De passagem pelo Recife, nesta quinta-feira (8), o pré-candidato a presidência da República pelo Partido Verde (PV), Eduardo Jorge, reafirmou o desejo dos partidos de oposição em “renovar” o poder predominante em Brasília, neste caso o governo do PT. Apesar de ser um dissidente petista e vê seu posicionamento como uma “critica positiva” ao partido, Jorge pontuou a necessidade do país voltar a ver o PT na oposição.
“Nós temos quer ser francos, os últimos anos do PT em Brasília não estão dando certo, já no final do governo do Lula e praticamente durante todo o governo da Dilma, houve muito intervencionismo na política e o aparelhamento das empresas públicas, inclusive a Petrobras. Realmente é uma hora de renovar”, frisou ao mencionar a contribuição dos partidos para a redemocratização brasileira, em conversa com a reportagem do Portal LeiaJá. “Isso vai ser bom até para o PT, ele precisa passar um tempinho na oposição, para perder um pouco a obesidade que ele ganhou no estado este tempo todo”, acrescentou.
##RECOMENDA##De acordo com ele, a postulação do PV contribui para que aja um segundo turno e a quebra da “polarização dos partidos” (PSDB e PT). Além de oferecer aos simpatizantes e ambientalistas uma opção para voto. “Existem muito que simpatizam com as nossas propostas revolucionarias e futuristas. É frustrante que um cidadão deste tipo não possa votar no partido que deseja, sendo ele diferente dos outros. E o PV precisa se apresentar como uma força consolidada e diferente da família socialista e capitalista”, cravou.
Segundo ele, “quanto mais candidatos melhor para um segundo turno”. “Fiquei triste porque Marina Silva não conseguiu formalizar o partido dela (Rede Sustentabilidade), achava importante que ela concorresse, como também achava que José Serra deveria ter ido para o PPS, colocado Roberto Freire como vice e disputasse a eleição”, ressaltou. “O primeiro turno é para você votar com a cabeça e com o coração, voto no que eu mais gosto mesmo. Se meu partido não passa para o segundo turno voto com a cabeça”, observou.
Para o pré-candidato, tanto o PT, quanto o PSB e o PSDB formam uma “grande família”. “As três grandes candidaturas são uma grande família. Um social-democrata cor-de-rosa, a presidente, um vermelho de base marxista, e Eduardo Campos um socialismo carmim. A mesma família. Fico observando de longe e Eduardo Campos parece, às vezes, um pouco constrangido como se estivesse sendo tutelado por sua vice”, disparou.
Marina Silva: a saída do PV e a “atitude egoísta” de 2010
A atitude da ex-senadora Marina Silva (PSB-AC) de não se posicionar a favor ou contra um dos dois candidatos à presidência da República que passaram para o segundo turno em 2010 – José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) – foi classificada, por Eduardo Jorge, como algo “egoísta”. Para o presidenciável, ela “desprezou” o voto popular ao ficar sem preferência.
“Se o PV não passar para o segundo turno vou me posicionar. O que não podemos fazer é lavar as mãos feito Pilatos, como a nossa campanha PV-Marina fez em 2010. Quem tem 20 milhões de votos não pode dizer ‘agora vou embora e não brinco mais, faça o que vocês quiserem’. Aquilo foi um absurdo. Uma manifestação de egoísmo e desprezo com o voto popular”, alfinetou. “Tinha que escolher. Era para se discutir e ver qual deles se incorporava mais as questões ambientais”, acrescentou.
Nos bastidores as especulações é que o PV, não disputando um eventual segundo turno, se unifique ao PSB (caso este esteja no pleito), mesmo com os imbróglios ligados a pré-candidata a vice-presidente pela chapa socialista, ou ao PSDB, já que algumas posturas de Dilma Rousseff (PT) não são aprovadas pelas diretrizes da legenda. Questionado sobre isso, Jorge desconversou. “Discutiremos isso se nós não passarmos. Antes de começar o campeonato não posso dizer que não vou ficar entre os quatro classificados. Não posso responder isso agora”, disse.
Indagado sobre a diferença, entre as eleições de 2010 e deste ano, pleiteadas pelo PV, o presidenciável pontuou que “cada eleição tem sua história” e relembrou a “coligação programática” feita com Marina. “Ela é uma grande liderança ambientalista. E que quando você faz uma aliança programática nem sempre o seu programa é 100% acolhido. Algumas partes do nosso programa não tiveram o destaque que nós gostaríamos por causa das posições dela. Foi uma espécie de composição PV e Marina que entrou nesta disputa polarizada e ganhamos aquela quantia de votos que surpreendeu a muitos”, afirmou. Acrescentando, “agora não, o PV se apresenta com o seu programa completo. É um programa puramente PV. Como isso vai repercutir em relação a eleitorado a gente não sabe, temos que esperar a eleição.”