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Em dificuldades financeiras, a Tenda convocou assembleias de credores para negociar uma licença (waiver, no jargão de mercado) que permita à construtora manter um nível de endividamento bem mais alto do que o acertado quando pegou o dinheiro emprestado.

A construtora, uma das maiores operadoras do programa Casa Verde e Amarela, sentiu o peso da disparada nos custos de construção. Só em 2021, houve um estouro de orçamentos de meio bilhão de reais, que levou a companhia a reduzir o ritmo de lançamentos, dilatar prazo de pagamento a fornecedores, cortar funcionários e aumentar preço dos imóveis para recuperar margens.

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Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Marcos Pinheiro Filho, a expectativa é de que a proposta da empresa seja aprovada. "Eles entenderam que a situação de endividamento mais alto é temporária", afirmou, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast.

O executivo disse ainda que conseguiu reunir os 14 maiores credores, que respondem, juntos, por pouco mais de 85% do total da dívida - justamente o porcentual necessário para aprovação das medidas na assembleia. "Vamos atrás dos outros 15% também. Já começamos as conversas." Os credores são principalmente gestores de recursos e fundos de investimento em renda fixa.

Ao longo dos últimos anos, a Tenda captou cerca de R$ 1 bilhão por meio de emissões de cinco séries de debêntures e um certificado de recebíveis imobiliários (CRIs). Nos termos do financiamento, a construtora se comprometia a manter uma alavancagem de até 15%, considerando a relação entre dívida corporativa (sem contar financiamento à produção) e o patrimônio líquido. Mas no balanço do primeiro trimestre, ela bateu em 33%, mais que o dobro do limite.

Se a situação se repetisse por dois trimestres dentro de um período de 12 meses, seria configurada uma quebra de compromisso. Ou seja, a Tenda teria de pagar de uma vez só os vencimentos que estavam previstos para 2024 a 2028.

PROPOSTA

A Tenda propôs aos credores a licença para que a sua alavancagem de 33% possa subir para até 80% em 2022, atingindo o pico de 85% no primeiro semestre de 2023. A partir daí, prevê redução para 80% e 75% no terceiro e quarto trimestres de 2023, respectivamente, recuando para até 50% na primeira metade de 2024 e até 30% no fim do mesmo ano.

Em troca, a construtora se dispõe a pagar um prêmio de 1,75% ao ano. Com isso, a remuneração dos credores, que estava na faixa de CDI + 2,5% ao ano, subirá para o patamar de CDI + 3,75% ao ano, aproximadamente. Esses títulos vinham sendo negociados no mercado secundário a cerca de CDI + 8% a 9% ao ano, refletindo uma percepção de risco maior de investidores em relação à empresa.

A Tenda também se comprometeu a não remunerar os seus acionistas até que a alavancagem volte para o patamar considerado normal para a empresa, de 15%. Outro compromisso será reduzir as operações e preservar o fluxo de caixa. Nos próximos 12 meses, a construtora não poderá lançar mais de 15 mil unidades - isso significa uma redução na ordem de 27% em suas operações, visto que em 2021 lançou 20,5 mil unidades.

A companhia tem também aumentado o preço das suas unidades mesmo que isso implique em perda da velocidade de vendas. Em maio, os apartamentos foram vendidos a R$ 178 mil, ante R$ 162 mil no primeiro trimestre.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo de 23 gatos em "situação de rua", representados pela estudante Camila de Jesus Dantas de Oliveira, foi à Justiça pedir que as construtoras arquem com suas custas de manutenção e lhes paguem indenização de R$ 230 mil. No polo ativo do processo figuram Diego, Margarida, Florzinha, Lady, Trico, Frida, Fofucha, Tim, Harry, Tigresa, Nino, Tigrão, Chitãozinho, Monalisa, Monalisinho, Tigradinha, Chorão, Laranjinha, Pimpó, Tigrado, Pretinha, Zangada e Branca.

Os pedidos foram apresentados à Justiça baiana no início do ano pelos advogados João Borges, Ximene Perez e Yuri Fernandes Lima, que relatam que a Civil Construtora e a Barcino Esteve Construções e Incorporações são responsáveis por um empreendimento na Graça, em Salvador, que será construído no terreno onde habitam os gatos.

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Segundo a peça, Camila e sua mãe dão comida, água e vermífugos aos gatos há mais de três anos. No entanto, o texto aponta que "os gatos estão morrendo porque estão sem água e comida", uma vez que a guardiã não tem acesso ao terreno da construção, e também porque "estão em meio a entulhos e empregados".

Ainda segundo a inicial, Camila chegou a pedir para entrar no terreno mas a solicitação foi negada pelas construtoras.

A peça relata outras tratativas relacionadas aos bichanos, sendo a última delas uma notificação extrajudicial que a guardiã enviou às construtoras para que ela pudesse retirá-los do terreno. No entanto, segundo alegam os advogados, as empresas não se manifestaram o que levou ao ajuizamento da ação.

Na ação de obrigação de fazer cumulada com ação de indenização por dano moral era pedida a concessão de tutela antecipada para determinar a suspensão imediata das obras, a guarda e a posse dos gatos em favor da guardião, com retirada e encaminhamento dos animais para lar temporário, às expensas das construtoras, e o custeio, pelas empresas, de lar temporário, alimentação, dessedentação, castração, vacinação, medicação e identificação (chipagem e coleira) dos "autores".

No mérito, o texto pede que a construtora arque com todas as despesas necessárias à manutenção dos gatos, "uma vez que foram elas que ingressaram no local onde a colônia se encontrava, causando o desequilíbrio ambiental". Além disso, é pedido que as empresas paguem indenização por danos morais de ao menos R$ 10 mil para cada um dos 23 autores.

Nos autos do processo já constam duas decisões. A primeira, assinada pelo juiz Érico Rodrigues Vieira no último dia 22, destacou a "necessidade de preservação da vida, saúde e bem estar dos animais envolvidos" ao determinar a citação das construtoras para apresentação de defesa em até 15 dias.

O magistrado determinou ainda que a guardiã dos gatos poderia, no mesmo prazo estabelecido para as construtoras, indicar os abrigos para os quais pretende encaminhar os animais, "instruindo sua manifestação com orçamento do custeio que pretende seja imposto à parte ré".

O despacho mais recente, do juiz Joanisio de Matos Dantas Júnior, indeferiu os pedidos de tutela de urgência da ação e, constatando que as partes "estão bem intencionadas e realmente preocupadas com o destino a ser dado aos animais", agendou para a próxima quinta, 5, às 08h15, uma sessão de mediação entre as partes, que será realizada no Fórum Orlando Gomes em Nazaré.

Na decisão, o magistrado pontuou: "Embora seja correto afirmar que, no Brasil, há leis, normas infralegais e princípios que norteiam os direitos dos animais de existirem com dignidade, o mesmo não se pode dizer em relação à possibilidade dos autores e de sua 'guardiã' figurarem no polo ativo da presente ação, existindo sérias dúvidas quanto à legitimidade ativa dos mesmos".

O juiz considerou que, "ao menos em sede de cognição sumária", os argumentos da necessidade de preservação da vida, saúde e bem estar dos gatos eram insuficientes, a princípio para "evidenciar a probabilidade do direito alegado na petição inicial, embora essa afirmação não afaste, de logo, a responsabilidade civil e criminal das empresas demandadas pelos danos que, por ventura, vierem a sofrer os animais que se encontram no terreno de sua propriedade".

COM A PALAVRA, AS CONSTRUTORAS

A reportagem busca contato com as construtoras. O espaço está aberto para manifestações.

Na reta final da disputa pela Presidência da República, os representantes de 31 associações da construção civil e do mercado imobiliário publicaram na quarta-feira, 24, nos jornais, uma carta aberta com as principais reivindicações do setor destinadas aos candidatos. A lista tem 15 itens, sendo o primeiro deles "observância irrestrita à Constituição" e o último, "defesa firme e obstinada da democracia".

Os empresários dizem que o objetivo da iniciativa foi defender ideais que prevaleçam em qualquer governo, independentemente dos candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

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A lista de reivindicações também pede segurança jurídica, respeito aos contratos e defesa do direito de propriedade, temas sensíveis às empresas de incorporação e construção, que têm perdido dinheiro por conta dos distratos e das ocupações de terrenos.

O presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Flavio Amary, afirmou que o comunicado não busca endossar nenhuma candidatura, mas sim defender "princípios e ideais". "Publicamos o manifesto agora por entendermos que é um momento oportuno, a poucos dias das eleições", explicou.

Amary esteve reunido com Paulo Guedes e Marcos Cintra, integrantes da equipe econômica de Bolsonaro, e fez um alerta sobre possíveis efeitos colaterais da proposta de criação de um imposto sobre valor agregado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) e a Superintendência de Polícia Federal em Goiás (PF/GO) deflagraram na manhã desta quinta-feira (25) operação conjunta para cumprimento de dois mandados de prisão preventiva, sete mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva em Goiás e no Mato Grosso. O nome desta nova operação é De Volta aos Trilhos.

Em nota, a Procuradoria informou que os mandados foram solicitados pelo Núcleo de Combate à Corrupção do MPF/GO e concedidos pelo juiz substituto da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

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A operação, que é um desdobramento das investigações da Operação Lava Jato e nova etapa das Operações O Recebedor e Tabela Periódica, baseia-se em acordos de colaboração premiada assinados com o MPF/GO pelos executivos das construtoras Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez - que confessaram o pagamento de propina ao então presidente da Valec, José Francisco das Neves, o Juquinha, bem como em investigações da Polícia Federal em Goiás, que levaram à identificação e à localização de parte do patrimônio ilícito mantido oculto em nome de terceiros (laranjas).

Os principais alvos da operação são José Francisco das Neves, seu filho Jader Ferreira das Neves e o advogado Leandro de Melo Ribeiro. Os dois primeiros são suspeitos de continuar a lavar dinheiro oriundo de propina, mantendo oculto parte do patrimônio amealhado. O último é suspeito de ser laranja dos dois primeiros e de auxiliá-los na ocultação do patrimônio.

A pedido do MPF/GO, o juiz substituto da 11ª Vara Federal da Sessão Judiciária de Goiás determinou as prisões preventivas de Jader e de Leandro, além das conduções coercitivas de Juquinha, do advogado Mauro Césio Ribeiro (sócio e pai de Leandro), de Jeovano Barbosa Caetano e de Fábio dos Santos Pereira, suspeitos de prestarem auxílio para a execução de atos de lavagem.

As buscas e apreensões têm como alvo as casas dos investigados, a sede das empresas Pólis Construções e Noroeste Imóveis, que funcionariam no escritório de advocacia de Mauro Césio e Leandro Ribeiro, bem como a sede da Imobiliária Água Boa.

Condenação

Juquinha e seu filho já foram condenados na ação penal nº 18.114-41.2013.4.01.3500 (operação Trem Pagador) a, respectivamente, dez e sete anos de reclusão, por formarem quadrilha e lavarem aproximadamente R$ 20 milhões provenientes da prática de crimes de cartel, fraudes em licitações, peculato e corrupção nas obras de construção da Ferrovia Norte-Sul, praticados por Juquinha quando presidiu a empresa pública Valec. Ambos aguardavam o julgamento de seus recursos em liberdade.

Prisões

As prisões foram pedidas porque se apurou que os investigados, mesmo depois de condenados, continuam a cometer crimes de lavagem de dinheiro, estão produzindo provas falsas no processo para ludibriar o juízo e assegurar impunidade, além de custearem parte de sua defesa com dinheiro de propina.

Contudo, o pedido de prisão preventiva de Juquinha foi indeferido pelo juízo, que considerou não haver, no seu caso, provas suficientes de atualidade criminosa.

Sequestro de bens

Um dos principais objetivos da operação é o sequestro e apreensão de bens que estão sendo mantidos em nome de terceiros como forma de ocultar sua real propriedade e a origem dos recursos usados para a sua aquisição e que, segundo apurado, pertenceriam de fato a Juquinha e seu filho Jader.

Estima-se que com esses bens tenham sido lavados pelo menos R$ 4,4 milhões provenientes de propina, em valores de 2012. Entretanto, somente após a avaliação desse patrimônio é que se chegará ao seu valor real.

O nome da operação, De Volta aos Trilhos, remete a uma expressão popularmente usada que significa o retorno das coisas ao seu devido lugar, à normalidade. O nome é uma alusão a um dos seus principais objetivos, que é o de trazer de volta parte dos recursos desviados da ferrovia Norte-Sul em forma de propina.

Três anos depois de deflagrada a primeira etapa da Operação Lava Jato, em março de 2014, as empreiteiras envolvidas encontram cada vez mais dificuldades para se manter de pé. Mesmo com cortes radicais na estrutura para se adequar à nova realidade de receitas, as empresas não conseguem reagir, atropeladas pela grave crise na imagem e pela recessão econômica.

Algumas decidiram "hibernar" os negócios até que o cenário melhore. Isso significa desativar praticamente toda a área de construção. Outras estão em recuperação judicial, sem muitas perspectivas de sair. E há ainda aquelas que decidiram focar os negócios em países distantes.

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Enfrentam essa situação construtoras que até o início da Lava Jato estavam entre as 15 maiores empresas do setor, como Carioca, Mendes Júnior, Galvão Engenharia, Constran (UTC) e OAS.

As quatro maiores da construção - Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão - também estão com grandes dificuldades para se recuperar, mas ainda têm gordura para queimar e um pouco mais de obras para concluir.

Na maioria das construtoras, porém, a carteira de projetos se deteriorou rapidamente no último ano e deve continuar assim em 2017. Segundo relatório da agência de classificação de risco Fitch Rating, conforme executam os melhores projetos, as empreiteiras ficam com outros que estão com pagamentos atrasados ou em ritmo lento. Isso enfraquece as expectativas de fluxo de caixa e de recuperação.

A Carioca Christiani-Nielsen, por exemplo, viu sua carteira de obras praticamente desaparecer de 2014 pra cá. Só no primeiro ano sob o efeito da Lava Jato a empresa perdeu 22% das receitas. No ano passado, a situação piorou, com a recessão econômica e a crise no Rio. Fontes ligadas ao grupo afirmam que a empreiteira praticamente fechou a construtora até que as condições melhorem. Ou seja, está tocando apenas as obras contratadas, e com poucos funcionários.

No fim do ano passado, o grupo demitiu o presidente da construtora e todos os diretores. Em atividade desde 1947 - quando começou a atuar no subúrbio do Rio em obras de urbanização -, a empresa foi fundada por Ricardo Backheuser e estava sendo tocada pelo filho Ricardo Pernambuco. Envolvido na Lava Jato, ele foi afastado do grupo, que agora é comandado pelo irmão Eduardo Backheuser. Com a situação financeira delicada, o grupo, que tem concessões rodoviárias e de saneamento, colocou ativos à venda para reforçar o caixa, afirmam fontes.

Em nota, a companhia afirmou que tem procurado, ao longo dos últimos anos, adequar-se a uma nova realidade de mercado. Mas que isso não significa, até o momento, "a decisão de abandonar qualquer área de atividade ou alienação de quaisquer ativos".

Desmonte. Situação semelhante vive a Constran, do grupo UTC. No início deste ano, o presidente João Santana, que trabalhou durante sete anos na empresa, deixou o cargo. Dos proejtos que a construtora mantinha em carteira, os maiores estão com problemas, a exemplo da Linha 6 do Metrô de São Paulo, cujas obras estão suspensas por desequilíbrio no contrato.

De 2014 para 2015, as receitas da construtora caíram pela metade, de R$ 1,3 bilhão para R$ 758 milhões, segundo dados do ranking da revista O Empreiteiro. Esses números, no entanto, se deterioraram drasticamente no ano passado, afirmam fontes do setor. Em todo o grupo, mais de 20 mil trabalhadores foram demitidos desde 2013 - ou seja, corte de 74% do quadro de funcionários.

Na construtora, houve um desmonte. Ficaram apenas algumas pessoas para resolver contratos ainda em andamento, segundo fontes do setor. Antes da Lava Jato revelar o maior escândalo de corrupção do País, a Constran vinha subindo rapidamente no ranking de construtores. De 2013 para 2014, ganhou quatro posições e alcançou a 13.ª posição. No ano seguinte, no entanto, já havia caído para a 18.ª colocação. Procurada, a empresa não quis comentar o assunto.

Outra construtora que teve rápida ascensão no setor foi a Galvão Engenharia, que até 2014 era a 5.ª maior empreiteira do País, com faturamento de R$ 3,8 bilhões. Em 2015, a empresa entrou em recuperação judicial e, desde então, vem minguando dia após dia. A construtora tem poucas obras em andamento, e que estão sendo concluídas. Fontes próximas à empresa afirmam que se trata de contratos pequenos, como a reurbanização de favelas, cuja execução tem sido muito lenta. Para não configurar abandono de obras, a empresa mantém apenas uns poucos funcionários no local, disse um ex-funcionário.

A empreiteira ainda tem outro imbróglio para resolver: a concessão da BR-153, cujas obras estão paradas. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) havia decidido retomar a concessão. Mas, nos últimos dias, um novo investidor se mostrou interessado na concessão e teria feito uma proposta, afirmou uma fonte do setor. O dinheiro seria usado para honrar os compromissos dentro da recuperação judicial. "O problema é que não há novas obras para tocar. Assim, fica difícil se recuperar", disse outra fonte ligada à empresa.

De acordo com o relatório da Fitch, apesar do esforço do governo de realizar novos leilões de concessão, pouco se espera para 2017 em termos de projetos. Isso significa que será mais um ano de consumo das carteiras de obras. Segundo especialistas, o grande problema é que as empresas não podem deixar suas carteiras ficarem zeradas. Se não, a recuperação fica quase impossível.

"Uma empreiteira é como um escritório de advocacia. O que vale é o acervo técnico, as certificações para fazer obra. Se não conseguem novos projetos, sobra pouco para fazer", disse um advogado que representa várias empresas de construção. Foi com base nesse acervo que a mineira Mendes Júnior vinha se recuperando de uma crise que quase fez a construtora falir na década de 90. Com o bom momento da economia brasileira, a empreiteira pegou carona no aumento dos investimentos em infraestrutura e conseguiu uma série de contratos.

Mas, com a Lava Jato, a empresa foi a primeira a ser considerada inidônea. Além de não poder participar de novas licitações públicas, a credibilidade ficou comprometida também com a iniciativa privada. Como dizem no mercado, a empresa "hibernou" à espera de uma melhora econômica. Em recuperação judicial desde o ano passado, cerca de 1,7 mil funcionários demitidos há mais de um ano reclamam de não ter recebido seus direitos até hoje. A empresa não tem conseguido nem entregar os balancetes mensais exigidos na recuperação judicial.

Com sua construção iniciada no ano de 1833, pelo engenheiro francês Louis Léger Vauthie, a Avenida Caxangá, quase 200 anos depois, parece ainda não ter sido concluída. Dividida em duas vias de sentidos opostos, a segunda maior avenida em linha reta do Brasil vem sofrendo transformações estruturais que, além de afetar a mobilidade urbana da região, interfere na realidade de quem optou por morar às suas margens. Na contramão da especulação imobiliária e dos efeitos negativos, residências históricas e afetivas da avenida ainda resistem. 

Originalmente formada por um corredor enfileirado de residências, a avenida encontra-se tomada por dezenas de estabelecimentos comerciais, casas funerárias, farmácias e agências de veículos, além de edifícios tão altos que se perdem no horizonte. Tornou-se uma avenida quase sem vizinhos. Apesar dos 6,2 quilômetros de extensão, restaram na Caxangá aproximadamente dez casas habitadas. 

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Principal eixo de ligação do Recife com a Zona Oeste e alguns municípios do interior pernambucano, a via não é considerada uma região de alto custo de vida. Mesmo assim, segue o padrão de outras regiões do Recife e já denota uma crescente na construção de grandes edificações. "A avenida espelha a cidade como um todo. Os problemas que ela está começando a viver são uma realidade em outras áreas da capital pernambucana", explicou o arquiteto José Luiz Mota Menezes, presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

Memória e afeição

Contrastando com o ambiente cinzento e urbano da via, a casa herdada pela aposentada Eliane Holanda, 59 anos, é sinônimo de resistência. Com a pintura amarela forte nas paredes do lado de fora, muros baixos e bem arborizada, a residência fica localizada na parte central da avenida. Eliane herdou o imóvel da avó e conta que até o casamento da mãe foi realizado nas dependências da casa. 

Além da afeição pelas memórias vividas durante toda sua infância e adolescência no local, a aposentada diz não haver comparação com a vida dentro de um apartamento, em que mal se conhece o vizinho de porta. "As vezes eu tô lavando os pratos na minha cozinha, aí eu olho pra o meu pé de pitanga, ouço um sabiá. Pra  mim, isso é agradável. Eu nunca vou ter isso em um prédio. Gosto desse contato com a natureza que essa casa me proporciona".

Atualmente, Eliane mora com as duas filhas, mas faz questão de dizer que as galinhas, os patos e o seu pé de manga também são parte da família. A filha mais nova, Taciana Holanda, 24, segue o pensamento da mãe e também não deseja se mudar. "Eu cresci aqui e o normal pra mim é isso. O som dos carros passando, a movimentação intensa e os mesmos vizinhos desde sempre", contou. Ao lado da casa de Eliane, restaram apenas duas residências.

Vizinho de Eliane, o aposentado Humberto Veiga, morador na Caxangá desde 1972, diz ter acompanhado as mudanças na avenida e o desaparecimento das residências o entristece. "Eu acho que a chegada dos prédios e do comércio são fatores importantes para o sumiço das casas. Não só por tomarem o lugar delas, mas sim porque a avenida não comporta tanta gente e a qualidade de vida da gente se perdeu um pouco". 

 

Corrida imobiliária e legislação defasada

Construções avessas à realidade da paisagem atual da Caxangá, as casas preservam a arquitetura mais antiga e causam até curiosidade de como é viver às margens da via. Na corrida imobiliária, Humberto e Eliane também não escaparam das ofertas tentadoras.

A aposentada relembra que já recebeu uma proposta para se aliar aos vizinhos e ceder a área dos três imóveis para uma construtora. "Eu nem fiquei balançada, eu me recuso a sair daqui. Eu tenho um apartamento na praia de Boa Viagem e não troco a minha casa. Talvez com a idade eu possa me mudar para um prédio pela segurança, mas não sei", disse.  


De acordo com o arquiteto José Luiz Mota Menezes, a situação atual da avenida é preocupante, principalmente pela chegada dos grandes prédios e a falta de estrutura na via para comportar todos os veículos que por lá passam diariamente. 

"Em um prédio com mais de doze andares, com vários apartamentos por piso, são muitas famílias e, consequentemente, mais carros disputando espaço na via todos os dias". Para ele, o problema é quando as construtoras planejam as edificações e não levam em conta a área em que serão implantados. "Não há planejamento do empreendedor sobre os impactos da construção na região e isso é um fenômeno nacional", lamentou. 

No Recife, a Lei de Ocupação e Uso do Solo (Luos), sancionada em 1996, e o Plano Diretor, revisto em 2008, são os instrumentos utilizados no planejamento urbano da cidade. "Essas duas legislações estão ultrapassadas e defasadas. Elas não levam em conta o bem-estar de toda uma região e a logística da construção", argumentou Mota. Ele denuncia ainda que quase não existe interferência das gestões municipal e estadual no que se refere a construções na capital pernambucana.  

"O recife está todo feito segundo leis absurdas, sem planejamento. A Caxangá já está sendo vítima disso também. Não há solução para essa problemática se não houver uma separação entre a política e os interesses dos empreendedores", pontuou. 

Por outro lado, enquanto tiver saúde, Eliane pretende resistir ao apelo da construção civil e preservar as boas memórias afetivas de sua casa. "A minha liberdade e o contato com a natureza não têm preço".

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Interessadas em alavancar as vendas no período de promoções da Black Friday, incorporadoras e construtoras começam a partir desta terça-feira, 1, a oferecer reduções nos preços de mais de 200 empreendimentos, entre comerciais e residenciais.

Até o último dia do mês, mais de 30 incorporadoras e a plataforma digital VivaReal prometem oferecer ao consumidor descontos de até 50% nos imóveis. Nos empreendimentos comerciais, os descontos chegam a R$ 975 mil, enquanto nos residenciais, a R$ 210 mil, segundo o VivaReal. O maior desconto porcentual é de 50%, no empreendimento comercial Rossi Business Itaboraí, no Estado do Rio de Janeiro.

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Os descontos podem ser aproveitados em todo o Brasil. As cidades participantes incluem São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Salvador, Maceió, Natal, Recife, Goiânia, São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano do Sul.

Black Friday

Uma das datas que registram maior número de vendas durante o ano, a Black Friday teve origem nos anos 1960, nos Estados Unidos, e foi introduzida no Brasil em 2010. Por lá, a promoção começa nas sextas-feiras seguintes ao Dia de Ação de Graças, comemorado dia 24 de novembro.

A data oficial da promoção no Brasil em 2016 é 25 de novembro. Por aqui, contudo, algumas lojas e empresas disponibilizam promoções de Black Friday durante todo o mês de novembro.

Segundo a E-bit, que calcula a reputação de lojas virtuais, 84% dos consumidores que fazem compras online têm intenção de comprar na Black Friday deste ano. A estimativa é que o volume de vendas ultrapasse os R$ 2 bilhões no Brasil apenas no dia 25 de novembro. Em 2015, a data teve um crescimento de 76% em relação ao ano anterior.

A partir de 2021, a construtora OAS terá de pagar R$ 200 milhões por ano em juros da dívida de R$ 2,8 bilhões que tem com seus credores, mesmo depois do desconto que recebeu com o plano de recuperação judicial. Mas, para ter capacidade financeira de honrar os seus compromissos, a construtora terá de chegar a uma receita de R$ 5 bilhões por ano, segundo estimativa do diretor financeiro da empresa, Josedir Barreto.

Pelos contratos que a OAS já têm fechados para obras no Brasil e no exterior, a previsão de faturamento em 2017 é de R$ 2 bilhões. Isso significa que, em quatro anos, a empresa terá mais que dobrar seu faturamento. A briga que alguns credores estão travando na Justiça, tentando barrar o plano de recuperação judicial, é justamente por medo de que a construtora não tenha capacidade de pagamento no futuro, segundo contou o advogado de um dos 19 credores que questionam o plano.

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A própria administração da empresa percebeu que a tarefa não será fácil. No ano passado, tinha planejado abandonar sua atuação internacional, que estava pulverizada em mais de 20 países. Mas, diante do cenário de infraestrutura no Brasil, a construtora voltou atrás, e decidiu concentrar sua atuação na África e América Latina.

Neste ano, a empresa ganhou R$ 1,3 bilhão em contratos em licitações no Brasil e no exterior, sendo a maior parte fora do País. A decisão do BNDES de suspender financiamentos de exportação de serviços não vai afetar a construtora, segundo Barreto. Ele diz que tem hoje apenas dois projetos enquadrados no BNDES. A empresa também está confiante no fato de não precisar de financiamento para atuar como construtora. No entanto, em alguns mercados, onde os balanços precisam ser mais robustos para garantir a obra, a empresa fica fora de jogo.

Os desafios da OAS não vão se restringir a conseguir novos contratos. A empresa ainda terá de fechar um acordo de leniência com as autoridades por causa de seus atos de corrupção. Existe uma ameaça latente de as construtoras envolvidas na Lava Jato serem consideradas inidôneas pelo governo federal e, assim, não poderem participar de licitações públicas. "Se isso acontecer, vamos ter de ir para mercados onde possamos atuar, como o setor privado", diz Barreto. As grandes construtoras também enfrentam ainda processos de improbidade administrativa e estão sofrendo multas bilionárias. No caso da OAS, o fato de estar em recuperação judicial, com os credores tendo de perdoar parte da dívida, parece deixar os administradores menos preocupados. "O que temos em fluxo de caixa e capacidade financeira está dado", diz Barreto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os R$ 5 bilhões que separam o faturamento da gigante Andrade Gutierrez e da gaúcha Toniolo, Busnello são o retrato de uma concentração que sempre dominou o setor. Hoje, no entanto, a diferença nos números não é parâmetro para traduzir a realidade de cada empresa. Nos últimos dois anos, enquanto o império da Andrade, uma das líderes do setor, encolhia dia após dia por causa da Operação Lava Jato, a empreiteira do Sul ganhava mercado e crescia em ritmo chinês.

Em 2015, as receitas da empresa tiveram aumento de 18% e alcançaram R$ 720 milhões - montante que rendeu nove posições no ranking da construção. Fundada em 1945, a empreiteira chegou a 21ª posição no ano passado (ou 14ª se for considerada apenas a construção pesada). "Vivemos um momento de grandes oportunidades num setor que deve ficar menos concentrado nos próximos anos", avalia o diretor da construtora, Humberto Cesar Busnello, filho de um dos fundadores da companhia.

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As apostas do executivo estão ancoradas no enfraquecimento das construtoras envolvidas na Lava Jato. Das 15 maiores empreiteiras do País em 2014, nove companhias - até então responsáveis pelos principais projetos e concessões brasileiras - estavam envolvidas no escândalo de corrupção. De lá pra cá, muitas delas entraram em recuperação judicial, abandonaram obras e estão sem condição - financeira e moral - de entrar numa nova empreitada.

Para se ter ideia, em 2013, antes da Lava Jato, o faturamento das 15 maiores construtoras do País somava R$ 51,1 bilhões, segundo o ranking da revista O Empreiteiro. No ano passado, esse montante caiu para R$ 30,4 bilhões. Odebrecht, líder absoluta na última década, e OAS, em recuperação judicial, não quiseram entrar no levantamento.

Com as grandes companhias fora de combate, as construtoras do chamado "grupo intermediário" começam a ocupar um espaço estratégico e podem ditar uma nova configuração do setor de construção. "As grandes construtoras vão continuar no mercado, mas com uma representatividade muito menor", afirma o sócio da KPMG, Mauricio Endo, especialista nas áreas de governo e infraestrutura.

Não faltam candidatas para ocupar esse vácuo deixado pelas gigantes do setor de construção. Na lista, estão nomes desconhecidos da maioria da população, mas que já alcançaram faturamento bilionário a exemplo de Serveng-Cilvisan e ARG. Essa última, no entanto, já teve o nome citado no escândalo do Mensalão. Outras empresas também já passaram por investigações no passado por suposto envolvimento em doações e pagamento de propina, como a Arteleste - segunda maior recebedora de recursos do governo federal neste ano na construção de viadutos e pontes. A empresa não se pronunciou.

Potencial

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, conta que, a pedido de uma instituição financeira, selecionou 30 construtoras com capacidade de tocar obras importantes no País. A Paulitec estava entre elas. No ano passado, a empresa faturou R$ 249 milhões e ganhou 17 posições no ranking de construtores - de 77.º lugar para 60.º, em 2015.

"Estamos ganhando obras maiores que antes ficavam nas mãos das grandes empreiteiras", afirma Márcio Paulikevis dos Santos, diretor-presidente da Paulitec. Quase 100% da carteira da empresa é formada por obras públicas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O setor da construção propôs ao governo do presidente em exercício Michel Temer que os subsídios bancados pela União no Minha Casa Minha Vida fiquem restritos ao público que ganha até R$ 1,8 mil por mês, a chamada faixa 1. Para evitar a dependência do programa de habitação popular ao comportamento das receitas federais, o segmento quer que os subsídios das chamadas faixas 2 e 3 (famílias com renda mensal de até R$ 3,6 mil e R$ 6,5 mil, respectivamente) saiam exclusivamente do lucro do FGTS.

Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou, para deslanchar a terceira fase do programa, a parcela de recursos públicos como contrapartida aos subsídios cairia para 10%. Para compensar a queda, a parcela do FGTS subiria para 90%. Quando foi criado, em 2009, o Tesouro Nacional cobria 25% dos subsídios e o FGTS, os outros 75%.

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A proposta das construtoras e incorporadoras foi entregue aos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Bruno Araújo (Cidades) e também à nova secretária nacional de Habitação, Maria Henriqueta Arantes Ferreira Alves.

O ministro das Cidades confirmou ao setor que revisaria a meta da presidente afastada Dilma Rousseff de contratar 2 milhões de moradias até 2018. Aos empresários, Araújo estimou em 500 mil contratações por ano, incluindo 2016, nas faixas 2 e 3 do programa.

No encontro com o setor, Araújo também recebeu o pedido para reavaliar a grande novidade da terceira etapa do programa: a criação de uma nova faixa, batizada de 1,5. Ela seria destinada a famílias com renda mensal de até R$ 2.350, com subsídios de até R$ 45 mil na aquisição de um imóvel, de acordo com a localidade e a renda.

Além do subsídio, que é uma espécie de desconto, o financiamento da faixa 1,5 teria juros de 5% ao ano. Para o setor, a forma como foi desenhada essa faixa - cuja escolha dos beneficiários seria feita por meio de um sorteio, depois do cadastro dos interessados em um site criado para o programa - inviabiliza comercialmente os empreendimentos destinados a esse público.

Os subsídios do faixa 1,5 seriam bancados pelo FGTS, mas o setor acredita que é preferível que a União assuma essa conta, caso a faixa realmente venha a sair do papel.

Ajustes

As construtoras e incorporadoras defendem que é possível ajustar o faixa 2 para atender ao mesmo público do faixa 1,5. A solução seria diminuir as taxas de juros e aumentar o subsídio. No lançamento da terceira etapa do programa, o governo de Dilma anunciou juros maiores para a faixa 2.

Famílias com renda de até R$ 2,7 mil passariam a pagar 6% ao ano e as com renda de até R$ 3,6 mil, 7%. O teto do subsídio dessa faixa é de R$ 27,5 mil.

"Se redistribuir o total de subsídios entre as faixas, é possível atender mais pessoas com o mesmo orçamento do programa", disse Ronaldo Cury de Capua, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP). Segundo ele, o governo garantiu a continuidade das contratações das moradias classificadas nas faixas 2 e 3.

A suspensão ficaria restrita às novas contratações das faixas 1 e 1,5 - essa última nem foi retirada do papel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal desencadeou hoje (28/4) a Operação Cabala, com o objetivo de desarticular uma associação criminosa responsável por lesar a Caixa Econômica Federal, por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida, em aproximadamente R$ 220 milhões. São investigados construtoras, empregados do banco, contadores, servidores públicos e compradores das casas.

Cerca de 200 policiais federais de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte estão dando cumprimento a 27 mandados de busca e apreensão, 27 mandados de sequestro, com inquirição de 40 pessoas envolvidas nas fraudes. Estão sendo conduzidos para prestar depoimento, na Sede da Polícia Federal no Jaraguá, 5 empregados da Caixa, 11 empresários (donos de construtoras) e 4 contadores.

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De acordo com o que foi apurado pelas investigações conduzidas pela PF, empresas de construção civil construíram quase duas mil casas no município de Teotônio Vilela/AL e as venderam, utilizando-se do subsídio oferecido pelo Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal. Os donos das empresas envolvidas ofereciam dinheiro para que as pessoas comprassem as casas e incluíssem essa vantagem indevida no valor venal dos imóveis.

Conforme constado, os mutuários, compradores das casas, não teriam renda suficiente para conseguir os financiamentos imobiliários. Eles só aceitaram comprar as casas porque lhes foi prometida uma vantagem financeira (valores de R$ 1 mil a R$ 3 mil), para a compra das casas construídas.Um conjunto residencial inteiro, no município de Teotônio Vilela, foi depredado pelos compradores, em razão de os vendedores (construtores) não terem entregue o dinheiro prometido para compra destes imóveis.

Investigações também apontaram indícios de que os empregados da Caixa tenham liberado financiamentos imobiliários, mediante o recebimento de vantagem indevida, já que alguns dos compradores não preenchem os requisitos para a aquisição. Alguns deles estariam desempregados, quando da assinatura do contrato. Já os contadores, a pedido dos construtores, teriam confeccionado Declarações de Comprovantes de Renda – DECORE falsos, com o objetivo de burlar as exigências da Caixa e, dessa maneira, conseguir a liberação dos financiamentos.

A PF dará continuidade às investigações. O próximo passo é ouvir os funcionários da prefeitura daquele município e responsáveis pela concessão das licenças de construção e “habite-se. Também serão ouvidos os engenheiros responsáveis pela avaliação dos imóveis.

Os investigados poderão responder pelos crimes de quadrilha, falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção ativa, corrupção passiva e estelionato qualificado. Alguns veículos dos envolvidos foram apreendidos, visando a posterior alienação e, por conseguinte, com o dinheiro obtido, ser possível amenizar o prejuízo sofrido pela Caixa.

A indicação da ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Ellen Gracie para a composição do Comitê Especial que acompanha as investigações de irregularidades dentro da Eletrobras trouxe novas proporções ao trabalho que vinha sendo feito por advogados e especialistas da área tecnológica. Com o status de quem já era integrante do Comitê independente da Petrobras, a ministra determinou a ampliação do escopo das investigações também na Eletrobras, o que resultará em um trabalho cinco vezes maior do que aquele planejado inicialmente.

Mais de 100 profissionais investigam, neste momento, algo na casa de milhares de pessoas que possam ter informações sobre irregularidades na estatal elétrica. Além da ampliação no número de pessoas envolvidas no trabalho, incluindo investigadores e investigados, a reportagem do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que as atividades também abrangerão novas empresas, casos das usinas de Teles Pires e São Manoel.

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As investigações tiveram início em junho, ainda com a coleta de dados e reuniões de percepção das operações da Eletrobras, entre outras atividades. Em setembro, com a indicação de Ellen Gracie, os trabalhos foram ampliados. Se em princípio as investigações deveriam focar as obras das usinas Angra 3, Jirau, Belo Monte e Santo Antonio, agora a lista conta também com as usinas Teles Pires, São Manoel, Mauá 3, Simplício e Tumarin. O foco da investigação está na relação entre empresas controladas pela Eletrobras e as construtoras citadas nas investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato.

"A investigação dentro da Petrobras teve início antes e, por isso, a Ellen Gracie, já com a experiência das atividades em curso naquela empresa, solicitou a ampliação do escopo de apuração dentro da Eletrobras", afirmou uma fonte com conhecimento sobre o andamento das investigações e que pediu para não ser identificada. Procurada para comentar o assunto, a ministra Ellen Gracie não foi localizada para conceder entrevista.

Como o prazo de elaboração do relatório final foi mantido para março de 2016, as empresas envolvidas nas atividades de investigação renegociaram novas condições contratuais com a Eletrobras. Há, neste momento, aproximadamente 100 pessoas envolvidas nessas investigações. Entre elas, estão advogados do escritório anglo-americano Hogan Lovells e do brasileiro WFaria Advogados, especialistas em tecnologia das empresas Control Risk e Kroll e funcionários da própria Eletrobras.

O número de pessoas que possa ter alguma informação relevante ao objeto da investigação, por sua vez, chegou à casa dos milhares, segundo apurou o Broadcast. "Todo o material necessário já foi coletado, os dados são cruzados e a partir dessa etapa surgem diversas informações. É um trabalho de garimpo", afirmou a fonte.

Como o prazo é curto, diversas atividades estão ocorrendo em paralelo. Se por um lado especialistas da área tecnológica rastreiam palavras que podem sugerir irregularidades, caso das expressões "café", "cafezinho" e "Pixuleco", além dos nomes das construtoras citadas na Lava Jato, entre outros temas, aos advogados compete ouvir pessoas de diferentes níveis hierárquicos dentro da Eletrobras e das sociedades de propósito específico (SPEs) responsáveis pelas usinas sob investigação.

A tarefa dos investigadores é identificar se houve alguma irregularidade, quem são as pessoas por trás de tais irregularidades, qual foi o impacto de tal prática à Eletrobras e quais medidas seriam necessárias para evitar que a situação volte a se repetir. O resultado das buscas tem sido compartilhado semanalmente com o Comitê Especial, este formado pela ministra Ellen Gracie, pelo ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Durval Soledade e pelo representante dos acionistas minoritários no conselho fiscal da Eletrobras, Manuel Jeremias Leite Caldas.

Mudanças

A diretoria da Eletrobras não concedeu entrevista para falar sobre o tema. Em nota, a estatal se limitou a informar que a investigação está em andamento e que, ao término das atividades, "a empresa informará ao mercado, por intermédio dos canais competentes, o resultado."

Em função disso, ainda não é possível determinar se o andamento das investigações resultou em medidas práticas dentro da estatal do setor elétrico. As investigações feitas pela Polícia Federal, contudo, já causaram o desligamento do então presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Ribeiro da Silva. O almirante foi preso preventivamente em 28 de julho, quando foi deflagrada a Operação Radioatividade. O diretor de Planejamento e Engenharia da Eletronorte, Adhemar Palocci, irmão do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, também foi afastado da companhia.

Embora a Eletrobras tenha participação em mais de 150 SPEs, o trabalho de investigação ficou concentrado em algumas das empresas de maior porte e que potencialmente movimentem contratos mais expressivos. Diante da dimensão do trabalho, o cronograma de conclusão do relatório foi postergado de outubro para dezembro, e então para o final do primeiro trimestre de 2016.

A apresentação do relatório de investigação pode ser uma etapa fundamental para que a Eletrobras conclua a elaboração dos resultados financeiros de 2015 e, ao mesmo tempo, consiga entregar o formulário 20-F para a Securities and Exchange Comission (SEC, equivalente à CVM nos Estados Unidos). O documento referente ao ano de 2014, que deveria ter sido entregue no final de abril passado, ainda não foi encaminhado à autoridade máxima do mercado de capitais norte-americano.

Ao anunciar a postergação da entrega, a Eletrobras atribuiu o atraso à necessidade de "adotar providências adicionais para atendimento das normas de auditoria aplicáveis em relação à jurisdição norte-americana". Naquele momento, as investigações da Lava Jato já indicavam o risco de irregularidades dentro da estatal do setor elétrico.

O presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Idésio Coelho, explica que a SEC não aceita a apresentação de formulários com ressalvas. Dessa forma, a auditoria externa, feita pela KPMG, não poderia adotar tal prática que é comum no Brasil.

Cabe à auditoria dar aval às demonstrações contábeis anuais das empresas brasileiras. Além disso, é papel da auditoria detectar eventuais inconsistências entre os dados apresentados no 20-F e as demonstrações financeiras anuais. Como o balanço anual deve ser publicado até o final de março, o prazo de elaboração do relatório dos investigadores não pode ser postergado.

Depois de crescerem a uma taxa média anual de quase 4% na última década, as empreiteiras entraram num rápido processo de declínio. A situação tem sido tão complicada que as maiores construtoras do Brasil, como Odebrecht, Camargo Corrêa e Mendes Júnior, não conseguiram fechar um único contrato no decorrer deste ano, seja porque estão envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga corrupção em contratos com a Petrobras, ou porque a recessão econômica afundou os investimentos públicos e privados no País.

O resultado tem sido uma enxurrada de demissões (mais de 500 mil empregos foram cortados no setor este ano), vários ativos à venda para fazer caixa e centenas de empresas em recuperação judicial (253 construtoras em processo de recuperação entre janeiro e setembro).

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A expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor feche o ano com queda de 11%, segundo cálculos da consultoria GO Associados feitos a pedido da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop) - no ano passado, a retração foi de 2,6%.

Segundo a Odebrecht, líder do ranking nacional de construtores, o cenário econômico afetou os investimentos em infraestrutura, "o que é a causa principal de a empresa não ter conquistado novos contratos no Brasil".

Outras gigantes do setor, como Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, estão em situação semelhante, afirmam fontes. Mas, procuradas, as três empresas não quiseram falar sobre o assunto.

Já a Carioca Christiani-Nielsen Engenharia foi sutil na resposta se fechou ou não novos contratos neste ano. Em nota, afirmou que "está focada em seguir seu planejamento estratégico e em cumprir os contratos atuais nos prazos acordados, tanto com seus clientes públicos quanto privados".

Reputação

Além da escassez de novos serviços, todas essas companhias têm em comum o fato de estarem envolvidas na Operação Lava Jato. Embora não estejam proibidas de participar de licitações públicas com o governo federal, já que não foram consideradas inidôneas pela Controladoria-Geral da União (CGU), a reputação manchada pelo esquema de corrupção cria uma série de empecilhos na disputa por novos negócios no setor privado.

Em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o diretor de Investimentos e Operações da LogZ, Roberto Lopes, afirmou que estava com dificuldades para contratar empreiteiras para tocar alguns projetos portuários da empresa. Formada por fundos de investimentos que têm como cotistas grandes fundos de pensão (Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, e Funcef, da Caixa), a empresa afirmou que tem receio de contratar alguma construtora que não consiga terminar o serviço.

Na avaliação do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, as construtoras envolvidas na Lava Jato sofrem mais porque sempre estiveram à frente dos megaempreendimentos do Brasil, como as grandes hidrelétricas, que têm melhor rentabilidade e exige maior especialização. "O problema é que esses projetos sumiram. Não temos novos empreendimentos de grande porte em licitação no País ou na iminência de sair."

Sem contratos novos, essas empresas também estão recebendo menos da União pelos serviços já prestados. Levantamento do Contas Abertas mostra que, de janeiro a agosto, os desembolsos foram 58% menores do que em igual período de 2014, R$ 1 bilhão ante R$ 2,4 bilhões. Para algumas companhias, como a Mendes Júnior, essa redução tem um efeito devastador no caixa, já que 76% da carteira da empresa vem do setor público.

Na Odebrecht e na Camargo Corrêa, essa relação é inversa: cerca de 80% dos contratos são privados. Mas, independentemente da origem dos contratos, essas empresas estão buscando alternativas para amenizar os efeitos da retração do mercado doméstico.

Na Odebrecht, por exemplo, a participação internacional na receita da companhia cresceu para 82%. No ano passado, no mesmo período, essa fatia era de 73%. Além da queda nas receitas internas (em 2014, houve queda de 20% por causa da entrega dos estádios), a empreiteira conquistou sete novos contratos no exterior.

Empresas que não estão relacionadas com o escândalo de corrupção também enfrentam dificuldade para conseguir novos negócios, a exemplo de Contern e da espanhola Isolux. As duas empresas passaram 2015 à míngua. "Nada aconteceu este ano. Está tudo parado. Para o governo federal, essa situação virou cômoda porque ele não tem dinheiro para pagar", afirma o presidente da Apeop, Luciano Amadio. Segundo ele, as empresas estão ávidas por novos negócios, especialmente as de pequeno e médio porte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As empresas da construção têm uma proposta para mudar a remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Trata-se de uma tentativa das incorporadoras e construtoras de evitar o avanço do projeto apadrinhado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que elevaria o rendimento do FGTS, equiparando-o aos ganhos da caderneta de poupança.

Como o FGTS serve de base para empréstimos para a construção e compra de imóveis, a indústria teme que a proposta de Cunha prejudique os financiamentos. Seria preciso elevar os juros cobrados dos empréstimos para que se pudesse aumentar a remuneração das contas dos trabalhadores no FGTS.

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As construtoras defendem que, em vez de igualar os juros da remuneração das contas aos da poupança, o Congresso altere a forma como é usado o superávit do fundo - ou seja, os ganhos anuais obtidos pelo FGTS com os empréstimos imobiliários. Hoje, esses ganhos engordam o patrimônio do fundo e são usados em novos empréstimos no ano seguinte. A proposta das empresas prevê que o lucro seja dividido ao meio, metade para engordar o patrimônio do fundo e a outra metade para os trabalhadores, como se fossem dividendos de uma aplicação financeira.

O projeto da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) é chancelado por praticamente 80 sindicatos e associações patronais espalhados por todos os Estados e no Distrito Federal. Na sexta-feira, o presidente da Cbic, José Carlos Martins, pediu o apoio do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, à proposta. Ele também já conversou com dois ministros e com representantes dos bancos oficias.

Minha Casa

Pelas contas da Cbic, se a proposta de igualar o rendimento do FGTS ao da poupança passar no Congresso, a taxa de juros dos financiamentos imobiliários que usam recursos do FGTS teria de subir em até 80%. Atualmente, as taxas praticadas podem chegar a 4,5% ao ano - na hipótese de aprovação do projeto, a taxa média a ser buscada deve ser de 10,8%, segundo a Cbic.

Para o setor, a terceira etapa do Minha Casa Minha Vida, com meta de contratação de mais 3 milhões de unidades habitacionais nos próximos quatro anos, ficaria ameaçada porque os juros seriam "inadequados" ao público-alvo. "Em consequência, os recursos do governo serão mais solicitados para o atendimento das demandas dos movimentos de moradia e da população de menor renda, em especial as que ocupam áreas com risco geológico", afirmou nota técnica da Cbic.

"A parcela mais alta vai caber no bolso de apenas uma parte das pessoas que hoje são beneficiadas pelo programa", diz Ronaldo Cury de Caputa, vice-presidente de habitação popular do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). "O trabalhador tem de entender que só ele consegue comprar a casa dele com essas taxas por causa da remuneração atual do FGTS."

Se os deputados aprovarem a urgência, como foi prometido por Eduardo Cunha, o projeto é colocado em pauta na sessão deliberativa seguinte, mesmo que seja no mesmo dia.

A Caixa informou que, no papel de agente operador do FGTS, não se posiciona sobre o projeto em tramitação no Congresso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dias antes de o ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, haver admitido em público que as obras de sua pasta podem parar e que o atraso do governo nos pagamentos é insuportável para as médias e pequenas construtoras, sua equipe havia sido informada de uma manifestação do Tribunal de Contas da União (TCU) que ameaça tornar a situação das empresas ainda mais grave. O TCU questiona a decisão do governo de repassar rapidamente, aos contratos de obras rodoviárias em andamento, o aumento de 35% no preço do asfalto.

Esse reajuste, imposto no início do ano pela Petrobrás, tem impacto de até 15% no custo da obra, segundo estimativas do setor. O asfalto representa perto de metade dos gastos nas obras rodoviárias. Diante desse quadro, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) iniciou negociações com as construtoras para incluir o gasto extra nos contratos.

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Mas, no último dia 24, o órgão recebeu uma correspondência do TCU solicitando mais informações. A base é um despacho do ministro Augusto Nardes orientando que, nesse caso, é preciso considerar a variação de preço de todos os insumos utilizados na obra e o estágio de cada contrato.

"É um retrocesso fatal", disse o presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor), José Alberto Pereira Ribeiro. O temor das construtoras é que uma avaliação detalhada, como quer o TCU, demande tempo e atrase por meses o socorro financeiro. E isso é uma pressão adicional no caixa das empresas, que já convivem com atrasos de pagamento do governo.

As empreiteiras que trabalham para o Dnit têm faturas a receber desde dezembro, segundo informou Ribeiro. A dívida está estimada em RS 1,7 bilhão.

Há, além disso, uma indefinição quanto ao orçamento deste ano. Mas, se for mantido o nível atual de aperto, a perspectiva é de um corte de 50% nos recursos da pasta, estimam as construtoras. Para evitar que novas dívidas se acumulem, as empresas colocaram o pé no freio. O ritmo das obras caiu para 30% a 40% do usual. "Precisamos continuar vivos", afirmou o presidente da Aneor. "Nosso oxigênio acabou."

Começa nesta sexta-feira (24), o 11º Feirão Caixa da Casa Própria em Recife. O evento, que será realizado no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda, conta com mais de 20.513 imóveis, novos ou usados, que estarão em oferta até o domingo (26). Nesta edição, o foco será o financiamento de habitação popular do Programa Minha Casa Minha Vida e das demais operações com recursos do FGTS, cujo teto máximo é de R$ 170 mil em Recife.

O Feirão é considerado o maior do ramo imobiliário, e acontece também em outras 13 cidades do Brasil, de abril a junho deste ano. Em Recife, mais de 54 construtoras, cerca de 40 correspondentes imobiliários Caixa e 5 imobiliárias ocuparão os estandes do evento.  São mais de 7.471 empreendimentos novos, mais de 11.402 imóveis novos e 1.640 imóveis usados, num total de 20.513 em oferta.

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Atendimento

Para requerer o crédito para casa própria, no Feirão, é preciso levar documento de identidade, CPF e comprovante de renda. Os interessados também podem obter informações nas agências da Caixa ou pelo Serviço de Atendimento ao Cliente (0800 726 0101), disponível 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana.

Com informações da assessoria.

A Fitch rebaixou os ratings de várias empresas brasileiras do setor de construção, incluindo a Construtora Queiroz Galvão S.A., a Galvão Participações S.A. (GalPar), a Galvão Engenharia S.A. (GESA) e a Mendes Júnior Trading e Engenharia S.A. (MJTE). Com exceção da MJTE, todas as empresas citadas continuam em observação para um possível rebaixamento adicional.

Além disso, a agência de classificação de risco reafirmou, mas manteve em observação negativa os ratings da Camargo Corrêa S.A., da CCSA Finance Limited, da Construtora Andrade Gutierrez S.A., da Andrade Gutierrez International S.A., da Construtora Norberto Odebrecht S.A. (CNO) e da Odebrecht Finance Limited.

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Em nota, a Fitch deu como razões para o rebaixamento as ações em andamento da operação Lava Jato, que podem levar a novas descobertas negativas; a diminuição das opções de financiamento para a maioria das construtoras; medidas punitivas que ainda estão para ser determinadas; as difíceis condições para o recebimento de pagamentos por projetos concluídos; e possíveis reestruturações, suspensões ou atrasos relacionados a contratos existentes com a Petrobras.

A MJTE foi rebaixada de B- para CC, devido à fraca posição de liquidez da empresa e pouco acesso a financiamento, explicou a Fitch. Junto com outras 22 empresas, a MTJE foi temporariamente proibida de participar de licitações da Petrobras e/ou de ser contratada pela estatal. Cerca de 90% dos projetos da Mendes Júnior são com entidades do governo.

A agência rebaixou também os ratings da GalPar, de B+ para B-, da GESA, de BBB+ (bra) para BB+ (bra), e da Construtora Queiroz Galvão, de AA-(bra) para A(bra). Segundo a Fitch, o grupo também tem problemas de liquidez e há incertezas sobre o recebimento de mais de R$ 800 milhões da Petrobras pela GESA.

As incorporadoras paulistas desembarcaram em Salvador, em 2009, inventando moda e falando bonito, lembra o empresário Luiz Fernando Pessoa, dono da construtora baiana Sertenge. "Era land bank pra cá, land bank pra lá. E eu não fazia ideia do que era isso", conta. "Só depois descobri que esse é o nome em inglês para banco de terreno."

A agressividade das grandes construtoras na aquisição de áreas na capital baiana foi só o começo de um ciclo que terminou em crise e colocou Salvador como uma das cidades que mais sentiram com o tropeço do mercado imobiliário. Segundo dados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), em 2006, foram lançados 2 mil imóveis na capital - número que saltou para 10 mil em 2010.

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Empresas como Cyrela, Gafisa, Rossi e PDG fizeram parceria com construtoras locais para explorar o mercado baiano. Uma delas, entre a Cyrela e a Andrade Mendonça, deu origem ao que era, à época, o maior empreendimento residencial em construção no País, com 1.138 apartamentos de alto padrão em 18 torres, na avenida mais movimentada da cidade.

A partir de 2011, porém, o cenário mudou. Antes mesmo de os indicadores econômicos nacionais começarem a se deteriorar, o mercado imobiliário baiano teve problemas. O plano diretor de Salvador, aprovado em 2008, foi suspenso, gerando insegurança jurídica. Em 2011, o número de unidades lançadas caiu para 7,8 mil e despencou para 2,3 mil no ano seguinte - patamar que se manteve no ano passado. "Em junho, estávamos com um estoque de 7,5 mil unidades - quase o dobro do que foi registrado em vendas em 2013", diz Luciano Muricy Fontes, presidente da Ademi. Quase todas as grandes empresas abandonaram os projetos em Salvador.

Aos 67 anos, dono de uma construtora que tem 80% do negócio voltado para a primeira faixa do Minha Casa, Minha Vida (cujo valor do imóvel é 100% subsidiado pelo governo), Pessoa define o que aconteceu em Salvador como uma "hipnose coletiva". "Não entrei nessa, porque sou muito católico e rezo muito. Fui protegido por Deus."

Com receita de R$ 450 milhões em 2013 e 6 mil funcionários, a Sertenge espera a crise passar para voltar a construir imóveis de médio padrão. "Por enquanto, somos filhotes do Minha Casa, e estamos muito bem assim." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Já não é preciso muitas linhas para contar o que aconteceu com o mercado imobiliário brasileiro nos últimos anos. Do analista de banco no escritório ao corretor de imóveis nas ruas, a história é conhecida de cor e salteado: as grandes empresas correram para levantar dinheiro na bolsa de valores, saíram comprando terrenos e lançando empreendimentos numa velocidade inédita, partiram para cidades que não conheciam, venderam imóveis freneticamente, perderam o controle de tudo isso, tiveram prejuízos bilionários, perceberam que estava (quase) tudo errado e decidiram se reorganizar.

Enquanto esse enredo se desenhava, um grupo de empresas regionais escrevia uma história paralela. Praticamente desconhecidas nos grandes centros e dos investidores, essas construtoras seguiram, por convicção ou falta de oportunidade, distantes do mercado de capitais, e da pressão por resultado que a Bolsa impõe.

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Muitas delas apostaram alto no programa federal Minha Casa, Minha Vida, lançado em 2009 para subsidiar a construção de casas populares, e passaram a figurar entre as maiores construtoras do setor em número de unidades. Há casos de empresas como a curitibana Casa Alta que, com 87 canteiros de obra em atividade no ano passado, atingiu uma área total de 2,8 milhões de metros quadrados "em construção" no País, superior à de companhias como a Even e a Rossi e muito perto de Tecnisa e Brookfield, que trabalham com imóveis de médio e alto padrão.

Assim como a mineira Emccamp, a Casa Alta já divide espaço com gigantes no ranking de maiores construtoras do País: em cinco anos, o faturamento anual da empresa saltou de R$ 30 milhões para meio bilhão de reais. O número de funcionários foi multiplicado por 20, chegando a 4,7 mil.

'Boom'

"O mercado imobiliário passou por uma avalanche de mudanças nos últimos anos", disse Guilhermo Guirao Vidal, presidente da Inteligência Empresarial da Construção (ITC), consultoria que abastece fornecedores do setor com informações e é responsável pelo ranking, publicado anualmente. "Ao mesmo tempo em que esse movimento criou gigantes nacionais, reforçou a atuação de empresas menores, com presença regional."

A Emccamp, fundada em Belo Horizonte há 40 anos, chegou a cogitar uma abertura de capital, contratou bancos e escritórios de advocacia, mas desistiu. "Não conseguiríamos entregar o que os investidores estavam cobrando das construtoras: volume e crescimento rápido", diz André Campos, vice-presidente executivo e filho de um dos dois fundadores. "A filosofia do mercado financeiro não era a nossa." Hoje, olhando para trás, ele se gaba da decisão tomada pela família.

A empresa conseguiu manter a operação sob controle, ao contrário do que aconteceu com as rivais de maior porte. Os 12 canteiros de obra com empreendimentos do Minha Casa estão a uma hora de distância de avião da sede e são visitados semanalmente pelo pai de André, Eduardo Pinheiro Campos. Em 2012, quando cinco das maiores empresas de capital aberto do setor registraram, juntas, um prejuízo de quase R$ 3 bilhões, a Emccamp lucrou R$ 43,8 milhões. Em 2013, os ganhos somaram R$ 65 milhões, segundo balanço publicado pela empresa.

Desde sua origem, a construtora mineira trabalha com habitação popular e é este segmento que vai garantir a ela, neste ano, um faturamento de R$ 550 milhões. "Nos organizamos para passar pelo ano eleitoral sem problemas, já que dependemos do Minha Casa, Minha Vida", diz André. Segundo ele, a empresa garantiu a construção de unidades que somam um valor R$ 1 bilhão no próximo um ano e meio.

Desafios

Entre as grandes, as que mais se destacaram no segmento de habitação econômica foram as mineiras MRV e Direcional, com receita de R$ 3,8 bilhões e R$ 1,7 bilhão no ano passado. Outras empresas de capital aberto chegaram a se aventurar nesse terreno, de margens de lucro muito baixas, mas desistiram. A Rodobens, por exemplo, que teve 100% do negócio concentrado no Minha Casa, em 2010, entregou o último empreendimento ligado ao programa em dezembro do ano passado, abandonando completamente a estratégia. "Era inviável financeiramente", diz o presidente Marcelo Borges. Ex-executivo do Santander, ele assumiu a Rodobens Negócios Imobiliários no fim de 2010 com a missão de salvar a companhia.

A saída encontrada foi abandonar o programa do governo. "Éramos monocliente, monoproduto, monobanco e monoterreno. O risco era altíssimo", brinca, depois da mega reestruturação que levou a empresa novamente para o médio padrão - e para o azul.

Um dos grandes desafios encontrados pela Rodobens e por companhias que não estavam habituadas a lidar com a população de baixa renda era o financiamento. Ao longo da obra, as famílias perdiam capacidade de financiar o imóvel e eram recusadas pelo banco - o que resultava nos chamados distratos. Em média, Borges diz que uma mesma unidade chegava a ser vendida quatro vezes, para compradores diferentes.

A dificuldade das grandes incorporadoras abriu espaço para empresas menores, que dominavam o relacionamento com os bancos públicos, financiadores do programa, e que investiram em tecnologia para ganhar escala e fazer a conta fechar. "Hoje, essas empresas não assentam mais tijolo", diz José Carlos Rodrigues Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Elas importam formas de alumínio da China e preenchem o espaço com cimento - método que reduz de quatro para um mês a construção de um prédio de cinco andares e exige um terço da mão-de-obra.

Econômico

Segundo o CBIC, 85% das 2,4 mil construtoras que atuam no Minha Casa são pequenas e médias. Elas entraram na disputa pelas 3,4 milhões de unidades que foram contratadas entre 2009 e junho deste ano. Embora os dados do mercado imobiliário sejam escassos, pesquisas isoladas dão uma ideia de que a crise, de certa forma, poupou os empreendimentos econômicos, fazendo com que as companhias que se dedicaram a esse segmento sofressem menos com a crise até aqui.

Um levantamento da imobiliária Lopes mostra que unidades com preço inferior a R$ 199 mil representam apenas 6% dos imóveis em estoque em São Paulo. Entre as unidades de R$ 400 mil a R$ 699 mil, 23% não foram vendidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O preço da casa própria está mais acessível ao bolso do brasileiro. O metro quadrado do imóvel pronto sobe abaixo da inflação em algumas capitais, como Belo Horizonte e Porto Alegre, e já acumula queda em outras, casos de Curitiba e Brasília. Além disso, as empresas do setor correm para desovar os altos estoques, geradores de custos adicionais indesejáveis.

A explicação está no front macroeconômico. Sucessivos indicadores - da indústria ao varejo - reforçam a desaceleração da economia brasileira, que pode crescer menos de 1% neste ano. O pessimismo entre consumidores é agravado pelo endividamento familiar (na média, de 46% da renda, pelos dados do Banco Central).

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Mais caras, as concessões de crédito imobiliário também estão em queda. Após avanço na casa dos 95% de 2011 a 2013, caíram 2,2% entre os meses de junho de 2013 e 2014, segundo o BC. Os juros reais (descontada a inflação) do financiamento imobiliário foram de 1,5% para 2,5% ao ano na mesma comparação - seguindo a trajetória de alta da taxa Selic.

Clemens Nunes, professor de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que o incremento salarial no Brasil nos últimos anos criou expectativa positiva nas construtoras, não confirmada. "Quem não vendeu no lançamento dos imóveis agora tem alto custo de manutenção", diz. Ou seja, prédios foram erguidos além da capacidade de compra, gerando descompasso entre oferta (alta) e demanda (baixa) e consequente desaceleração dos valores.

Com isso, os preços reais dos imóveis no Brasil estão no menor patamar desde o pico observado em 2011, quando a euforia tomava conta do setor - diz o professor João da Rocha Lima Jr., do Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP. Ele leva em conta um cálculo próprio, em que desconta os custos dos empreendimentos do Índice de Valores de Garantia de Imóveis Residenciais Financiados (IVG-R), o qual reflete o preço em 11 regiões metropolitanas e é aferido pelo BC.

"Os preços estavam inadequados no 1º trimestre de 2011 e hoje estão num patamar justo", diz. "Ou seja, são suficientes para pagar os custos de construção e garantem uma remuneração adequada às empresas pelo risco."

Para ele, não há espaço para especulação hoje, porque a demanda está contida. Tampouco há margem para quedas consideráveis de preço - caso contrário, o investimento não seria atrativo às construtoras. A tendência, nessas condições, seria a de estabilidade no curto e médio prazos. Nunes, da FGV, tem opinião semelhante, mas não descarta recuo nos preços pelos próximos dois anos.

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Para quem se preparou financeiramente para a compra, a hora é de caçar oportunidades. Em agosto, estão marcados ao menos dois grandes saldões, com descontos de até 45%. A incorporadora PDG e a imobiliária Realton alardeiam grandes promoções. No último sábado, a Lopes realizou liquidação-relâmpago, com ofertas para 70 empreendimentos na Grande São Paulo. A imobiliária vai avaliar os resultados da ação e pode repetir o modelo em outras regiões do País. A Abyara também estuda ações para um futuro próximo.

Planejadores financeiros e analistas do segmento, no entanto, são unânimes ao alertar para as promoções aparentemente fantásticas: elas podem levar a compras por impulso e negócios pouco vantajosos. "Nenhuma empresa é capaz de oferecer 30% de desconto sem ter prejuízo, não há margem para isso", destaca Rocha Lima Jr., da USP. O economista afirma que as margens variam entre 12% e 20% do preço.

A compra do imóvel é decisão que não deve ser motivada por promoções, afirma o CEO da Soma Invest, Marcio Neubauer. Aquisições desse porte podem comprometer fatia considerável da renda no longo prazo e exigem pesquisas e planejamento. "O comprador precisa fazer a lição de casa e não pode se deixar seduzir por liquidações ao estilo Black Friday", diz.

O planejador financeiro familiar Augusto Saboya recomenda aos compradores que pechinchem ao máximo. "Mesmo num saldão, o vendedor oferece um preço que pode cair ainda mais", diz. Saboya alerta também para o atual momento de instabilidade da economia. Caso não haja a necessidade urgente de mudar de casa, o ideal seria esperar o fim das eleições presidenciais, diz. "Os próximos rumos da política econômica podem causar uma piora de cenário e prejudicar a saúde financeira de muitas famílias no ano que vem", diz.

Cuidados

Saboya recomenda cautela: "Até bater o martelo, o comprador tem de colocar na ponta do lápis todos os gastos envolvidos". Para ele, as famílias correm riscos de não honrar dívidas ao comprometer mais de 10% da renda com parcelas imobiliárias. E além dos compromissos acertados no contrato, é necessário lembrar que haverão gastos de cerca de 5% do valor do imóvel com burocracia e de até 6% com corretagem.

Antes da aquisição também é importante considerar o momento vivido pelo comprador. "Imóvel para recém-casados, por exemplo, é um mau negócio: o casal ainda não sabe quantos filhos terá ou se vai mudar de trabalho, cidade ou País", entende Neubauer, da Soma Invest. "Nessa fase, é melhor morar de aluguel e ir poupando para garantir uma entrada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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