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Anfitrião de um almoço nesta quinta-feira, 27, com Joaquim Levy, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ter dito ao ministro da Fazenda que tem "muita preocupação" com o aumento de impostos. Na chegada ao Senado, Renan disse que no encontro não se discutiu a volta da CPMF e sim a Agenda Brasil, pacote de propostas lançadas por ele para conter a crise econômica.

"Ele (Levy) não tratou da CPMF. As nossas prioridades, da Agenda Brasil, são a reforma do ICMS, a reforma do PIS/Cofins. E disse para ele, mais uma vez, que tenho preocupação com a elevação da carga tributária. O imposto, quando é grande demais, mata o próprio imposto", disse Renan. O presidente do Senado disse que Levy falou no encontro sobre a conjuntura econômica, a necessidade de dar continuidade ao ajuste fiscal e de elencar prioridades para a Agenda Brasil, estabelecendo um calendário de votação das propostas. Segundo Renan, na próxima terça-feira vai haver a instalação de uma comissão para tratar da agenda e, no dia seguinte, a criação de outro colegiado composto por juristas para propor iniciativas a fim de desburocratizar o País.

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Questionado novamente sobre sua declaração pela manhã contra a volta da CPMF, derrubada pelo Senado em 2007, Renan recuou. Ele disse não ter falado especificamente contra a criação da CPMF - embora a pergunta feita pelos repórteres tenha sido essa. "Não falei especificamente contra a criação da CPMF. Falo de acordo com o entendimento geral: é sempre preocupante a elevação da carga tributária, a criação de imposto. Prefiro raciocinar pelo corte de despesa, pela simplificação, pelo aumento da base. Dessa forma, o Brasil caminhará melhor", afirmou. Participaram do almoço, além de Renan e Levy, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e o ministro de Minas e Energia, o senador licenciado Eduardo Braga (PMDB-AM).

Descartada no início do ano, a proposta de volta da CPMF, também conhecida como "imposto do cheque", ganha força no governo para fechar as contas em 2016. Fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, confirmaram que o envio de uma proposta de emenda constitucional ao Congresso Nacional faz parte do conjunto de medidas de aumento de tributos em discussão na elaboração da proposta do Orçamento da União do ano que vem.

Apesar do clima desfavorável no Congresso e na sociedade para um novo aumento da carga tributária, a avaliação é de que a volta do tributo - extinto em 2007, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva - é indispensável para tirar as contas públicas de um quadro deficitário em 2016, ano em que a economia brasileira continuará em ritmo lento, segundo todas as previsões.

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Se as medidas de corte dos programas e despesas não tiveram grande alcance para garantir o cumprimento da meta de economia de R$ 43,834 bilhões de 2016, o equivalente a 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB), o governo terá de recorrer a uma dosagem maior de aumento da carga tributária.

Rombo bilionário

O rombo previsto - ou seja, a distância entre o que se projeta hoje de receitas e despesas sem novas medidas em comparação à meta de superávit primário de 0,7% do PIB - é superior a R$ 60 bilhões. O valor é maior do que a própria meta, o que mostra que a equipe econômica começou a preparar a proposta de Orçamento partindo de um déficit primário no fim do ano.

O problema é que o corte de programas e despesas obrigatórias que está sendo definido pela Junta Orçamentária (formada por representantes dos Ministérios da Fazenda, Planejamento e Casa Civil) é muito menor que o necessário para fechar as contas. "É preciso ter um Orçamento com mais imaginação e olhar melhor para a natureza do gasto", disse uma fonte da equipe econômica. Ele deu como exemplo medidas para reduzir as despesas com benefícios como o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez.

Por causa do ambiente de alta instabilidade política, não há definição sobre a conveniência de enviar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da CPMF. A proposta está sendo analisada pela presidente Dilma Rousseff. E o governo já tem uma minuta pronta da PEC.

Saúde e educação

A avaliação de pessoas próximas às discussões é de que a medida pode ser aprovada caso os recursos arrecadados tenham destino certo - como, por exemplo, saúde e educação. "Os governos estaduais podem ajudar a aprovar se ela estiver bem detalhada e atendendo a demandas específicas", disse uma fonte ouvida pela reportagem. O importante é que o dinheiro não seja usado para criar novas despesas.

Ainda não está definido se as propostas fiscais para 2016 serão encaminhadas com o Orçamento. Segundo uma fonte, o governo pode deixar para depois do envio do projeto orçamentário. Algumas medidas já foram anunciadas, como a reforma administrativa e a venda de imóveis da União.

Resistência

O impasse cresceu nos últimos dias dentro do governo por causa da pouca disposição para aprovar propostas de cortes mais profundos e duradouros nas despesas obrigatórias. A estratégia inicial do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, era a de aprofundar os cortes e as reformas estruturais, mas há uma pressão grande para novas medidas de aumento de impostos para reforçar a arrecadação.

"A conta não vai fechar sem aumento de tributos", disse um integrante da equipe econômica. Outras alternativas de aumento de tributos estão em análise, entre elas, a possibilidade de envio ao Congresso de proposta para acabar com benefício tributário para a distribuição de Juros de Capital Próprio para as grandes empresas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pedido do Planalto, a corrente de Lula e o grupo do presidente do PT, Rui Falcão, conseguiram retirar da resolução política do 5º Congresso do partido a defesa da CPMF, o imposto do cheque, depois que o ministro da Saúde, Arthur Chioro, revelou as negociações em curso com governadores e prefeitos para criar um modelo de financiamento do setor.

Chioro foi desautorizado por Levy e o PT suprimiu a referência à CPMF na Carta de Salvador, para não tirar o protagonismo de governadores e prefeitos que querem o tributo, mas não podem parecer a reboque dos petistas.

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Gritos contra o ajuste fiscal, com pedidos de recontagem de votos, marcaram as disputas entre as correntes no plenário. "A CUT tem razão. Ajuste é recessão!", bradavam os militantes. "A partir de agora, o governo precisa fazer um movimento para aqueles que estão no andar de baixo", afirmou o secretário de Comunicação do PT, deputado José Américo Dias, ao defender a emenda "Para Além do Mercado", que classificava o ajuste como "unilateral".

O grupo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no PT decidiu nesta sexta-feira, 12, retirar a defesa da CPMF da proposta de resolução política do 5.º Congresso do partido, em Salvador.

"Não há consenso no PT sobre esse tema", afirmou o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). "Essa proposta não tem como frutificar porque representa aumento da carga tributária. Por mais justa que seja, não vejo clima para isso passar no Congresso", emendou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).

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No texto-base aprovado na quinta-feira para nortear os trabalhos do 5.º Congresso do PT, a corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), de Lula, conseguiu encaixar um parágrafo em defesa da CPMF. "Somos favoráveis à retomada da contribuição sobre movimentação financeira, um imposto limpo, transparente e não cumulativo, como uma nova fonte de financiamento da saúde pública", dizia o documento.

Uma emenda supressiva ao texto, porém, será apresentada ainda nesta sexta. Em conversas reservadas, dirigentes do PT avaliam que o rótulo de CPMF causa ainda mais desgaste para o governo. "Não houve um debate mais aprofundado com a base do partido", insistiu Guimarães.

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, está conversando há um mês com governadores e prefeitos sobre formas de sustentar o Sistema Único de Saúde (SUS). A presidente Dilma Rousseff autorizou o ministro a executar a missão, na tentativa de encontrar uma "alternativa" para o financiamento da saúde, mas há divisões no governo sobre o modelo a seguir, por causa do aumento da carga tributária. Segundo ele, caso o tributo fosse aprovado, a classe média não seria afetada.

Antes de saber da decisão, Chioro foi questionado se a iniciativa do PT de inscrever o apoio à CPMF na resolução final do Congresso petista ajudava o governo. "Acho importante porque sinaliza um debate para o Congresso Nacional", afirmou o ministro da Saúde. "Fico satisfeito porque estamos tomando a dianteira nesse debate."

Nas hostes petistas há uma tendência majoritária que defende a volta da Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira, a CPMF. A contribuição foi iniciada no governo FHC e vigorou até 2007, cuja alíquota era de 0,38%. 

Durante o período de dez anos, a CPMF arrecadou R$ 284 bilhões. Em votação no Senado eram necessários 49 votos a favor para que a contribuição continuasse a ser cobrada do povo brasileiro, mas apenas 45 senadores votaram a favor, o que configurou uma derrota significativa ao governo Lula na época.

Hoje, num cenário de crise econômica, onde a sociedade brasileira está sendo penalizada por sucessivos aumentos de impostos, recriar a CPMF é uma afronta ao povo brasileiro. Cogitar a volta do “Imposto do Cheque” é mais uma evidência do estelionato eleitoral praticado pela presidente Dilma Rousseff.

Ainda não se sabe se isso terá efetividade prática, bem como se ela será batizada de CPMF ou de Contribuição Social da Saúde (CSS). Mas os indícios de que ela entrará na discussão são claros. Um documento elaborado pelo presidente do PT Rui Falcão tem os seguintes dizeres: “Somos favoráveis à retomada da contribuição sobre movimentação financeira, um imposto limpo, transparente e não cumulativo, como uma nova fonte de financiamento da saúde pública”.

Na próxima sexta-feira, no Congresso Nacional do PT, saberemos se a volta da CPMF é apenas devaneios da cabeça de Rui Falcão ou se será executada pela presidente Dilma Rousseff. De todo modo é melhor preparar o bolso.

Protestos - Grupos anti-PT estarão a postos na próxima sexta-feira para vaiar a presidente Dilma Rousseff, senadores, governadores, deputados e lideranças do PT no encontro do partido em Salvador. O protesto será liderado por Kim Kataguiri, coordenador do Movimento Brasil Livre, que já se encontra na capital baiana. 

Enem - Pela primeira vez em oito anos o número de inscrições no Enem caiu. Foi 10,67% menor que a quantidade de inscritos do ano de 2014. Uma das motivações é a perda de credibilidade do Exame, que vem enfrentando sucessivos escândalos ao longo dos anos. A outra é o aumento da taxa de inscrição, que era de R$ 35,00 e aumentou para R$ 63,00.

Nordeste - Os deputados Claudiano Filho (PSDB), Miguel Coelho (PSB) e Rodrigo Novaes (PSD), que integram o movimento União Pelo Nordeste, estiveram reunidos com o ministro de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger para tratar do problema da estiagem e alternativas para amenizar seu impacto na região.

Hub - O governo de Pernambuco realizará amanhã um ato suprapartidário a favor da implantação do Hub do Nordeste em Pernambuco no Palácio do Campo das Princesas. O empreendimento é da TAM e seria uma espécie de porta de entrada para a região. Pernambuco está na disputa com Rio Grande do Norte e Ceará, mas há quem diga que a opção pelo Ceará já tenha sido feita.

RÁPIDAS

Pernambuco - No Plano de Investimento em Logística, Pernambuco foi contemplado com algumas obras. Como a duplicação da BR-232 até o Cruzeiro do Nordeste, a construção do Arco Metropolitano e de cinco novos terminais no porto de Suape. Os investimentos serão na ordem de R$ 6 bilhões.

Aeroporto - Considerado um dos melhores do Brasil, o Aeroporto Internacional dos Guararapes ficou de fora do pacote de concessões anunciado por Dilma, mas o governador Paulo Câmara garantiu que em 2016 o aeroporto será repassado para a inciativa privada.

Inocente quer saber - Por quê o Palácio do Planalto trata o ex-deputado João Paulo como aliado de quinta categoria, haja vista que até hoje não encontrou um lugar no governo federal para o ex-prefeito do Recife? 

A cúpula do PT vai defender a volta da CPMF, o imposto do cheque, como alternativa para manter os programas sociais em andamento diante do forte ajuste fiscal que será imposto pelo governo Dilma Rousseff. Além disso, o PT vai insistir na proposta de taxação das grandes fortunas, embora o governo pretenda enviar ao Congresso projeto de criação de um imposto federal sobre heranças.

"O governo é uma coisa e o partido é outra", disse o presidente do PT, Rui Falcão. "A presidenta vai mandar para o Congresso um projeto de taxar grandes heranças, que hoje é um imposto estadual sobre qualquer herança. É preciso tomar cuidado para que não achem que nós queremos tungar os velhinhos e as velhinhas. Nós queremos taxar as grandes fortunas, porque é isso que perpetua a desigualdade no mundo todo", disse o presidente do PT, Rui Falcão.

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A CPMF, por sua vez, não é chamada de imposto pelo PT. "Não estamos falando de novo imposto. É uma contribuição social sobre a saúde", afirmou Falcão.

O PT discorda da revisão de direitos trabalhistas e previdenciários proposta pelo governo para cortar despesas, como as restrições para acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial, e vai propor ao governo "fontes alternativas" para aumentar a arrecadação. Na lista estão a CPMF e o imposto sobre grandes fortunas. "Grandes fortunas, imposto sobre herança, financiamento da saúde são bandeiras aprovadas em reunião do Diretório do PT. Eu não estou inventando a roda", comentou o presidente do PT.

Questionado sobre declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para quem medidas como a taxação de grandes fortunas não têm tanto impacto, Falcão disse que, embora seja "muito difícil" no Brasil mudar a estrutura tributária "regressiva e injusta", o PT continuará insistindo nisso por causa de sua base social.

"É um impacto que ajuda no ajuste fiscal e que dialoga com a nossa base também", admitiu ele. Na avaliação de Falcão, que se reúne nesta quarta-feira com deputados do PT para discutir essas propostas, as mudanças na base tributária do Imposto de Renda também "reduzem a desigualdade e, além disso, favorecem a classe média".

O novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Armando Monteiro Neto, se declarou contrário à recriação da CPMF, imposto que ele classificou como "um grande retrocesso". "Essas especulações em torno da CPMF sempre estiveram mais localizadas no ambiente político do que no de formulação da política macroeconômica. Todos reconhecem que há um subfinanciamento da saúde", disse.

Monteiro ainda avaliou que pelas características do imposto, que é cumulativo, seria "disfuncional" para a economia brasileira. "Espero que esse imposto não prospere", afirmou. "Espero que a CPMF não volte, seria gravíssimo", destacou.

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Capitaneado pelo governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), o encontro entre governadores eleitos do Nordeste nas últimas eleições terá como um dos temas centrais a discussão sobre a retomada da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Prevista para essa terça-feira, 9, a reunião ocorrerá em João Pessoa (PB) e servirá para os governadores da região unificarem uma pauta de demandas, que será encaminhada à presidente Dilma Rousseff. Por meio da assessoria, Coutinho informou que a questão da criação de uma "contribuição social" para a área da saúde será colocada em discussão.

A CPMF, que também era conhecida como o "imposto do cheque", foi criada em 1996 no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com uma alíquota inicial de 0,20% sobre as operações bancárias. O valor do imposto subiu para 0,38% em 2000. A divisão dos recursos era feita da seguinte forma: 0,20% para a Saúde, 0,10% para a previdência e 0,08% para o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza.

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Em dezembro de 2007, o Senado derrubou a proposta que previa a renovação da CPMF e impôs, na época, a maior derrota ao então presidente Lula (PT). A perda de receita avaliada pelo governo na ocasião foi de cerca de R$ 40 bilhões.

A defesa da recriação do imposto deve ser formalizada em um documento que será encaminhado à presidente Dilma após o encontro dos governadores. Os problemas enfrentados como investimentos em infraestrutura também deverão constar no texto.

O senador petista Wellington Dias, governador eleito do Piauí, disse ser contra o retorno de uma contribuição como a CPMF neste momento. "Defendo a CPMF como um imposto justo, pago por quem tem mais renda, voltado para a saúde. Acho apenas que o momento atual não é adequado", disse em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Ele pondera que o País passa por um momento delicado de ajustes na economia.

Dias admitiu que a pauta foi amplamente defendida pelo PT, mas voltou a pontuar a questão da atual conjuntura. "No momento, estamos todos buscando alternativas para fazer crescer a economia, não sei se a criação de um novo imposto seria o melhor caminho", afirmou.

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O senador negou que a reimplementação do chamado imposto do cheque tenha sido discutida durante a reunião do diretório nacional do partido, realizada em Fortaleza no fim da semana passada. "Não houve discussão sobre se implementa ou não, acho que foi um mal entendido." Segundo relatou Dias à reportagem, o que houve foi uma reunião de governadores petistas com o governador do Ceará, Cid Gomes (PROS), para que se fizesse uma troca de experiências em gestão da saúde.

Dias listou uma série de medidas que podem ajudar o financiamento da saúde nos Estados em vez da volta da CPMF. Ele falou do projeto de criação do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), que tramita no Congresso, e que, segundo Dias, traria maior equilíbrio tributário entre os Estados - o IVA substituiria uma série de impostos como o ICMS e redistribuiria a receita entre origem e destino dos produtos tributados.

O senador falou também da emenda 29, que obriga a União a destinar 10% da arrecadação para a saúde até 2018 e citou ainda a possibilidade de ser derrubada a liminar da ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, com relação à redistribuição dos royalties de petróleo.

A liminar do STF, de março de 2013, barra a lei sancionada pela Presidência que redefiniu critérios de distribuição dos royalties tirando uma parcela dos recursos destinados a Estados e municípios produtores para Estados e municípios não produtores. Dias falou ainda de fundos de compensação e de desenvolvimento regional como medidas adicionais que poderiam ajudar Estados, especialmente os mais pobres, a aliviar o caixa.

O senador confirmou que haverá uma reunião de governadores no próximo dia 9, em João Pessoa, onde o anfitrião será governador reeleito Ricardo Coutinho (PSB). Wellington Dias disse que não levará a pauta da ressuscitação da CPMF para o encontro, mas que não pode falar pelos demais governadores. Nesta tarde, o também petista Camilo Santana, eleito governador no Ceará, afirmou que está estudando uma proposta de CPMF para levar à discussão dos senadores.

Dias afirmou que sua pauta prioritária será a reativação dos fóruns de governadores, do Nordeste e nacional, que segundo ele estão desativados há anos. "Vamos discutir a pauta prioritária para cada região, no social, na saúde, na educação, na infraestrutura, enfim, para trabalharmos em conjunto". Para Dias, o ideal é que esses encontros ocorressem trimestralmente.

O governador eleito do Ceará, Camilo Santana (PT-CE), disse nesta quarta-feira, 3, em entrevista à Rádio Estadão, que vai propor uma discussão para a volta da CPMF como forma de aumentar os recursos destinados à saúde pública no Brasil. "Estamos querendo fazer uma discussão em nível nacional da necessidade do financiamento da saúde pública no Brasil", afirmou o petista, que quer ver a discussão no Congresso Nacional ainda este ano.

"Como a CPMF era um imposto que já existia, resolvemos partir dela, mas mudando as regras. O que desvirtuou a CPMF foi que o governo utilizou recursos para outros fins, isso seria absolutamente proibido", explicou o governador eleito. Ele disse ainda que a perda do recurso, com o fim da CPMF decidido em 2007 pelo Congresso, dificulta a manutenção do sistema de saúde. Segundo seus cálculos, em valores corrigidos, a perda chega a R$ 68 bilhões ao ano.

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A proposta que será apresentada por Camilo Santana no próximo dia 9 de dezembro, em encontro com os governadores eleitos do Nordeste, estabelece as diferenças do atual projeto para o extinto imposto do cheque. Além de exigir que os recursos levantados sejam inteiramente destinados à saúde, Camilo quer definir previamente os porcentuais que caberão a União, Estados e municípios. Outra meta é criar mecanismos para que os mais pobres não sejam atingidos pela nova regra e que "os ricos" possam contribuir.

"A ideia é a gente estipular um limite para que eles (mais pobres) fiquem isentos dessa nova contribuição, que a contribuição seja para patamares mais elevados, as grandes movimentações financeiras, os ricos, vamos chamar assim, do Brasil. Até por uma questão social importante, estamos com equipe técnica discutindo", disse Camilo Santana. "Não é simplesmente voltar com a CPMF, é voltar com novas regras definidas", justificou ao explicar os "três eixos" de sua proposta.

Em conversa com o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o petista afirmou que a proposta ainda não passou por uma discussão dentro de seu partido, nem com Dilma Rousseff. A proposta vem a público dias depois de o PT ter feito um encontro nacional em Fortaleza, com a participação de Rui Falcão e da presidente Dilma.

Controvérsias

A proposta de Camilo já causa controvérsias na base do governo Dilma. O governador eleito da Bahia, Rui Costa (PT), outro que defende o aumento de recursos para a saúde, disse que não pretende que isso seja feito pela volta da CPMF ou de aumento de impostos. "Queremos a abertura de um debate amplo e democrático com a sociedade, dos governadores e de suas bancadas no Congresso, para descobrir formas de aumentar as verbas da saúde, que é nitidamente subfinanciada", disse nessa terça-feira, 2, ao Broadcast.

Registros do histórico de votações no Senado Federal mostram que a ex-senadora Marina Silva votou contra a criação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), em 1995, e a prorrogação do imposto, em 1999. Em 2002, a então petista não registrou presença na votação.

O PT, no entanto, votou favoravelmente à regulamentação da CPMF em 1996. O projeto de lei passou pelo Senado em votação simbólica, portanto não houve registro nominal.

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A coordenação da campanha da hoje candidata do PSB à Presidência da República diz que o assunto foi tirado do contexto e estuda uma forma de contestar as acusações da petista Dilma Rousseff via direito de resposta. Ontem, a candidata à reeleição trouxe o assunto no debate promovido pela TV Record e questionou a posição da ex-senadora na votação da CPMF.

"O PT tira do contexto e dá como verdade absoluta. É uma estratégia cínica do PT", reagiu o coordenador adjunto da campanha, deputado federal Walter Feldman. O aliado ressaltou que é preciso lembrar que havia um contexto político entre os anos 90 - quando a contribuição foi criada - até o fim do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que houve uma mudança de posição em prol do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, projeto em discussão à época. Ele insistiu que Marina apoiou a CPMF e condenou a tentativa da adversária de taxá-la de "mentirosa". "É uma grande mentira do PT que tira do contexto a posição da Marina", reclamou.

Faltando poucos dias para o primeiro turno, Feldman demonstrou preocupação com o pouco tempo de exposição no rádio e na TV para que Marina possa se explicar. A candidata já foi obrigada a gastar seus 2 minutos e 3 segundos para falar sobre sua política para a exploração do pré-sal, sobre a defesa da autonomia do Banco Central, sobre os boatos de que acabaria com o programa Bolsa Família, sobre o recuo nas propostas para a população LGBT e sobre a redução dos subsídios para os bancos públicos. "Nunca uma batalha de Davi contra Golias foi fácil. Não há limites para o PT formular mentiras", declarou.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu nesta terça-feira em defesa do programa "Mais Médicos", do governo federal, e culpou "a elite brasileira por acabar, em seu governo, com aproximadamente mais de R$ 350 bilhões" da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira)". Em palestra em Brasília, Lula admitiu que é preciso melhorar a saúde no Brasil e que, para isso, é preciso importar médicos estrangeiros. "Se os médicos brasileiros não querem trabalhar no sertão, que a gente traga médicos estrangeiros", disse o ex-presidente.

Segundo Lula, é preciso "cuidar do povo pobre do País". Para ele, a elite que critica o programa Mais Médicos é a mesma que tem acesso à saúde de primeira qualidade e aos grandes convênios. Em seu discurso, de mais de uma hora, Lula afirmou que é comum que as pessoas que utilizam esses planos de saúde ressaltarem que pagam por esse serviço. "É mentira! Quem paga é o Brasil, porque desconta no imposto de renda", disse.

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O ex-presidente disse que intuito do governo não é "tirar o emprego de ninguém". "Longe de mim", afirmou. Ele lembrou que enquanto não faltam médicos para a população da cidade de São Paulo, não há médicos em quantidade suficiente para atender a periferia de Brasília. "Queremos encontrar uma solução", enfatizou.

Lula lembrou que faltam médicos em determinadas especialidades no País é que é preciso preencher essa carência. "Queremos trazer gente de fora. Qual é o problema? Isso estava atravessado na minha garganta", declarou o ex-presidente, ao final de seu discurso.

O ex-presidente participou hoje do "Festival Latinidades - Festival da Mulher Afro Latino Americana e Caribenha". Ele tinha participação em uma conferência especial sobre desigualdades de gênero e raça, "políticas públicas e ações afirmativas no governo Lula e sua atuação pós-mandato".

A presidente Dilma Rousseff disse hoje que haverá necessidade de criação de um imposto para o financiamento da Saúde. Ela também afirmou que os recursos provenientes dessa fonte têm que ser destinados exclusivamente ao setor. Em entrevista à Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, Dilma declarou que se opôs à Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) porque os recursos arrecadados com o tributo eram "desviados", mas que há necessidade de uma fonte extra de recursos para custear gastos que terão os três níveis de governo com a possível aprovação da Emenda 29, que regulamenta os gastos do setor.

"Não há saúde sem médico. Estávamos formando menos médicos que dez anos atrás, proporcionalmente. Não sou a favor daquela CPMF, por conta de que ela foi desviada. Agora, entre esse fato e falar que não precisa, precisa sim", declarou a presidente. Dilma disse ainda que vai "lutar" para que os recursos cheguem ao seu destino. "Pessoas que melhoraram e que vão melhorar de vida vão querer o quê? Serviço público de qualidade. É função de um governo buscar isso com todas as suas forças. Vou trabalhar diariamente para garantir que aquele R$ 1 destinado a determinado lugar chegue naquele lugar. Vou lutar para isso."

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