltando medicações e, em breve, iria faltar oxigênio. Falaram que ele precisava ir para outro estado para ser tratado. A situação em Manaus é muito crítica. Tudo que está passando nos jornais é verdade. Ou até pior. Só quem sabe é quem está lá dentro”, disse Mara Nubia.

A família confirma que a notícia de transferência assustou, mas estavam cientes que seria o melhor a se fazer. Dyego está internado na enfermaria de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas desde o último sábado (23), respirando sem auxílio de cilindros e aguarda alta hospitalar.

Ao todo, desde o último final de semana, Pernambuco já recebeu 26 pacientes do Amazonas enviados pelo Ministério da Saúde.

Pressionado até por apoiadores sobre as ações do governo federal para conter a crise de saúde em Manaus, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Amazonas não informou a União que haveria falta de oxigênio nos hospitais em razão do avanço do novo coronavírus. Com a falta do insumo, pacientes morreram sufocados na capital e também em municípios do interior.

"Nós demos dinheiro, recursos e meios. Não fomos oficiados por ninguém do Estado na questão do oxigênio", disse, ao chegar ao Palácio da Alvorada. Segundo ele, foi a White Martins, principal fornecedora de oxigênio no Amazonas, que informou o problema na sexta-feira, 8 de janeiro. "E na segunda estava lá o ministro", disse ele, em referência ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

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Apesar da fala de Bolsonaro, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), se reuniu com Pazuello no dia 6 de janeiro, quando teria comunicado a falta de oxigênio e a alta ocupação de leitos no Estado, assim como o pico de contaminações, previsto para o dia 13.

Como Bolsonaro informou, Pazuello de fato esteve em Manaus no dia 11, mas, acompanhado de uma comitiva de médicos, foi cobrar dos profissionais de saúde do Amazonas a administração de medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19.

Lançou também um aplicativo, o TrateCOV, que recomenda o uso dos remédios até para bebês e pessoas com sintomas de ressaca. Dias depois, com o colapso no sistema de saúde em Manaus, o governo enviou caminhões, navios e aviões das Forças Armadas para o transporte de cilindros de oxigênio ao Estado.

Ainda sobre a crise de saúde no Amazonas, Bolsonaro disse que o governo federal foi "além daquilo" que seria obrigado a fazer. "Atualmente está equalizada a questão do oxigênio. Agora, lá no Estado, tem que ter gente para prever quando vai faltar uma coisa ou não, para tomar providência. Nós aqui fomos além daquilo que somos obrigados a fazer", afirmou.

A um apoiador que sugeriu intervenção federal na saúde do Amazonas, Bolsonaro disse que não pretende tomar a iniciativa. "Primeiro o governo do Estado tem de nos comunicar nesse sentido nos pedindo. A gente analisa e vê se intervém ou não."

Bolsonaro afirmou ainda que não indica, mas apenas "sugere" a adoção de medicamentos como a hidroxicloroquina e a ivermectina contra a Covid-19, e destacou que conta com o respaldo do Conselho Federal de Medicina (CFM), para quem a autonomia dos médicos na prescrição de tratamentos deve ser respeitada. "A gente não indica, a gente sugere, pra deixar bem claro. O médico que decide, na ponta da linha", disse.

Instado a fazer mais comentários sobre as restrições de funcionamento de estabelecimentos no Amazonas para conter a pandemia, Bolsonaro aproveitou para criticar o governador de São Paulo, João Dória. "O de São Paulo fechou e foi para Miami", disse, sobre a viagem do tucano no fim do ano.

Segundo Bolsonaro, hotéis e restaurantes poderão demitir um milhão de empregados se essas restrições forem mantidas. Em São Paulo, eles terão de fechar às 20h em dias úteis e durante todo o fim de semana. Em reunião com o presidente, o setor pediu ao governo a retomada de políticas como a redução de salários e jornada, adotadas em 2020.

"Fomos ao Ministério da Economia tratar desse assunto e em parte está resolvido", disse. Também em razão das restrições, ele criticou também o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil. "BH a mesma coisa, o prefeito vai bater no peito aqui quem manda sou eu, e o ditador sou eu né", disse.

"Essa política de fechar eu pergunto, até quando? Esse vírus, queira ou não, a gente lamenta os mortos, mas a gente vai conviver com ele a vida toda. Não é fechando tudo", disse. "É irresponsabilidade quem toma essas medidas que não deram certo no passado e continua insistindo com elas."

Bolsonaro recomendou ainda que as reclamações sobre fechamento de estabelecimentos comerciais sejam cobradas dos prefeitos e governadores. "Vocês acabaram de escolher prefeitos, então não reclamem comigo.Tem prefeito que foi apoiado pelo governador e votaram nele."

Sobre as críticas que recebeu pelo volume de compras da União em leite condensado, que totalizaram R$ 15 milhões em 2020, Bolsonaro disse que as explicações serão dadas em live amanhã, 28, ao lado do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner do Rosário. "Fui chamado até de corrupto por isso", afirmou. "Mesmo que eu tome 500 latas de leite condensado por hora não daria conta do recado."

Apesar da fala do presidente, o montante gasto, revelado pelo site de notícias Metrópoles, deixa claro que o valor diz respeito a toda administração federal e não apenas à Presidência. De acordo com a reportagem, o gasto global do Executivo federal com alimentos e bebidas registrou um aumento de 20% em relação a 2019. Neste total estão ainda despesas de cerca de R$ 2,2 milhões com chicletes e R$ 32,7 milhões com pizza e refrigerante, por exemplo.

O navio-patrulha oceânico Apa, que integra a frota da Marinha brasileira, atracou no porto da Vila do Conde (PA) na noite da última terça-feira, 26, com um tanque de 54 toneladas, que será envasado em Belém com 90 mil m³ de oxigênio líquido e seguirá rumo ao Amazonas para abastecer hospitais de Manaus.

A Marinha foi responsável pelo transporte de São Paulo ao Pará. Agora, uma balsa será usada para transportar, por rios, o tanque até Manaus, onde deve chegar na primeira semana de fevereiro.

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A capital do Amazonas enfrenta colapso no sistema de saúde devido ao agravamento da pandemia do coronavírus. O transporte faz parte da Operação Covid-19, realizada pelas Forças Armadas para mitigar as consequências da doença.

O Apa partiu de Santos em 19 de janeiro e tinha previsão de parada no Pará no dia 28 de janeiro, mas, devido às boas condições meteorológicas e aos esforços da tripulação, composta por 80 militares, a chegada em Vila do Conde foi antecipada em dois dias.

A missão do Apa teve apoio do Comando do 4º Distrito Naval, da Companhia Docas do Pará, que disponibilizou cais e guindastes, e da empresa White Martins, fornecedora do oxigênio.

O Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial e Lacustre e das Agências de Navegação no Estado do Pará também se dispôs a ajudar no transporte.

A Associação Juízes para a Democracia (AJD) encaminhou nesta terça, 26, à Procuradoria-Geral da República, uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro em razão do 'menosprezo de consistentes indícios de agravamento da pandemia no Amazonas, que culminou no desabastecimento de oxigênio no Estado'. A entidade de magistrados aponta indícios de crimes contra a saúde pública, contra a incolumidade pública e periclitação da vida e da saúde.

No documento encaminhado a Aras a AJD cita três possíveis delitos cometidos por Bolsonaro: perigo para a vida ou saúde de outrem, previsto no artigo 132 do Código Penal, com pena de detenção de três meses a um ano; subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento, previsto no artigo 257 do CP, com pena de dois a cinco anos de reclusão; e infração de medida sanitária preventiva, previsto no artigo 268, com pena de um mês a um ano de detenção.

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A representação da AJD lista inicialmente diferentes 'ações e omissões' de Bolsonaro frente à pandemia: "Após chamar a Covid-19 de gripezinha, durante todo o ano de 2020 Jair Bolsonaro exonerou ou causou a demissão de ministros da saúde em momentos críticos, promoveu aglomerações, ignorou o uso de máscaras, difundiu informações falsas em relação à vacina, estimulou o consumo de medicamentos ineficazes ou mesmo prejudiciais à população em geral como suposta medida de prevenção contra a covid-19 e e portou-se de maneira a comprometer relações diplomáticas com países fornecedores de insumos fundamentais à imunização da população brasileira, como China e Índia".

Ainda segundo a entidade, a postura de Jair Bolsonaro 'atingiu suas consequências mais graves' durante a crise no Amazonas, que viu uma explosão de novos casos de coronavírus em janeiro, sendo que em Manaus pacientes morreram asfixiados em razão da falta de oxigênio. O desabastecimento do insumo levou à instauração de um inquérito no Supremo Tribunal Federal para apurar a atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no colapso da rede pública de hospitais na capital amazonense.

A AJD lembra que, em dezembro, quando o governo do AM anunciou medidas de restrição ao comércio, o presidente declarou que 'nós não aguentamos mais o lockdown, mais medidas restritivas que quebram a economia', enfatizando que 'em Manaus o povo ignorou o decreto do governador'.

Além disso, o grupo de magistrados menciona as informações prestadas pela Advocacia-Geral ao Supremo, de que o governo federal ficou sabendo da falta de oxigênio no Estado no dia 8 de janeiro seis dias antes do insumo se esgotar em vários hospitais da capital amazonense. A AJD diz ainda que 'após admitir publicamente a crise relativa ao oxigênio, Pazuello reforçou a recomendação a respeito de 'tratamento precoce', comprovadamente ineficaz.

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (25) a abertura de um inquérito para apurar a atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no colapso da rede pública de hospitais em Manaus. O objetivo da apuração é verificar se houve omissão no enfrentamento da crise provocada pela falta de oxigênio para pacientes com covid-19 na capital do Amazonas. Lewandowski determinou que a Polícia Federal conclua a investigação dentro de um prazo de 60 dias.

Neste mês, dezenas de pacientes morreram devido à falta de abastecimento do gás medicinal na região, diante do aumento vertiginoso no número de casos e internações.

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"A Constituição Federal prevê que compete a esta Suprema Corte 'processar e julgar, originariamente', os Ministros de Estado, 'nas infrações comuns e nos crimes de responsabilidade'", destacou Lewandowski em sua decisão.

Após Aras enviar ao Supremo o pedido de investigação, Pazuello viajou a Manaus, sem data para voltar. Sob pressão no cargo, Pazuello deve ficar em Manaus "o tempo que for necessário", segundo informou o ministério. Os adiamentos envolvendo a campanha de imunização e a negociação de insumos para a vacina também pesam para o desgaste da imagem do ministro, nomeado para o cargo por sua experiência em logística.

O pedido da PGR foi encaminhado nesta segunda-feira (25) a Lewandowski "por prevenção", ou seja, não foi sorteado livremente entre os integrantes da Corte.

A ofensiva de Aras é uma resposta à representação feita por partidos políticos, que acionaram a PGR sob a alegação de que Pazuello e seus auxiliares têm adotado uma "conduta omissiva". Ao longo dos últimos dias, a pressão de parlamentares e da opinião pública cresceu sobre a PGR.

Ao comunicar a abertura de inquérito, Aras considera "possível intempestividade" nas ações de Pazuello, indicando que o ministro da Saúde pode ter demorado a reagir à crise em Manaus. O próprio governo já admitiu ao STF que a pasta sabia desde 8 de janeiro que havia escassez de oxigênio para os pacientes em Manaus, uma semana antes do colapso.

O Ministério da Saúde, no entanto, iniciou a entrega de oxigênio apenas em 12 de janeiro, segundo as informações prestadas. A PGR menciona ainda que a pasta informou ter distribuído 120 mil unidades de hidroxicloroquina para tratamento da covid-19 no dia 14 de janeiro, às vésperas do colapso. O medicamento não tem eficácia comprovada contra a doença. Após o estouro da crise e declaração da própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a inexistência de tratamento comprovado contra a covid-19, Pazuello passou a negar que tenha recomendado a cloroquina para combater a enfermidade.

Aras considerou os fatos "gravíssimos". De acordo com a Procuradoria, o ministro da Saúde pode responder pelos fatos nas esferas cível, administrativa e criminal, caso seja comprovada sua omissão na crise em Manaus. "Considerando que a possível intempestividade nas ações do representado (Pazuello), o qual tinha dever legal e possibilidade de agir para mitigar os resultados, pode caracterizar omissão passível de responsabilização cível, administrativa e/ou criminal, impõe-se o aprofundamento das investigações a fim de se obter elementos informativos robustos para a deflagração de eventual ação judicial", afirmou o procurador-geral.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, saiu em defesa do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na manhã desta segunda-feira (25). A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a abertura de um inquérito contra o ministro no Supremo Tribunal Federal (STF) e Pazuello, por sua vez, viajou a Manaus, que enfrenta um colapso no sistema de saúde, sem data para voltar.

"Uma vez que existe muito 'disse me disse' a respeito disso, acho que a melhor linha de ação é que se chegue à conclusão do que aconteceu", disse Mourão a jornalistas nesta segunda-feira, quando perguntado sobre a situação do ministro da Saúde. "Eu tenho acompanhado o trabalho do ministro Pazuello, sei que ele tem feito um trabalho meticuloso e de forma honesta e competente. Então, que se investigue e se chegue à conclusão do que aconteceu na realidade."

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O vice-presidente minimizou a falta de insumos e imunizantes prontos para vacinar a população brasileira. Na entrevista, ele citou dados de outros países, afirmando que o impasse não ocorre apenas no Brasil. "Esse problema não é só aqui no Brasil. O mundo inteiro acompanha o placar das vacinas", disse Mourão.

Segundo ele, o Brasil poderá estar na quinta ou na sexta colocação mundial em número de vacinados "brevemente", apesar de a imunização não significar um alcance satisfatório em relação à quantidade de pessoas no País. "A solução para o Brasil é mantermos os contratos (de vacinas) e acionarmos os contratos que foram feitos."

Mourão também apontou "ruídos" em torno da vacinação contra a Covid-19 e o colapso na saúde em Manaus, além da sucessão no Congresso Nacional, como razões para a queda de popularidade do presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com pesquisa do Datafolha publicada pelo jornal Folha de S.Paulo na última sexta-feira (22), a avaliação positiva do governo (ótimo e bom) caiu de 37% em dezembro para 31% em janeiro, enquanto que a avaliação negativa (ruim e péssimo) passou de 32% para 40%. "O governo está fazendo o possível e o impossível para ter um fluxo contínuo (de vacinação) e também aquela questão de Manaus. No momento em que isso for esclarecido, acho que diminuirá esse ruído", afirmou, citando em seguida a eleição para as presidências da Câmara e do Senado. "Então, semana que vem eu acho que baixam um pouco as tensões", finalizou.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu neste sábado (23) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para apurar se houve omissão no enfrentamento da crise provocada pela falta de oxigênio para pacientes com covid-19 em Manaus (AM). Neste mês, dezenas de pacientes morreram devido à falta de abastecimento do oxigênio medicinal na região, diante do aumento vertiginoso no número de casos e internações.

O pedido de Aras é uma resposta à representação feita por partidos políticos, que acionaram a PGR sob a alegação de que Pazuello e seus auxiliares têm adotado uma "conduta omissiva". Nos últimos dias, a pressão de parlamentares e da opinião pública cresceu sobre a PGR.

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Ao comunicar a abertura de inquérito, Aras considera "possível intempestividade" nas ações de Pazuello, indicando que o ministro da Saúde pode ter demorado a reagir à crise em Manaus. O próprio governo já admitiu ao STF que a pasta sabia desde 8 de janeiro que havia escassez de oxigênio para os pacientes em Manaus, uma semana antes do colapso.

O Ministério da Saúde, no entanto, iniciou a entrega de oxigênio apenas em 12 de janeiro, segundo as informações prestadas. A PGR menciona ainda que a pasta informou ter distribuído 120 mil unidades de hidroxicloroquina para tratamento da covid-19 no dia 14 de janeiro, às vésperas do colapso. O medicamento não tem eficácia comprovada contra a doença.

Após o estouro da crise e declaração da própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a inexistência de tratamento comprovado contra a covid-19, Pazuello passou a negar que tenha recomendado a cloroquina para combater a enfermidade.

O ministro da Saúde pode responder pelos fatos nas esferas cível, administrativa e criminal, caso seja comprovada sua omissão na crise em Manaus. "Considerando que a possível intempestividade nas ações do representado (Pazuello), o qual tinha dever legal e possibilidade de agir para mitigar os resultados, pode caracterizar omissão passível de responsabilização cível, administrativa e/ou criminal, impõe-se o aprofundamento das investigações a fim de se obter elementos informativos robustos para a deflagração de eventual ação judicial", afirma o procurador-geral.

A PGR quer que Pazuello preste depoimento para apresentar explicações sobre a sua atuação. Aras também enviou os autos à Polícia Federal para "adoção das medidas investigativas cabíveis".

Cobrança

Considerado um aliado do Palácio do Planalto, Aras vinha sofrendo pressão interna para adotar medidas de investigação contra o governo federal. No último sábado, 16, o procurador-geral da República pediu abertura de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar eventual omissão do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e da prefeitura de Manaus no enfrentamento da pandemia de covid-19, especialmente no fornecimento de oxigênio.

Na ocasião, Aras também solicitou informações a Pazuello a respeito do cumprimento das medidas que são de competência da pasta - mas só agora o procurador-geral da República pediu uma investigação sobre o titular da Saúde.

O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), declarou neste sábado (23), que a cidade enfrenta um rápido agravamento da pandemia da covid-19 e enfrenta falta de leitos para atender a todos os paciente. "Hoje o sistema de saúde de Porto Velho está em colapso", afirmou em coletiva de imprensa.

"Qualquer um aqui presente, se precisar de leito de internação, provavelmente não vai conseguir ser internado e, dependendo da gravidade, poderá sim vir a óbito", alertou. "Se você está cumprindo a recomendação do governo, permaneça em casa e se proteja, porque é real a chance de você morrer de coronavírus em Porto Velho."

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De acordo com ele, a situação é mais grave do que a registrada no pico da pandemia em 2020, pois, dessa vez, a demanda cresceu de forma mais acelerada e simultaneamente em todo o Estado. "Hoje, todo mundo está acompanhando o que está acontecendo em Manaus. Estamos muito perto de viver aqui, na nossa cidade, de Porto Velho, e no nosso estado de Rondônia, uma tragédia humanitária."

Para a gestão municipal, um dos motivos é o relaxamento das medidas de distanciamento social nas festas de fim de ano. Há, ainda, uma suspeita que a nova variante amazonense do novo coronavírus também possa ter influência, porque Rondônia faz divisa com o Amazonas e os casos atuais estariam piorando mais rapidamente do que os registrados em 2020.

"Hoje, há uma agravamento muito mais rápido da doença. Meses atrás, levava de uma semana a 10 dias para ocorrer. Hoje é coisa de 3 ou 4 dias", alegou. "Isso coloca em estresse todo o sistema de saúde. Mesmo quem tem dinheiro, não vai ter atendimento hoje."

De acordo com a gestão municipal, cerca de 1 mil pessoas estão sendo atendidas diariamente por call center, serviço que também está sobrecarregado e não está conseguindo dar conta integralmente da demanda. "Está conseguindo atender de 80% a 90%", diz o prefeito.

A cidade conta com 70 leitos de internação e 23 respiradores. "Na primeira onda, não tivemos colapso. Conseguimos manter o sistema funcionando", compara Chaves, que já era prefeito de Porto Velho em 2020.

Chaves ainda rechaçou o comportamento de parte da população que está tomando medicamentos sem eficiência comprovada contra a covid-19 como prevenção à doença. "Não há comprovação científica em lugar nenhum do mundo. É muita pretensão de alguns brasileiros acharem e propagarem na internet que conhecem a solução para o coronavírus."

Com população estimada de 539 mil habitantes, Porto Velho recebeu 18 mil doses de vacina contra a covid-19, de acordo com a prefeitura. O município determinou que a prioridade neste momento é vacinar profissionais de saúde que têm contato direto com pacientes da doença, dos quais 1,2 mil foram imunizados até sexta-feira, 22. "O governo (federal) perdeu o timing na questão da vacina. Chegamos muito atrasados", lamentou.

Ao todo, Porto Velho tem 1.020 mortes e 46.892 casos confirmados pelo novo coronavírus. Entre quinta-feira, 21, e sexta-feira, 22, o Estado registrou 16 óbitos por covid-19, metade deles em Porto Velho. Na sexta, Rondônia tinha 568 pacientes internados pela doença.

A Embaixada da China no Brasil anunciou nesta sexta-feira, 22, em sua conta oficial no Twitter, que empresas e associações do país asiático doaram ou estão em processo de doação de 1.700 cilindros de oxigênio, outros 1.900 quilos de oxigênio e grande quantidade de insumos sanitários ao Amazonas. O Estado enfrenta um colapso no sistema hospitalar e a elevação das mortes em meio à pandemia de covid-19, até por falta de oxigênio medicinal.

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A Embaixada da China afirmou que as empresas e associações estão sensibilizadas com a situação no Amazonas. De acordo com a representação diplomática, a bandeira da China está ao lado da do Brasil para "vencer essa luta".

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