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A cidade de Xangai declarou nesta terça-feira (17) que alcançou a taxa de "covid zero" em todos os distritos, mas o anúncio provocou piadas nas redes sociais, porque milhões de pessoas continuam em confinamento na maior metrópole da China.

A China, que enfrenta o foco mais grave de covid desde o início da pandemia, adotou duras restrições no início de abril para conter os contágios.

A insistência do governo em mater a política para sufocar o surto provocado pela variante ômicron gerou protestos incomuns contra as autoridades diante do confinamento prolongado, da escassez de alimentos e dos problemas de distribuição.

"Os 16 distritos de Xangai já alcançaram 'covid zero' a nível comunitário", afirmou o secretário de Saúde, Zhao Dandan, à imprensa.

Isto significa que os quase 1.000 casos de covid-19 registrados nesta terça-feira foram detectados fora das áreas de quarentena, informaram as autoridades da cidade.

O vice-prefeito Chen Tong anunciou no domingo que a cidade teria uma reabertura por etapas do comércio durante a semana, mas não divulgou um calendário.

Milhões de pessoas, no entanto, permanecem em confinamento em suas residências em Xangai nesta terça-feira.

A estratégia "covid zero" da China inclui o fechamento das fronteiras, quarentenas prolongadas, testes em larga escala para a população e confinamentos.

O anúncio desta terça-feira foi recebido com ironia nas redes sociais.

"Se a sociedade alcançou um nível de covid zero, por que os moradores do distrito de Songjiang só podem sair de casa a cada dois dias?", questionou uma pessoa na rede social Weibo.

Outra perguntou se esta não é uma "Xangai de um universo paralelo".

A imprensa chinesa divulgou nesta terça-feira imagens de pessoas em uma longa fila diante de uma das estações ferroviárias de Xangai após a retomada do serviço.

Porém, os moradores só podem sair da cidade com uma autorização e depois de passar por vários testes.

Quase 30 milhões de pessoas foram confinadas na China nesta terça-feira (15), depois que o país registrou o maior surto de Covid-19 em dois anos: as autoridades determinaram testes em uma escala que não era observada desde o início da pandemia.

O país registrou 5.280 casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, o maior número desde a primeira onda da pandemia no início de 2020, de acordo com dados da Comissão Nacional da Saúde (CNS).

Ao menos 13 cidades enfrentam um confinamento total e várias adotaram fechamentos parciais.

Com as restrições draconianas, o país conseguiu conter as infecções após a primeira onda da doença no fim de 2019 na cidade de de Wuhan, mas enfrentou recentemente vários focos vinculados à variante ômicron.

Esta terça-feira é o sexto dia consecutivo em que o balanço de casos diários supera mil contágios.

Os números são pequenos em comparação com outros países, mas dentro da estratégia chinesa de "covid zero" até o menor foco é enfrentado com medidas severas.

A província de Jilin (nordeste do país) foi a mais afetada, com mais 3.000 casos nesta terça-feira, de acordo com a CNS. A capital provincial Changchum, com nove milhões de habitantes, assim como outras cidades, estão em confinamento total.

- Impacto econômico -

O governador de Jilin prometeu fazer o possível para "alcançara a covid zero comunitária em uma semana", informou a imprensa estatal.

A metrópole tecnológica de Shenzhen (sul), com 17 milhões de habitantes e próxima de Hong Kong, também está confinada.

As medidas provocaram o fechamento de várias fábricas na cidade, entre elas a gigante taiwanesa Foxconn, principal fornecedora da Apple.

A Bolsa de Hong Kong registrou queda de 6,20% nesta terça-feira, enquanto Xangai fechou em baixa de 4,95%.

Dezenas de voos domésticos a partir dos aeroportos de Pequim e Xangai foram cancelados.

"O recente surto de covid e as novas restrições, em particular o confinamento em Shenzhen, pesarão sobre o consumo e causarão interrupções no abastecimento a curto prazo", afirmou Tommy Wu, da Oxford Economics, em um comunicado.

Ele acrescentou que, com isso, será um "desafio" para a China atingir a meta oficial de crescimento econômico de 5,5% para este ano.

O médico chinês Zhang Wenhong mencionou a possibilidade de flexibilização da estratégia "covid zero" ante a variante ômicron, mas admitiu que a curto prazo seria impossível aliviar os testes em larga escala e confinamentos.

Desde o início da pandemia, a China registrou quase 120.000 casos de covid e 4.636 mortes. A última vítima fatal da doença foi registrada oficialmente no início de 2021.

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