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A atmosfera tempestuosa e gasosa de Júpiter se estende por cerca de 3.000 quilômetros de profundidade e compreende um centésimo da massa do planeta, revelaram nesta quarta-feira (7) estudos com base em observações da nave espacial Juno da Nasa.

As medidas lançam luz pela primeira vez sobre o que acontece sob a superfície do maior planeta do Sistema Solar, que à distância se assemelha a um mármore de vidro colorido e listrado.

"Galileu viu as listras em Júpiter há mais de 400 anos. Até agora, nós só tínhamos uma compreensão superficial delas", disse Yohai Kaspi, do Instituto Weizmann de Ciência em Israel, autor de um dos quatro estudos publicados na Nature.

Até uma profundidade de cerca de 3.000 km, os dados de Juno mostraram, Júpiter compreende um redemoinho psicodélico de faixas de nuvens e correntes de jatos sopradas por ventos poderosos, em direções opostas e a diferentes velocidades.

Mas embaixo, o núcleo líquido de hidrogênio e hélio do planeta gira uniformemente, comportando-se quase como um corpo sólido, descobriram os pesquisadores.

"O resultado é uma surpresa porque isso indica que a atmosfera de Júpiter é enorme e se estende por uma profundidade muito maior do que esperávamos anteriormente", disse Kaspi à AFP.

A atmosfera da Terra, em comparação, representa menos de um milionésimo da massa total do planeta.

"É um enigma de quase 50 anos na ciência planetária que está resolvido", disse outro autor do estudo, Tristan Guillot, da Universidade Cote d'Azur na França.

"Nós não sabíamos se um planeta gasoso como Júpiter girava com zonas e cintos todo o caminho até o centro, ou se, pelo contrário, os padrões atmosféricos eram superficiais".

As descobertas foram o resultado de medidas sem precedentes do campo de gravidade de Júpiter por Juno, na órbita do gigante gasoso mais próximo da Terra desde julho de 2016.

Outras observações incluíram uma erupção de ciclones maciços nos polos do planeta não observadas em nenhum outro planeta do Sistema Solar.

Não se sabe como os ciclones são formados, ou como eles persistem sem se fundir.

"A primeira e mais importante questão que Juno pretende responder é como o nosso Sistema Solar foi formado e consequentemente entender mais sobre sua evolução", disse à AFP outro autor, Alberto Adriani, do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália.

"Qualquer conhecimento que possamos acrescentar ao entender Júpiter, que é provavelmente o primeiro planeta formado (ao redor do Sol), é um passo nessa direção".

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