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Um levantamento da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) sobre a situação da dengue no estado aponta que do dia 2 de janeiro ao dia 3 de maio deste ano, Pernambuco teve um aumento de 36,6% - quando comparado com o mesmo período de 2021 -, dos casos suspeitos notificados. 

Já são 19.341 casos notificados, 1.411 confirmados e 5.116 descartados. No mesmo período, os registros de Chikungunya cresceram 67,2%. Neste ano, essa doença infecciosa febril teve 11.682 notificações, enquanto do dia 2 de janeiro ao dia 3 de maio do ano passado, a realidade era de 6.987 casos suspeitos. A SES confirmou 2.136 casos, enquanto 1.917 foram descartados.

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Até agora, os casos da zika foram os que apresentaram uma redução de 33,8% neste ano. São 873 casos notificados em 2021, contra 1.319 suspeitos do ano passado. O último levantamento da secretaria não confirmou nenhuma pessoa com a doença e descartou 398.

Recife

A Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife explica que até a semana epidemiológica (SE) 16 foram confirmados 97 casos de dengue e 58 casos de chikungunya. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, houve redução de aproximadamente 80% dos casos notificados e uma queda de 91% dos casos confirmados de arboviroses.

A Sesau esclarece que, desde abril do ano passado, tem intensificado a realização de mutirões em diversas comunidades da capital pernambucana, sempre aos fins de semana.

"Os agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces) fazem a inspeção de residências e pontos estratégicos, a exemplo de borracharias e ferros-velhos, para identificar e tratar possíveis focos desses vetores, eliminando focos e aplicando larvicida biológico nos depósitos de água", salienta a pasta.

Durante todo o ano de 2021 e nos meses de janeiro e fevereiro de 2022, os asaces da Prefeitura do Recife visitaram mais de 2,8 milhão de imóveis. Além disso, a Vigilância Ambiental do Recife também realiza outras atividades continuadas para controle dos mosquitos transmissores das arboviroses, como manutenção das ovitrampas (armadilhas para monitorar a infestação do mosquito) e manutenções mensais das Estações Disseminadoras de Larvicidas nos pontos estratégicos.

Para realizar denúncias de possíveis focos, os recifenses podem ligar para a Ouvidoria Municipal do Sistema Único de Saúde, através do telefone 0800 281 1520. A Prefeitura do Recife também disponibiliza a plataforma Bora Se Cuidar contra o Mosquito no site ou no app Conecta Recife.

Ministério da Saúde

O Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa), realizado pelo Ministério da Saúde, indicou que 42% dos criadouros do mosquito da dengue estão em depósitos de água para consumo humano. 

Para o Ministério da Saúde, esse número reforça a importância da participação da população no combate à proliferação do Aedes aegypti, uma vez que o mosquito se mostra cada vez mais habituado ao ambiente doméstico.

O levantamento apontou também que depósitos móveis, fixos e naturais aparecem como segundo maior foco de procriação dos mosquitos, com 32%, enquanto depósitos de lixo têm incidência de 25%.

"Com as altas temperaturas e períodos chuvosos, a expectativa é que o número de criadouros aumente. Por esse motivo, é preciso o empenho da sociedade para eliminar os criadouros e evitar água parada. E as medidas são simples e podem ser implementadas no dia a dia. Especialistas do Ministério da Saúde sugerem que a população faça uma inspeção em casa pelo menos uma vez por semana", diz o ministério.

A pasta reforça que para fazer o controle efetivo da proliferação do mosquito é necessário tirar ao menos 10 minutos para verificar o telhado, as calhas entupidas, piscina, garrafas, pneus e demais itens que possam se tornar criadouros do transmissor. Mesmo em lugares que necessitem de armazenamento de água é importante não deixar os reservatórios destampados.

Confira algumas medidas para eliminar a formação de criadouros

1- Lavar com água e sabão tonéis, galões ou depósitos de água e mantê-los bem fechados

2- Manter as caixas d’água bem fechadas

3- Limpar e remover folhas das calhas, deixando-as sempre limpas

4- Retirar água acumulada das lajes

5- Desentupir ralos e mantê-los fechados ou com telas

6- Colocar areia ou massa em cacos de vidro de muros

7- Lavar plantas que acumulam água, como as bromélias, duas vezes por semana

8- Preencher com serragem, cimento ou areia ocos das árvores e bambus

9- Evitar utilizar pratos nas plantas, se desejar mantê-los, colocar areia até a borda dos pratos de plantas ou xaxins

10- Tratar a água da piscina com cloro e limpá-la uma vez por semana.

O genótipo cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue foi detectado no Brasil pela primeira vez. Presente na Ásia, Pacífico, Oriente Médio e África, a linhagem é a mais disseminada no mundo, mas nunca tinha sido encontrado no território brasileiro. A identificação foi realizada em fevereiro em uma amostra referente a um caso ocorrido no final de novembro em Aparecida de Goiânia, em Goiás. O achado representa o segundo registro oficial desse genótipo nas Américas, após um surto no Peru, em 2019.

A detecção, liderada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás (Lacen-GO), foi comunicada imediatamente às secretarias municipal e estadual de Saúde e ao Ministério da Saúde. Para informação à comunidade científica, um artigo foi publicado na plataforma de pré-print medRxiv, que permite a divulgação rápida de resultados, antes do processo de revisão por pares. O trabalho também foi submetido para publicação em revista científica e atualmente se encontra em fase de revisão.

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Nas Américas, linhagem cosmopolita do sorotipo 2 do vírus da dengue foi detectada em Goiás, no Brasil, e em Madre de Dios, no Peru (reprodução: Giovanetti e colaboradores)

O vírus da dengue possui quatro sorotipos, nomeados como 1, 2, 3 e 4, e cada sorotipo pode ser subdividido em diferentes genótipos (também chamados de linhagens), devido à presença de variações genéticas. O genótipo cosmopolita é uma das seis linhagens do sorotipo 2 do patógeno.

Para os pesquisadores, a chegada dessa cepa ao Brasil preocupa, porque existe a possibilidade de ela se disseminar de forma mais eficiente do que a linhagem asiático-americana, também conhecida como genótipo 3 do sorotipo 2, que atualmente circula no país.

“Ainda não sabemos como será a proliferação do genótipo cosmopolita no Brasil. Mundialmente, ele é muito mais distribuído e causa mais casos do que o genótipo asiático-americano, que circula no Brasil há anos. O quadro global indica que a linhagem cosmopolita tem capacidade de se espalhar facilmente”, afirma o coordenador da pesquisa, Luiz Carlos Júnior Alcantara, pesquisador do Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz.

A possibilidade de associação entre a linhagem cosmopolita e o aumento de casos de dengue no estado de Goiás em 2022 é, até o momento, descartada pelos cientistas com base no sequenciamento genético de amostras realizado no estado. Ao todo, cerca de 60 genomas foram decodificados pelos pesquisadores nas duas primeiras semanas de fevereiro. Estas amostras foram selecionadas de forma aleatória entre as amostras de casos de dengue confirmados pelo Lacen-GO nos meses anteriores. Aproximadamente metade pertencia ao sorotipo 1 e a outra metade ao sorotipo 2. Entre as amostras do sorotipo 2, apenas uma era do genótipo cosmopolita e todas as demais apresentavam o genótipo asiático-americano, atualmente circulante no Brasil.

“Os dados mostram que o surto de dengue em Goiás não é causado pelo genótipo cosmopolita”, declara Alcantara, acrescentando que a dengue tem comportamento cíclico no Brasil, que se relaciona com diversos fatores ligados ao vetor e ao vírus, assim como às condições climáticas e de vida da população.

Considerando a rápida identificação do genótipo cosmopolita, os pesquisadores avaliam que é possível agir para conter a sua disseminação. “A detecção precoce permite reforçar as medidas de controle. Esperamos que isso possa ajudar a limitar a propagação dessa linhagem no Brasil e nas Américas, onde já temos um cenário epidemiológico complexo, com múltiplos patógenos em circulação”, avalia a primeira autora do estudo, Marta Giovanetti, pós-doutoranda do Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz.

Entre as principais ações para conter a disseminação da dengue, está a eliminação de depósitos de água parada, que podem se tornar criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Conheça a estratégia 10 minutos contra o Aedes.

Vigilância genômica

Além das ações de combate à dengue, os pesquisadores enfatizam a importância de intensificar a vigilância genômica do agravo para mapear a possível circulação da linhagem cosmopolita e compreender melhor as rotas de introdução do vírus no país.

Árvore filogenética, que indica relação entre genomas virais de forma semelhante a uma árvore genealógica, mostra proximidade entre vírus isolados nas Américas e linhagens de Bangladesh (reprodução: Giovanetti e colaboradores)

Análises iniciais realizadas pelos cientistas mostram que o patógeno detectado no Brasil é semelhante a dois microrganismos isolados durante o surto registrado na província de Madre de Dios, no Peru, em 2019. Porém, ainda não é possível dizer que o genótipo cosmopolita foi introduzido no Brasil a partir do Peru.

“Considerando os genomas disponíveis, vemos que os vírus do Peru e do Brasil têm relação com genomas oriundos de um surto registrado em Bangladesh. Tudo indica que a introdução nas Américas ocorreu a partir da Ásia, provavelmente através de viagens intercontinentais. Porém, para compreender a dinâmica da dispersão no continente americano precisamos ter mais amostras sequenciadas”, esclarece Marta.

“A província de Madre de Dios faz fronteira com o estado do Acre, no Brasil. A vigilância genômica ativa nessa região, com sequenciamento genético de amostras do dengue 2, seria importante para entender essa introdução e orientar as ações para conter o espalhamento viral”, acrescenta a cientista.

A identificação do genótipo cosmopolita do vírus da dengue foi realizada a partir de um projeto de vigilância genômica de arbovírus em tempo real, liderado pelo Laboratório de Flavivírus do IOC/Fiocruz. Na iniciativa, os pesquisadores se deslocam para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública dos estados (Lacens) e realizam a decodificação de genomas com equipamentos portáteis para sequenciamento genético. Desde 2020, o trabalho contempla também a vigilância genômica do Sars-CoV-2, causador da Covid-19, recebendo o nome de VigECoV-2.

“Em geral, passamos uma semana em cada Lacen e, nesse período, conseguimos gerar mais de 250 genomas. Fazemos as análises em tempo real e apresentamos os resultados ao Lacen, à Secretaria estadual de Saúde e ao Ministério da Saúde. O objetivo é que esses dados possam servir de apoio para políticas públicas de saúde”, destaca Alcantara, lembrando que a equipe do projeto também oferece treinamentos para os profissionais dos laboratórios.

Do site da Fiocruz

Em meio a um surto de dengue, o Brasil registrou um aumento de 113,7% nos casos prováveis da doença até abril deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo boletim do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda-feira (2), foram 542.038 casos prováveis, entre a primeira e a décima sexta semana epidemiológica, período compreendido entre 2 de janeiro e 23 de abril de 2022. Esse número já é praticamente o mesmo que foi registrado em todo o ano de 2021, quando foram contabilizados 544 mil casos prováveis de dengue. 

A doença, causada por um vírus, é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Os principais sintomas são febre alta, erupções cutâneas e dores musculares e nas articulações. Nas formas mais graves, a dengue pode causar hemorragia interna em órgãos e tecidos, e levar à morte. 

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A Região Centro-Oeste apresentou a maior taxa de incidência de dengue, com 920,4 casos por 100 mil habitantes, seguida das regiões Sul (427,2 casos/100 mil habitantes), Sudeste (188,3 casos/100 mil habitantes), Norte (154 casos/100 mil habitantes) e Nordeste (105 casos/100 mil habitantes). O estado de Goiás tem sido um dos mais afetados, liderando a incidência da doença no país, com 1.366 casos para cada 100 mil habitantes.  

Os municípios que apresentaram os maiores registros de casos prováveis de dengue até 23 de abril respectiva semana foram Goiânia/GO, com 31.189 casos (2.004,9 casos/100 mil habitantes), Brasília, com 29.928 casos (967,2/100 mil habitantes), Palmas, com 9.080 casos (2.897,7 casos/100 mil habitantes), São José do Rio Preto (SP), com 7.466 casos (1.591,3 casos/100 mil habitantes) e Votuporanga (SP), com 6.836 casos (7.113/100 mil habitantes). 

Desde o início do ano, já foram confirmados 160 óbitos por dengue no país, sendo 147 por critério laboratorial e outros 13 por análise clínica. Os estados com mais registro de mortes pela doença até agora são: São Paulo (56), Goiás (19), Santa Catarina (19) e Bahia (16). Outros 228 óbitos ainda estão em investigação. 

Até o dia 23 de abril, foram notificados 378 casos de dengue grave (DG) e 4.741 casos de dengue com sinais de alarme (DSA). Outros 368 casos de dengue grave e dengue com sinais de alarme seguem em investigação. 

Chikungunya

Em relação à febre chikungunya, o Ministério da Saúde informou que, até o último dia 23 de abril, foram registrados 47.281 casos prováveis, uma taxa de incidência de 22,2 casos por 100 mil habitantes no país. Esses números correspondem a um aumento de 40% dos casos em relação ao mesmo período do ano passado.

A região Nordeste foi a que apresentou a maior incidência, com 65,9 casos por 100 mil habitantes, seguida das regiões Centro-Oeste (15,6 casos/100 mil habitantes) e Norte (8,4 casos/100 mil habitantes).

Os municípios que apresentaram os maiores registros de casos prováveis de chikungunya até abril foram: Juazeiro do Norte (CE), com 3.539 casos (1.271,8 casos/100 mil habitantes); Crato (CE), com 2.068 casos (1.544,3 casos/100 mil habitantes); Salgueiro (PE), com 1.883 casos (3.058,8 casos/100 mil habitantes); Brumado (BA), com 1.744 casos (2.584,9 casos/100 mil habitantes) e Fortaleza, com 1.563 casos (57,8 casos/100 mil habitantes).

Desde o início do ano, a chikungunya foi a causa de morte de oito pessoas no país, sendo seis apenas no Ceará. Maranhão e Mato Grosso do Sul foram os dois outros registros. No entanto, ao menos 12 óbitos seguem em investigação nos estados do Ceará, Bahia, São Paulo, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.  

A chikungunya também é uma infecção viral, como a dengue, e que pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, os mesmos insetos que transmitem a dengue e a febre amarela, respectivamente. Os sintomas podem incluir febre, dor nas articulações, dor muscular, dor de cabeça, dor nos olhos, dor na garganta e fadiga. Em mais de 50% dos casos, a dor nas articulações (artralgia) torna-se crônica, podendo persistir por anos.

Zika

O Ministério da Saúde também atualizou o balanço dos casos de zika no país, com 2.118 casos prováveis até o dia 14 de abril. A taxa de incidência ficou em 0,99 caso por 100 mil habitantes no país. Em relação a 2021, os dados representam um aumento de 53,9% no número de casos. Até a semana analisada, não foi notificado nenhum óbito causado por zika no Brasil. 

Também transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, o vírus da zika foi identificado pela primeira vez no Brasil em 2015 e tem essa denominação por ter sido descoberto na floresta Zika, em Uganda, na África. Segundo as o Ministério da Saúde, cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. Em geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. 

Febre amarela

Entre julho de 2021 até meados de abril de 2022, o Ministério da Saúde registrou 1.093 epizootias suspeitas de febre amarela, dos quais 25 (2,3%) foram confirmadas por critério laboratorial. As epizootias são as mortes de animais não humanos em decorrência da doença e podem indicar a presença do vírus em uma determinada região e, com isso, o risco de contaminação de humanos. Os macacos, de diferentes espécies, são os principais hospedeiros do vírus da febre amarela. No mesmo período, foram notificados 485 casos humanos suspeitos de febre amarela, dos quais 4 (0,8%) foram confirmados.

A transmissão do vírus entre primatas não humanos (PNH) foi registrada no Pará, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sinalizando a circulação ativa do vírus nesses estados e o aumento do risco de transmissão às populações humanas durante o período sazonal, que vai de dezembro a maio. Os casos humanos confirmados tiveram local provável de infecção no Pará (municípios de Afuá e Oeiras do Pará) e em Tocantins (município de São Salvador do Tocantins).

A febre amarela é uma doença viral transmitida por diferentes espécies de mosquitos infectados. Os sintomas mais comuns são febre, dores musculares com dor lombar proeminente, dor de cabeça, perda de apetite, náusea ou vômito. Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem depois de 3 ou 4 dias. De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), de 15% a 25% dos pacientes entram em uma segunda fase mais grave, na qual o risco de morte é maior e as pessoas podem ficar com a pele e os olhos amarelados, sangramentos, urina escura (problemas renais), além de dores abdominais com vômitos.

O número de casos prováveis de dengue, em todo o país, quase dobrou desde o começo do ano comparado ao mesmo período de 2021, segundo boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. 

De acordo com o levantamento, foram registrados quase 400 mil casos prováveis de dengue, o que representa um aumento de 95% em relação ao mesmo período do ano passado. Até o momento, são 184 casos para cada 100 mil habitantes neste ano. 

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Para a segunda vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Rosylane Rocha, dois fatores podem explicar esse aumento considerável. O primeiro é que a dengue é uma doença sazonal, com maior incidência em períodos de chuva e calor. E, como este ano muitas regiões tiveram chuvas acima do esperado, favoreceu o acúmulo de água, situação propícia para o surgimento de focos do mosquito transmissor. 

Outro motivo, segundo Rosylane Rocha, é que o medo da covid-19 fez muita gente procurar atendimento médico, aumentando os registros oficiais de casos de dengue, já que, no início as duas doenças têm sintomas parecidos. 

Muito acima da média nacional, a Região Centro-Oeste apresenta taxa superior a 700 casos de dengue por 100 mil habitantes, com destaque para as capitais Goiânia, Brasília e Palmas. É na capital federal onde mora o fotógrafo Raphael Padilha, que teve dengue logo após se curar da covid-19, em fevereiro. Assustado com os sintomas, chegou a desconfiar de complicações da covid-19. Raphael conta que, na região onde vive, está havendo surto de dengue e que nem o filho mais novo, de quase 2 anos, ficou ileso. 

O boletim do Ministério da Saúde aponta que, até o momento, está confirmada a morte de 112 pessoas, das 280 que desenvolveram agravamento da dengue no país. Os registros ocorreram, principalmente, nos estados de São Paulo, seguido de Goiás, Bahia, Santa Catarina e Minas Gerais. Além disso, mais de 170 mortes ainda são investigadas e podem estar associadas à dengue.

Os registros de dengue aumentaram 85% este ano no País, ante o mesmo período do ano passado. Até o dia 15, foram notificados 323,9 mil casos prováveis da doença, incidência de 151,8 por 100 mil habitantes, diz o Ministério da Saúde. E foram 85 mortes, 73% a mais do que em 2021. Especialistas alertam para o avanço do mosquito Aedes aegypti pelo Sul do País, onde a frequência do vírus costumava ser menor por causa das temperaturas mais baixas.

Santa Catarina teve recorde de mortes confirmadas (11), atrás neste ano só de São Paulo (30) e junto de Goiás (11). Há mais 159 óbitos em investigação no Brasil. Até agora, 26 cidades catarinenses já declararam epidemia e três - incluindo Florianópolis -, emergência. Prefeituras têm convocado voluntários para reforçar o combate ao Aedes. Rio Grande do Sul e Paraná também estão entre os dez Estados com mais casos.

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"O número de casos no Sul é muito alto para essa época do ano. É inusitado ter dengue quando começa a esfriar", diz o epidemiologista Jair Ferreira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para ele, provavelmente a proliferação do mosquito foi no momento em que a temperatura era mais favorável a ele. Outra hipótese é a de que as pessoas, preocupadas com a covid-19, negligenciaram focos domésticos de dengue.

Para o epidemiologista André Ribas Freitas, da Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas, a alta recente de temperaturas favorece o espalhamento do Aedes onde antes ele não tinha tanto espaço, como o Sul.

Em São Paulo, a doença avança principalmente no norte do Estado. Cidade dessa região, Votuporanga tem a maior incidência de dengue do País, com 4.971 casos por 100 mil habitantes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define transmissão epidêmica quando a taxa supera 300 casos por 100 mil.

A Secretaria de Saúde paulista informou que as principais medidas preventivas são retirar objetos que acumulam água. Conforme diretriz do SUS, o trabalho de campo para combate ao mosquito compete sobretudo aos municípios.

"Em São Paulo, há mais casos que no ano passado, mas não é uma situação tão complicada como as de 2014, 2017 e 2018", afirma André Ribas Freitas.

FUMACÊ A DRONE

Goiás iniciou semana passada parceria com o Distrito Federal. Em Valparaíso de Goiás, no entorno de Brasília, foram usados lançadores de inseticidas e drones. "Escolhemos a região por concentrar níveis elevados de concentração do vetor (mosquito) e de casos. Como a pandemia ainda não acabou, o surgimento de novas doenças pode sobrecarregar a saúde", diz a superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim.

O Ministério da Saúde diz ter enviado aos Estados, até o dia 5 de abril, 22,5 milhões de pastilhas larvicidas para recipientes com água e 2,8 mil quilos de inseticida para o tratamento residual em pontos estratégicos, como borracharias e ferros-velhos, além de 97 mil litros de solução inseticida para uso via fumacê ou pulverização.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sucesso no cenário musical há mais de 30 anos, a banda pernambucana Nação Zumbi vai dar uma pausa na carreira. De acordo com informações do Blog Social1, o grupo liderado por Jorge Du Peixe fará o show de despedida no próximo dia 16, no Carnaval Parador, no Bairro do Recife. O baixista Alexandre Dengue contou que existem diversos assuntos que levaram à decisão de parar temporariamente com os trabalhos da Nação.

O último trabalho da turma da Nação Zumbi, o Radiola NZ, Vol. 1, foi lançado há cinco anos. Alexandre Dengue garantiu que a banda está produzindo um disco, mas que ainda não existe uma previsão de data de lançamento. “Posso garantir que antes do Carnaval de 2023 esse disco não vai estar pronto", disse. Para o pernambucano, é um caso a ser analisado a Nação Zumbi oficializar um possível encerramento do Carnaval de Olinda: “Mesmo assim, é uma incógnita. Mas, pode ser que a gente pense".

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A Secretaria Estadual de Saúde (SES) de Mato Grosso do Sul confirmou a segunda morte por dengue neste ano. A vítima era um homem de 46 anos, que morava em Campo Grande, mas não teve a identidade revelada. O óbito menciona o boletim epidemiológico, divulgado nesta quinta-feira (24).  

De acordo com o levantamento, a vítima tinha diabetes e começou a sentir os sintomas no dia 6 de março e morreu no dia 16. A confirmação ocorreu no dia seguinte. A primeira morte também foi registrada em Campo Grande. A vítima, Débora Nascimento Soares Silva, tinha 50 anos e não relatou comorbidades. 

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Segundo a nota da SES, Mato Grosso do Sul possui mais de dois mil casos prováveis de dengue neste ano. Na faixa de alta ocorrência da doença, estão os municípios de São Gabriel do Oeste, Aparecida do Taboado, Brasilândia e Douradina, sendo Campo Grande, a mais alta, com 474 casos. 

Além do Aedes aegypti transmitir a dengue, o mosquito se tornou um dos perigos da saúde pública por também transmitir o vírus Zika e a febre do Chikungunya. A principal medida de prevenção e combate à dengue é evitar o acúmulo de água no pneu ou qualquer outro material que deixe água parada, assim como a limpeza de terrenos e quintais. 

Por Camily Maciel

O “terror do INSS”, Andrelino Vieira da Silva, de 121 anos, passou cinco dias internado no Centro Estadual de Atenção Prolongada e Casa de Apoio Condomínio Solidariedade (Ceap-Sol), em Aparecida, Goiás, na semana passada, com dengue tipo C.

Seu Andrelino ganhou repercussão no início de 2022 ao viralizar nas redes sociais com uma foto segurando um bolo de aniversário com os dizeres “Terror do INSS”. A brincadeira, criada pelos filhos, foi uma forma cômica de celebrar a data, extremamente rara. 

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De acordo com a coordenadora de enfermagem da unidade do Governo de Goiás, Sara Coelho, a internação foi causada pela dengue tipo C. “Ele chegou em nossa unidade no dia 18 de março apresentando uma queda brusca nas plaquetas. Hoje, dia 23 de março, felizmente, demos alta ao sr. Andrelino. Durante todos esses dias de internação aqui ele esbanjou simpatia. Brincava com todos da equipe que entravam em seu quarto e fazia questão de caminhar pela unidade”, contou. 

Apoio

O filho de Andrelino, José Ferreira da Costa, de 57 anos, que estava acompanhando o pai no período de internação, ressaltou o tratamento recebido. “Mesmo com a idade avançada que tem, meu pai é um homem muito ativo. Gosta de dançar forró, faz questão de cozinhar a sua própria comida. Quando o vimos se sentindo mal, o trouxemos imediatamente e ele começou a ser cuidado pela equipe de uma forma muito qualificada e amorosa”, disse. 

Os casos de dengue cresceram 43,9% no Brasil nos primeiros meses deste ano, em comparação com o início de 2021. Em dez semanas, de 2 janeiro a 12 de março, foram registrados 161.605 prováveis infecções no País, uma taxa de incidência de 75,8 casos por 100 mil habitantes, segundo dados do Ministério da Saúde.

A pasta alertou para a necessidade de intensificar as medidas de vigilância, principalmente em áreas com surtos recentes da doença. O período de maior transmissão de dengue se dá entre os meses março e abril devido ao ciclo das chuvas e o tempo necessário para a replicação e disseminação do vírus entre os humanos e os vetores.

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A maior taxa de incidência aconteceu na região Centro-Oeste (204,2 casos por 100 mil), seguidas das regiões Norte (97,4/100 mil), Sudeste (47,9/100 mil) e Sul (49/100 mil). A incidência menor acontece no Nordeste, com 31 casos por 100 mil habitantes. O município de Goiânia (GO) lidera o ranking de cidades com mais dengue, com 16.629 casos prováveis, seguido por Brasília (DF) com 10.653, Palmas (TO), com 6.508, São José do Rio Preto (SP), com 2.477, e Aparecida de Goiânia (GO), com 2.438 casos.

No mesmo período, foram registrados 154 casos de dengue grave e 1.504 casos com sinais de alarme. Foram, ainda, confirmados 29 óbitos por dengue, sendo 27 por exame laboratorial e 2 por análise clínica. Os Estados de São Paulo, Bahia e Goiás tiveram seis óbitos cada. Conforme a pasta, outros 75 óbitos estão em investigação. O País registrou ainda 13.092 casos prováveis de chikungunya e 756 de zika, doenças também transmitidas pelo Aedes aegypti.

Apesar do aumento de casos de dengue no País, no Estado de São Paulo, os casos de dengue diminuíram este ano, em relação ao ano passado. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, até o dia 5 de março de 2022 foram registrados 12.974 casos, além de quatro óbitos já confirmados. No mesmo período de 2021, foram contabilizados 29 mil casos e 11 óbitos por dengue.

Indicadores do InfoDengue, sistema de monitoramento de arboviroses desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz e da Fundação Getulio Vargas, apontam a região Sul do País como área de atenção em 2022. A tendência é de expansão da dengue para maiores latitudes nos Estados da região. Surtos importantes de dengue aconteceram na região de Londrina e Sengés, no Paraná, e em Joinville, em Santa Catarina, no ano passado, indicando maior adaptação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, às alterações climáticas. Tradicionalmente, essas regiões são mais frias.

O InfoDengue desenvolve um projeto para avaliar mudanças no padrão de temperatura no País e possível associação com o aumento da temporada de dengue. Períodos chuvosos atrelados ao calor são favoráveis à reprodução do mosquito, segundo a coordenadora do serviço, Claudia Codeço. "A antecipação do período de transmissão em alguns Estados traz preocupação e pode levar a incidências altas, se não for feito o controle adequado dos vetores", disse. A pesquisadora lembra que nos meses de inverno de 2021 observou-se atividade aumentada de dengue na região Nordeste, considerada atípica.

Além do Sul do País, encontram-se atualmente em situação de atenção o noroeste do Estado de São Paulo, a região entre Goiânia (GO) e Palmas (TO), passando pelo Distrito Federal, e alguns municípios isolados da Bahia, Santa Catarina e Ceará. No ano passado, a região noroeste paulista, a capital e a Baixada Santista concentraram os casos de dengue em São Paulo. Cláudia disse ser fundamental que as prefeituras restabeleçam as estruturas de controle do mosquito transmissor, que foram desmontadas durante a pandemia. "É importante recompor as equipes e retomar inclusive as visitas domiciliares, pois a maioria dos focos está dentro das casas", disse.

A pesquisadora também aponta para a ocorrência de dengue na região Oeste do Brasil em 2021, desde o Mato Grosso até o Acre, coincidindo com a alta circulação em países vizinhos, como Bolívia e Paraguai. Esse fato, segundo ela, ressalta a importância de uma vigilância articulada nas fronteiras. Nos meses da primavera de 2021, houve crescimento antecipado da curva de dengue no centro-oeste, ao longo da estrada Belém-Brasília, passando por Palma e o sul do Pará, "região que deve ser monitorada por encontrar-se com um padrão precoce de circulação da dengue".

Ações suspensas durante a pandemia

Conforme a assistente de pesquisa do InfoDengue, Sara Oliveira, o quadro atual de recrudescimento da dengue mostra que o mosquito transmissor aproveitou o período da pandemia para se espalhar pelo País. "Durante o período mais crítico da pandemia, foram adotadas medidas de isolamento social e algumas ações contra a dengue tiveram de ser suspensas. Isso dificultou o controle e monitoramento do mosquito transmissor, mas em muitas cidades as medidas já foram restabelecidas", disse.

Sara lembrou que a dengue tem a característica de ser uma doença cíclica e de tempos em tempos acontece um aumento do número de casos, principalmente quando se observa a introdução ou reintrodução de um novo tipo viral. "A gente tem de entender que essas já são doenças endêmicas no nosso País, então é preciso estabelecer um controle, através das medidas de eliminação dos criadouros do vetor, enquanto uma vacina de ampla distribuição não existe." Medidas como evitar acumular lixo e água parada ajudam a evitar a proliferação do mosquito, segundo ela.

"Enquanto a gente não tem uma vacina disponível para toda população, é necessário que se reforcem as medidas de controle. Essas medidas de controle estão principalmente baseadas nas medidas de controle do vetor, o mosquito Aedes aegypti. Se a gente consegue eliminar os criadouros do mosquito, a gente consegue estabelecer um controle dessas doenças também", reforçou.

No interior e litoral de São Paulo, alertadas para o risco de uma nova escalada de casos, as prefeituras retomaram as buscas por focos de mosquitos nas casas, interrompidas devido à pandemia de covid-19. No ano passado, o Estado registrou um aumento de 262% no número de casos, em comparação com 2021.

Em São José do Rio Preto, os agentes de saúde estão indo casa a casa para inspeção e atendimento de denúncias em imóveis de risco. "Continuamos com a nebulização nos bairros mais críticos, além de visitas mensais a imóveis especiais (shoppings, escolas e hipermercados) e quinzenais a pontos estratégicos (borracharias, floriculturas e cemitérios)", informou a prefeitura.

Em Ilhabela, no litoral norte paulista, a prefeitura está usando um drone para identificar as áreas com possíveis focos do mosquito. Nos bairros com maior incidência de casos, estão sendo realizadas rondas diárias. Até maio, serão inspecionados 100 imóveis especiais, como escolas e pontos comerciais. As visitas domiciliares voltaram a ser realizadas diariamente. Em pontos estratégicos, é feita a pulverização com inseticida.

Na segunda-feira passada, 21, uma mulher de 37 anos morreu com dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença, em Franca. O óbito foi registrado na Santa Casa, onde a paciente havia sido internada na noite de domingo, após ser transferida de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Os médicos aplicaram os protocolos do Ministério da Saúde para dengue hemorrágica, mas o quadro da paciente piorou e ela não resistiu.

A pasta estadual da Saúde informou que o enfrentamento ao mosquito transmissor da dengue é uma tarefa contínua e coletiva. Conforme diretriz do Sistema Único de Saúde (SUS), o trabalho de campo para combater o vetor da dengue compete primordialmente aos municípios. Os sintomas associados à enfermidade são náuseas e vômitos, erupções cutâneas (avermelhadas) e dores musculares, articulações, cabeça e olhos. "É preciso estar atento aos sinais da doença e procurar uma unidade de saúde mais próxima em caso de suspeita", recomendou.

O coordenador de Vigilância em Arboviroses do Ministério da Saúde, Cássio Peterka, lembrou que a principal ação de combate à dengue é reduzir os focos de água parada, evitando a proliferação do mosquito transmissor. "Quando trabalhamos para reduzir esses focos, reduzimos também o número de casos. Nós fazemos campanhas e entramos em contato com os Estados para que façam suas campanhas de conscientização", disse.

Peterka disse que, por conta das restrições da pandemia, os trabalhos de porta em porta dos agentes comunitários só foram retomados no segundo semestre de 2021. A pasta adotou novas metodologias, incluindo inseticidas de origem biológica para controle do Aedes aegypti. Segundo ele, em 2021 foram distribuídos 57,7 milhões de pastilhas de larvicidas e, em 2022, outros 12,8 milhões. O biolarvicida pode ser aplicado em qualquer lugar que acumule água por se tratar de produto com baixo impacto na saúde humana e de animais.

Conforme o gestor, com as altas temperaturas e períodos chuvosos, a expectativa é de aumento no número de criadouros em todas as regiões do País onde o Aedes aegypti está presente, por isso o ministério continua trabalhando com Estados e municípios para serem intensificadas as ações de visitas domiciliares e busca de focos. "Recomendamos que a população tire ao menos dez minutos de apenas um dia na semana para verificar o telhado, calhas entupidas, piscina, garrafas, pneus e tudo o que possa ser criadouro", disse.

 O Recife registrou, queda de 96% em casos confirmados de arboviroses, se comparado ao mesmo período do ano passado. Na semana Epidemiológica (SE) 5, que vai de 30 de janeiro a 5 de fevereiro de 2022, a cidade registrou apenas quatro casos de dengue e quatro de chikungunya, e nenhuma de Zika. Ano passado, na mesma semana, havia 18 casos de dengue, 93 de chikungunya e nenhum de Zika.  Até o momento não há registros de óbitos por arboviroses na capital pernambucana. 75% dos casos confirmados na SE 5 2022, foram de pessoas  na faixa etária de 20 a 39 anos. 

A secretária executiva de Vigilância em Saúde do Recife, Marcella Abath, defendeu a importância de manter as medidas de prevenção, para eliminar os mosquitos de suas casas. "Apesar da redução nos números, que é fruto da seriedade com que a Prefeitura do Recife e a Secretaria de Saúde têm enfrentado as arboviroses, a população não pode se descuidar e precisa se esforçar para eliminar os focos de mosquito em suas casas, já que mais de 80% deles são encontrados dentro das residências”. 

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Como forma de prevenir e eliminar o mosquito, a cidade conta com os agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces), onde os  profissionais verificam em residências se há existência de criadouros do mosquito Aedes aegypti, eliminam focos e aplicam larvicida biológico nos depósitos de água. Os agentes também ensinam a população a prevenir as arboviroses mais comuns, como dengue, chikungunya e zika, além de outras doenças. 

Recife também conta com a ferramenta ‘Bora se Cuidar contra o Mosquito’, lançada em junho de 2021. Ela é feita para que moradores possam denunciar possíveis focos da doença e também pode incluir fotos do possível criadouro. A ferramenta se encontra dentro do site ou aplicativo Conecta Recife.  

Em ao menos cinco Estados, os casos de dengue têm aumentado no rastro do recente avanço da covid-19. Em Minas Gerais, as infecções por dengue cresceram 94% em uma semana. Alagoas, Rio Grande do Sul, Tocantins e cidades do interior paulista também relatam alta.

Especialistas preveem que 2022, já marcado pelos recordes do coronavírus por causa da variante Ômicron, será um ano de maior incidência de dengue. Gestores alertam ainda para o risco de confusão nos diagnósticos, uma vez que há sintomas similares, como febre e dor no corpo.

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Depois das chuvas, em menos de uma semana os casos de dengue praticamente dobraram em Minas. Em 20 de janeiro, a Secretaria de Saúde do Estado notificou 178 casos. Já no dia 26, o número subiu para 347: alta de 94%. Já os casos de chikungunya tiveram uma alta ainda maior, de 192%, passando de 27 para 79 no mesmo período. Houve ainda seis casos prováveis de zika no Estado, sem registro de óbito por essas doenças.

Conforme a coordenadora de Vigilância das Arboviroses da pasta, Danielle Capistrano, não está excluído o risco de epidemia no período sazonal da doença, que começou em dezembro e vai até junho. A gestora lembra que o elevado volume de chuvas, aliado à temperatura alta, pode ter aumentado os focos de criadouros do mosquito transmissor, Aedes aegypti.

Segundo ela, Minas teve ciclos epidêmicos de dengue a cada três anos, desde 2010, sendo o último em 2019. Um novo período de alta nos casos pode acontecer em 2022, por isso a necessidade de se manter o alerta. O governo deve repassar R$ 40 milhões aos municípios para ações de controle.

Em Alagoas, os casos subiram de 65 em dezembro para 119 em janeiro. "Com as chuvas, os mosquitos encontram mais pontos de água parada, onde se reproduzem, o que impacta nos índices de infestação nos municípios", informou a Secretaria de Saúde local. Como dengue e covid têm sintomas parecidos, a pasta recomenda que, em caso de febre, dores no corpo e de cabeça, deve ser procurado atendimento médico, pois as duas doenças são graves.

Conforme a pesquisadora da Fiocruz Claudia Codeço, a infecção pela covid não evita que a pessoa tenha também a dengue, mas representa risco maior para os que estão infectados. "Esses vírus estão circulando pelos mesmos locais, o que pode gerar dificuldade de diagnóstico e de tratamento oportuno das pessoas, tanto na covid, quanto na dengue. Vai ter impacto em ambas, pois são doenças cuja eficácia no tratamento depende de um diagnóstico o mais oportuno possível", diz.

No Rio Grande do Sul, os casos de dengue mais que dobraram em 2021, em relação ao ano anterior (10.149 infecções, ante 3,6 mil). Este ano, foram registrados 75 casos nas duas primeiras semanas de janeiro, segundo o último boletim epidemiológico. A Secretaria de Saúde de Porto Alegre enviou alerta à rede de saúde, após constatar algo índice de infestação do Aedes em 21 bairros.

O Tocantins monitora 71 municípios por risco da epidemia de dengue - 51 em alerta diante da alta infestação predial pelo mosquito. Segundo a o governo local, 66% das cidades tocantinense estão vulneráveis a epidemias de dengue, zika e chikungunya - as três causadas pelo Aedes.

SP elabora protocolo

No Estado de São Paulo, embora o pico da dengue seja normalmente em abril, foram registrados 2.028 casos e um óbito em janeiro, além de cinco casos de chikungunya. No segundo semestre de 2021, a Secretaria de Saúde do Estado elaborou um protocolo com diretrizes para suspeita clínica, diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos casos dessa doença, que tem sintomas parecidos com os de covid-19.

No interior, as prefeituras de Araçatuba, Andradina e Birigui manifestaram preocupação com o possível impacto da dengue nos hospitais e postos de saúde, já lotados de pacientes de covid e da gripe. O temor é de que as chuvas e o calor antecipem o aumento nos focos de Aedes - as três cidades intensificaram as ações de combate ao transmissor.

Dos 11 municípios da região de Andradina, dez estão com índice de infestação do Aedes entre os mais elevados do País. Com cerca de 200 mil habitantes, a região registrou mais de 6,6 mil casos em 2021. A taxa de incidência está seis vezes acima da média estadual.

Outras cidades com rede hospitalar pressionada pelo coronavírus, São José do Rio Preto, Tatuí e Campinas reforçaram ações contra a dengue. Rio Preto viu cresceu em 187% os casos de dengue de 2020 para 2021 (de 7.252 para 20.803), a maior incidência no interior. Em dezembro, agentes da saúde encontraram larvas do mosquito em 5% dos imóveis visitados na cidade.

Em Tatuí, 20.521 tiveram dengue em 2021, um salto em relação ao ano anterior (342). A prefeitura informou que uma equipe 12 de visitantes sanitários e 17 agentes de controle de endemias faz vistoria em casas e comércio.

Pandemia afetou prevenção

A covid-19, segundo Cláudia Codeço, afetou a prevenção e o controle da dengue nos dois últimos anos, pois exigiu que toda a estrutura de saúde fosse direcionada para fazer frente à crise sanitária. "Houve grande impacto e, agora, é necessário recuperar as estruturas e os recursos que estavam alocados para o monitoramento e controle das arboviroses, e que foram redirecionados para a pandemia. É preciso fazer isso de forma urgente, especialmente agora, no início da temporada de dengue", defende.

Embora o foco dos governos na área de saúde ainda esteja na covid, alguns Estados e a União já se preocupam com o avanço simultâneo da dengue. No fim de 2021, ao lançar a campanha "Combata o mosquito todo dia", mobilizando a população para evitar novas epidemias de dengue, o Ministério da Saúde alertou para o risco de confusão entre os diagnósticos.

"Os principais sintomas da dengue são febre alta maior que 38,5 graus, dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal-estar, falta de apetite e manchas vermelhas no corpo. Ao apresentar qualquer desses sintomas, é importante procurar um serviço de saúde para diagnosticar e tratar adequadamente", afirmou o ministério.

Já os sintomas de covid, segundo a pasta, são principalmente febre, tosse seca, cansaço, dores e desconforto, dor de garganta, diarreia, conjuntivite, dor de cabeça, perda do paladar e olfato, e erupção cutânea.

"O diagnóstico da dengue é clínico e feito por um médico. Ele é confirmado por exames laboratoriais de sorologia, de biologia molecular e de isolamento viral, ou confirmado com teste rápido. A melhor forma de prevenir a doença é evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, eliminando focos, evitando água armazenada que pode se tornar possíveis criadouros", observou a pasta da Saúde.

Fiocruz

Indicadores do InfoDengue, serviço de monitoramento de arboviroses desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz e da Fundação Getulio Vargas (FGV), apontam a região Sul do País, o interior de São Paulo e a região entre Goiânia e Palmas como áreas de atenção para a dengue em 2022. O mapa crítico para possível expansão da doença inclui o Distrito Federal, a Amazônia e alguns municípios isolados da Bahia e do Ceará. No sul, o norte e o oeste paranaense e cidades de Santa Catarina, como Joinville, o Aedes aegypti circula bastante.

Conforme Claudia Codeço, que coordena o serviço, surtos registrados no ano passado podem indicar que o vetor está se adaptando às alterações climáticas. "A dengue, de natureza urbana, está se expandindo para áreas mais rurais, com cidades menores, para o interior da Amazônia e para regiões Centro-Oeste e Sul do País. Especialmente no Sul, encontramos nos últimos anos um aumento nos surtos de dengue em cidades de pequeno e médio porte", disse. Segundo ela, o mosquito tem capacidade de adaptação e pode levar vários anos para se introduzir e se manter de forma sustentável em novas regiões.

Um estudo de cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), publicado na revista científica PLOS, demonstra que o avanço da destruição do Cerrado está diretamente ligado ao aumento do número de casos de dengue na região. O trabalho mostra que, se o ritmo do desmatamento continuar semelhante ao atual, em 2030 toda a área do Cerrado terá um aumento considerável dos casos da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, de origem africana.

"O aumento dos casos de dengue está relacionado à redução da cobertura vegetal do Cerrado", afirma o engenheiro florestal Arlindo Ananias Pereira da Silva, da Unesp, principal autor do estudo. "Se não houver política pública específica e regionalizada, algumas regiões vão ter um impacto muito grande."

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O Estado de maior preocupação é Minas Gerais. Dos atuais 2,2 mil casos por 100 mil habitantes, estima-se que os registros da doença pulariam para 4 mil por 100 mil habitantes. Para impedir que a projeção se concretize, alertam os cientistas, o País terá de controlar o desmate e adotar políticas ambientais e de saúde pública.

Em 2020, houve em todo o mundo 2,7 milhões de casos de dengue. Desse total, 36,5% foram no Brasil. Mais da metade foi registrada no Cerrado. De 2008 a 2019, a dengue matou 6,4 mil pessoas em território brasileiro.

Desmate e monocultura

O avanço do Aedes aegypti em áreas tropicais é relacionado à urbanização, sobretudo em cidades sem infraestrutura de saneamento básico. A perda do hábitat e a redução de predadores naturais "empurra" o inseto para áreas urbanizadas, espalhando a dengue.

"Quando o mosquito está inserido em ambiente florestal, há meios de controle, com os predadores e também por conta da cobertura vegetal, o microclima", explica o pesquisador. "Com o desmatamento e a monocultura, você aumenta as temperaturas, amplia a oferta de alimento e reduz os predadores naturais; isso é tudo o que o mosquito quer para se reproduzir."

O Cerrado ocupava originalmente pouco mais de 20% do território brasileiro. Mas, desde o início dos anos 1970, sofre grande pressão do agronegócio, intensificada nos anos posteriores. Desde 2005, segundo o trabalho, a taxa de desmatamento vinha diminuindo. Mas em 2020 houve um aumento de 13,2% em comparação ao ano anterior. Atualmente, o bioma concentra a maior parte da produção agropecuária do País.

Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma que mais sofreu alterações por causa da ocupação humana. É considerado um dos 25 ecossistemas do planeta em alto risco de extinção. Atualmente, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), restam aproximadamente 34% da área original do Cerrado. Cientistas mais pessimistas afirmam que, até 2030, o ecossistema pode estar totalmente destruído.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Indicadores do InfoDengue, sistema de monitoramento de arboviroses desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apontam a região Sul do país como área de atenção em 2022, com tendência de expansão da atividade da dengue para maiores latitudes.

Surtos importantes de dengue ocorreram na região de Londrina/PR, Sengés/PR e Joinville/SC, no ano passado e anos anteriores, que podem indicar adaptação do vetor e alterações climáticas, tema que precisa ser melhor investigado.

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Um projeto para avaliar mudanças no padrão de temperatura do país e possível associação com o aumento da temporada de dengue já está em desenvolvimento pelo InfoDengue.

“Seria importante fomentar projetos de pesquisa na área de entomologia para estudar as mudanças de comportamento do Aedes aegypti”, explica Cláudia Codeço, coordenadora do InfoDengue.

Época de dengue

Períodos chuvosos atrelados ao calor são favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, zika e chikungunya. Há relatos de epidemias de dengue no Brasil desde 1846, mas foi em 1986 que ela reemergiu e rapidamente se espalhou pelo país tornando-se motivo de preocupação e alerta constante para a saúde pública.

“A antecipação do período de transmissão em alguns estados traz preocupação e pode levar a incidências altas, se não for feito o controle adequado dos vetores”, afirma a pesquisadora.

Segundo os indicadores do InfoDengue, além do Sul do país, encontram-se atualmente em situação de atenção: o noroeste de São Paulo/SP, região entre Goiânia/GO e Palmas/TO, passando pelo Distrito Federal/ DF, e alguns municípios isolados da Bahia, Santa Catarina e Ceará.

Dengue no Brasil e países vizinhos

Os pesquisadores do InfoDengue também apontam para o padrão de ocorrência da dengue no país em 2021, em particular na parte Oeste do Brasil, desde o Acre até o Mato Grosso, fato que coincidiu com a alta circulação do vírus em países vizinhos, como Bolívia e Paraguai, ressaltando a importância de vigilância forte e articulada nas fronteiras. Rio Branco (Acre) sofreu com epidemia de proporções altas, com alto impacto na população já fragilizada com as cheias ocorridas no período.

Nos meses de inverno de 2021, observou-se atividade aumentada de dengue na região Nordeste, considerada atípica. Uma possível explicação foi a circulação de chikungunya na região.

“As duas doenças apresentam quadros clínicos semelhantes, especialmente em suas fases iniciais, o que dificulta a classificação baseada predominantemente em critérios clínico-epidemiológicos. Logo, pode ser que parte dessa atividade de dengue seja proveniente de uma dificuldade de diagnóstico diferencial. Isso aponta para a importância de fortalecer a vigilância laboratorial no país, com a implementação de vigilância sentinela para arboviroses”, alerta Codeço.

Já nos meses de primavera de 2021, houve um crescimento expressivo e antecipado da curva de dengue no centro oeste (MT, GO, DF) e ao longo da estrada Brasília-Belém, passando por Palmas/TO e sul do Pará, região que deve ser monitorada por encontrar-se com um padrão precoce de circulação de dengue. O Estado de São Paulo também teve em 2021 uma atividade aumentada de dengue, na região noroeste, capital e baixada santista.

O cenário apresentado pelo InfoDengue ressalta a importância de observar o comportamento do mosquito e manter o controle, para evitar os focos da dengue e combater o vetor.

InfoDengue

Atualmente, o sistema InfoDengue monitora dados de dengue, zika e chikungunya em todo o país de forma integrada analisando dados epidemiológicos de notificação, dados climáticos e dados de menção às doenças nas redes sociais realizando uma correção de atraso das notificações dos dados para agilizar a tomada de decisão. Boletins são enviados semanalmente para as secretarias de saúde com as informações.

Aplicativo InfoDengue

Com o objetivo de otimizar o tempo dos usuários do sistema de monitoramento online de arboviroses InfoDengue, o coordenador do projeto e pesquisador/professor da Escola de Matemática Aplicada da FGV, Flávio Coelho desenvolveu o primeiro aplicativo para celulares Android e IOS do InfoDengue ao identificar o aumento do acesso mobile ao site. A partir do aplicativo, é possível buscar a situação das arboviroses na região de interesse.

Por Camile Duque (Agência Fiocruz de Notícias) e Marcelle Chagas (InfoDengue)

Entre janeiro e início de dezembro deste ano, os casos prováveis de chikungunya no Brasil somaram 93.403. O número representa um aumento de 31,3% sobre o mesmo período no ano passado.

As regiões com as maiores taxas de incidência da doença foram Nordeste (111,7 por 100 mil habitantes), Sudeste (29,1) e Centro-Oeste (6,9). No período analisado, foram confirmadas 13 mortes em decorrência da doença, com 24 casos em investigação.

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Os dados estão no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde sobre os casos de arboviroses urbanas transmitidas pelo Aedes aegypti, divulgado nesta quinta-feira (16), disponibilizado no site da pasta.

Os casos de dengue totalizaram 508,2 mil no período, uma queda de 45,7% em comparação ao mesmo período em 2020. As regiões com as maiores taxas de incidência são Centro-Oeste (548,8 por 100 mil habitantes), Sul (218,6) e Sudeste (210,9).

Entre janeiro e dezembro de 2020, foram registrados 230 óbitos por dengue, sendo 189 por critério laboratorial e 41 por critério clínico-epidemiológico. Outras 47 mortes estão em investigação.

Os casos de zika também caíram entre 2021 e 2020. Entre janeiro e dezembro deste ano foram notificados 6.020 casos prováveis. O número corresponde a uma redução de 15,4% sobre o mesmo período no ano passado.

“Diante desse cenário, ressalta-se a necessidade implementar ações para redução de casos e investigação detalhada dos óbitos, para subsidiar o monitoramento e assistência dos casos graves e evitar novos óbitos”, recomendam os autores do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

A dengue é uma doença que afeta quase 100 milhões de pessoas no mundo todos os anos, provocando sintomas como febre alta e dores intensas. Agora, uma nova pesquisa talvez tenha a resposta para um possível tratamento para o vírus.

Testes em culturas de células e ratos revelaram que um composto identificado recentemente é capaz de desarmar o vírus, impedindo o mesmo de se replicar e prevenir a doença, de acordo com um estudo publicado nesta quarta-feira (6) na revista científica Nature.

A pesquisa também indica que o composto pode ser efetivo se administrado de forma preventiva, antes da infecção, ou como um tratamento após a instalação do vírus.

Para Scott Biering e Eva Harris, especialistas da Escola de Saúde Pública da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos EUA, a descoberta é um desenvolvimento "empolgante" na batalha contra a dengue.

"[O estudo] representa um grande avanço no campo da terapêutica da dengue" afirmou a dupla, que não participou diretamente da pesquisa, em resenha publicada na Nature.

Não há dúvida de que o vírus transmitido pelo mosquito aedes aegypti representa uma ameaça para a saúde pública global, já que as estimativas indicam que ele infecta pelo menos 98 milhões de pessoas por ano e está presente em 128 países.

Além disso, como existem quatro cepas diferentes do vírus, ser infectado por uma delas não garante proteção contra as outras, e as reinfecções costumam evoluir para complicações mais graves, a chamada dengue hemorrágica.

Até o momento, não existe tratamento para o vírus, e as estratégias de mitigação se concentram no foco da transmissão, que são os mosquitos. Apenas uma vacina, a Dengvaxia, foi aprovada em alguns países, mas sua efetividade é limitada a uma única cepa.

- 'Sem precedentes' -

O composto, chamado de JNJ-A07, mostrou efeitos "sem precedentes em animais infectados", comentou à AFP Johan Neyts, professor de virologia da Universidade de Leuven, na Bélgica, que fez parte do estudo.

"Mesmo se o tratamento for iniciado no pico de replicação viral, há uma atividade antiviral significativa", acrescentou.

O JNJ-A07 age sobre a interação entre duas proteínas no vírus da dengue, que são fundamentais para a sua replicação. Testes em células, tanto humanas quanto de mosquitos, mostraram que o composto foi efetivo contra as quatro variantes.

Além disso, como o vírus evolui rapidamente, os especialistas avaliaram como o composto JNJ-A07 se sairia na medida em que o vírus sofresse mutações.

"Em células infectadas em laboratório, levou quase seis meses até que pudéssemos obter uma resistência importante [ao tratamento]", disse Neyts. "Dado que a barreira à resistência é tão alta, é muito improvável que isso se torne um problema clínico", acrescentou.

Curiosamente, as mutações que causaram resistência também pareciam tornar o vírus incapaz de se replicar nas células do mosquito. Isso poderia sugerir que, mesmo que o vírus desenvolvesse resistência ao JNJ-A07, ele não seria mais transmissível por mosquitos.

- Exames clínicos em progresso -

Segundo Neyts, a versão do composto reportada na Nature foi "otimizada" e está em desenvolvimento clínico pelo laboratório Johnson & Johnson. No entanto, muitos questionamentos ainda pairam sobre o JNJ-A07, especialmente se ele poderia aumentar a vulnerabilidade à reinfecção.

Segundo Biering e Harris, dado que o JNJ-A07 age para reduzir a viremia, que é a presença do vírus no sangue, são necessários mais estudos para determinar se o tratamento pode deixar as pessoas mais suscetíveis a contraírem dengue hemorrágica.

Apesar disso, Neyts acredita que o estudo traz possibilidades interessantes. "Ver o composto agindo de forma tão potente em animais foi de tirar o fôlego", frisou.

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Ponto de lazer na Zona Oeste do Recife, a Praça Heróis da Restauração, no bairro de Areias, pode ser um risco de dengue aos frequentadores. Movimentada por famílias que aproveitam a Academia da Cidade e a quadra de esportes, o centro do espaço é demarcado por um laguinho acumulado por lixo e peixes mortos.

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Localizada na Rua Ipojuca, populares reclamam da falta de limpeza da Praça, especialmente diante da água parada com indício de contaminação. Eles alertam para o risco de contrair dengue e outras arboviroses como zika e chikungunya, e cobram a limpeza do dispositivo.

Questionada sobre o prazo para iniciar o serviço no espaço, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informou que o local vai receber uma equipe de vistoria nesta semana. Sem confirmar data, a empresa acrescentou que "ações adequadas" serão programadas após a análise dos profissionais.

Confira a nota na íntegra:

“A Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informa que irá mandar uma equipe ao local até a próxima semana para realizar uma vistoria e programar as ações adequadas”.

De acordo com um dos boletins de arboviroses emitidos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Pernambuco registrou o aumento de 469% de casos de chikungunya em relação aos 7 primeiros meses do ano passado. Em menores números, também foram mapeados episódios de dengue e zika.

Apesar de todas as doenças serem transmitidas pela fêmea adulta do mosquito Aedes aegypti, saber diferenciá-las é fundamental para prevenir sequelas graves.

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Conheça os sintomas

Dengue: geralmente, os casos de dengue são mais graves quando comparados à chikungunya e à zika. A doença causa febre alta; moleza no corpo; dor no abdômen; perda de apetite; dores de cabeça e atrás dos olhos; falta de ar; vômitos e erupções na pele (principalmente no tórax e membros superiores).

No caso de evolução para quadros mais complicados, a dengue pode ocasionar hemorragias, que, caso não tratadas, levam ao óbito.

Chikungunya: enquanto na dengue o paciente relata dores musculares, a chikungunya ataca, sobretudo, as articulações. Os pacientes também podem apresentar febre, erupções cutâneas, náuseas, vômito e dor de cabeça.

A dor incapacitante nas articulações, principal sintoma da doença, dura por volta de duas semanas. Todavia, o problema pode ir e voltar por vários meses, mesmo após a cura, prejudicando a qualidade de vida dos pacientes.

Zika Vírus: olhos vermelhos e coceira são as principais características da doença, que costuma ocasionar febre mais baixa. Em casos mais raros, há relatos de diarreia, constipação e pequenas úlceras na região da mucosa oral.

Embora não costume incomodar por mais de sete dias, a zika pode deixar sequelas graves. Isso porque a doença tem relação com uma síndrome neurológica que causa paralisia, a Síndrome de Guillain-Barré, e também com casos de microcefalia.

Tratamentos

Nos três casos de infecção, o tratamento é basicamente o mesmo, uma vez que não existem medicamentos específicos para controle das enfermidades. É consenso que o paciente permaneça em repouso e beba muita água, além de outros líquidos. Ademais, o uso de medicamentos inadequados pode desencadear hemorragias graves, portanto, visitar um médico é importante.

Eliminar locais de proliferação do mosquito Aedes Aegypti ainda é o melhor tipo de prevenção.

Fique atento:

- Limpe o quintal e jogue fora o que não é usado;

- Tire a água dos pratos de plantas;

- Sempre coloque garrafas vazias de cabeça para baixo;

- Tampe tonéis, depósitos de água, caixas d’água e qualquer tipo de recipiente que possa acumular água;

- Mantenha os quintais bem varridos e elimine tampinhas de garrafa, folhas e sacolas plásticas;

- Escove bem as bordas dos recipientes (vasilha de água e comida de animais, pratos de plantas, tonéis e caixas d’água).

 

 

Segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), em 2021 o estado de Pernambuco registrou 9.378 casos chikungunya, um aumento de 469% (1.648) em relação ao ano passado. A informação está presente no boletim de arboviroses correspondente a Semana Epidemiológica (SE) 30, no intervalo que corresponde aos dias 3 de janeiro até 31 de julho.

Além da chikungunya, o documento mapeou também os episódios de dengue e zika, todos transmitidos pela fêmea adulta do mosquito Aedes Aegypti. No total, foram 6.926 diagnósticos para dengue e 10 para zika. Sendo assim, em comparação ao mesmo período de 2020, há queda de 15,2% (8.174) para dengue e de 28,6% para zika (14 casos). 

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Ademais, a SES notificou outros 31 casos que evoluíram para óbitos suspeitos de arboviroses, sendo um já confirmado para dengue e dois descartados. Os demais seguem em investigação.

A partir do balanço, considerado preocupante sobretudo face ao enfrentamento da Covid-19, a gerente de Vigilância de Arboviroses, Claudenice Pontes, alertou para a importância das ações de vigilância individuais e nos municípios.

“As chuvas constantes e temperaturas elevadas tornam-se os fatores perfeitos para reprodução do Aedes Aegypti e essa combinação se intensifica no verão. A principal forma de prevenção contra os arbovírus é não deixar o Aedes aegypti nascer. Para isso, é preciso a adoção de medidas para evitar a proliferação do mosquito, manter caixa d'água, baldes e demais recipientes para armazenamento de água bem vedados, e sempre vistoriá-los", frisou.

De acordo com a gestora, o contexto da pandemia do novo coronavírus foi um fator decisivo para que os municípios realizassem as já conhecidas ações de monitoramento. A SES-PE, no entanto, prossegue com as análises das notificações de casos suspeitos, prestando também apoio técnico aos gestores. 

“No caso da dengue, a existência de 4 sorotipos virais dificulta a imunização total da população exposta. Em relação a chikungunya e zika, mesmo com a introdução do vírus no Estado lá 2015, ainda é possível encontrar pessoas vulneráveis, ou seja, que não foram expostas ao vírus”, explicou Claudenice.

“Além disso, os sintomas de chikungunya são mais expressivos, o que facilita a identificação. Já no caso da zika é bem provável que estes números sejam bem maiores que o expressado no sistema de informação, pois existem aquelas pessoas assintomáticas, o que dificulta a identificação da circulação", acrescentou.

Arboviroses e Covid-19: como diferenciar?

A população também precisa estar atenta aos sintomas específicos das arboviroses, que em sua fase inicial podem ser confundidos com a sintomatologia da Covid-19.

“As doenças relacionadas às arboviroses e o novo coronavírus apresentam, em muitos casos, o quadro comum de febre, dor de cabeça e dores no corpo. O que difere à primeira vista é a presença de manchas e coceiras na pele, o que não ocorre com a Covid-19. Para Covid-19, destacamos a tosse e o desconforto respiratório progressivo”, pontua Claudenice Pontes.

Para Pontes, é preciso um cuidado especial com os possíveis casos de dengue, doença que pode evoluir rapidamente ao óbito caso não seja tratada corretamente.

“Após a fase febril, podem aparecer sinais de dores abdominais intensa, vômitos persistentes e pele pegajosa e fria. Esses sintomas precisam ser valorizados e o paciente levado para unidade de saúde. Não existe tratamento específico para as infecções ocasionadas pelas arboviroses. A orientação que podemos dar é que surgindo qualquer sintoma, a pessoa procure uma unidade de saúde mais próxima de sua residência, pois é lá que, após análise da sintomatologia, os profissionais vão indicar a conduta adequada. Além disso, o paciente deve manter repouso e ingerir bastante líquido durante os dias de manifestação desses sinais”, finalizou a gerente. 

O número de casos de dengue confirmados na cidade de São Paulo nos primeiros seis meses do ano já é mais do que o triplo dos registrados ao longo de todo o ano de 2020. Segundo o boletim epidemiológico da prefeitura, até o final de junho foram confirmados 6.551 casos de dengue. Em todo o ano passado foram 2.026 registros da doença.

Mais da metade (3.091) dos casos foram confirmados em abril. Em junho foram 331 ocorrências. No ano passado uma pessoa morreu de dengue. Neste ano não houve nenhuma vítima até o momento.

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O distrito da Vila Nova Cachoeirinha tem a maior incidência de casos, com registros de 252,6 casos a cada grupo de 100 mil habitantes. Em números absolutos foram 371 contaminações por dengue confirmadas. Na Brasilândia, também na zona norte, foram confirmados 287 casos, com uma incidência de 101,2 contaminações a cada 100 mil habitantes.

Na zona leste, a Cidade Tiradentes teve 103 ocorrências por grupo de 100 mil pessoas, totalizando 245 registros confirmados de dengue. Em São Miguel Paulista foram 116,8 casos por 100 mil, com um total de 104 contaminações.

Sazonalidade

A Prefeitura de São Paulo atribuiu a alta de casos a sazonalidade da doença, que apresenta crescimento no número de infecções em ciclos de um ou dois anos após dois ou três anos com baixa nas ocorrências.

“O último ano epidêmico, tanto no município como no estado de São Paulo e Brasil, foi o de 2015. Em 2019, houve aumento nas notificações e casos confirmados, porém, com média transmissão na capital, o que em 2020 não foi observado, pois houve baixa transmissão”, informou a Secretaria Municipal de Saúde. Em 2015, último ano considerado epidêmico, foram confirmados 103,1 mil casos de dengue no município.

Como ações para a disseminação da doença, a prefeitura diz que estão sendo feitos trabalhos de limpeza em bueiros e córregos. A partir da notificação de casos da doença, equipes da vigilância em saúde vão ao local fazer a eliminação de criadouros e aplicação de nebulização nos quarteirões onde houve o registro.

“Essa ação de rotina sistematizada, faz com que o município de São Paulo, juntamente com a rede articulada, agir rapidamente e manter os menores índices de casos do estado”, afirma a prefeitura.

Em todo o estado de São Paulo, foram confirmados até maio 106,3 mil casos de dengue.

A Justiça do Trabalho determinou que uma rede de lojas de roupas, com unidade em Ouro Preto-MG, pague uma indenização por danos morais a uma ex-empregada que era obrigada a trabalhar em um galpão de estoque em um ambiente degradante, com risco de dengue. A empresa deverá indenizar a profissional em R$ 5 mil.

A autora da ação alegou que o depósito era sujo, mofado, com água parada no poço do elevador, que era foco de mosquito da dengue. 

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Em sua defesa, a empresa declarou que a limpeza do depósito era feita por uma auxiliar. Também confirmou que houve um período de grande incidência de dengue nos empregados da loja, mas informou que não sabia onde eles pegaram a doença, lembrando ainda que atrás da loja passa um rio.

Uma testemunha ouvida no processo confirmou que o fosso do elevador ficava cheio de água. "O local acumulava água, mofo e bicho e a manutenção era feita de três a quatro meses. Havia muito mosquito no depósito, sendo que empregados da loja foram infectados, e, por causa da instalação de ar-condicionado nos demais pisos, havia uma quantidade menor de mosquitos nos outros andares", relatou.

Para a juíza, a situação se revela abuso da empresa, em decorrência da omissão do empregador em fornecer locais de trabalho apropriados e livre de riscos. "É preocupante ter a ciência de que diversos empregados contraíram a dengue e não verificar nos autos a adoção de medidas para conter a contaminação", assinalou.

A magistrada fixou o valor de R$ 5 mil de indenização por dano moral. Na análise do recurso, o TRT de Minas manteve a sentença por unanimidade.

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