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O balanço de mortos no deslizamento de terra ocorrido na segunda-feira (22) em uma zona montanhosa do sudoeste da China subiu para 44 nesta quinta-feira (25), depois de se encontrar a última pessoa dada como desaparecida, informou um veículo da imprensa estatal.

O drama aconteceu na manhã de segunda-feira na cidade de Liangshui, na província de Yunnan, uma das mais pobres do país.

Dezoito casas foram soterradas e mais de 200 pessoas foram retiradas do local.

O balanço anterior, divulgado mais cedo nesta quinta, indicava 43 mortos, mas o último corpo foi encontrado pouco depois sob os escombros.

Cerca de 200 equipes de resgate participaram das operações de busca na neve, enfrentando temperaturas abaixo de zero.

Deslizamentos de terra são comuns no montanhoso sudoeste da China, especialmente após as chuvas.

Em setembro passado, chuvas torrenciais na região sul de Guanxi causaram um deslizamento de terra em uma zona montanhosa. Pelo menos sete pessoas morreram, segundo a imprensa local.

Em agosto, mais de 20 pessoas morreram em um deslizamento de terra causado por enchentes no povoado de Xi'an, no norte do país.

Um deslizamento de terra na região oeste da Colômbia matou pelo menos 34 pessoas na sexta-feira, 12, e deixou dezenas de feridos, informaram autoridades locais.

A Unidade Nacional de Gestão de Risco de Desastres da Colômbia informou em comunicado que a avalanche de lama cobriu uma movimentada estrada municipal em uma área montanhosa que liga as cidades de Quibo, a capital do departamento de Chocó, a Medellín, a capital de Antioquia.

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O governador de Chocó criou um posto de comando unificado para coordenar as ações de emergência.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, escreveu no sábado no X, rede social anteriormente conhecida como Twitter, que seu governo forneceria todo o apoio necessário no que ele descreveu como uma "tragédia horrível".

A vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez, escreveu no sábado, também no X, que os esforços de busca e salvamento continuam "para as pessoas que permanecem presas sob o deslizamento de terra". Ela acrescentou que entre as vítimas há menores de idade, sem dizer quantos são.

Um deslizamento de terra na região Oeste da Colômbia matou pelo menos 18 pessoas na sexta-feira, 12, e deixou dezenas de feridos, disseram autoridades do país. A Unidade Nacional de Gestão de Risco de Desastres informou em comunicado que a avalanche de lama cobriu uma movimentada estrada municipal em uma área montanhosa que liga as cidades de Quibo e Medellín. Pelo menos 35 pessoas feridas foram levadas para diferentes hospitais. O presidente colombiano, Gustavo Petro, tuitou que seu governo forneceria todo o apoio necessário no que ele descreveu como uma "tragédia horrível". Fonte: Associated Press.

A Defesa Civil de Maceió informou, nesta segunda-feira (4), que o afundamento da mina 18 da Braskem reduziu para 0,25 centímetros por hora. Segundo boletim do órgão, o deslocamento acumulado na mina, que fica na região do antigo campo do Centro Sportivo Alagoano (CSA), no Mutange, é de 1,77 metro e a velocidade vertical apresenta movimento de seis centímetros nas últimas 24 horas. A Defesa Civil disse também que o alerta máximo permanece devido ao risco de colapso da estrutura.

“Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo”, explicou o órgão.

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Os registros do último fim de semana mostravam uma diminuição no ritmo de deslocamento vertical da mina de extração de sal-gema: 0,3 centímetro (cm) por hora. Pela manhã, esse número era de 0,7 cm, com um afundamento acumulado e 7,4 cm no final de semana. 

Análise

Nesta segunda-feira, uma equipe técnica do Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro (DRM) participa de uma reunião com as defesas civis municipal e estadual para analisar a situação do possível colapso da mina 18 da Braskem, em Maceió.

Segundo a Defesa Civil estadual, a equipe - formada por geólogos e especialistas em desastres e desmoronamentos - irá passar a semana toda em Maceió, fazendo o levantamento da situação da mina e das possíveis intervenções que podem ser feitas na área.

Um deslizamento de terra em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, provocou o desabamento de um muro e a destruição de três residências no bairro Jardim Freire, nesta quinta-feira, 30. Ao menos cinco pessoas ficaram feridas e precisaram de atendimento médico.

O Corpo de Bombeiros foi acionado às 18h45 e sete viaturas foram empenhadas para atender a ocorrência. Entre as vítimas que precisaram ser atendidas estão um bebê de 10 meses e uma adolescente de 17 anos, que ficou soterrada e teve fratura de fêmur e contusão na cabeça.

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As vítimas foram levadas e atendidas nos pronto-socorros do Itaim Paulista, Santa Marcelina de Itaquera, na zona leste de São Paulo, e Regional de Ferraz.

De acordo com a Defesa Civil do Estado, que também esteve no local do acidente para ajudar no resgate, não chovia na região no momento do colapso, mas o deslizamento pode ter acontecido por conta do solo encharcado das precipitações dos últimos dias

De acordo com o órgão, as residências atingidas eram feitas de madeira e o local foi interditado. Não há também informações de desabrigados ou desalojados.

A segunda reportagem sobre o deslizamento da área de lazer do residencial Ecovila Yapoatan escutou moradores do condomínio e teve acesso aos documentos que sugerem a construtora como responsável pela tragédia que resultou em duas mortes. A Mult Técnica Engenharia, por outro lado, culpa a administração do conjunto habitacional.

Além das duas vidas perdidas, cerca de 2 mil pessoas que compraram um sonho, agora moram em um condomínio à beira de um precipício, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco. 

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Pôr do sol no mirante antes do deslizamento. Reprodução/Redes Sociais

Antes do pesadelo

O sol finalmente pareceu ter brilhado para quem abdicou de momentos de lazer e poupou a vida toda para financiar o sonho de morar em um condomínio. O folheto era lindo, a proposta mais ainda: sair do aluguel para viver na casa própria, com direito à piscina, churrasqueiras, salão de festa, pista de cooper e parque infantil.  

O Ecovila Yapoatan foi, para moradores dos 752 apartamentos, divididos em 47 blocos, o início de uma vida mais confortável, rodeada por verde e tranquilidade. Para outros, o reinício em uma nova casa, com novo endereço e novos vizinhos. A vista daquele mirante a 50 metros do chão atraía os visitantes e alimentava o sonho dos novos moradores.  

Visão da parte do mirante que suportou o deslizamento.Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Um estrondo na madrugada de 28 de maio de 2022 e tudo mudou. O mirante ao redor da piscina veio abaixo com a chuva, justamente onde já haviam rachaduras. A avalanche de destroços caiu sobre duas casas na Rua Campo Verde. Duas pessoas morreram, nove ficaram feridas e 30 desalojadas aos pés do talude.  

As unidades do Ecovila Yapoatan começaram a ser entregues em 2016 e totalmente concluído em 2018. Apesar do conjunto ser novo, fissuras no piso que percorriam a rampa de acesso à piscina, cortava o quiosque central e ia até a pista de cooper começaram a incomodar a administração.

A gestão do condomínio afirma ter buscado seis vezes a Mult Técnica Engenharia para realizar os reparos quando as fissuras aumentaram e se tornaram rachaduras. Os chamados foram feitos entre setembro de 2021 e janeiro de 2022, mas apenas um foi atendido.  

Rachaduras no piso do local interditado. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

A insistência dos moradores fez um representante da construtora ir ao local. Segundo os relatos, já dava para colocar um dedo dentro da rachadura, e, mesmo assim, ele não teria solicitado uma intervenção. Os administradores do condomínio recordam que o profissional da construtora disse não haver problemas estruturais e resumiu as rachaduras a "microfissuras", decorrentes do ajuste natural da estrutura. 

Sem solução 

Mais de um ano se passou e a área do talude permanece destruída. Uma lona foi colocada para evitar o contato direto da chuva com o solo, mas buracos no plástico já ameaçam sua eficácia para evitar novos deslizamentos.

O atual síndico, Edson Silva, interditou a área e relata que, desde aquela madrugada, cada chuva renova o medo de uma nova tragédia. "Os moradores estão todos em pânico e sem esperança. Não temos o retorno da construtora e ainda tem o risco de queda novamente".

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O morador André Silvestre aponta que a empresa responsável pelo Ecovila Yapoatan parece não ter a mesma pressa que teve para vender os apartamentos e acusa a construtora de não assumir o compromisso de requalificar o único espaço de lazer do residencial.  

“A gente trabalha tanto, junta as economias para vir para um lugar melhor e o sonho se tornou pesadelo. A construtora alega que não tem dinheiro para fazer e tava tudo dentro da garantia. Ela alega que foi um acidente natural e tá se esquivando". 

O incômodo causado pela chuva também se reflete dentro dos apartamentos. Thiago Ramos conta que convive com infiltrações e rachaduras dentro de casa, nas janelas e, principalmente, no banheiro. "Quando chove, tá acontecendo de sempre a água penetrar. Isso tá sendo muito difícil para todos os moradores [...] um dia eu cheguei em a casa e tava praticamente alagada", relatou. 

Mãe de uma criança de 10 anos, Veridiana Medeiros conta que a piscina foi determinante para sua chegada ao Ecovila e lamenta a interdição do espaço pensado para os menores: "nossas crianças é que pagam o preço. É de domingo a domingo enfurnada dentro de um apartamento". 

Integrante do conselho fiscal do condomínio, Sidney Andrade acompanha a debandada dos condôminos e a insatisfação generalizada pela desvalorização dos imóveis. "As pessoas estão saindo e só não estão vendendo porque desvalorizou. Tá todo mundo alugando a preço de banana e quem tem condição de ir embora, tá indo". 

"Proposta indecente"

Empenhado na reconstrução da área de lazer, Edson manifestou surpresa quando recebeu uma "proposta indecente da construtora". O documento encaminhado pelo advogado da Mult Técnica condicionou o conserto do mirante à assinatura de uma cláusula que isentava a empresa de toda responsabilidade sobre o deslizamento. A construtora citou a influência de causas naturais e considerou que o deslizamento foi um "evento decorrente de força maior", agregado à falta de manutenção do próprio condomínio. 

Trecho do acordo proposto pela construtora para reconstruir a área destruída.  Arquivo Pessoal

A imposição não foi aceita e o condomínio contratou um engenheiro especialista em inspeção, manutenção e recuperação de estruturas para descobrir as causas do deslizamento. O laudo técnico produzido pelo engenheiro Paulo Roberto da Cunha Filho constatou que a estabilidade do muro dependia de uma drenagem eficiente. Contudo, houve infiltração e o terreno acabou saturado, comprometendo a fundação e aumentando a tendência de deslizamento. 

Laudo aponta falhas na construção

A análise reforçou que o muro de arrimo tem a função de fazer a contenção pelo seu próprio peso, mas a água da chuva entrou pela fissura e fragilizou a base do muro, culminando no colapsou da estrutura aterrada. O engenheiro também identificou falhas construtivas e mal uso de materiais na obra. "Essas falhas construtivas tiveram participação ativa na fragilização do talude, corroborando com a instabilidade do mesmo", observou no estudo.  

Erros construtivos identificados pela perícia: 

- Formato do gancho de fixação curto e sem ancoramento; 

- Bitola do gancho de fixação menor que o especificado no memorial descritivo; 

- Posição errada da tela de argamassa, que não ficou dentro do material, mas embaixo, em contato com o solo úmido, possibilitando a oxidação; 

- Tubulação de 100mm que passa no local da fissura, no limite de onde houve a queda da barreira. Esse cano também possui uma união irregular feita com arame, sem luva adequada. 

Veja os laudos:

O Instituto de Criminalística enviou peritos no dia 1º de janeiro de 2023 e concluiu que o deslizamento foi causado pela infiltração nas rachaduras no piso da área de lazer, que deixou o solo da base do muro de arrimo saturado e, consequentemente, causou o colapso. 

A perícia feita no local constatou que o talude natural não apresentava estrutura de contenção e foi utilizado concreto jateado para estabilizar a encosta. Também foi verificado que o concreto se desprendeu em alguns pontos da barreira e que a rachadura no piso próxima às piscinas tinha, aproximadamente, dois centímetros de espessura. 

Conclusão da perícia do Instituto de Criminalística. Arquivo Pessoal

O caso foi denunciado à Polícia Civil, que mantém as investigações, e acatado com unanimidade pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE). O presidente Adriano Antônio Lucena estima que, pelo menos, duas mil vidas foram impactadas só no condomínio. Ele enfatizou que a posição do Conselho é mediar a conciliação fora da Justiça. 

"Não adianta agora dizer que a culpa é de fulano ou de beltrano, porque se disser que a culpa é da construtora, ela vai dizer 'rapaz, não tem dinheiro para resolver esse problema' [...] a construtora sempre colocou 'eu não tenho condições de fazer essa intervenção numa obra de R$ 4, R$ 5 milhões'”, afirmou. 

Reuniões no CREA-PE colocaram as partes frente a frente e, segundo o presidente, todas as medidas paliativas para garantir o mínimo de segurança foram cumpridas pela empresa. Entre elas, a drenagem e reforço da barreira e a instalação das lonas e tapumes para isolar a área.  

Reunião mediada pelo presidente do CREA-PE com representantes da construtora e do condomínio. Reprodução/Redes Sociais

A Mult Técnica Engenharia não parou os negócios por conta do prejuízo em um de seus empreendimentos e logo anunciou a construção do Maria Farinha Flat Residence. Os moradores do Ecovila Yapoatan estão revoltados, pois a empresa que alega não ter caixa para reestruturar o condomínio vai aplicar R$ 40 milhões para erguer quatro torres, na beira mar de Paulista, em um total de 280 unidades.  

O material de divulgação do novo residencial descreve que o espaço vai contar com restaurantes, lavanderia e academia de ginástica. Tudo para facilitar a vida de quem confiar seu dinheiro nos planos da construtora. 

Rachaduras e pontos de infiltração se repetem na cisterna do Ecovila Yapoatan. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

O presidente do CREA-PE não comentou sobre a suspensão do vínculo da Mult Técnica com a instituição e explicou que esse tipo de prática é comum. Para cada empreendimento, as construtoras abrem uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) - como se fosse um CNPJ para cada obra- e, "se quebrar, quebra só aquele, não a matriz", continuou. 

"O recebimento que ela tá tendo é das pessoas que tão comprando aquele novo empreendimento. Se ele for pegar esse recurso e colocar em um empreendimento velho, que ele tenha problema, ele nem vai fazer o novo e talvez não resolva o velho", comentou Adriano. 

Engenheiro chefe Aldo Bezerra e um dos donos da Mult Técnica Mário Fernandes apresentam projeto à Prefeitura de Paulista.  Divulgação/Prefeitura de Paulista

Construtora culpa o condomínio

O LeiaJá procurou a construtora e solicitou um porta-voz para dar esclarecimentos sobre as causas do incidente, mas nenhum representante foi designado. Por meio de nota, além de culpar as fortes chuvas daquela madrugada como a principal razão do deslizamento, a Mult Técnica Engenharia diz que o condomínio não realizou a manutenção do sistema de drenagem. A gestão do conjunto rebate e diz que o manual entregue pela empresa não fala sobre a recorrência da limpeza dos equipamentos de escoamento. 

Sem apresentar documentos probatórios ou indicar os profissionais contratados para realizar as vistorias pós-deslizamento, a construtora diz que os "profissionais mais respeitados do Estado" elaboraram os laudos técnicos, os quais teriam atestado que "as manutenções adequadas não foram realizadas pelo condomínio de acordo com as normas técnicas vigentes". 

“Laudos emitidos por técnicos competentes, experientes e de vasta referência no mercado, concluíram que não existe nenhum elemento que comprove qualquer tipo de vício oculto ou aparente que tenha sido o fator do deslizamento do talude”, sinalizou. 

A reportagem teve acesso a um desses laudos. A análise do escritório do engenheiro André Luís de Oliveira Castro, em Riacho das Almas, a cerca de 130 quilômetros do condomínio, no Agreste de Pernambuco, mostra imagens aéreas da barreira e conclui que não houve vícios construtivos que justificassem o incidente.

Além da distância do escritório, outro detalhe chama atenção: mesmo com fotos do deslizamento, ele é datado de 25 de maio de 2022, três dias antes do fato. A gestão do condomínio rechaça a legitimidade do laudo. A construtora considera a denúncia de falsificação uma "informação descabida e improcedente". 

Laudo apresentado pela empresa que os moradores apontam irregularidade. Reprodução

A Mult Técnica Engenharia alega ainda que enviou outros dois profissionais para vistoriar o Ecovila Yapoatan, após a queda da estrutura, mas não detalhou a data e horário das visitas.

O condomínio aponta que eles nunca estiveram no local. A informação também foi considerada "descabida e improcedente" pela construtora. 

Sobre os cinco chamados que teriam sido ignorados pela Mult Técnica, a empresa se limitou a pontuar que "todas as intercorrências foram atendidas e saneadas" e que seus próprios laudos reforçam que as alegações do condomínio não possuem fundamento técnico. 

No comunicado, a construtora reafirma que, após o incidente, autuou “de forma voluntária” na remoção de “capins, árvores de médio porte e lixo” da área não afetada e elencou as ações tomadas após o evento, sendo elas:

- Isolamento da área com instalação de tela; 

- Fornecimento de lonas para proteger a área afetada;

- Monitoramento através de topografia periódica de todo perímetro mais próximo ao talude.

 Lona com furo usada para evitar contato das chuvas com a barreira. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

A Mult Técnica garante que a construção respeitou todas as normas técnicas e as boas práticas exigidas e afastou “toda e qualquer indicação de descumprimento das normas ou imperícia na construção do empreendimento e do talude". Nesse sentido, a construtora nega as acusações de mal uso de materiais e falhas construtivas constatadas na perícia feita pelo condomínio. 

"Entendemos que os apontamentos que constam no laudo contratado pelo condomínio são frágeis de elementos técnicos que possam amparar um parecer direcionando a falhas ou vícios dos materiais. A construtora possui toda segurança técnica para desconstruir elementos tendenciosos, com objetivo de distorcer o nítido e evidente fato gerador do deslizamento do talude, onde reafirmamos: ação da natureza e falta de manutenção", refutou a Mult Técnica. 

Moradores no trecho do talude que suportou o desabamento. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Empresa diz não ter obrigação de reconstruir a área

Sobre a "proposta indecente" mencionada pelo síndico, que garantia a reconstrução do mirante se os proprietários assinassem uma cláusula que retirava a eventual culpa ou dolo da Mult Técnica Engenharia, a construtora mais uma vez contestou a responsabilidade legal pelo ocorrido e completou que não tem obrigação de arcar com reparos e indenizações. 

"O que a construtora propõe decorre unicamente da sua boa-fé, decência e atenção especial com seus clientes, além da sensibilidade que o caso demanda [...] Desta forma, atua ativamente na mediação para prevenção de conflitos não tendo qualquer responsabilidade legal em reparar ou indenizar o condomínio pelo ocorrido", considerou. 

Na posição de que busca contribuir “por livre e espontânea vontade” para a solução do caso, a Mult Técnica teria participado de cinco encontros com representantes do Ecovila Yapoatan, o primeiro em seu escritório e os demais na sede do CREA-PE. Contudo, de acordo com a construtora, a gestão do residencial encerrou as negociações de forma unilateral. 

"Infelizmente os representantes do condomínio adotaram, sem a devida deliberação em assembleia, portanto de forma unilateral e sem valor jurídico, a posição e a decisão de encerrar o processo de negociação sem ao menos manifestar ou registrar uma resposta com uma contraproposta” 

Pelo entendimento da empresa de não ter responsabilidade de recuperar a área, a reconstrução do talude que mantém o Ecovila Yapoatan à beira de um precipício segue sem previsão. O presidente do CREA-PE, Adriano Lucena, indicou que a esperança para conseguir o valor da obra é através de emendas enviadas por deputados federais.

Representantes do CREA-PE apresentam situação do Ecovila Yapoatan ao deputado Lucas Ramos.  Reprodução

A articulação com os parlamentares já teria começado, mas ainda não houve pedido formal, pois o CREA-PE não teve acesso a levantamentos em posse da construtora que são exigidos para a requisição.  

"A gente foi atrás dos deputados para que houvesse uma emenda parlamentar e, chegando, a gente fizesse a intervenção. Eles se comprometeram em fazer algum aporte. A gente tá fazendo contato para fazer essa ponte e que um deputado bote R$ 500 mil, outro coloque R$ 1 milhão, quando a gente somar isso chegar ao valor da obra. Esse é o caminho que a gente tá percorrendo", explicou o presidente.

O LeiaJá publica, nesta quinta-feira (10), a primeira de duas reportagens sobre o deslizamento da área de lazer do residencial Ecovila Yapoatan. O colapso da estrutura causou duas mortes e deixou o condomínio à beira de um precipício, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, em Pernambuco.

A tragédia

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Gláucio José da Silva dormiu na noite chuvosa de 27 de maio de 2022 sem saber que seria a última ao lado da esposa. Soterrado por barro e escombros do que acabava de deixar de ser sua casa, o serralheiro de 57 anos ficou abraçado à Luci Maria da Silva, de 48, enquanto ela se debatia até a morte em uma crise de claustrofobia.

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O casal morava aos pés da barreira da Rua Campo Verde, em Jaboatão dos Guararapes, mas nunca havia sofrido com deslizamentos até o início da construção de um condomínio, no alto. Eles jamais imaginariam que as chuvas intensas de 2022 fariam com que a área de lazer do residencial despencasse dos 50 metros de altura e destruísse sua casa. 

Trabalhador autônomo, Gláucio não costumava deixar a esposa sozinha. A família tinha uma vida financeira estruturada, dois carros na garagem e um patrimônio construído às custas das horas de Gláucio dentro da oficina, no mesmo terreno onde ficava a casa.

"Como pobre, minha casa era excelente. Era de luxo", lembra orgulhoso. Reformas no imóvel e a compra de eletrodomésticos tornaram o local o ponto de encontro das festas da família. A herança que seria deixada para o filho e onde o casal sonhava atravessar a velhice. 

Ferramentas e materiais de trabalho ainda estão embaixo da terra. Júlio Gomes/LeiaJá

Destruição nos olhos

Um estrondo por volta das 5h09 da manhã e, de repente, tudo ficou escuro. Ele ainda não sabia, nem teve tempo para entender, mas aquele som soterrou seu futuro. O muro de arrimo de três metros e meio veio abaixo. Ele ficava no alto da barreira e sustentava o mirante do Condomínio Ecovila Yapoatan. A estrutura, a 50 metros de altura, não suportou o peso da área que reunia pista de cooper, dois quiosques e um mirante circunscrito à piscina. Sem conseguir respirar com facilidade, um pequeno feixe de luz salvou a vida de Gláucio embaixo de quilos de destroços. 

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A algumas casas dali, Rafael Rodrigues se preparava para o trabalho quando ouviu o barulho.

"Teve tipo uma zoada de trovão, só que era o mirante descendo. Aí pegou nas casas aqui embaixo", descreveu.

Sua primeira lembrança ao abrir a porta foi do mar de lama que atravessava a rua, e, no fim, destroços empilhados onde ficava a casa de Gláucio. Fios de alta tensão arrebentaram e caíram no chão, mas risco de uma descarga fatal não impediu a união dos vizinhos para tentar resgatar as vítimas. 

Rafael permanece na Rua Campo Verde e diz que os problemas com a chuva são os mesmos. Júlio Gomes/LeiaJá

O medo que sufoca

A estrutura que veio abaixo colocou Luci frente a frente com seu maior medo. Ela tinha fobia de ambientes fechados e, por conta disso, se recusava a realizar atividades simples do dia a dia, como andar de carro ou de elevador. O deslizamento que tirou sua vida também não deu chances ao marido da sua irmã, Francisco Claudino de Oliveira, de 61 anos, que teve a cabeça esmagada por um pedaço de concreto. 

"Infelizmente eu tô aqui e ela não tá [...] ela não morreu por conta do soterramento, ela morreu de pânico. Ela tinha fobia e não conseguia andar de carro fechado, não andava de metrô. Para ter uma ideia, podia ter os andares que for, mas ela ia de elevador, subia [o prédio] andando", comentou Gláucio. 

Gláucio carrega o trauma de ter perdido a esposa nos braços. Júlio Gomes/LeiaJá

Presos por ferragens e alvenaria, nenhum deles conseguia se mexer. Os dois dividiam espaço e gritaram por ajuda por cerca de 30 minutos, antes de Luci sucumbir à sensação de confinamento e sofrer uma crise de pânico. Ela passou os últimos momentos imóvel, entre as pernas do marido. 

"Ela se viu presa e ficou sem ar. Ela morreu falando, e a pessoa que tá sem ar não consegue mais falar. Teve uma hora que ela travou, calou-se". 

O Corpo de Bombeiros foi chamado, mas a forte chuva e as ocorrências na mesma manhã impediram a chegada ao local. A corporação estava perto dali e se esforçava para buscar sobreviventes em meio ao lamaçal em Jardim Monte Verde, região mais prejudicada pelas chuvas em todo Grande Recife.  

Lonas plásticas colocadas no alto da barreira após o deslizamento. Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Três dias com o corpo

Ainda chovia muito e a lama também dificultava o resgate dos vizinhos quando outros blocos do muro de arrimo se desprenderam e rolaram barreira abaixo. Em meio à correria, três coqueiros em frente à casa de Josélia Alves, ao lado da de Gláucio, vieram ao chão e evitarem que seu imóvel também fosse destruído.  

Amiga da família, Josélia ainda carrega os traumas daquele dia. Ela compartilhou detalhes do resgate de Luci, desde a retirada da mulher dos braços de Gláucio, até os cuidados que recebeu das vizinhas. Após ser lavado e vestido, o corpo passou três dias no terraço do irmão de Josélia à espera da chegada do Instituto Médico Legal (IML).  

Josélia mostra os pedaços do muro de arrimo a poucos metros de casa. Júlio Gomes/LeiaJá

Abalada, Josélia não trabalha e passou a dormir na casa da filha. Sem se afastar muito da barreira, ela ainda vive na Rua Monte Verde. "Quando começa a chover, eu já fico com medo porque pode deslizar isso aí e vai simbora a casa com tudo", revela.  

Ouça o relato de Josélia sobre a remoção do corpo da amiga dos escombros 

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Chuva que não traz paz

Sozinho por quatro horas nos destroços, Gláucio só foi retirado por volta das 11h. Nesse tempo, tentou buscar explicações sobre o que acabava de destruir sua vida. Ele se diz vítima de uma tragédia anunciada e culpa a Mult Técnica Engenharia, responsável pelo Ecovila Yapoatan.   

Ainda em 2017, ele aponta que uma fenda se abriu dentro da piscina do condomínio e infiltrou o talude que sustentava o mirante.

"Só caiu o muro de arrimo, se fosse fatalidade tinha caído toda a barreira. Por conta do vazamento que tava tendo", acusa. 

Parte da estrutura do Ecovila Yapoatan ainda ameaça os moradores da Rua Campo Verde. Júlio Gomes/LeiaJá

Hoje, Gláucio vive sozinho em uma casa não muito distante de onde tinha a vida que acreditava ser intocável. Todos os dias ele chora quando lembra de Luci. Todas as vezes que olha no espelho, se confronta com as cicatrizes do dia mais triste da sua vida e volta ao desastre todos os meses, quando recebe a pensão vitalícia dada pelo governo do estado e o auxílio-moradia da Prefeitura para ajudar no aluguel.  

"Ontem pela manhã passei o dia todinho tirando lama de dentro de casa. Só vim parar de trabalhar era 22h. Perdi o sofá, que já foi de doação, e meu armário", lamenta. 

Na segunda reportagem: quem foi responsável pela tragédia? Moradores do Ecovila Yapoatan fazem denúncias e mostram documentos que sugerem a construtora como culpada. A empresa se defende e faz acusações contra a administração do conjunto habitacional.

Pelo menos 11 pessoas morreram e cerca de 30 estão desaparecidas após um deslizamento de terra na região montanhosa de Racha, no noroeste da Geórgia, anunciaram as autoridades do país do Cáucaso nesta sexta-feira (4).

"Os corpos de 11 pessoas foram encontrados como parte da operação de busca e resgate", disse o Ministério do Interior do país.

"É uma situação muito difícil", afirmou o primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Garibachvili, acrescentando que as equipes de resgate ainda procuram cerca de 30 pessoas desaparecidas.

"Estão trabalhando ativamente", disse ele, que ordenou ao Exército georgiano que se junte às operações de busca.

O deslizamento de terra ocorreu na quinta-feira (3), após vários dias de chuvas torrenciais, perto de um hotel em Shovi, um pequeno centro turístico nas montanhas da região de Racha. Danificou chalés, linhas de energia, estradas e pontes.

"Sobrevivemos milagrosamente", disse a sobrevivente Mariam Berianidze à imprensa georgiana, alegando que passou "duas horas meio enterrada". "Três pessoas foram arrastadas pela enchente diante de nossos olhos e espero que sejam encontradas vivas", acrescentou.

Cerca de 400 bombeiros e membros de diferentes unidades policiais estão trabalhando nas operações de resgate, segundo o Ministério do Interior.

De acordo com o geólogo da Agência Ambiental de Geórgia, Merab Gaprindashvili, o incidente foi causado por uma combinação de fatores, sobretudo as chuvas e o derretimento "intenso" de duas geleiras.

"Os eventos geológicos e hidrometeorológicos aconteceram ao mesmo tempo", disse Gaprindashvili em entrevista a canais de televisão georgianos. "Nunca houve um evento natural semelhante no oeste da Geórgia", acrescentou.

A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) emitiu um alerta de estado de observação para esta segunda-feira (29). A previsão de risco de chuva moderada ao longo do dia é para todo o litoral do estado, composto pela Região Metropolitana do Recife (RMR) e pelas Matas Norte e Sul. 

O monitoramento da Apac identificou que o fator responsável pela previsão é a aproximação de uma convergência de umidade vinda do oceano atlântico. Segundo a agência, a Mata Norte e a RMR têm maior risco de precipitação. 

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LeiaJá também: João Campos relembra tragédia das chuvas de 2022

A Prefeitura do Recife também emitiu um alerta de atenção e aponta o risco de deslizamentos nas áreas de morro. As pancadas de chuva que iniciaram ainda na noite do domingo (28) resultaram na interdição do Túnel Felipe Camarão, no bairro do Jordão, na Zona Sul da capital, por volta das 6h20. O equipamento é de competência do Departamento de Estradas e Rodagem (DER), do governo estadual. 

Neste domingo (28), famílias e amigos das 130 vítimas dos deslizamentos causados pelas fortes chuvas no Grande Recife, no ano passado, se juntam a 20 entidades em um ato no Recife Antigo para cobrar ações preventivas do Poder Público.  

A manifestação em memória das vítimas fatais e dos mais de 125 mil desabrigados e desalojados no período chuvoso em 2022 vai recomendar que as autoridades ofereçam moradias adequadas para grupos vulnerabilizados e a garanta de que nenhuma família seja despejada sem um local digno para viver. 

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"Esta foi uma das maiores tragédias socioambientais da história do de Pernambuco, tendo causado perdas materiais e humanas incalculáveis em diversas cidades que foram afetadas por alagamentos, inundações e deslizamentos de barreiras", aponta a convocatória.  

O texto ressaltou que os principais afetados são pessoas negras, pobres e periféricas, com destaque para mulheres, crianças e idosos.  

O ato também pede a criação urgente de planos de contingência que atendam a comunidades de risco, incluindo a ampliação de formas de previsão, como alertas e comunicação de desastres, realização de simulações, criação de comitês permanentes de desastres nos municípios e no estado, aumento do valor do auxílio emergencial, criação de abrigos emergenciais, garantia de atendimento médico e psicológico para a população atingida, entre outros. 

Participam do protesto os coletivos Habitat para a Humanidade Brasil, CAUS - Cooperativa Arquitetura Urbanismo e Sociedade, Grupo Mulher Maravilha, Praça do Cristo, Associação Gris Espaço Solidário, Fórum Popular do Rio Tejipió (FORTE), Ibura Mais Cultura, Somos Todos Muribeca, Cáritas Brasileira Regional NE2, Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec), Fórum de Mulheres de Pernambuco, Conselho Regional de Psicologia, Articulação Negra de Pernambuco - ANEPE, IBDU, OAB comissão advocacia popular, OAB comissão de direito urbanístico, CPDH, Coletivo Caranguejo Tabaiares Resiste, Centro Mário de Andrade  e Articulação Recife de Luta. 

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Sem tempo para entregar obras que diminuam o risco de novas enchentes em Pernambuco, mais uma vez, o governo do estado se apega a medidas de prevenção e prepara a Defesa Civil para casos emergenciais. Preocupado com a insuficiência do sistema de macrodrenagem do estado, desenvolvido na década de 60, o secretário de Recursos Hídricos Almir Cirilo estuda um “plano ambicioso” com a construção de novas barragens. Sem a expectativa de resultados a curto prazo, a previsão de chuvas acima da média pode fazer de 2023 um ano de novas tragédias. 

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Há 100 dias no comando da pasta, o secretário informou que drones vêm detectando locais de risco em morros e nas regiões baixas da Região Metropolitana do Recife (RMR) e das Zonas da Mata Norte e Sul para traçar ações emergenciais ainda neste ano. Com mais um inverno rigoroso pela frente, Almir afirmou que o início de obras de grande porte depende de negociações e seus efeitos só serão percebidos a médio e longo prazo. 

"Não dá para concluir obras. O governo acabou de começar. Nós revisamos projetos de barragens, revisamos orçamentos, estamos em tratativas possíveis para antecipar contratações. Então, o que é possível fazer, nós estamos lutando. Mas não temos como ter obras de porte significativo para esse momento", explicou. 

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A solução defendida pelo governo passa pela construção de novas barragens. Considerado "um plano ambicioso" pelo próprio idealizador, a intenção é iniciar a construção de 19 barragens. Um pacotão voltado à infraestrutura hídrica foi submetido ao Governo Federal na espera pelo aporte necessário para realizar essas e outras obras da pasta. Almir também destacou o esforço da governadora Raquel Lyra por empréstimos para estimular as intervenções.  

A solução passa pela construção de novas barragens

Um dos responsáveis pelo processo de conclusão da barragem de Serro Azul, na Mata Sul, o secretário apontou que o equipamento evitou uma nova catástrofe na cidade de Barreiros. Em menos de um ano após a inauguração, a barragem reteve 40% do volume de água que ia chegar aos municípios da região, segundo o gestor.

"Ela efetivamente salvou as cidades da Mata Sul de uma catástrofe sem precedentes. A enchente que aconteceu em 2017, seis meses depois da conclusão de serro azul, foi pior que a de 2010, aquela grande catástrofe que está nas mentes de todos nós", recordou. 

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A princípio, a ideia é entregar duas barragens que não foram concluídas e que já contam com recursos. Uma das prioridades é o Rio Cotunguba, um dos principais afluentes da margem direita do Rio Capibaribe na porção do Agreste.

Almir explicou que o equipamento terá a finalidade de acumular a água das enchentes e abastecer as cidades da região com carência de água. Esse modelo de "multiuso" deve se repetir na escolha das cidades que vão receber novas barragens. 

A importância da microdrenagem na Região Metropolitana Recife

“Há um estudo que nós já iniciamos e deverá se transformar em obra em um futuro próximo com a construção de mais algumas barragens aqui na Mata Norte e na própria bacia do Rio Capibaribe”, anunciou.

Sobre a possibilidade dessa mobilização ser atraída à RMR, como nas bacias dos rios Beberibe e Tejipió, o secretário apontou a dificuldade de tocar obras em regiões com densidade populacional elevada. Ele enfatizou o papel das prefeituras em intensificar a resposta ao assoreamento das calhas fluviais através da coleta dos resíduos sólidos lançados pela população. 

Um deslizamento de terra varreu uma comunidade andina no centro do Equador e enterrou dezenas de casas deixando ao menos sete pessoas mortas no domingo (26). Segundo as autoridades, os socorristas mantém uma busca frenética pelos sobreviventes. No início do dia, as autoridades haviam relatado 16 mortes, mas o presidente Guillermo Lasso confirmou que havia sete mortos nesta segunda-feira (27).

Imagens aéreas da cidade de Alausí, no Equador, mostram o trabalho de bombeiros que tentam encontrar sobreviventes do deslizamento de terra na região, nesta terça-feira (28). O desastre tem ainda um saldo de mais de 60 desaparecidos, de acordo com o balanço mais recente entregue por Guillermo Lasso. O presidente lamentou a tragédia e prometeu às pessoas da cidade que "vamos continuar trabalhando" no esforço de busca.

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Com o desespero estampado nos rostos, armados com picaretas e pás e acompanhados por cães, dezenas de socorristas e moradores vasculham os escombros. A Secretaria de Gestão de Risco do Equador disse que mais de 30 pessoas foram resgatadas após o desmoronamento da encosta da montanha por volta das 22h de domingo. Entre elas, 23 ficaram feridas.

"Minha mãe está enterrada sob a lama", disse Luis Ángel González, 58 anos, que também perdeu outros membros da família no domingo. "Estou tão triste, devastado. Não há nada aqui, não há casas, não há nada. Estamos sem casa e sem família".

A agência de gestão de risco estimou que 500 pessoas e 163 casas foram afetadas pelo desastre, que também destruiu uma parte da Rodovia Pan-Americana.

O governador de Chimborazo, Ivan Vinueza, disse à Associated Press que alguns dos feridos foram levados para hospitais da área. Ele disse que as autoridades haviam instado as pessoas a evacuarem a área após deslizamentos de terra e rachaduras terem começado a se desenvolver há cerca de dois meses. Alguns seguiram o conselho, e no sábado, 25, quando os tremores se intensificaram, outros fugiram.

Os moradores da área disseram à mídia local que ouviram tremores na montanha antes do deslizamento de terra. Cerca de 150 metros de largura e quase 700 metros de comprimento de terra engoliram árvores, casas e outros edifícios. Mais de 50 casas foram enterradas sob toneladas de lama e entulho.

A agência de resposta a emergências disse que 60% do serviço de água potável na área foi afetado pelo deslizamento de terra. Bombeiros de várias cidades foram despachados para a área para ajudar. Os socorristas se concentraram nos flancos do deslizamento de terra onde encontraram vestígios e escombros de casas.

O vídeo das câmeras conectadas à rede de serviços de emergência do país mostrou pessoas fugindo de suas casas com a ajuda de vizinhos. Também mostrou pessoas transportando aparelhos e outros pertences em veículos.

Sobreviventes, muitos alojados em abrigos temporários, choravam. Entre eles estava a família Zuña, que estava hospedada na Igreja Matriz de Alausí, onde salas para catequese ou reuniões paroquiais foram adaptadas com beliches após as autoridades declararem emergência devido ao risco de deslizamentos de terra.

Sonia Guadalupe Zuña disse que sua mãe estava relutante em deixar o que tinham construído ao longo dos anos. "Fomos para o abrigo, mas minha mãe não quis", disse Zuña. "Mais tarde, minha filha foi convencê-la. Quando eles caminharam ao longo dos trilhos, tudo desmoronou. Eles chegaram cobertos de terra e chorando".

Com exceção das roupas que tinham vestidas, a família de Zuña perdeu tudo. "Não sei para onde, mas estamos todos saindo", disse ela chorando. "Meus pais nos ensinaram que, trabalhando duro, você consegue coisas materiais, mas estarmos juntos não tem preço". Fonte: Associated Press.

As fortes chuvas que atingiram Manaus no fim de semana provocaram deslizamentos de terra e deixaram ao menos oito pessoas mortas. De acordo com a prefeitura da capital do Amazonas, até as 2h desta segunda-feira (13) quatro crianças entre 5 e 7 anos e quatro adultos foram encontrados, sendo quatro das vítimas de uma mesma família.

Uma delas chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Mãe e filha foram achadas sem vida abraçadas nos escombros de uma casa, em imagem que emocionou quem ajudava no resgate. De acordo com a defesa civil, três pessoas foram resgatadas com vida.

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Por meio do Centro de Cooperação da Cidade (CCC), o município ativou no domingo, 12, o Comitê de Gestão de Crise, em decorrência das fortes chuvas e do desbarrancamento que ocorreu durante a noite no bairro Jorge Teixeira, na zona leste da cidade, onde 11 casas construídas em área de risco a quase 30 metros de altura ficam soterradas. As buscas ainda continuam no local, com 44 integrantes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros. Equipes da prefeitura também trabalham manualmente e com auxílio de retroescavadeiras.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, conversou na manhã desta segunda com o ministro da Integração Nacional, Waldez Góes, e pediu apoio do governo federal às ações da prefeitura de Manaus.

"Atuamos em 25 ações prioritárias e, para essa área, não teve nenhuma ligação. Infelizmente, no início da noite, teve esse desmoronamento. Segundo os moradores, muita chuva no local (do deslizamento de terra). É muita tristeza, nós estamos aqui com todas as secretarias integradas para dar todo o suporte possível", disse o prefeito David Almeida, que esteve na região afetada.

O desmoronamento, em três diferentes pontos, do barranco no bairro Jorge Teixeira ocorreu em uma área de risco e teria atingido 11 casas que ficavam na parte debaixo do barranco. Em média, choveu 97,2 mm nas últimas 24 horas. A zona leste da cidade, onde fica o local da tragédia, foi a mais afetada com 102,6 mm, segundo a Secretaria Municipal de Segurança e Defesa Social. Foram mais de 50 pedidos de socorro à Defesa Civil, ao longo do dia.

"Temos mais de mil áreas como essa em Manaus. E, dessas mil áreas, 62 são de alto risco, como essa aqui. Nós fizemos 17 áreas no ano passado (contenção de erosões), temos programado mais 20 áreas prioritárias como essa. E, agora, buscamos mais investimentos para a gente poder investir nessas áreas e dar moradia digna para as pessoas", disse Almeida.

A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semasc) providenciou abrigo às famílias de casas próximas ao local do deslizamento. Ainda não há informações de quantas pessoas estão desabrigadas.

No sábado, 11, outro deslizamento na zona norte de Manaus atingiu 32 famílias que ficaram desabrigadas com o deslizamento de um barranco na Comunidade Monte das Oliveiras. Ninguém ficou ferido.

O Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) do Amazonas já trabalha na identificação dos oito corpos levados ao Instituto Médico Legal (IML). Das vítimas, quatro adultos e quatro crianças, cinco são do sexo masculino e três do sexo feminino. O DPTC vai usar toda a estrutura de identificação disponível e vai solicitar o apoio da Polícia Federal (PF) para identificar as vítimas, uma vez que informações indicam que quatro são de origem venezuelana.

O número de mortos em um deslizamento de terra em uma ilha remota da Indonésia na segunda-feira (6) subiu para 30, depois que outros nove corpos foram encontrados, disse uma autoridade local nesta quinta-feira (9).

O deslizamento de terra ocorreu na segunda-feira na ilha de Serasan, no arquipélago de Natuna, localizado entre Bornéu e o território peninsular da Malásia.

"Às 11h50 (01h50 no horário de Brasília) de hoje (quinta-feira), nove corpos foram encontrados", disse à AFP um porta-voz do governo local, Patli Muhamad.

Os corpos foram encontrados enterrados na vila de Pangkalan, disse Muhamad, observando que outras 24 pessoas ainda estão desaparecidas.

O porta-voz afirmou que as difíceis condições climáticas que dificultavam os esforços de resgate melhoraram e as linhas de comunicação foram gradualmente restauradas.

A Indonésia, um país insular, é propensa a deslizamentos de terra durante a estação chuvosa, agravados em alguns lugares pelo desmatamento.

Especialistas acreditam que os desastres naturais estão piorando devido às mudanças climáticas.

O diretor da Agência Nacional de Mitigação de Desastres (BNPB), Suharyanto, que só tem um nome como muitos indonésios, disse que o governo do distrito de Natuna concordou em realocar dezenas de famílias longe da área afetada para evitar futuros desastres.

Enquanto isso, no distrito de Banjar, na parte indonésia da ilha de Bornéu, as enchentes inundaram mais de 17.000 casas no mês passado.

A vizinha Malásia também enfrenta chuvas torrenciais e inundações que levaram à retirada de 41.000 pessoas em várias regiões na semana passada.

O Hospital de Campanha do Corpo de Fuzileiros Navais (HCamp) iniciou, na tarde desta sexta-feira (24), o atendimento à população de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. A cidade foi uma das mais atingidas pelos temporais da última semana, que deixaram mais de 50 mortos e milhares de desabrigados e desalojados.

A estrutura foi transportada pelo maior navio da Marinha do Brasil, o Atlântico, que chegou na quinta-feira (23) à cidade com uma equipe multidisciplinar dos Fuzileiros Navais, equipamentos, maquinários e materiais que serão utilizados em apoio humanitário à comunidade.

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O hospital conta com 300 leitos de capacidade, sendo que 30 foram preparados durante o trajeto do Rio de Janeiro a São Sebastião. Segundo a Marinha, o HCamp estará aberto ao público diariamente, das 8h às 18h, e sua estrutura inclui consultórios de clínica geral e pediatria, um leito de serviço de estabilização do paciente e seis leitos enfermaria/curativos.

O Grupamento Operativo dos Fuzileiros Navais de Apoio à Defesa Civil (ApDefCiv), que vai apoiar a cidade paulista, conta com integrantes que já atuaram em catástrofes naturais e nas missões de paz no Haiti e no Líbano. Ao todo, são 180 fuzileiros e 18 viaturas. Entre os veículos estão sete caminhões, quatro viaturas com tração 4x4, duas ambulâncias, duas retroescavadeiras e uma viatura do tipo Bobcat. 

Segundo a Marinha, desde 2011, após os deslizamentos de terra ocorridos em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, a Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) mantém o ApDefCiv em condições de pronto emprego entre dezembro a março, caso haja necessidade de cooperar com órgãos de defesa civil.

Em meio à crise humanitária instalada na região do litoral norte de São Paulo por causa das chuvas, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ter identificado cerca de 14 mil pontos de risco de deslizamento espalhados pelo País, onde viveriam mais de 4 milhões de pessoas.

"Esses pontos todos, no Brasil inteiro, já identificados com situação de alto risco de deslizamento serão prioridade", afirmou o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

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Segundo Waldez, que coordena o grupo de resposta à crise no litoral norte, o governo estuda medidas como a "desapropriação necessária" de pessoas em locais identificados como passíveis de deslizamento "para diminuir a quantidade de áreas de risco no País".

"A orientação dele (Lula) é para que se procure priorizar habitações de demandas dirigida para diminuir os riscos à vida das pessoas", afirmou o ministro.

Lula se reuniu nesta quarta, 22, com seis ministros de Estado e o secretário executivo do Ministro da Fazenda, Gabriel Galipolo, para definir as medidas de apoio do governo federal à cidade de São Sebastião e a outros locais afetados no litoral norte de São Paulo. O município enfrenta uma crise humanitária provocada pelas fortes chuvas, que já geraram deslizamentos de terra. Há previsão de mais chuvas até sexta-feira, 24, e o total de mortos já está em 48 e há 36 desaparecidos.

O governo federal repassou nesta quarta-feira R$ 7 milhões ao município litorâneo para a compra de cestas básicas; combustível; kits de limpeza e higiene pessoal; e itens de dormitório, como colchões. Os recursos foram liberados pelo Ministério da Integração.

Ainda segundo a pasta, mais recursos de proteção e defesa civil deverão ser liberados nos próximos dias. No encontro com Lula nesta quarta estão presentes os titulares da Casa Civil, Rui Costa (PT); dos Transportes, Renan Filho (MDB); da Integração, Waldez Góes; das Cidades, Jader Filho (MDB); das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT); e da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT).

Lula vai conduzir mais reuniões no Alvorada com ministros de áreas focais para lidar com a crise em São Sebastião. Na segunda agenda prevista para hoje, o petista vai se encontrar com os responsáveis Agricultura, Carlos Favaro (PSD), Assistência Social, Wellington Dias (PT), e Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT).

Ao menos 15 pessoas morreram e 12 mil ficaram desabrigadas após um deslizamento de terra na região de Arequipa, no sul do Peru, nesta segunda-feira (6). As informações são do Indeci, órgão de defesa civil do país. A área mais afetada foi Nicolás Valcárcel, na cidade de Camaná, que sofreu com fortes chuvas e enchentes no domingo (5).

Ainda de acordo com o Indeci, 20 pessoas ficaram feridas, duas estão desaparecidas e outras 310 foram diretamente afetadas pelo desastre natural. O governador de Arequipa, Rohel Sánchez, alertou que o número de mortos pode aumentar, especialmente nas regiões de Miski, Secocha, Urasqui e San Martín, que possuem mineradoras. "Há uma grande probabilidade de ter pessoas mortas nos túneis", afirma Sánchez.

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Por causa do deslizamento, as autoridades de Arequipa solicitaram que o governo declarasse estado de emergência no local. A Presidência do Conselho de Ministros se ofereceu para unir diferentes áreas do governo para atender às exigências da emergência, que inclui helicópteros para voos humanitários e maquinaria pesada para limpar os escombros e combustíveis, conforme explicou Sánchez.

Um relatório da defesa civil do Peru destacou ainda que Yauyos, em Lima, também registrou deslizamentos de terra no domingo, que danificaram 99 casas e deixaram 265 pessoas desabrigadas. (Com agências internacionais).

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), esteve, na tarde desta segunda-feira (6), em Águas Compridas, bairro de Olinda onde duas famílias foram vítimas de um deslizamento de terra que provocou a morte do jovem Israel Campelo, de 19 anos. A gestora foi acompanhada da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) e de uma equipe do seu secretariado. 

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Lyra publicou, nas redes sociais, o momento em que chegou à casa de Judite Soares dos Santos, de 51 anos, mãe de Israel. A dona de casa foi resgatada com escoriações leves e, a priori, não precisou de atendimento hospitalar, mas posteriormente foi encaminhada à Policlínica Amaury Coutinho, em Campina do Barreto, após passar mal por estresse. Outros cinco parentes, incluindo um menino de quatro anos, também estavam na residência no momento do deslizamento e foram socorridos com vida.  

"É claro que investir nos morros na Região Metropolitana do Recife exige muitos recursos, se tem pessoas que estão em áreas de extremo risco. A gente está começando agora um trabalho para permitir que essas pessoas possam estar em um lugar seguro. Infelizmente, hoje houve perdas e o que a gente quer é que nenhuma família passe por isso. O trabalho é duro e estamos aqui para prestar solidariedade à família de Dona Judite, que infelizmente perdeu um filho", disse a governadora, em entrevista à imprensa. 

Na última semana, a vice-governadora Priscila Krause coordenou a primeira reunião do Grupo de Trabalho sobre a Defesa Civil com prefeitos e representantes dos municípios do Recife e da Região Metropolitana, para tratar de ações de curto e médio prazo sobre os danos causados pelas fortes chuvas. 

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Pernambuco registrou, nesta segunda-feira (6), a primeira morte em decorrência das fortes chuvas que chegaram à Região Metropolitana do Recife (RMR), ainda na noite do domingo (5). O período chuvoso, que já é preocupação da população local, em especial, dos moradores ribeirinhos e localizados nas encostas da metrópole, se tornou um medo ainda mais presente após as ocorrências de 2022 terem deixado, em apenas um mês, mais de 130 mortes. 

O cenário se repetiu em uma área que já conhece a realidade dos alagamentos e deslizamentos. Desta vez, o deslizamento aconteceu em Águas Compridas, bairro de Olinda. O jovem Israel Campelo dos Santos, de 19 anos, foi a vítima fatal. Seus familiares também ficaram feridos. O rapaz, que era motoboy e trabalhava no próprio bairro, deixou a mãe, o pai e três irmãos.  

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No ano passado, a região foi a primeira a ser atingida por deslizamentos, também com mortes, ainda no mês de maio. À época, as ocorrências foram nos bairros da Caixa D'Água e Córrego do Abacaxi, a 10 minutos de Águas Compridas; todos cortados pelo Rio Beberibe. No deslizamento que vitimou Israel, nesta segunda-feira (6), o local, apesar de não possuir histórico de mortes, era considerado de risco e tinha trechos interditados pela Defesa Civil municipal. 

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“Eu estava dormindo e me acordei com a zoada. A gente tem um galpão atrás de casa e eu pensei que tinha sido algo no galpão. Gritei pelo meu filho, assombrada: ‘tu tás vivo?’, e ele já estava bem na porta me chamando. Ele que estava gritando por mim, para eu sair de dentro de casa, porque achou que era algo lá dentro. Meu menino que chegou primeiro na hora e ficou escavando com a mão, aí ouviu um grito de socorro. Era uma mulher”, relatou a senhora Severina da Silva, de 65 anos. Ela é conhecida como “Dona Biu” e mora em Águas Compridas há cerca de 40 anos. 

Dona Biu diz que, apesar do risco, nunca havia presenciado uma tragédia como esta, com mortes. O caso aconteceu na Rua Seis de Janeiro, que é alta e mais se parece com uma viela. Boa parte da escadaria que leva ao topo do morro não possui corrimão para dar suporte aos moradores. 

“Eles me mandaram sair e que eu só voltasse quando estiasse. Porque tem risco de uma estrutura em cima desabar e cair na minha casa. A minha casa mesmo não tinha risco não, até hoje, mas o solo encharcou e eles precisam que a chuva pare para ver. Eu nunca tinha presenciado uma tragédia como essa. Via na televisão, mas na minha frente, foi a primeira vez. Se não estiar, eu não vou para abrigo, não. Vou dar um jeito de sair daí, porque estou com medo e não vou continuar morando aí. As coisas não só acontecem com os outros, não, acontecem com a gente também”, continuou. 

A casa de dona Severina ficava entre as duas casas atingidas nos deslizamentos desta segunda-feira (6). No total, foram nove pessoas atingidas, e oito sobreviventes. Em uma casa estava um casal e, na outra, sete pessoas da mesma família, a de Israel. Agora em risco, Dona Biu vai procurar abrigo com um dos filhos, ao menos para a primeira noite fora de casa. 

No momento em que falou com o LeiaJá, ela carregava uma bolsa apenas com os documentos e estava acompanhada do genro, Marcelo. O filho Rivaldo, de 40 anos, que mora com ela, também deve ir para a casa de uma das irmãs. As outras filhas de Severina moram em duas comunidades de Olinda, o Alto da Conquista e o Buraco do Afonso, que fica no mesmo bairro, mas nenhuma delas está em área de risco. 

“Eu não sei o que vou fazer. Os escombros não bateram na minha casa, mas ficaram bem próximos. Eu não sei o que pode acontecer, porque com barreira, a gente nunca sabe. Eu não penso só em mim, penso em qualquer ser humano que more em um lugar desses. A gente só mora porque é a única opção. Se pudesse, a gente não morava nesse lugar. É a primeira vez que moro em uma barreira. Sou do interior, vim trabalhar no Recife e por aqui mesmo fiquei”, concluiu. 

“Tragédia anunciada” 

No local do ocorrido, um dos vizinhos da família de Israel comunicava a todos a indignação com a situação das encostas em Águas Compridas. O sentimento do motorista Antônio Souza, de 45 anos, foi endossado pelos demais moradores, que se veem esquecidos pelo poder público há anos. O homem mora em Águas Compridas desde criança. 

“A gente pede lona, mas é o paliativo. Lona não resolve. Temos buscado para que eles venham fazer um projeto amplo, com muros de arrimo, algo nesse nível, mas somos esquecidos pelo poder público. Inclusive pelos vereadores daqui de Olinda, que moram perto da gente. Na época de campanha, aparecem todos, mas depois da campanha, eles somem. Eu amo o local onde eu moro, mas infelizmente, não adianta eu, como morador, fazer alguma coisa, e ser esquecido pelo poder público”, afirmou o trabalhador. 

Antônio fez parte do resgate das vítimas e ajudou a retirar os demais soterrados dos escombros antes mesmo do Corpo de Bombeiros chegar. “Nos deparamos lá com a situação e tinham quatro vítimas soterradas. Conseguimos resgatar o casal e o irmão de Israel, um adolescente, também soterrado. O sofá ficou sobre o corpo dele e a gente conseguiu resgatar ele. Dona Judite [mãe de Israel] teve escoriações nas pernas. Leo [morador da outra casa atingida] teve fraturas nas pernas e em um dos braços. Os bombeiros chegaram uns 45 ou 50 minutos depois do acontecimento, já tínhamos resgatado três vítimas, só ficou Israel, que, infelizmente, saiu sem vida”, acrescentou. 

O que diz a Defesa Civil 

O LeiaJá entrevistou, durante o atendimento à ocorrência, o secretatário de Defesa Civil de Olinda, Irapoan Muniz. Ele reafirmou que a área, agora isolada, é de risco, e que está entre as prioridades do município para as ações de redução de riscos a serem implementadas até o outono-inverno deste ano, quando as chuvas têm maior acúmulo. Atualmente passando por um verão típico, Pernambuco enfrenta dias muito quentes e chuvas intensas com menor frequência. Confira o retorno do secretário abaixo, na íntegra: 

“Três pessoas foram socorridas com vida e a quarta pessoa, Israel, faleceu. O serviço social já está localizando as famílias para viabilizar os abrigos. Nas casas vizinhas e que estão em risco, as pessoas estão sendo comunicadas para saírem das casas e às que estão sem condições de migrar para outras casas, terão acesso a abrigo. Essa área vem sendo monitorada desde o inverno do ano passado. As pessoas que estavam aqui na época receberam os auxílios moradia e emergencial, inclusive, essa família que estava na casa [de hoje] morava de aluguel, pois os donos antigos alugavam a casa [mesmo em risco].  

Estamos monitorando 49 áreas de alto risco no município e essas áreas serão contempladas com obras de contenção de encostas e de aplicação de geomanta. É lamentável que nós tenhamos uma segunda-feira dessas. Estou pegando a relação reunião gabinete prefeito e com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. 

Essa área, podemos admitir, é uma das mais comprometidas em Olinda. Águas Compridas, Caixa d’Água, Córrego do Abacaxi e Alto da Bondade são completamente comprometidos nas encostas. Fizemos estudos durante todo o processo para saber a viabilidade da implantação das geomantas e aqui [Águas Compridas] será a área mais contemplada. O local do deslizamento de hoje estava em um local mais crítico. Mesmo assim as pessoas, talvez pela situação de pobreza e de vulnerabilidade, insistiram em morar nessa residência.” 

 

 

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