Tópicos | crise econômica

O Estado do Rio de Janeiro registrou R$ 9,2 bilhões de descasamento entre despesas e receitas, no 2º quadrimestre de 2023. Os números constam no Relatório Fiscal apresentado à Comissão de Orçamento, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), pela Secretaria de Estado de Fazenda, durante audiência pública realizada nesta terça-feira (03), na sede do Parlamento fluminense.

Os deputados que compõem o colegiado defenderam a revisão dos programas de incentivos fiscais e a aprovação da Reforma Tributária, no Congresso Nacional, como formas de prevenir uma potencial crise econômica.

##RECOMENDA##

De acordo com o relatório, o Estado apresentou queda de receita de aproximadamente R$ 4 bilhões, em relação ao mesmo período do ano passado, ao passo que o aumento de despesa foi de R$ 5,2 bilhões, chegando aos R$ 9,2 bilhões de impacto na receita. O presidente da Comissão da Alerj, deputado André Corrêa (PP), demonstrou preocupação com os dados.

"A situação está pior do que o previsto. É algo muito grave e merece alerta. Não acredito que tenhamos problemas com salários, iremos virar o ano com os pagamentos e o 13º em dia. Contudo, no horizonte de três anos, se essa situação continuar, a gente corre esse risco", analisou o parlamentar. 

Ainda de acordo com André Corrêa, a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 já prevê déficit de R$ 18 bilhões para o próximo triênio. O deputado elogiou a postura do governo estadual em admitir a existência do problema. O parlamentar salientou ainda que o Estado concede, anualmente, R$ 24 bilhões em incentivos fiscais e defendeu que esses programas sejam revistos a fim de avaliar sua efetividade para a economia fluminense. 

"É de se louvar que o Poder Executivo está agindo de forma transparente, colocando o déficit no orçamento, que não está maquiado. O primeiro passo para se resolver o problema é admitir que ele existe. Há questões estruturantes que o governo precisa estar atento: o preço de referência do petróleo, a rediscussão dos incentivos fiscais, sem demonizar, mas fazendo uma análise da efetividade desses programas e agilizar a aprovação da Reforma Tributária no Congresso Nacional", acrescentou Corrêa. 

Juros da dívida com a União 

O deputado Luiz Paulo (PSD) citou que os estados do Sul e Sudeste compõem 93% da dívida de todas as unidades federativas com a União. O parlamentar frisou a necessidade de se renegociar os juros para evitar que o Rio de Janeiro entre em crise. "O Rio de Janeiro está pagando em média, de juro real, 5,2% ao ano mais o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), em torno de 5%, somando 10% ao ano. Dessa forma, a dívida não para de crescer. Os juros não podem ser maiores do que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Se o pagamento dos juros da dívida não for revisto, todos estamos fadados a uma crise gravíssima a curto prazo", alertou Luiz Paulo.

Queda na arrecadação do IPCA  O subsecretário geral de Fazenda do Estado, Gustavo Tillmann, explicou que a redução da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), em virtude da Lei Federal 194/2022, foi na ordem de R$ 1,8 bilhão, no 2º quadrimestre deste ano, no comparativo com 2022. Além disso, Tillmann pontuou que o recuo do preço do barril Brent do petróleo, de 93,75 dólares para 84.46 dólares, e a redução de recursos provenientes da outorga da Companhia Estadual de Água e Esgotos (Cedae) foram fatores que contribuíram para a queda de receita.

  "A gente já sente os impactos da Lei 194, que tira bastante a nossa capacidade de arrecadação do ICMS. Tivemos, no ano passado, algumas receitas não recorrentes, como o acionamento de usinas termelétricas e os recursos provenientes da outorga da Cedae, mas a questão do ICMS foi a mais destacada", explicou o subsecretário. 

Arrecadação do Imposto de Renda 

O relatório ainda apontou que houve aumento na arrecadação do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) - de 13% - e do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), de 7,7%. A origem deste último foi alvo de questionamento do deputado Vinicius Cozzolino (União). Gustavo Tillmann destacou que o montante é proveniente da recomposição salarial paga pelo governo estadual aos servidores públicos. "A retenção do Imposto de Renda está sendo implementada agora e deve surtir maior efeito no segundo semestre deste ano. Havendo espaço para serem feitas outras recomposições, a tendência é aumentar ainda mais", explicou o subsecretário.

Também estiveram presentes os deputados Carlos Macedo (REP) e Renato Miranda (PL) e o subsecretário de Planejamento e Orçamento, Rafael Abreu.

*Da Alerj

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, expressou apoio nesta quinta-feira (24) a seu homólogo da Argentina, Alberto Fernández, após o anúncio da entrada do país no Brics.

"Dedico uma mensagem especial ao querido Alberto Fernández, presidente da Argentina e grande amigo do Brasil e do mundo em desenvolvimento", disse Lula durante o último dia da Cúpula do Brics em Johanesburgo.

##RECOMENDA##

"Continuaremos avançando lado a lado com nossos irmãos argentinos em mais um foro internacional", acrescentou.

Lula disse que telefonou a Fernández para dar a notícia de que a Argentina, que enfrenta uma grave crise econômica, foi aprovada para entrar no Brics. 

*Da Ansa

Milhares de tunisianos foram às ruas da capital, Túnis, neste sábado (15), protestar contra o presidente Kais Saeid, a quem responsabilizam pela grave crise econômica do país, marcada pela recorrente escassez de produtos básicos e pela inflação elevada.

Liderados pela Frente de Salvação Nacional, uma coligação de partidos da oposição que inclui o Ennahdha, de inspiração islâmica, os manifestantes marcharam pelas principais ruas da capital da Tunísia, pedindo a saída do presidente.

##RECOMENDA##

"Vá embora!", "Rebelião contra o ditador Kais!", "O povo quer destituir o presidente!", gritava a multidão.

Sufocada por uma dívida de mais de 100% de seu Produto Interno Bruto (PIB) e incapaz de se endividar nos mercados internacionais, a Tunísia negocia um empréstimo de em torno de US$ 2 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O país também está mergulhado em uma grave crise política desde o golpe do presidente Saied, que assumiu plenos poderes em julho de 2021.

O Partido Desturiano Livre (PDL), uma legenda de oposição anti-islâmica, também convocou um protesto, na capital, contra a deterioração das condições de vida no país.

Cerca de 1.500 pessoas participaram do ato organizado pela Frente de Salvação Nacional, e em torno de mil, do PDL, informou o Ministério do Interior à AFP.

Para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o seu governo, que foi composto por dois mandatos (2003-2006 e 2007-2011), teve como diferencial a participação popular. “Meu grande feito não foi uma obra, foi o povo ter descoberto que ele fazia parte do governo”, disse o petista durante uma coletiva de imprensa para sites da mídia independente nesta quarta-feira (19). A entrevista foi transmitida ao vivo pelos perfis do petista e dos sites envolvidos.  

O mais forte opositor do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano, de acordo com as pesquisas, lamentou as políticas públicas do atual mandatário e fez comparações entre as duas gestões, ressaltando que o governo Bolsonaro não é popular. 

##RECOMENDA##

“[Meu grande feito] foi a inclusão do povo nas decisões. E, agora, nós precisamos transformar o povo em sujeito da história. [...] O Brasil precisa se dar conta que é plenamente possível melhorar a vida do povo brasileiro. É possível estudar, trabalhar, fazer três refeições por dia. É possível acreditar que podemos comer o churrasquinho e quem não come carne, que possa comer o que desejar”, continuou. 

Sem citar diretamente Jair Bolsonaro, continuou: “Eu não imaginava que iríamos ter um retrocesso como estamos tendo agora. Eu não imaginava que um país que foi capaz de realizar as Diretas Já, um país que alcançou a sexta maior economia do mundo. Eu não imaginava que pudéssemos retroceder tanto”. 

Vacinação infantil

Outro arco abordado por Lula foi a vacinação pediátrica contra a Covid-19, para qual o Governo Federal abriu, em dezembro, uma consulta pública, pedindo que a população se manifestasse a respeito, apesar do assunto ser de cunho científico. O presidenciável também criticou o discurso negacionista diante da vacinação no geral. 

“Falar que vai fazer uma consulta sobre vacinação em criança é uma das coisas mais absurdas neste país. Ainda mais em um país que já foi respeitado no mundo pela cultura de vacinação, abolindo várias doenças que agora começam a voltar”, declarou o ex-presidente. 

Em 2018, o Brasil voltou a registrar casos de sarampo e a apresentar uma baixa considerável nas taxas de imunização contra a poliomielite. Ambas as doenças estavam consideradas superadas pelas autoridades desde os anos 2000 e 1989, respectivamente. O sarampo, sem casos no Brasil em 2017, no ano seguinte passou de 1.553 registros de acordo com o Ministério da Saúde.  

É possível conferir os destaques da entrevista através do perfil do ex-presidente no Twitter ou assistindo à live no canal do TV PT, no YouTube. 

[@#video#@] 

[@#podcast#@] 

 

O presidente Jair Bolsonaro negou nesta terça-feira, 19, que tenha culpa pela crise econômica do País. "O tempo todo eu sou o responsável por tudo, se é assim, ache um cara melhor, sem problema nenhum. Tem muita gente boa candidata por aí", afirmou a apoiadores em frente ao Palácio do Planalto. "Vou cumprir meu mandato, sem problema nenhum, fazer o que é possível", acrescentou.

Como de costume, Bolsonaro voltou a jogar a crise nas medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos para conter o novo coronavírus - chamadas por ele de "política do 'fique em casa'". "Os problemas existem, o que é duro é a incompreensão", disse hoje. "Muitos de vocês apoiaram ficar em casa, agora a conta chegou. E não chegou toda a conta, ainda, vai chegar mais. Combustível, energia elétrica, alimentação. Agora, a pior coisa que tem é desesperar, é achar uma pessoa responsável por seu insucesso. Responsável é quem adotou essa política", disse.

##RECOMENDA##

A declaração pessimista sobre a economia brasileira vem, de fato, em um momento de alta no preço dos combustíveis, da energia e dos alimentos, fatores que incomodam o núcleo duro do governo. Na última quinta-feira, Bolsonaro chegou a dizer que ordenaria ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a volta da "bandeira normal" nas contas de luz, mas a decisão é técnica e cabe à Agência Nacional Energia Elétrica (Aneel). Em outro momento, o chefe do Executivo também já havia alertado para uma piora da situação econômica por uma crise de fertilizantes originada na China.

Além de rejeitar responsabilidade pelos problemas econômicos que assolam o País, Bolsonaro ainda voltou a comparar, nesta terça-feira, a situação brasileira à de outras nações. "Eu sei que vocês moram no Brasil, mas analisem o que está acontecendo nos Estados Unidos, na Europa, no mundo todo", pediu o presidente, sem considerar o impacto de crises políticas criadas dentro do Palácio do Planalto sobre a economia.

Para conter a queda de popularidade em ano pré-eleitoral, o governo lança hoje o Auxílio Brasil, programa para substituir o Bolsa Família. O benefício deve chegar a R$ 400 em 2022, quando Bolsonaro deve disputar a reeleição, e ser parcialmente financiado com dinheiro fora do teto de gastos, a regra que limita o avanço dos gastos públicos à inflação.

A pandemia da Covid-19 tem afetado empresas e trabalhadores em todo o Brasil. A solução encontrada por quem tenta fugir da crise econômica é se reinventar e, até mesmo, apostar em um novo empreendimento. É o caso, por exemplo, do músico José Carlos Pereira, de 32 anos, que viu as contas chegarem, o faturamento cair e as festas, que eram sua fonte de renda no fim do mês, serem canceladas por conta das medidas restritivas contra o vírus.

Para driblar a crise, a saída foi colocar em prática sua ideia de abrir um pequeno negócio. “Quando veio a pandemia, fui impulsionado diretamente para abrir o Piva’s Grill”, diz. A hamburgueria, que funciona como delivery, surgiu em julho do ano passado depois de uma “brincadeira” que deu certo. “Já tinha escolhido os pratos que iria servir, e também os hambúrgueres de parrilla, a carne, o molho, tudo, só faltava o pão. Fiz uma brincadeira com meus amigos. Organizei uma hamburgada e cobrei R$ 10 por hambúrguer com a intenção de vender 20 unidades, acabei vendendo 80. Foi uma loucura, mas deu certo”, conta José Carlos.

##RECOMENDA##

O Piva’s Grill, localizado na Iputinga, Zona Oeste do Recife, está dando bons lucros. De acordo com José Carlos, o novo negócio está crescendo e pode ser melhorado em breve. “A princípio, meus planos é aperfeiçoar o delivery, pois virou uma realidade em Recife. Para se ter um bom serviço de entrega, eu preciso de equipamentos de qualidade, bons funcionários treinados e otimizar tempo. O tempo é a chave do delivery”, afirma.

Depois de melhorar o serviço, o dono da hamburgueria pretende ser criativo e abrir um canal no YouTube para apresentar os pratos que são feitos. Cada prato será provado por um amigo da música convidado. Em seguida, ele pretende abrir a primeira unidade para receber pessoas pós-pandemia. “Vai ser o Piva’s Grill (laje)”, promete.

O Piva’s Grill, criado do desejo e da necessidade do músico de se manter ativo em meio à crise, acompanha as 98,1 mil micro e pequenas empresas que foram abertas em todo o País no primeiro bimestre de 2021. O número, levantado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base em dados da Receita Federal, ainda foi 1,7% abaixo do registrado no mesmo período de 2020.

Na visão de Luiz Nogueira, analista do Sebrae, essa quantidade de negócios abertos está relacionada à necessidade das pessoas de buscarem se reinventar para ter uma renda no fim de mês. “Com a retração da economia e do emprego formal, muitas pessoas passaram a empreender por conta própria, e para poderem atuar no mercado sem restrições, optaram por fazer a formalização do negócio”, explica.

Neste cenário competitivo, inúmeras empresas vêm buscando se reinventar para alcançar o consumidor e manter ativo o negócio. Como exemplo está a loja pernambucana Let it Beat, situada no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, que tem apostado no uso da tecnologia e redes sociais para manter ativa a empresa. Hoje, boa parte do faturamento vem das vendas feitas pelo WhatsApp ou pelo e-commerce.

Let it Beat, situada no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. Foto: Divulgação

A loja de roupas, impactada pela crise, investiu nas redes sociais como ferramenta para se manter próxima aos clientes e captar novos compradores. O empreendimento, além de divulgar novos lançamentos, posta em seu feed no Instagram, que conta com mais de 14 mil seguidores, fotos dos seus clientes reais usando peças de roupas, muitas delas originais e exclusivas.

Cristina Aline, uma das proprietárias da empresa, diz que essa ação ajuda a estreitar laços com possíveis consumidores. “Quando o cliente se vê em uma postagem nossa ele fica feliz, porque se sente valorizado. Além disso, os outros seguidores se sentem representados por essas postagens que buscam trazer pessoas comuns”, afirma, conforme sua assessoria de comunicação.

A Let it Beat também aposta em influenciadoras digitais para alcançar pessoas que tenham um perfil parecido com os dos clientes da loja. De acordo com o analista do Sebrae, muitos empreendedores que estão no processo de colocar em prática uma ideia de negócio, estão buscando identificar oportunidades, principalmente no meio digital. Ela ainda aponta que a crise pode ajudar o empreendedor e as micro e pequenas empresas.“A identificação de uma oportunidade no mercado e a projeção da mesma enquanto negócio será o indicador fundamental para este start”, afirma.

Qual é o melhor momento para abrir um negócio?

Abrir um empreendimento exige muito trabalho. Para alguns brasileiros, pode até ser um risco neste momento. No entanto, o economista do Conselho Regional de Economia de Pernambuco (Corecon), André Morais, aponta que mesmo com a crise econômica causada pela pandemia, o número de empresas abertas no Brasil superam as fechadas.

“As crises podem gerar riscos, mas também geram oportunidades”, diz. Entre iniciar um negócio por oportunidade ou necessidade, o que irá garantir o sucesso e o bom funcionamento é o comprometimento do empreendedor. “Por oportunidade ou por necessidade, o ideal é que o empreendedor tenha um plano de negócios bem definido para minimizar as chances de fracasso. Abrir um negócio exige objetivos claros, capital de abertura, análise de mercado e concorrência, e analisar a viabilidade de tudo que a empresa irá oferecer. Esses são pontos cruciais para que a sua ideia se transforme em um negócio de sucesso”, elenca.

Em um mercado competitivo, o empreendedor tende a enfrentar muitos desafios, o mais importante, segundo o economista, é “estar preparado para tudo”. Pensando nisso, André Morais, em entrevista ao LeiaJá, lista as cinco "dicas de ouro" para quem deseja começar um empreendimento com o pé direito neste período pandêmico. Confira:

1 - Abra um negócio por afinidade: “Primeiramente, você precisa ter amor pelo que faz. Já imaginou dedicar a sua vida a algo que você não gosta de fazer? Não faz sentido”.

2 - Tenha um plano de negócios bem definido: “Ele vai te ajudar a trilhar o que for previamente definido. Mas não precisa ser rígido, o empreendedor pode precisar ajustar ao longo do caminho”.

3 - Controle os gastos do negócio: “Mantenha um controle rígido do seu fluxo de caixa: controle suas receitas e despesas. Em tempos instáveis economicamente, tente, na medida do possível, ser mais conservador com os gastos, mantendo o negócio mais enxuto”.

4 - Tenha uma reserva para emergências: “Tenha sempre uma reserva de emergência: a pandemia nos ensinou que, mais do que nunca, imprevistos acontecem e é preciso estar preparados para eles”.

5 - Seja um empreendedor atualizado sobre o mercado: “Mantenha-se sempre atualizado. Fique de olho na concorrência e nas mudanças do mercado”.

Em artigo publicado no jornal 'O Globo', no último dia 6, a reitora e o vice-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Pires de Carvalho e Carlos Frederico Leão Rocha, declaram que o Governo Federal inviabiliza o funcionamento da instituição. Os docentes criticam cortes orçamentários que podem atrapalhar as atividades e serviços da UFRJ.

“A UFRJ fechará suas portas por incapacidade de pagamento de contas de segurança, limpeza, eletricidade e água. O governo optou pelos cortes, e não pela preservação dessas instituições. A Universidade nem sequer pode expandir a arrecadação de recursos próprios, pois não estará garantida a autorização para o gasto. A Universidade está sendo inviabilizada”, diz um trecho do artigo.

##RECOMENDA##

Além de alertar sobre a situação orçamentária das instituições de ensino superior, o texto informa acerca das ações movidas pela UFRJ no combate ao novo coronavírus, como testes clínicos, tratamentos para infectados, e o desenvolvimento de duas vacinas nacionais contra Covid-19. Confira, a seguir, o artigo na íntegra:

Universidade fica inviável

A pandemia da Covid-19 revelou a importância da ciência no enfrentamento de questões de risco para a sociedade. Conhecimento científico é importante no planejamento das ações de redução da transmissibilidade da doença, nos cuidados hospitalares e no desenvolvimento de alternativas de combate ao vírus, como a produção de vacinas. As universidades públicas estão na linha de frente dos desafios postos ao país e têm sido protagonistas em diversas ações para combater a pandemia. No caso da UFRJ, realizamos testes moleculares padrão ouro por RT-PCR, enquanto a rede privada não dispunha desses testes diagnósticos. Nosso Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o maior do Estado do Rio em volume de consultas, instalou um novo CTI e mais de 100 leitos de enfermaria para tratamento da Covid-19. A assistência aos pacientes esteve associada à geração de conhecimento científico. Realizamos estudos pioneiros de vigilância genômica, identificando novas variantes dos vírus; desenvolvemos testes sorológicos, e vacinas com tecnologia nacional estão na fase de testes pré-clínicos. Nossas perspectivas de retorno após a pandemia seriam muito piores sem essas ações.

Isso se tornou possível em razão do desenvolvimento de capacitação científica, fruto de investimentos anteriores no sistema nacional de ciência e tecnologia nas universidades e nas demais instituições científicas. Em 2013, R$ 12 bilhões foram investidos pela Capes e pelo CNPq, transformando o cenário da produção científica do país. Consequentemente, durante a epidemia da zika, o Brasil liderou o número de publicações relacionadas à enfermidade, o que permitiu a identificação de suas consequências fisiopatológicas, resultando em vidas salvas pela nossa ciência.

As universidades também dobraram o número de estudantes matriculados nos cursos de graduação. Efetuou-se um importante programa de democratização do ingresso. O investimento no ensino superior passou a ser um dos mais efetivos agentes promotores da diminuição da desigualdade social, tornando-se um importante programa social do Estado brasileiro.

Desde 2013, o orçamento das universidades vem sendo radicalmente cortado. O orçamento discricionário aprovado pela Lei Orçamentária para a UFRJ em 2021 é 38% daquele empenhado em 2012. Quando se soma o bloqueio de 18,4% do orçamento aprovado, como anunciado pelo governo, seu funcionamento ficará inviabilizado a partir de julho. A UFRJ fechará suas portas por incapacidade de pagamento de contas de segurança, limpeza, eletricidade e água. O governo optou pelos cortes e não pela preservação dessas instituições. A universidade nem sequer pode expandir a arrecadação de recursos próprios, pois não estará garantida a autorização para o gasto. A universidade está sendo inviabilizada. Em dez anos, nos restará perguntar onde estará a capacidade de resposta na próxima emergência sanitária e qual será a opção terapêutica milagrosa que colocarão à venda.

LeiaJá também

--> UFPE pode parar atividades antes do fim do ano, alerta ato

A crise provocada pela pandemia da Covid-19 deixa rastros em vários setores da economia. Um exemplo é o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que registrou 14 milhões de brasileiros desempregados. Sob o caos econômico, famílias foram obrigadas a reaver as práticas de consumo e precisaram cortar gastos.

Pais e mães responsáveis pelas principais rendas dos familiares, de repente, perderam suas únicas fontes de recursos. A crise fez com que papéis se invertessem em muitos lares brasileiros, como no caso de estagiários que tiveram suas bolsas mantidas e passaram contribuir com seus familiares. Em algumas situações, os jovens estudantes, antes munidos com ajudas financeiras de seus pais, tornaram-se os únicos provedores de renda de suas casas.

##RECOMENDA##

Itallo Olimpo é estudante de jornalismo e tem 21 anos. A renda de sua família era é formada pelo seu salário, o do pai e os ganhos oriundos de "bicos" que a mãe fazia como diarista. O rapaz conseguiu um estágio na área de Comunicação Social em uma empresa de tecnologia e foi nesse mesmo período que o auxílio emergencial de sua mãe acabou.

A mãe do jovem se viu em uma situação complicada em que tinha que decidir entre sair para trabalhar e manter a renda ou arriscar os familiares mais vulneráveis diante da Covid-19. Com a família em casa - Itallo reside em outro local, arcando com aluguel -, durante decretos de lockdown em Pernambuco, os gastos extras com luz aumentaram e a alimentação começou a ficar mais cara. Itallo, por sua vez, resolveu assumir algumas obrigações de seus pais, mesmo tendo que arcar também com suas contas pessoais, como as mensalidades do aluguel da residência em que vive. “Decidi ajudar, minimamente, para que ela se resguardasse o máximo possível, com um valor aproximado do que ela costumava ganhar semanalmente com as faxinas”, conta o estagiário.

De acordo com a edição 2019 da Pesquisa Nacional de Bolsa-Auxílio, do Nube - Núcleo Brasileiro de Estágios, os estagiários recebem em média, no Brasil, R$ 1.007,06. O levantamento é realizado desde 2008.

Segundo o economista Tiago Monteiro, o desemprego registrou altos índices na pandemia por causa do processo de isolamento social. Com as pessoas em casa sem trabalhar ou consumir, as empresas não têm como produzir ou para quem vender, logo não necessitariam manter o mesmo corpo profissional com custo elevadíssimo.

"O desemprego vem naturalmente como uma redução de custo no nosso país, é por isso que vimos um mar de desempregos sendo jogados ao mercado durante o ano passado e que na verdade ainda foi uma ‘cereja do bolo’ se comparado ao alto índice de desemprego por causa da crise econômica de 2015 e 2016”, explica Monteiro.

O economista lembra também aqueles que estão na informalidade e que não são considerados desempregados. Com relação ao auxílio, ele afirma que veio para tentar dar fôlego para os informais, aquelas pessoas que não tinham trabalho formal e que precisavam ter algum tipo de receita. A paralisação do auxílio emergencial não afeta apenas a sobrevivência das pessoas, mas também os negócios que utilizam essa renda para girar a economia.

O Instituto Euvaldo Lodi em Pernambuco (IEL-PE) fez um levantamento entre março de 2020 e março de 2021 que registrou aproximadamente 2 mil rescisões de estagiários. “Isso não quer dizer que os números permaneceram os mesmos ao longo do período, já que é provável, no decorrer desse último ano, que alguma vagas tivessem sido reativadas quando o cenário apresentou uma melhora”, aponta o IEL, por meio da sua assessoria de comunicação.

Atualmente, a instituição conta com mais de 3 mil contratos efetivados em 2020 e 2021. Juliana Nogueira, gestora do IEL-PE, destaca: “O estágio é uma etapa importante no processo de desenvolvimento e aprendizagem do aluno, porque promove oportunidades de vivenciar, na prática, conteúdos acadêmicos, além de adquirir conhecimentos e desenvolver competências relacionadas à profissão escolhida pelo estudante. O estágio, além de ser o primeiro contato com o mercado de trabalho, permite a troca de conhecimentos através da vivência diária, da construção, como também é um meio de subsidiar as duas próprias despesas por meio da remuneração”.

O IEL-PE projeta inserir mais de 5 mil estagiários no mercado de trabalho em 2021. Tiago Monteiro frisa a mudança de postura quando o estagiário se torna provedor do lar: “Quando a pessoa se torna a gestora do lar, tanto operacionalmente quanto financeiramente falando, infelizmente ela precisa entender que ela precisa levar o longo prazo como uma das principais metas da vida dela. Ou seja, pensar em contas a pagar, o quanto ela vai receber, o que é necessidade e o que é supérfluo, comida, é um re-arranjo da operação da família da pessoa. Ela precisa se enxergar como uma empresa”.

O economista orienta que o ideal é deixar sempre o saldo positivo sem faltar nada, mas reconhece que não é uma tarefa fácil. No entanto, com o passar do tempo, o estagiário pode aprimorar a sua vida financeira.

Para o segundo semestre de 2021, o economista projeta recuperação econômica, caso a vacinação em massa contra a Covid-19 seja desenvolvida no País. "A vacinação é crucial para observamos uma melhora no mercado, ela gera confiança no consumidor e nas empresas e isso fará com que a atmosfera fique mais positiva", aponta o especialista.

Uma pesquisa realizada pela empresa de aconselhamento e soluções tecnológicas Mercer mostrou que 94% das companhias ouvidas reduziu o salário base dos funcionários em cerca de 3% a 4% para se adaptar ao cenário de recessão econômica causado pela pandemia de Covid-19. O estudo ouviu 718 empresas e 860 mil funcionários de vários segmentos produtivos. 

Observadas apenas as empresas que deram aumentos aos funcionários, nota-se que a movimentação salarial também foi baixa, com reajuste médio de 2,5%, ante um índice de 4,4% em 2019. 

##RECOMENDA##

O índice de empresas alegando que a pandemia atrapalhou seus planos de reajuste salarial foi de 51% e 73% alegaram estar com atraso nos aumentos de salário. Há, ainda, 60% de empresas que não planejam nenhum aumento salarial em 2020. Os percentuais somam mais que 100%, porque a pesquisa tinha respostas de múltipla escolha. 

A diferença salarial entre gêneros, segundo os dados, também é um aspecto que merece destaque. Os salários de homens e mulheres permanecem, de acordo com o estudo, “mais ou menos equivalentes no nível gerencial”, mas há uma redução mais expressiva nos salários de mulheres em cargos de diretoria. 

No setor de tecnologia, por exemplo, uma alta executiva recebe em média 34% a menos que um homem na mesma posição. No segmento de Life Sciences (Saúde e Farma), a diferença é de 29%. 

No que se refere a outros benefícios pagos aos trabalhadores além do salário, as empresas pesquisadas relataram não ter a intenção de fazer grandes mudanças, mas há companhias falando em adotar “benefícios flexíveis”.  “Um plano de benefícios flexíveis oferece ao empregado a opção pela escolha daqueles que fazem mais sentido para ele e sua família. Essa estratégia pode contribuir para aumentar decisivamente os níveis de compromisso e satisfação dos colaboradores em um mundo onde é premente a necessidade de se entregar valores diferentes por indivíduo", afirmou o líder de produtos de carreira da Mercer Brasil, Rafael Ricarte. 

LeiaJá também

--> Para economistas, desemprego pode ir a 17% em 2021

Como publicado nesta segunda-feira (18) pelo LeiaJá, a Ocupação Miguel Lobato nas proximidades de Maranguape II em Paulista é onde a luta de famílias faz morada para fugir da situação precária em que vivem. Sem ter onde morar, as famílias começaram a chegar a partir de outubro do ano passado e desde então têm cobrado das instituições um auxílio para sair dali. 

LeiaJá também

##RECOMENDA##

--> Apelo e esperança se misturam na Ocupação Miguel Lobato

Mas o destino de todo o mundo se viu diante de um vírus mortal, que basicamente obrigou o mundo a se resguardar em quarentena. E além das dificuldades já apresentadas pela reportagem, outra barreira se colocou diante das famílias. 

Sem grandes oportunidades, muitos que vivem naquela região dependiam, até então, de trabalho na rua como venda de pipoca e água, serviços de faxinas, serviços na construção civil, entre outros. Tudo parou, mas a fome não quer saber.

"A gente vai para rua, catar reciclagem, pegar um peixe, pegar siri no mangue porque agora nesta crise não tem como trabalhar, ninguém quer dar emprego", conta a moradora Mienia Oliveira. Mas com o surgimento do covid-19, a vida se alterou.

Djane Cabral da Silva e seu esposo Roberto Bezerra da Silva vivem exatamente nessa situação. O encontro com nossa equipe foi por acaso, enquanto gravamos com a moradora Josélia, Djane e seu marido Roberto tentavam melhorar ao lado da casa da entrevistada, o barraco recém-adquirido, após terem furtado o anterior. Lá dentro, nossa equipe escutou o relato da moradora da ocupação. 

Por volta das 8h da manhã o casal começa a caminhada em direção ao mangue para mais um dia de trabalho. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Antes com a segurança das faxinas semanais e das suas vendas como pipoqueira no bairro do Janga, em Paulista, Região Metropolitana do Recife, eram poucas as vezes que precisava ir ao mangue para completar a renda. No entanto, a pandemia da covid-19 tornou a longa caminhada em busca de caranguejos e marisco mais frequente. 

São pouco mais de 3 km entre a Ocupação e o mangue, de onde Djane e sua família tiram seu sustento. Nossa equipe seguiu com o casal para acompanhar um dia de trabalho da família. Seguimos com Djane e Roberto pelas margens da PE-022, rumo ao mangue. No longo caminho, nossa equipe ouviu deles que a relação com a lama, os caranguejos e mariscos é paternal. 

"Meu pai ensinou eu (sic) e meus irmãos dentro do mangue nunca roubar ninguém, nem traficar porque não vale a pena", conta Djane que ainda completa: "Tenho orgulho de mim". Durante a caminhada, por diversas vezes, citou sua mãe 'que estava chegando' e também seu pai já falecido. Sua maior preocupação é com sua família. Sua luta, segundo ela, é pensando nos filhos, especialmente quando fala da ocupação e da batalha pela moradia.

"Essa doença proibiu a gente de trabalhar né?", lamenta, enquanto carrega no carrinho de mão o material do seu trabalho. "A vida se tornou mais difícil e eu e minha família nos viramos aqui dentro do mangue. Isso faz passar o tempo da gente feliz. Trabalhando a gente esquece os problemas, stress".

Djane retira baldes cheios de lama e de lá vem o esperado marisco após um processo de limpeza exaustivo. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Durante 11 anos as faxinas tornaram as idas ao mangue menos frequentes. Mas a sensação é de que apesar de toda a dificuldade, o mangue sempre entregou o sustento de sua família e a relação aparente é de gratidão. Agora o ‘pão de cada dia’ é retirado “só do mangue”. Todos os dia da semana a caminhada extensa e trabalho pesado fazem parte da vida de Djane. Quando não vende o produto é consumido: “passa fome quem quer”, diz enaltecendo o mangue. 

São horas com lama até os joelhos, retirando baldes e baldes com mariscos. O marido Roberto, não tão íntimo do mangue, fica de fora separando o material que precisa ser retirado um a um, do meio dos dejetos e da lama que vem do mangue. 

[@#video#@]

"O que eu ganho é para botar alimento dentro de casa". Agora sem as faxinas, Djane passa seus dias com água do mangue até os joelhos. "Se eu chegar aqui 9 ou 10 horas da manhã quando eu saio daqui são duas, três horas da tarde. O tempo passa, a gente até esquece, né? me sinto outra pessoa", revela. 

No decorrer do dia, chegaram o cunhado, irmãos e a mãe de Djane. Todos parecem se sentir em casa no ambiente. Cada um com sua pesca. O filho de Djane fica observando a procura pelos caranguejos. Os cachorros aproveitam enquanto a maré alta não torna tudo em um grande pântano e Djane seguia enchendo seus baldes para poder ter o que comer quando o sol fosse embora.

Roberto separa tudo que foi pescado pela esposa Djane. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

A França vai sofrer um "empobrecimento geral" devido à pandemia do novo coronavírus, declarou o primeiro-ministro francês nesta quinta-feira(7).

"Quando a crise da saúde acabar... nosso país responderá à crise econômica e ao empobrecimento geral que está por vir", disse Edouard Philippe em entrevista na televisão.

A crise sanitária levou ao desaparecimento de quase meio milhão de empregos e uma contração de dois terços da atividade econômica.

- 400.000 empresas abertas -

Quase paralisada por dois meses, a economia será parcialmente reativada na segunda-feira, com a reabertura de 400.000 empresas, incluindo 77.000 cabeleireiros, 33.000 lojas de roupas, 15.000 floriculturas e 3.300 livrarias, detalhou o chefe do governo.

Da mesma forma, os franceses poderão voltar às ruas livremente, sem ter que justificar, mas sem afastar-se mais de 100 quilômetros de casa. Além disso, 1 milhão de crianças do jardim de infância e da escola primária poderão retornar às salas de aula.

Edouard Philippe ressaltou que, na ausência de uma vacina, os franceses terão que aprender a "viver" o vírus e que será preciso encontrar um "equilíbrio indispensável" entre "a reativação econômica e o respeito às precauções".

A decisão pela nova fase foi tomada após uma redução constante no número diário de óbitos e de pacientes em terapia intensiva.

- Maiores restrições em Paris -

Quatro regiões, incluindo Paris e arredores, mantêm a classificação vermelha, onde a circulação do vírus ainda é alta e as medidas de desconfinamento mais rigorosas.

"O país está dividido em dois", dependendo da situação sanitária, explicou Philippe. A situação é muito menos grave no oeste e no sul do país, classificado em verde, do que em Paris, no norte e no leste.

Nesssas regiões "vermelhas", crianças acima de 11 anos não retornarão à escola na próxima semana, os parques serão fechados e "regras muito estritas" serão impostas ao transporte durante o mês de maio.

O governo descartou obrigar idosos e vulneráveis a ficarem em casa, mesmo nas áreas mais críticas, mas as autoridades recomendam essa medida para sua própria segurança.

Independentemente da área, restaurantes, cafés, bares e cinemas em todo o país ficarão fechados pelo menos até junho.

"O desconfinamento progressivo não significa que devemos ser menos vigilantes", disse Philippe, que não descarta voltar a confinar os 67 milhões de franceses no caso de novas infecções serem desencadeadas.

Os trabalhadores sem carteira assinada representam 40% do mercado e são os que mais sofrem com a crise econômica gerada pelo coronavírus (Covid-19). O novo vírus tem infectado milhares de pessoas ao redor do mundo, as bolsas de valores sofreram as maiores quedas desde a crise de 2008 e as classes trabalhadoras do Brasil são as que mais sofrerão com essa proliferação, segundo uma pesquisa no Nexo Jornal.

O comércio é um dos setores que mais sentirá a mudança gerada pela crise econômica decorrente da pandemia. Com as pessoas saindo menos de casa, é inevitável a queda de movimento nas ruas e centros comerciais, o que impacta em uma redução no consumo de produtos. A tendência é que o setor tenha um declínio na receita, e isso pode resultar na dispensa de funcionários.

##RECOMENDA##

O governo entrou com o auxílio R$ 200 oferecido a trabalhadores autônomos, gerando polêmica, já que em 2019 o Brasil contava com mais de 38 milhões de pessoas trabalhando sem registro. "O governo não tem o poder econômico, mas tem o poder mediador e o de arrecadar impostos. Acredito que salários da pasta do executivo deveriam ser de livre iniciativa, doados em parte para o combate à pobreza", comenta o sociólogo e professor do Colégio Farias Brito Cesar José.

Conforme classificado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cinco categorias se enquadram no conceito de trabalho informal. São elas: emprego por conta própria sem CNPJ, como o caso dos motoristas de aplicativos de transporte; empregos sem carteira de trabalho no setor privado; emprego doméstico sem carteira de trabalho; emprego como família auxiliar, que ocorre quando individuo atua ajudando familiares na profissão; e trabalho com empregador sem CNPJ registrado, que é o caso de microempreendedores não registrados que contratam auxiliares, como pedreiros ou ambulantes.

Os argentinos escolhem no domingo (27) seu presidente entre dois modelos antagônicos para um governo de quatro anos que terá o desafio de superar a pior crise econômica em 17 anos, com um mercado tenso e em clima de turbulência política e social na região.

O presidente liberal Mauricio Macri aspira a ser reeleito, e terá de reverter o resultado das primárias de 11 de agosto, em que ficou em segundo com 32,93% dos votos, a quase 17 pontos do adversário Alberto Fernández (49,49%), um peronista de centro-esquerda que tem como companheira de chapa a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015).

A diferença a favor de Fernández foi aumentando em relação aos resultados das primárias, de acordo com as pesquisas.

"Renasce a esperança e Cristina e Alberto representam isso", afirma Jose Murad, um educador de 44 anos, na cerimônia de encerramento da campanha de Fernández em Mar del Plata.

Em um país em recessão há mais de um ano, com alta inflação (37,7% em setembro) e aumento da pobreza (35,4%) e com mercados em ebulição, os olhos estão voltados para o que acontecerá na segunda-feira , depois que o resultado da eleição for conhecido.

Se as previsões forem confirmadas nas urnas, Fernández poderá vencer no primeiro turno, pois basta obter mais de 45% dos votos ou então mais de 40% e superar o segundo mais votado por mais de dez pontos.

- Dilemas argentinos -

Quem for eleito governará um país dividido. Para muitos argentinos, um eventual retorno do peronismo de Kirchner é uma catástrofe.

"Acredito no Mauricio, ele precisa de tempo para mudar isso. E, claro, tem os Fernández. Eles já demonstraram o que fazem", afirmou Alejandro Arguello, aposentado de 53 anos, na festa de encerramento da campanha do atual presidente em Córdoba.

Acreditando que sua vitória é garantida, Fernández declarou: "Que os argentinos fiquem calmos, respeitaremos seus depósitos em dólares".

Ele se referia ao fantasma do "corralito" durante a crise de 2001, quando os depósitos bancários foram retidos e os dólares convertidos em pesos.

Com décadas de inflação e desvalorizações cíclicas, os argentinos estão acostumados a se refugiar no dólar como forma de poupança.

A moeda argentina desvalorizou 70% desde janeiro de 2018. Nos dias que antecedem as eleições, os mercados estão reaquecendo e a taxa de câmbio excede 63 pesos por dólar.

Em meados de 2018, no meio de uma corrida cambial, Macri foi ao Fundo Monetário Internacional, que concedeu a ele ajuda financeira de US$ 57 bilhões em três anos, em troca de um programa de forte ajuste fiscal, que jogou contra o presidente no momento da votação.

Ainda falta a liberação de 13 bilhões, mas o FMI aguarda o resultado da eleição para negociar com quem for eleito.

A consultora Capital Economics dá como certa a vitória de Fernández, mas suas previsões são negativas.

"Embora a posição econômica de Fernández permaneça incerta, acreditamos que seu mandato será marcado por uma política fiscal menos agressiva (que a de Macri), persistência de inflação alta (entre 40% e 50% ao ano), mais desvalorização, mais um ano de recessão e uma grande reestruturação da dívida".

- Sim, podemos? -

Durante a campanha, Fernández propôs uma trégua de 180 dias para sindicatos e movimentos sociais para fazer descolar a indústria e assim o país retomar o crescimento econômico.

Por outro lado, Macri, sob o lema "Sim, podemos", pede um voto de confiança para continuar na linha de austeridade, que, ele argumenta, deve dar frutos muito em breve.

"Que as dificuldades não façam vocês duvidar de todas as coisas que já alcançamos, como queremos viver, não deixem que façam vocês abandonarem nossos sonhos", disse Macri na quarta-feira, encorajado depois de reunir uma multidão no sábado em um evento no centro de Buenos Aires.

Fernández e Macri praticamente monopolizam este primeiro turno, para o qual 34 milhões de argentinos estão convocados.

Os outros candidatos não somam 15% no total das intenções de voto, sendo o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna o mais bem posicionado.

Nessas eleições, metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado também serão renovados, além de eleger o governador da província de Buenos Aires e o prefeito da capital.

Se as pesquisas estiverem erradas e nenhum dos candidatos exceder 45%, o novo governo será eleito em um segundo turno das eleições em 24 de novembro.

A Argentina chega a essa eleição em tempos de tensão e descontentamento na região, com protestos e revoltas violentas no Chile, Bolívia, Haiti e Equador.

A Argentina reviveu na semana o pesadelo do retorno do "corralito", quando o governo, em 2001, pressionado por uma grave crise, só permitia que população sacasse seu dinheiro do banco a conta-gotas. Após o anúncio de restrições no acesso ao câmbio feito pelo governo de Mauricio Macri domingo passado, argentinos amanheceram em uma fila diante do Banco de La Nación, na esquina da Casa Rosada, em Buenos Aires, antes mesmo que as portas do banco se abrissem.

No anúncio, o governo havia informado que a população precisaria de autorização do Banco Central para comprar mais de US$ 10 mil e as empresas necessitariam de anuência para enviar lucros ao exterior. Junto com o adiamento de parte do pagamento da dívida de curto prazo do país, essas medidas foram tomadas para contornar o problema do baixo volume de reservas internacionais - mas também acenderam o sinal de alerta entre poupadores.

##RECOMENDA##

Nas últimas duas décadas, diante de tantos solavancos na economia, a corrida ao dólar em busca de proteção e a retirada de recursos dos bancos marcaram a história dos argentinos.

Um analista de sistemas que pediu para não ser identificado contou que sacou na semana passada 80% do que tinha em dólares e os colocou em um cofre no banco. "Já não tinha fila (para sacar). Muita gente tirou suas poupanças logo depois das primárias", disse.

Corrida

Estimativas do setor financeiro são de que desde 11 de agosto, quando Macri foi derrotado nas eleições primárias por Alberto Fernández e Cristina Kirchner, quase US$ 9 bilhões tenham sido sacados das poupanças em moeda estrangeira. O número corresponde a 27% dos US$ 32,5 bilhões que havia nesse tipo de conta.

O banco central chegou a recomendar que os bancos ficassem abertos até as 17h - o normal seria até as 15h - para que todos que quisessem sacar suas economias fossem atendidos. "Falaram que os bancos estariam abertos por mais horas, que não era para ninguém se preocupar, mas, quando dizem isso, tudo o que produzem é o contrário", afirmou o analistas de sistemas que falou com o Estado. Ele calcula ter perdido cerca de 30% dos quase US$ 20 mil que tinha em 2001, no corralito. À época, o governo congelou contas bancárias e, depois, transformou em pesos o que havia de depósitos em dólares. "Minha preocupação maior é que se ‘pesifiquem’ os dólares de novo."

Embora o volume de saques venha sendo expressivo, a situação não é tão crítica quanto em 2001. "O que há de similar é a crise de confiança e o perigo de default (não pagamento de dívidas do país). Mas não há condições para um corralito. Naquela época, a situação era de criação de dólar artificial, um problema por causa da conversibilidade (paridade de um para um entre o dólar e o peso argentino)", diz Fausto Spotorno, da consultoria Ferreres y Asociados.

Segundo fonte do mercado, os banqueiros começaram a semana nervosos, mas terminaram mais tranquilos, pois imaginavam que a corrida aos bancos seria ainda maior. Outra fonte destacou, porém, ser cedo para afirmar que a situação mais crítica tenha ficado para trás. "Não estou nada seguro. A campanha eleitoral começa agora. O quadro é de volatilidade."

Corralito causou mortes em 2001

A preocupação exacerbada dos argentinos com a possibilidade de o governo voltar a limitar o acesso às contas bancárias vem do trauma de 2001, quando o corralito chegou a causar mortes. Um dos casos mais emblemáticos foi o do jornalista esportivo Horacio García Blanco, morto, aos 65 anos, seis meses após o ex-presidente Fernando de la Rúa impor as restrições.

García Blanco, que sofria de diabete e pressão alta, entrou na Justiça para tentar liberar suas poupanças e usar o dinheiro para viajar à Espanha. Com cidadania argentina e espanhola, pretendia fazer um transplante de rim em Madrid, onde a operação era mais difundida.

"Havia uma exceção no corralito que permitia que idosos e doentes sacassem suas economias", diz Mónica Alicia Damuri, advogada e amiga do jornalista. A Justiça, porém, liberou apenas 10% do dinheiro que García Blanco tinha, volume insuficiente para bancar a viagem. Mónica recorreu, mas ele morreu de insuficiência renal antes de uma nova decisão. "O corralito era inconstitucional. Violava o direito à propriedade", afirma, indignada, a advogada.

Conhecido nacionalmente por comentar lutas de boxe e partidas de futebol, o jornalista morou o último ano de sua vida na casa de Mónica. Era o marido da advogada que buscava García Blanco diariamente das sessões de hemodiálise. "Quem conheceu Horacio de perto viu como o corralito foi prejudicial."

Mónica afirma que a medida de limitar o acesso ao câmbio adotada pelo governo de Mauricio Macri é bastante diferente da implantada por De la Rúa em 2001. "Os poupadores continuam podendo sacar suas economias", diz. "Espero que Macri consiga administrar a situação, para que não se repita algo como o que aconteceu em 2001." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A crise econômica que afetou o país nos últimos anos não só fechou vagas de emprego como também comprometeu o rendimento dos trabalhadores de cinco dos nove setores da iniciativa privada analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda real, considerando a inflação, ultrapassou a média de 16% em cinco anos.

Entre o primeiro trimestre de 2014 e o primeiro de 2019, os trabalhadores do segmento de alimentação e hospedagem e da construção e do transporte foram os que tiveram as maiores perdas reais na renda mensal, de 7,2% a 16,3%.

##RECOMENDA##

De acordo com o economista Guilherme Pappi, a redução de 4 milhões de brasileiros no mercado formal explica a razão de os profissionais dessas áreas terem sido os mais afetados pela queda no rendimento.

Isso porque, conforme apontam dados do IBGE, em 2014, quase 37 milhões de brasileiros trabalhavam com carteira assinada. Já 2018 terminou com pouco menos de 33 milhões. "A formalidade é responsável por mais estabilidade no trabalho, o que proporciona um efeito psicológico no indivíduo de se programar para compras parceladas de médio ou longo prazo, o que beneficia toda cadeia produtiva gradativamente", explica Pappi.

Ele acrescenta que "a menor atividade econômica tem influência direta sobre volume de hospedagens, seja para turismo ou para negócios ou mesmo para os transportes de cargas e de passageiros, afetando a qualidade desses empregos. A alimentação também está relacionada à renda e à formalidade, uma vez que mais empresas fornecendo vale refeição aos funcionários impacta em uma demanda firme no comércio das cidades. E a construção civil necessita de estabilidade, uma vez que são compras em sua grande maioria de médio a longo prazo".

Números em alta

Somente os trabalhadores da agricultura apresentaram aumento real no rendimento habitual, de 5,2%. Para o economista, isso se deve ao fato de o setor ter apresentado nos últimos anos crescimento notório acima dos demais segmentos da economia do país. "A carne bovina brasileira, além de ser estratégica para a cadeia e para a economia doméstica, é de extrema importância para a segurança alimentar mundial. Este setor é prioritariamente exportador e o Brasil bate recordes de exportação no agronegócio, mantendo ou crescendo a renda dos trabalhadores dessa área", comenta.

Já os trabalhadores do setor público tiveram um ganho real ainda maior, de 7,5% por mês. Pappi lembra que os gastos públicos com funcionalismo tiveram um forte incremento no decorrer da gestão Lula e Dilma. "Por muitos anos os gastos do governo ajudaram a impulsionar a economia pela via da demanda, mas ao mesmo tempo gerou impactos inflacionários. O setor público é prioritariamente formal e estável", pondera.

Foto: José Cruz / Agência Brasil

Com o alto índice de desemprego, que, ainda segundo o IBGE, atinge 13,4 milhões de brasileiros, muitos trabalhadores caíram no mercado informal. Pappi afirma que a informalidade tem tudo a ver com a diminuição no rendimento dos trabalhadores, não apenas por receberem salários diretos menores e perderem benefícios, mas por criar um ambiente econômico com menor demanda agregada, prejudicando a vitalidade econômica do país.

"Portanto, mesmo como profissionais liberais donos de seus pequenos negócios haverá uma crescente escassez de clientes e estes com renda cada vez menor que acaba afetando todo o conjunto da economia, alguns com maior outros com menor velocidade", avalia o economista.

Volta ao setor financeiro

Comparada aos demais setores da economia, a lucratividade do setor bancário é historicamente a mais elevada. Nos últimos cinco anos o rendimento mensal dos trabalhadores da área financeira não foi negativo como o de outras áreas, com alta na remuneração média mensal de R$ 3.238 para R$ 3.245. Contudo, profissionais do setor também perderam seus postos de trabalho no período e, consequentemente, tiveram queda significativa na renda. É o caso da bancária Juliana Pelloso, 44 anos, que trabalhou mais de vinte anos na área financeira e em 2017 perdeu o emprego em decorrência da recessão. Ela também recorreu ao mercado informou, mas agora conseguiu retornar ao setor financeiro por meio dos bancos digitais.

"Meu marido tem uma pequena empresa de serviços automotivos e por causa da crise ele também teve que deslocar alguns funcionários, inclusive da área financeira. Então, durante um ano, com a minha experiência como gerente de banco, eu o ajudei no que ele precisava. Agora, no começo do ano, eu recebi a proposta de um banco digital, mas minha renda ainda é menor do que em bancos tradicionais", relata.

Juliana conta que antes da recessão conseguia ganhar mensalmente R$ 10 mil e que hoje sua renda caiu para R$ 6 mil, 40% a menos. No entanto, quando conseguir firmar uma carteira de clientes que buscam por serviços financeiros online, sua expectativa é de que seu rendimento volte a ser maior.

Imagens do presidente da Venezuela Nicolás Maduro em um restaurante em Istambul, na Turquia, tem causado revolta entre os venezuelanos, que enfrentam uma crise econômica com índices altos de fome. O restaurante visitado por Maduro é do badalado chef Nusret Gokce, conhecido como Salt Bae. 

O local costuma atender celebridades internacionais como Leonardo di Caprio e Cristiano Ronaldo. O prato nos restaurantes do chef Salt Bae varia entre US$ 70 e US$ 250, segundo meios de comunicação gastronômicos. O valor equivale de dois a oito meses de salário mínimo na Venezuela, de acordo com o jornal Folha de São Paulo.

##RECOMENDA##

O ditador foi filmado, ao lado de sua esposa, Cilia Flores, fumando charuto e comendo suculentos pedaços de carne assada. "Isso é apenas uma vez na vida", chega a dizer Maduro. 

A passagem por Istambul foi realizada enquanto ele voltava de uma viagem a China, para buscar financiamentos. Nicolás Maduro chegou a Caracas, capital da Venezuela, na madrugada dessa segunda-feira e confirmou a parada na Turquia, segundo ele, para atender convites das autoridades locais. 

"Almoçamos em um restaurante famoso. Envio saudações a Nusret, que nos atendeu pessoalmente, estivemos conversando, desfrutando com ele (...) ama a Venezuela", disse o mandatário, em cadeia de rádio o TV. 

Militares do Exército levaram 871 venezuelanos que estavam acampados na Praça Simón Bolívar, em Boa Vista, para dois abrigos montados temporariamente na cidade, segundo informações divulgadas pela Casa Civil da Presidência da República. A ação teve apoio da prefeitura e da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). 

A retirada começou às 5h30 até o início da tarde. Os venezuelanos foram levados para os abrigos Latife Salomão e Santa Tereza, onde terão três refeições diárias. Eles também foram cadastrados, receberam cartões de acesso aos abrigos e vacinados. 

##RECOMENDA##

O general de Divisão Eduardo Pazuello, coordenador da operação de acolhimento dos migrantes, chamada de Força-Tarefa Humanitária, já havia antecipado à Agência Brasil a ação na praça. “Em Boa Vista, ainda temos pessoas na Praça Simón Bolívar. São os próximos que vamos abrigar. Com a desocupação da praça e com alguns remanescentes em um prédio ou outro, estaremos estabilizados”, disse.

Cerca de 4 a 6 mil venezuelanos estão em Boa Vista e o estado se prepara para receber mais pessoas que fogem da crise econômica intensa instalada no país vizinho. 

A ação faz parte das iniciativas do Comitê Federal de Assistência Emergencial do Governo Federal, presidido pela Casa Civil.

Outra medida é a transferência de venezuelanos para outros estados do país para aliviar a demanda crescente por assistência em Roraima. Até agora, 498 venezuelanos foram distribuídos entre São Paulo, Manaus e Cuiabá. O governo federal pretende investir na interiorização de 15 mil venezuelanos. Estão sendo disponibilizados R$ 190 milhões para atender a operação em um período de 12 meses. Essa verba é utilizada, principalmente, em contratação de estruturas para abrigos, transporte de equipamentos e na alimentação dos migrantes, além das viagens nos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

A reportagem da Agência Brasil acompanhou a transferência de alguns deles e conversou para saber o que buscam no Brasil. 

Apesar de a economia brasileira ter voltado ao azul, a crise deixou marcas profundas no setor de shoppings. Há hoje cerca de 1 milhão de metros quadrados vagos nos 522 shoppings espalhados pelo País. São 12,5 mil lojas desocupadas. Se nenhum novo empreendimento fosse construído ou ampliado, seriam necessários pelo menos quatro anos para que todo o espaço vazio fosse ocupado.

Isso é o que revela um estudo do Ibope Inteligência sobre a vacância do setor. No último ano, houve uma melhora na ocupação, sobretudo nos shoppings consolidados, construídos antes de 2012. Nesse grupo, 8,5% das lojas estavam vagas em 2017. Neste ano, essa marca caiu para 7,9%. Nos shoppings novos, abertos a partir de 2013, a vacância em número de lojas, que atingiu o pico de 46% em 2017, recuou para 41% este ano.

##RECOMENDA##

Mas a situação ainda é bem crítica nos shoppings novos, afirma Marcia Sola, diretora executiva de Shopping, Varejo e Mercado Imobiliário do Ibope. "Nos shoppings novos, a torneira está aberta em cima do ralo: entra contrato novo de locação, mas eles perdem varejistas."

Foi exatamente esse movimento que se viu nos últimos três anos no comércio em geral. De 2015 a 2017, entre abertura e encerramento, o saldo de lojas foi negativo em 226 mil, aponta a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Para este ano, o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, projeta um saldo positivo de 20,7 mil lojas. Com o ritmo lento de recuperação, ele confirma a projeção do Ibope. "Não será possível repor antes de 2022 todos os pontos de venda fechados por causa da crise."

Além da retração da atividade, a imprudência dos investidores em novos projetos, que superestimaram o mercado, foi outro fator que contribuiu para grande ociosidade nos shoppings hoje, observa Marcia. Nos inaugurados em 2017 e localizados no Sudeste, por exemplo, a situação é mais crítica: quase metade (49%) das lojas está vaga, uma marca muito acima da média nacional (41%).

De fato, houve um boom de shoppings. Entre 2012 a 2016, foram abertos 128 empreendimentos, lembra o presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Glauco Humai. "Com a crise, ocorreu uma tempestade perfeita que fez com que os shoppings novos tivessem maior dificuldade de amadurecimento. Mas isso não aconteceu com todos."

A Abrasce não monitora a vacância dos shoppings novos separadamente dos consolidados. Nas contas da entidade, a taxa média de vacância do setor como um todo gira em torno de 5,7% em número de lojas. "A taxa tem flutuado mês a mês e é administrável", afirma Humai. Ele diz que não conhece a metodologia e a base de dados dos indicadores apurados pelo Ibope e, por isso, não pode comparar os resultados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de três anos de queda, a geração de empregos formais deve voltar a ser positiva no País em 2018. Esse crescimento, no entanto, ainda se dará por meio de vagas que exigem uma qualificação mais baixa - mas que, em geral, são ocupadas por candidatos com nível de escolaridade maior. As empresas estão em busca de profissionais 'bons e baratos'.

É o que mostra um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), feito a pedido do Estadão/Broadcast. O levantamento traça um perfil das vagas geradas no ano passado. As profissões que mais absorveram empregados em 2017 estavam na atividade industrial e nos serviços. E, em geral, foram funções que exigiam pouca qualificação, como alimentador de linha de produção, faxineiro, atendente de lojas e mercados, embalador a mão, auxiliar de escritório e repositor de mercadorias.

##RECOMENDA##

Os candidatos selecionados para essas vagas tinham um perfil bem específico: homens jovens, com até 24 anos de idade, e nível de escolaridade mais elevado, com pelo menos o ensino médio completo.

"As empresas estão com um poder de barganha enorme para escolher o bom e barato. O bom é o qualificado, e o barato é o jovem", explicou Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC, responsável pelo levantamento.

Carteira assinada

Quem conseguiu se reposicionar, no entanto, não vê motivos para reclamação. O técnico em mecatrônica Rherison Walter Brandão da Silva, de 29 anos, por exemplo, aproveitou a recuperação da indústria automobilística para retornar ao setor no ano passado. Foi contratado como operador de logística na fábrica da Nissan, em Resende, no lado fluminense do Vale do Paraíba, onde está o polo automotivo do Estado do Rio.

Silva já havia trabalhado, por dois anos, em outra fábrica da região - onde há plantas da PSA Peugeot Citroën e da MAN Latin America. Em 2012, foi demitido, quando a unidade em que trabalhava encerrou o terceiro turno. Desempregado, foi obrigado a trancar a faculdade de administração, na Universidade Estácio de Sá, e procurar trabalho em outra área.

Agora, Silva está otimista na retomada da carreira na indústria. Com o novo emprego, o técnico, que vinha ganhando a vida instalando câmeras de segurança e portões eletrônicos, destrancou a faculdade e vai se formar no fim deste semestre. O salário na Nissan pesou menos do que a perspectiva de crescer na empresa. "Eu ganhava mais, porém, com os benefícios que tenho aqui, acaba que fica a mesma coisa. A questão do futuro influenciou muito", disse Silva, que também já está fazendo curso de inglês.

Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é natural que trabalhadores que foram demitidos durante a crise retornem ao mercado em funções menos qualificadas ou com salários mais baixos. "É preciso esperar até que a conjuntura econômica esteja mais favorável para conseguir se recolocar da forma que você deseja", afirmou Azeredo.

Projeções

Nos últimos três anos, a destruição de empregos com carteira assinada no País foi enorme: 1,5 milhão de vagas a menos em 2015, 1,3 milhão em 2016 e 20 mil no ano passado. Para este ano, a CNC estima que o mercado de trabalho formal registre um saldo positivo de cerca de 600 mil vagas. Mas, segundo Bentes, o padrão de 2017, com foco na baixa qualificação, ainda deverá se manter.

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) também tem perspectivas positivas para o ano: estima que sejam criadas aproximadamente 500 mil vagas com carteira. "Será um ano de recuperação do emprego formal, mas, possivelmente, o aumento será ainda maior nas ocupações informais", disse Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Ibre/FGV.

No ano passado, de acordo com dados do IBGE, a maior parte das vagas de emprego criadas no Brasil foram no mercado informal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A crise econômica de 2015 interrompeu um período de sete anos de crescimento do setor de serviços no Brasil, informou hoje (22) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o instituto, vários fatores influenciaram o desempenho negativo do setor. Entre eles, está a diminuição do consumo das famílias, que caiu 4% com a retração da renda; do mercado de trabalho, com queda de 9,6%; das condições difíceis de crédito; e o aumento da inflação, que atingiu a marca de 10,6%.

##RECOMENDA##

O número de trabalhadores ocupados pelo setor de serviços contabilizava 12.986.478 pessoas em 31 de dezembro de 2014, ano em que foi apresentado o menor crescimento da série histórica até então: 4,14%. Em 2015, a desaceleração virou uma queda de 2,34% no número de pessoas com carteira assinada. Em 2007, os serviços empregavam 8,3 milhões de pessoas.

Entre as atividades pesquisadas, apenas os serviços prestados às famílias (+0,09%) e as atividades imobiliárias (+5,09%) tiveram variação positiva no número de empregados. Principais empregadores, os serviços profissionais, administrativos e complementares tiveram queda de 3,4%, de 5.247.882 de funcionários para 5.069.708.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando