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O presidente da CPI do MST, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), classificou a nova invasão do grupo a um centro de pesquisas da Embrapa Semiárido, em Petrolina (PE), como "inadmissível". Segundo ele, a ação é um "deboche com a sociedade". Para Zucco, o governo Lula é "conivente" com as ações do movimento.

A nova invasão, que ocorreu no domingo, 30, acontece às vésperas da abertura do Semiárido Show, um dos eventos mais importantes da região e voltado aos pequenos agricultores do semiárido. A abertura está prevista para esta terça-feira, 1º, mas a área de exposições foi totalmente ocupada pelos sem-terra. Cerca de 1.500 membros do MST participaram da ação.

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De acordo com o movimento, a decisão foi tomada porque o governo Lula não cumpriu a promessa de destinar áreas para assentar as famílias acampadas na região. "É inadmissível o MST alegar que o governo não está cumprindo os acordos. O MST está dentro do governo", afirmou Zucco, que garante que essas invasões serão investigadas. "Isso é um deboche com a sociedade e uma conivência do governo que não se posiciona contrária a esses crimes que estão sendo cometidos. Vamos na CPI investigar essas invasões criminosas."

A CPI do MST deverá ter uma guinada mais intensa na retomada das atividades do Congresso. O líder do MST, João Pedro Stedile, e o líder da Frente Nacional de Luta, José Rainha Júnior, participarão de audiências e integrantes do atual governo Lula deverão ser ouvidos pelos membros da comissão.

Nesta terça-feira, 1º, quando a CPI retoma as atividades com depoimento do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general G. Dias. Ele será questionado se Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tinha de conhecimento sobre as invasões de terra no Brasil, retomadas no mês de abril, com parte do "Abril Vermelho", uma série de manifestações do movimento.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, é o principal alvo do grupo, que tenta negociar com o governo a convocação dele. Desde março, a Abin é um braço da pasta de Rui, o que justificaria o seu chamamento.

A invasão a Petrolina neste domingo, 30, aconteceu, segundo o MST, porque o governo Lula não cumpriu a promessa de destinar áreas para assentar as famílias acampadas na região. A reocupação da área da Embrapa em Pernambuco foi decidida em assembleia.

"Nós elegemos o governo Lula e precisamos que o ministério cumpra seu papel em atender as demandas da reforma agrária e possam cumprir as políticas voltadas para os movimentos sociais e não somente servir os interesses do agronegócio", disse Jaime Amorim, da direção estadual do MST no Estado. Segundo o movimento, havia sido prometido que parte dos dois mil hectares da fazenda da Embrapa seria destinada para assentar famílias.

"Essas invasões deixam claro que o MST desrespeita o governo, o agro e a sociedade. Desde quando um movimento que comete crime tem que dar condições ao governo federal para não invadir?", questionou Zucco, presidente da CPI do MST.

A invasão deve fortalecer a pressão da oposição no retorno de atividades do Congresso. "Esse movimento criminoso invadiu a estrutura de um evento realizado pela Embrapa, em parceria com o MAPA. Mais um absurdo do MST. A CPI não deixará isso passar batido", disse Rodolfo Nogueira (PL-MS), integrante da comissão.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) informou que já tomou conhecimento do ocorrido e prepara manifestação oficial a respeito.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) devem começar a desocupar na próxima semana áreas pertencentes a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Petrolina (PE), e da empresa multinacional Suzano, em Aracruz (ES).

O MST recebeu a notificação do mandado de reintegração da área de 46 hectares da Embrapa na quinta-feira (20). Em reunião entre representantes do MST, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) Incra, ficou definido que a condição para a desocupação é que o governo crie assentamentos para 800 famílias, em áreas a serem indicadas para desapropriação em Petrolina e Lagoa Grande (PE). Nos próximos dias, o movimento confirmou que fará a desocupação gradual da área da Embrapa.

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No caso das 200 famílias que ocuparam áreas da Suzano, no Espírito Santo, a desocupação da área de 8.039 hectares será concluída até o final da semana que vem, seguindo os protocolos legais necessários para a saída das famílias. O protocolo prevê a definição do local para onde as famílias serão levadas, a presença de ambulância e serviços da ação social e de direitos humanos. Em nota, o MST do Espírito Santo declarou que compreende que tais providências são medidas necessárias para a preservação da integridade física das famílias acampadas.

Reunião com ministro da Fazenda

Na última quinta-feira (20), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com lideranças do MST. Segundo o coordenador nacional do movimento, João Paulo Rodrigues, o ministro fez um apelo para que o grupo desocupe as áreas invadidas da Embrapa, em Pernambuco, e da empresa Suzano, no Espírito Santo. “Temos um compromisso que nós vamos desocupar a área da Suzano, e também a área referente à Embrapa. Só estamos procurando um local para levar as famílias”, disse Rodrigues.

O coordenador do movimento social também afirmou que o ministro Fernando Haddad prometeu aumentar de 250 milhões para 400 milhões de reais o orçamento dedicado ao assentamento de famílias acampadas. Segundo o dirigente do MST, existem 5 milhões de hectares de devedores da União nas mãos de menos de mil proprietários que, em conjunto, devem R$ 40 bilhões para o estado brasileiro

Estudo da Embrapa e instituições parceiras comprovou que a expansão sustentável do cacau tem sido extremamente benéfica para a Amazônia, integrando geração de emprego e renda à preservação da floresta. Paralelamente ao fato de o Pará ser hoje o maior produtor nacional desse fruto, com um rendimento superior a 50% do total movimentado no País - R$ 1,8 de 3,5 bilhões -, 70% do cultivo é feito em áreas degradadas, majoritariamente por agricultores familiares e em sistemas agroflorestais. O resultado é a recuperação dessas áreas, cuja maior parte foi convertida de pastagens, com a redução do fogo e do desmatamento na região (veja vídeo aqui).

O trabalho, intitulado “A expansão sustentável do cacau (Theobroma cacao) no estado do Pará e sua contribuição para a recuperação de áreas degradadas e redução do fogo” (The sustainable expansion of cocoa crop in the State of Pará, Brazil and its contribution to altered areas recovery and fire reduction), foi publicado esta semana no Journal of Geographic Information System. Ele apresenta a descrição detalhada da evolução das plantações de cacau em termos de expansão histórica, práticas de propriedades agrícolas, transições de uso da terra e regimes de fogo.

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Segundo o principal autor, o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental Adriano Venturieri, a área cultivada com o cacau no estado do Pará vem crescendo nos últimos anos, especialmente na região da Transamazônica. Existe, porém, uma dificuldade em mapear essa expansão em virtude da diversidade dos sistemas de produção que envolvem a cultura do cacau na região.

“Mapear e monitorar a plantação de cacau por meio de imagens de sensores ópticos foi um desafio devido às características botânicas e arbóreas que normalmente são confundidas com áreas de capoeira (vegetação secundária) e floresta, pois o cacau normalmente é cultivado no subbosque sombreado pela floresta”, relata o pesquisador.

“Para isso, foi preciso cruzar imagens de satélite obtidas pelo monitoramento regular do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), do projeto de Mapeamanto do Uso da Terra na Amazônia (TerraClass) e os dados do Cadastro Ambiental Rural para ir a campo e checar, junto aos produtores e técnicos locais, a localização exata do cacau entre as áreas de floresta”, acrescenta Venturieri.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil produziu 270 mil toneladas de amêndoas de cacau (Theobroma cacao) em 2020/2021. Na Região Norte essa produção ficou em 150 mil, sendo o Pará responsável por 96% do total regional. O estado nortista é maior produtor nacional desse fruto, com 1,8 bilhão dos cerca de 3.5 bilhões movimentados no País em 2020.

O cacau acentua a floresta

A área monitorada e mapeada pela pesquisa no Pará está localizada nos dez municípios de maior produção cacaueira no estado e corresponde às regiões da Transamazônica, Sudeste do Pará, Nordeste do Pará e Baixo Tocantins, utilizando metodologias participativas junto às comunidades locais.

Foram analisados dados do TerraClass – programa executado pela Embrapa e o Instituto Nacional de Pesquisas Espacias (Inpe) que classfica as mudanças de uso da terra na Amazônia – do período de 2004 a 2014 e imagens satelitais do Prodes (Inpe), que monitora anualmente o desmatamento na Amazônia Legal. “Essas imagens foram cruzadas com as informações do CAR e validadas no campo junto aos produtores nas diferentes áreas de cacau no estado, e a partir daí foi possível obter padrões de imagens para as lavouras cacaueiras”, explica o pesquisador Marcos Adami, do Inpe, um dos autores do estudo.

Por meio da modelagem e dos padrões de imagem estabelecidos na análise, o estudo apontou, incialmente, a existência de 70 mil hectares de cacau (até 2019) em 26 municípios paraenses. Como o trabalho de monitoramento é permanente, novos dados analisados após a publicação do estudo já apontam 90 mil hectares até 2021. “Nossa meta é nos aproximarmos, cada vez mais, dos números oficiais, mas sabemos das dificuldades de chegar a esses números”, aponta Venturieri. O trabalho conta com o apoio financeiro do Governo do Estado do Pará por meio do Funcacau para identificação das lavouras cacaueiras no estado.

“Também foi possível verificar que aproximadamente 21 mil hectares continuam sendo mapeados como floresta pelo Inpe (Prodes), apesar de nossos dados de campo identificarem plantações de cacau sombreadas por vegetação nessas áreas”, conta Adami. O pesquisador ressalta ainda que quase 88,7% (52.778 hectares) da área cacaueira plantada já havia sido desmatada até o ano de 2008, que é o marco legal do Código Florestal Brasileiro.

“Isso nos mostra que o cacau, majoritariamente, não está avançando sobre novas áreas de floresta. Ele está ocupando áreas já degradadas e ainda o subbosque de florestas que não foram desmatadas integralmente”, acrescenta Venturieri.

Nas áreas de capoeira e florestas parcialmente exploradas anteriormente, as árvores servem como sombra ao cutlivo do cacau, que na Amazônia tem essa característica. “O que difere o cacau amazônico de outras regiões do País é que o nosso cacau é plantado com sombreamento e não a pleno sol. É interessante perceber que a presença do cacau nessas áreas acentua a presença da floresta, segura o fragmento florestal ainda existe e evita o desmatamento”, afirma o pesquisador.

Da assessoria da Embrapa.

 

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) foram contemplados em um edital lançado pelo Banco da Amazônia, que tem por finalidade apoiar o desenvolvimento e projeto de pesquisa científica aplicada e estimular a agropecuária sustentável nas cadeias produtivas da região. O trabalho foinidealizado e é coordenado pelo pesquisador Oriel Filgueira Lemos. 

"A partir do que o nosso grupo de pesquisa em pimenta-do-reino da Embrapa Amazônia Oriental vem desenvolvendo, elaboramos uma proposta que contempla pesquisa e transferência de tecnologias para um sistema de produção sustentável. Ela promove a consolidação de tecnologias para produção de pimenta-do-reino em tutor vivo de gliricídia, introduzindo boas práticas agrícolas de colheita e pós-colheita. Para tanto, envolvemos produtores familiares, assim como órgãos de assistência técnica e principalmente a parceria com a iniciativa privada, atendendo, assim, aos pré-requisitos do edital", conta Oriel.  

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 O Brasil é um dos principais produtores de pimenta-do-reino (Piper nigrum L.), oscilando entre o terceiro e o quarto lugares entre os outros três países produtores: Vietnam, Indonésia e Índia. Entre agosto de 2011 e agosto de 2012, as divisas brasileiras com a cultura ultrapassaram 200 milhões de dólares, com 50 mil toneladas exportadas e área plantada de 20 mil hectares. 

O pesquisador Oriel Filgueira revelou que foi uma conquista muito gratificante ficar em primeiro lugar no edital, entre 206 pesquisadores. "É algo que nos impulsiona a acreditar que o nosso grupo de pesquisa está no caminho certo para fazer do Pará o maior produtor e com a melhor pimenta-do-reino do mundo. A partir de um sistema de produção sustentável que só foi possível com as parcerias dos produtores, técnicos da assistência Técnica e Extensão Rural, a iniciativa privada e o Banco da Amazônia, aprovando esses recursos que serão importantes para a adoção das tecnologias que estão sendo desenvolvidas, beneficiando as comunidades da região", explica.

O projeto da pimenta-do-reino tem previsão de ser executado em até 36 meses, ajudando na economia sustentável do Estado. O valor estabelecido garante apenas a pesquisa. “São somente R$ 72.955,00 para todo o projeto que contempla atividades de pesquisas e transferência de tecnologias. Logicamente que cada recurso é muito bem-vindo e importante para as nossas ações de pesquisa e transferências de tecnologia”, afirma Oriel Filgueira Lemos.   

 Oriel ressalta a importância dos investimentos para a realização de pesquisas feitas na região. “O Pará tem as condições necessárias, no caso da pimenta-do -reino, para ser o maior produtor mundial a ter a melhor pimenta-do-reino do mundo. Precisa investir mais nas pesquisas e no fomento desta cadeia que julgamos ser umas das mais importantes pela geração de emprego, renda e divisas para a região”, conclui.

Por Amanda Martins e Igor Oliveira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveram uma novidade. Uma das frutas regionais mais amadas da gastronomia paraense, o cupuaçu ganhou apoio tecnológico e vem passando por um novo estágio chamado de “Kit Clonal Cupuaçu 5.0”, que já vinha sendo estudado e analisado desde 2002, época em que se deu início ao projeto. Os resultados são alta produtividade e resistência à vassoura-de-bruxa, doença muito comum na fruta.

“A partir da década de 70, os produtores, principalmente os de Tomé-Açu, começaram a empregar o cupuaçu em sistemas agroflorestais para substituir a pimenta, que estava sendo atacada por fusariose, e a partir de um tempo começaram a surgir problemas, como vassoura-de-bruxa e baixa produtividade. Na década de 80 a Embrapa começou um trabalho para desenvolver materiais que fossem resistentes a essa doença e também produtivos. Foi a partir desse momento que começamos o trabalho de seleção dos primeiros materiais para serem oferecidos aos produtores”, diz Rafael Alves, integrante da chefia adjunta de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa.

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Com cinco clones, a fruta ganha uma atualização para se posicionar em um mercado que se encontra em ascensão nacional e internacional, podendo integrar a bioeconomia paraense. Rafael Alves ressalta que, a favor desse reposicionamento, está o fato de o sorvete de cupuaçu ter ganhado a premiação de melhor do país e também ter sido selecionado para representar o Brasil em um festival gastronômico internacional, na Itália.

“É uma honra que o Pará tenha fabricado um sorvete que ganhou de todos os outros do Brasil. Então, isso serve para nos indicar que a nossa bioeconomia é muito pouco explorada”, destaca o pesquisador.  

A fruta produzida pela Embrapa não só apresenta bom rendimento, tanto da polpa quanto de amêndoas, como também impulsiona a produção familiar. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o cupuaçu pode ser encontrado na maioria dos 144 municípios paraenses.

A versatilidade do fruto abre portas para mercados que antes eram restritos, já que praticamente tudo do cupuaçu pode ser aproveitado. Com a polpa se produzem os mais variados tipos de guloseimas, além de sucos e licores. A casca é utilizada por artesãos paraenses para a realização dos mais variados tipos de artesanato.

Um mercado que apresenta grande potencial para o cupuaçu é o de cosméticos. As amêndoas produzem uma manteiga de qualidade superior e que já se encontra presente nas principais marcas nacionais e internacionais.

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O cupuaçu também se destaca entre dez produtos como sendo um dos principais com maior potencial de exportação e agregação de valor. De acordo com a Bioeconomia da Sociobiodiversidade do Pará, em parceria com The Nature Conservancy, Banco Interamericano de Desenvolvimento e Natura, “a comercialização de 30 produtos extraídos do Estado gerou uma renda de R$ 5,4 bilhões de reais.”

Rafael Alves assinala que, embora o açaí tenha sido exportado para vários países, o cupuaçu não ganhou o mesmo impulso. “Nossa produção é muito grande, mas não temos para onde escoar pela falta de marketing, diferente do açaí, que tem um mercado muito forte”, diz.

Por Amanda Martins, Igor Oliveira e Clóvis de Senna (sob a supervisão do editor prof. Antoio Carlos Pimentel).

Após uma parceria firmada nesta semana entre a gigante chinesa da tecnologia Huawei, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), 32 bois serão monitorados em uma fazenda localizada em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. 

Sensores de Internet das Coisas (IoT), colares inteligentes e balança de passagem utilizados de forma integrada para monitorar uma série de indicadores de produtividade, ambientais e de bem-estar animal em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). O projeto é voltado ao desenvolvimento de soluções tecnológicas para uso piloto, destinados a melhorar a gestão e a produção em sistemas ILPF. 

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No campo experimental da Embrapa, a equipe técnica vai monitorar os 32 bovinos de corte distribuídos em três sistemas de ILPF, para coletar de forma automática dados fisiológicos e comportamentais relativos ao bem-estar, acompanhar o ganho de peso diário e aferir dados de microclima das condições ambientais. Serão verificadas a temperatura cutânea, frequência cardíaca e respiratória dos animais, além de tempo estimado para abate, entre outros fatores.

A conectividade dos sensores será feita por meio da rede móvel 4G NB-IoT, utilizando equipamentos Huawei. A solução de nuvem (cloud) da Huawei suportará o desenvolvimento de algoritmos com Inteligência Artificial embarcada. Já o CPQD fornecerá os componentes para a arquitetura de serviço, incluindo duas plataformas abertas que permitirão o armazenamento, a visualização e as análises dos dados em nuvem.

“A combinação de Inteligência Artificial e IoT em uma plataforma integrada permitirá ampliar a previsibilidade e a produtividade no manejo e, ainda, contribuir positivamente para a sustentabilidade ambiental, com a redução na emissão de gases de efeito estufa”, destaca Fabricio Lira Figueiredo, gerente de Desenvolvimento de Negócios em Agronegócio Inteligente do CPQD.

A caatinga é um bioma totalmente nacional que representa cerca de 11% do território brasileiro e está presente no Nordeste e no norte de Minas Gerais. Em uma das plantas nativas desse bioma, um grupo de cientistas identificou substâncias medicinais que podem ser boas para a memória.

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Kirley Canuto, que coordena os estudos, conta que foi selecionada uma variedade de açucena [planta herbácea] encontrada em solo cearense, benéfica para várias doenças crônicas. 

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O nome científico dessa espécie de planta com flor é Hippeastrum elegans. Na linguagem popular, além de açucena, também é conhecida como lírio, cebola-do-mato, cebola-berrante e flor-da-imperatriz. As mudas de açucena foram colhidas nas cidades de Pacatuba, que faz parte da Grande Fortaleza, e em Moraújo, a cerca de trezentos quilômetros da capital cearense.

Depois disso, foram cultivadas em canteiros da Embrapa. O pesquisador Kirley Canuto disse que estão sendo realizados testes farmacológicos e testes pré-clínicos.

O grupo pretende seguir com as análises para avaliar o desenvolvimento de novos fármacos que podem custar menos para o consumidor.

A pesquisa teve início em 2016 e contou com uma equipe multidisciplinar de 20 profissionais da Embrapa Agroindústria Tropical e das universidades Estadual e Federal do Ceará, além de estudantes universitários. 

Kirley Canuto disse, ainda, que "mudas de açucena estão sendo analisadas em testes pré-clínicos em roedores para avaliar os efeitos sobre a perda de memória."

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) alega que 90% dos focos de incêndio na área da Floresta Amazônia em 2019 ocorreram em áreas já desmatadas. No ano passado, o aumento das queimadas na região elevou as críticas à política ambiental do governo Jair Bolsonaro, pondo em risco investimentos estrangeiros no País.

Segundo a estatal vinculada ao Ministério da Agricultura, em nota técnica divulgada este mês, o aumento do fogo na Amazônia não estaria derrubando porções da floresta para a abertura de novas áreas de cultivo. A Embrapa põe a culpa das queimadas em pequenos produtores rurais já estabelecidos na região, que não contariam com tecnologias mais modernas para o preparo de terrenos utilizados em pastagens e lavouras.

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Ao cruzar dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com as informações do Cadastro Ambiental Rural (CAR/SFB), os analistas da Embrapa Territorial apontam que no primeiro semestre de 2019 foram identificadas 76.016 queimadas em áreas de desmatamento já consolidado na Amazônia. Os técnicos ressaltam que esses locais desenvolvem atividades agropecuárias "há anos, dezenas de anos e até há séculos".

"Arredondando, 90% das queimadas detectadas em 2019 ocorreram em locais já desmatados e estão associadas ao uso do fogo na agropecuária por produtores pouco tecnificados", diz o documento.

Outra conclusão

Outros estudos já tinham revelado que o fogo de fato ocorre em locais desmatados, mas a conclusão foi bem diferente da indicada pela Embrapa. Análises das queimadas do ano passado na Amazônia feitas por pesquisadores da Nasa, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pelo Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam) revelaram que boa parte das áreas desmatadas nos meses anteriores é que estavam sendo queimadas, em um processo de limpeza do terreno.

De fato ninguém bota fogo na Amazônia como primeiro movimento para derrubar a floresta. O fogo, de acordo com especialistas, ocorre justamente como etapa final do processo, para limpar áreas que recém foram desmatadas. A floresta é derrubada, os troncos que não são usados para exploração de madeira ficam secando no solo e depois ateia-se fogo para limpeza.

As proporções dos incêndios, segundo análises da Nasa, não são condizentes com limpeza de pasto por pequenos agricultores. São grandes áreas com muito material orgânico queimando exatamente onde meses antes o Inpe apontou desmatamento.

Segundo o Ipam, os dez municípios amazônicos que mais registraram focos de incêndios na Amazônia até agosto do ano passado foram também os que tiveram maiores taxas de desmatamento.

Os produtores rurais brasileiros em breve terão a opção de comprar novo tipo de semente de cenoura para cultivo orgânico, já batizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como Cenoura BRS Paranoá.

As hortaliças da nova cenoura são mais resistentes à queima de folhas - principal doença da cultura, causada por bactérias e fungos - e não exigem adição de defensivos químicos para evitar pragas. A nova cultivar também é mais tolerante a problemas causados por microrganismos do solo (nematoides das galhas) que afetam o crescimento da raiz.

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A expectativa é que as lavouras da Cenoura BRS Paranoá sejam mais produtivas do que as plantações com as sementes hoje disponíveis no mercado.

“Tem potencial produtivo de pelo menos o dobro da cenoura híbrida”, disse Agnaldo Carvalho, pesquisador da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças, no Distrito Federal.

A polinização da cultivar desenvolvida pela Embrapa é aberta, não precisa ser induzida como ocorrem com as sementes híbridas atualmente mais utilizadas.

Menor custo

O método tem custo menor e os produtores, quando capacitados, podem aproveitar as sementes colhidas para o próximo plantio, evitando o gasto com a aquisição de novas sementes.

Ainda neste semestre, a Embrapa deverá lançar edital de oferta pública da semente da BRS Paranoá para que empresas privadas possam fazer o licenciamento da tecnologia, já registrada, e multipliquem e comercializem as sementes.

A estatal de pesquisa agropecuária recomenda o plantio da semente da BRS Paranoá entre os meses de outubro e março, período de entressafra de cultivares tradicionais -  quando há mais calor e chuvas (típico do verão) – e o preço da cenoura tende a ser melhor para os pequenos produtores orgânicos. A colheita deve ser feita 90 dias após a semeadura.

A produção de cenoura orgânica ainda é minoritária no Brasil, mas o número de pessoas que preferem comprar cenoura orgânica cresce 20% ao ano. A cenoura fornece ao organismo minerais e carboidratos, e é rica em carotenoides (responsável por sua pigmentação) que, no corpo humano, são convertidos em vitamina A.

De acordo com nota da Embrapa, a cenoura BRS Paranoá tem a mesma cor, aspecto e tamanho das cenouras híbridas. “As raízes da nova cultivar atendem também ao padrão comercial exigido pelo mercado consumidor: elas têm de 16 cm a 20 cm de comprimento e por volta de três centímetros de diâmetro”, descreve o texto.

O desenvolvimento da nova cenoura ocorreu durante a última década. Entre 2010 e 2016, a Embrapa fez testes em Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e no Distrito Federal.

A cenoura pode ser plantada em todo o país à exceção da Região Norte por causa do clima. Os principais polos produtores estão São Gotardo (MG), Cristalina (GO), Mauá da Serra (PR), Barbacena (MG), Caxias (RS) e Irecê (BA).

A maior parte da produção é mecanizada. No total, o país destina 20 mil hectares para a plantação da hortaliça.

Está à venda em rede de supermercados no Estado do Rio de Janeiro um hambúrguer que tem gosto tradicional, mas não é feito de carne animal. O “Novo Burguer”, no comércio há dois meses, é feito com fibra de caju, proteína de soja, cebola, tomate, pimentão, corante natural e temperos, e tem características sensoriais assemelhadas ao hambúrguer de carne.

O produto foi criado para pessoas batizadas como “flexitarianos” – aqueles indivíduos que apesar de gostarem de carne querem balancear a dieta e buscam reduzir o consumo de carne. “São diferentes de vegetarianos ou veganos que não gostam do sabor da carne e não querem alimentos que simulem a carne”, explica a engenheira de alimentos Janice Ribeiro Lima.

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Ela é pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, na unidade da estatal responsável por desenvolver agroindústria de alimentos, e que fica no Rio de Janeiro. Ela começou a criar alternativas para carne em pesquisas iniciadas em 2007, quando ainda trabalhava na Embrapa do Ceará.

Janice Lima e as equipes de pesquisadores já desenvolveram outros produtos como o hambúrguer de fibra de caju e de feijão de corda para vegetarianos e também substitutos para rechear coxinha de galinha e bolinho de siri.

A pesquisadora explica que o objetivo do seu trabalho “não é que as pessoas parem de comer carne, mas dar mais uma opção”. Segundo ela, a produção de produtos com proteína vegetal pode ser menos onerosa que a proteína animal. Especialmente no caso do Novo Burguer que utiliza o bagaço do caju, geralmente eliminado pela indústria de suco ou revendido para alimentação de animais.

Janice não sabe o preço final de comercialização, mas assinala que o custo é maior do que o hambúrguer tradicional, que tem maior produção em escala, distribuição e venda. O produto é fabricado e comercializado pela Sottile Alimentos, empresa de Niterói (RJ), que tem acordo de cooperação com a Embrapa.

 

Produção de açaí o ano todo para o Estado do Pará e para o Brasil é a proposta da nova cultivar (variedade de planta cultivada) de açaizeiro (Euterpe oleracea) irrigado de terra firme da Embrapa, a BRS Pai d’Égua. O evento de lançamento do produto será nesta sexta-feira (29), às 9 horas, na sede da Embrapa, na avenida Perimetral, em Belém.

A variedade atende às principais demandas da cadeia produtiva do açaí: a produção na entressafra e frutos menores, que facilitam o processamento e rendem mais, características que agradam ao produtor e ao mercado.

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Um dos maiores diferenciais da nova variedade, segundo o agrônomo João Tomé de Farias Neto, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, é a distribuição bem equilibrada da produção anual. A BRS Pai d’Égua produz 46% no período da entressafra (de janeiro a junho) e 54% na safra (de julho a dezembro). 

Outro ponto forte desse açaizeiro é a maior produtividade, chegando a 12 toneladas ao ano por hectare, enquanto o açaí manejado de várzea e o cultivado em terra firme sem irrigação produzem cerca de cinco t/ha/ano. Além de tudo isso, seus frutos menores rendem 30% mais polpa que os materiais tradicionais.

Uma cultivar é uma variedade de planta cultivada, fruto da pesquisa com melhoramento genético. O Pará produziu em 2018, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1,4 milhão de tonelada do fruto, em uma área de quase 200 mil hectares. Essa área envolve o manejo de áreas de várzea e os plantios de terra firme. Somente na economia paraense, o produto movimentou cerca de três bilhões de reais em 2018.

Para ampliar a produção dessa palmeira nativa das áreas de várzea, a pesquisa vem trabalhando há mais de 20 anos. Além do manejo de açaizais nativos, em 2005, a Embrapa lançou a primeira de cultivar de açaizeiro para terra firme do mundo, a BRS Pará, responsável por ampliar o cultivo do açaizeiro no Pará e em outros Estados brasileiros.

Muito utilizada na região Norte, especialmente no estado do Pará, a expressão “pai d’égua” refere-se a algo excelente, fantástico, muito bom. O especialista em Língua Portuguesa Roberto Fadel relata que não há registros sobre a origem etimológica dessa expressão. Sua origem cultural é a regiãodo Marajó. “Naquela região, os vaqueiros selecionavam os melhores reprodutores para gerarem éguas dóceis, mais apropriadas para o trabalho. Esses reprodutores eram os ‘pais das éguas”, conta o especialista.

Serviço

Lançamento da BRS Pai d’Égua, nova variedade de açaizeiro irrigado para terra firme.

Data: 29/11. Hora: 9h.

Local: Embrapa Amazônia Oriental (Trav. Dr. Enéas Pinheiro, s/n, com avenida Perimetral).

Da assessoria da Embrapa.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou, hoje (26), uma revista em quadrinhos da Turma da Mônica e um guia didático para professores sobre consumo sustentável. As publicações além da tiragem impressa também serão disponibilizadas, gratuitamente, em formato digital.

As publicações explicam os impactos negativos do desperdício de alimentos e dão dicas de como substituir esse hábito por um consumo mais sustentável. Em pesquisa recente da Embrapa e da Fundação Getulio Vargas, a família brasileira desperdiça, em média, 128 quilos (kg) de alimentos por ano.

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A iniciativa de hoje faz parte do projeto apoiado pelos Diálogos Setoriais União Europeia – Brasil, liderado pela Embrapa, em parceria com o WWF Brasil, e com colaboração do Instituto Maurício de Sousa. Desde 2017, por meio dos Diálogos Setoriais, a Delegação da União Europeia no Brasil (Delbra) e a Embrapa realizam atividades de pesquisa e de apoio a políticas públicas contra o desperdício de alimentos.

O lançamento do gibi especial aconteceu na segunda edição da feira Pesquisadores do Futuro: Inclusão de Crianças e Jovens do Distrito Federal e Entorno no Mundo da Ciência, que acontece até o dia 29, na sede da Embrapa, em Brasília. O evento é voltado para alunos do ensino fundamental e aborda o universo das pesquisas, ciência, tecnologia e inovações.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) anulará a demissão do pesquisador Zander Navarro, um ano e sete meses após ele ser exonerado por críticas públicas à estatal feita em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo em janeiro de 2018. Um acordo foi assinado ontem entre as duas partes e prevê, além da reintegração, a retirada, pelo pesquisador, da ação judicial contra a Embrapa.

A ação tramita na 17ª Vara do Trabalho de Brasília e garantiu, em liminar, que Navarro continuasse trabalhando. A última audiência no processo ocorreu em março e a divulgação da sentença estava prevista para 3 de setembro. "A Embrapa se compromete ainda a retirar, apagar ou tornar nulo qualquer registro na ficha cadastral do empregado; considerando um contrato de trabalho único desde a admissão, para todos os fins, como contagem de tempo de serviço", informa a Embrapa em documento a ser enviado à Justiça.

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"Concretamente, o fato, para mim, pelo menos, significa uma confissão de culpa da empresa, indicando que a demissão teria sido mesmo um equívoco", disse Navarro ao Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado. Além da recondução e do trâmite burocrático, a Embrapa se comprometeu a arcar com os honorários dos advogados do pesquisador.

Em nota, a empresa informa que, se "levando em conta o espírito de conciliação e após período de conversação, a Embrapa celebrou acordo com o referido empregado com a finalidade de colocar um ponto final na questão judicializada, para o bem de ambas as partes."

O caso

 

Navarro foi demitido pelo então presidente da Embrapa, Maurício Lopes, em 8 de janeiro de 2018 após a publicação, três dias antes, do artigo "Por favor, Embrapa: acorde!" no Estadão. No texto, o pesquisador criticou, entre outras coisas, a fragmentação das pesquisas e a falta de foco e de estratégia na Embrapa.

À época, Navarro questionou a substituição de dois terços dos pesquisadores em concursos e cobrou o presidente da entidade a "esclarecer à sociedade a inquietante pergunta: afinal, para que serve mesmo a Embrapa, uma das raras estatais totalmente dependentes do Tesouro?"

Em comunicado interno, Lopes, que deixou a presidência da Embrapa em setembro do ano passado, classificou o artigo como "falta gravíssima à luz das normas de comportamento e de conduta da empresa". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Meliponicultura é o nome dado para a criação de abelhas nativas sem ferrão. Essas abelhas são criadas no meliponário, onde se concentram em uma espécie de caixa e ali produzem o seu próprio mel.

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Os meliponicultores colhem resultados de tecnologias geradas em mais de 20 anos de pesquisa da Embrapa com abelhas sem ferrão. Os pesquisadores promovem cursos sobre sistemas de produção, adaptação de caixas racionais de criação, entre outros. Também se beneficiam com o projeto Agrobio (Abelhas, variedades crioulas e bioativos agroecológicos: conservação e prospecção da biodiversidade, para gerar renda aos agricultores familiares na Amazônia Legal).

Segundo o site da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas, o Brasil conta com aproximadamente 250 espécies de abelhas pertencentes à família Meliponini, que são as abelhas-sem-ferrão. Algumas espécies são criadas para produção de mel que tem sido cada vez mais valorizada, além de cumprir um papel muito importante na polinização de plantas cultivadas ou não, permitindo a produção de várias espécies fundamentais para a alimentação humana.

O pesquisador em Sistema Sustentável Daniel Santiago diz que a diversidade vegetal na Amazônia proporciona um maior número de espécie de abelhas. Segundo ele,  acontece uma troca favorável das abelhas com as plantas, que suprem a colmeia com oferta de proteína (polén) e de energia (néctar).

A legislação brasileira, segundo o pesquisador, trava a venda do mel das abelhas sem ferrão ao exigir a desumidificação. As normas existentes no país admitem a produção de uma espécie que é a apis mellífera, conhecida como abelha italiana ou abelha Europa e também chamada de abelha africanizada. Daniel Santiago esclarece que essa é uma abelha mais disseminada no mundo. "Em todo lugar que você for existe alguém que tenha a tecnologia da apicultura. Por conta da grande diversidade de abelha que nós temos, tem uma legislação específica pra cada espécie. E como existe uma grande variação nos requisitos químicos e físicos na legislação, esses produtos (o mel da abelha sem ferrão) ficam marginalizados", disse.

Existem muitos estudos da meliponicultura. Falta, porém, uma conexão maior dos elos, produção, geração de tecnologia, assistência técnica e o mercado. ”O mercado queria um mel. Como chegar nesse mel se o produto não pode ser comercializado como mel? Para isso os agentes de assistência técnica chegaram com a demanda pra Embrapa gerar alguma coisa que pudesse adequar aquele produto deles a uma posição de mercado. Foi desse jeito que a Embrapa, com o uso das tecnologias desenvolvidas no meliponário, conseguiu levar a uma realidade que nós temos hoje", assinalou Daniel Santiago. 

Preservação consciente

Além de ser uma ferramenta de geração de tecnologia, o meliponário é um ambiente dirigido ao público. "Tem a questão do ensino, abertura pra recepção de públicos diversos, desde o ensino básico, técnico, graduação. O objetivo é incentivar pequenos produtores e gerar uma consciência de preservação do meio ambiente nas pessoas um pouco mais jovens”, disse Daniel.

Daniel Santiago afirmou que as abelhas são importantes para a cadeia alimentar por causa da polinização, já que 33% dos vegetais servem de alimento aos animais que alimentam o ser humano. "As abelhas nativas têm uma relação de até 90% de serem os indivíduos que fazem a polinização do vegetal da região amazônica. Além da questão da renda, que fica à margem, a importância delas na polinização é muito maior. No entanto, o produtor necessita de um vislumbre de lucro em curto prazo. Uma contrapartida que a abelha pode deixar para o produtor é o mel", explicou.

Segundo o engenheiro químico e pesquisador Marcos Oliveira, o mel das abelhas nativas tem umidade mais elevada que o mel da apis mellifera. Em laboratório, a desumidificação coloca o mel com umidade de 30% das abelhas nativas em 20%, condizente com a determinação do Ministério da Agricultura. “Eu prefiro o mel natural das nossas abelhas. A Embrapa está junto com outros parceiros lutando pra definir um padrão estadual. Nós já estamos fazendo uma articulação junto à Assembleia Legislativa, com produtores, com empresas que trabalham com mel e já foi submetido um projeto de lei que está definindo o que seria a atividade do meliponicultor e o que seria esse mel do meliponicultor”, argumentou Marcos. O projeto está em vias de ser colocado em votação.

“Assim como definimos um padrão para o açaí, tucupi, esse é o ponto seguinte. A partir desse trabalho nós vamos ter um produto que pode chegar à prateleira do supermercado, ou seja, nós não vamos chegar lá e ter simplesmente um mel da apis mellífera, e aí vamos ver o mel da uruçu-cinzenta (uma das sete espécies de abelha sem ferão) na forma como ele é mesmo, sem ser preciso desumidificar”, explicou o químico.

A importância da Embrapa

Os pesquisadores da Embrapa trabalham no processo de desumidificação junto com parceiros. Hoje, cabe ao Instituto Peabiru e à empresa Cetobel o trabalho de produção, de ir à várzea e de colocar o selo de inspeção federal. Ao obter o selo do SIF, por meio do estabelecimento dos parâmetros físico-químicos, o mel de abelha uruçu, coletado por produtores familiares de cinco municípios paraenses, foi totalmente adquirido pela empresa paraense Fitobel.

O agroindustrial Raimundo Vogado, proprietário da Fitobel, garante que há mercado nacional e internacional para o que chamou de “caviar do mel”, ao se referir ao mel de uruçu. Ele lembra que há anos tentava acessar esse mercado, mas a ausência de uma cadeia organizada no Pará inviabilizava o fornecimento regular de matéria-prima.

“Hoje já dispomos em nossa linha do mel envasado de abelha nativa da Amazônia e estudamos o lançamento de novos produtos, almejando, inclusive, o mercado internacional. O caviar do mel amazônico é admirado e pode ganhar o mundo”, prevê o empresário.

O sonho de prosperidade também é compartilhado pelo produtor familiar Cleiton Oliveira Santos, 34 anos, da comunidade Pingo D’água, município de Curuçá (PA), um dos 102 agricultores familiares responsáveis pela produção histórica de mel de uruçu paraense. Em uma propriedade de cerca de dez hectares, a família produz citros, coco, hortaliças, peixes e, mais recentemente, mel de abelhas sem ferrão. Animado com o potencial, Cleiton conta que vai investir o dinheiro adquirido com a comercialização na reforma e aquisição de caixas, para melhorar o meliponário e aumentar a produção.

A família criava apenas abelhas com ferrão e já conhecia as nativas. A formação do meliponário ganhou corpo após ele participar de um curso de sistema produção realizado pela Embrapa em Belém. Na sequência, ele integrou o projeto Néctar da Amazônia, do Peabiru, com cursos de formação continuada e assistência técnica e hoje, junto a outras três famílias da comunidade, tornou-se referência na região.

Orgulhoso de sua produção, ele fala que as abelhas são importantes não só pelo mel, mas pelo desenvolvimento ambiental e social que proporcionam. “Quem cria abelhas não põe fogo na mata, preserva a floresta, se organiza enquanto comunidade e ainda vê a produção de frutos aumentarem a olho vivo”, garante, referindo-se à produção de seu pomar aumentada pela polinização feita pelas abelhas.

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A tecnologia Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos vai ganhar um impulso para a sua socialização no arquipélago do Marajó. Nesta quinta-feira (30), em Portel (PA), a Embrapa Amazônia Oriental e a Associação dos Moradores Agroextrativistas do Assentamento Acutipereira (Asmoga) firmam parceria para estruturar o Centro de Referência em Manejo de Açaizais Nativos do Marajó (Manejaí).

O objetivo principal da entidade será gerar e democratizar conhecimentos sobre a produção sustentável do açaí nas regiões de várzea. O Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos é uma tecnologia que permite aumentar em até três vezes a produção de frutos por meio do estabelecimento de uma proporção adequada entre açaizeiros e outras espécies florestais numa mesma área.

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O lançamento do Manejaí integra as atividades do treinamento de 43 facilitadores em manejo de açaizais nativos que vai ocorrer na quinta (30) e sexta-feira (31), no Projeto Estadual de Assentamento Agroextrativista Acutipereira, comunidade Santo Ezequiel Moreno, em Portel, no Marajó. São técnicos em extensão rural e lideranças comunitárias de diversos municípios do Marajó que desde 2016 participaram dos treinamentos que o projeto Bem Diverso realiza na região. “Trata-se de uma formação complementar para criar uma rede de agentes multiplicadores”, afirma Augusto Cesar Andrade, assistente da Embrapa Amazônia Oriental.

Até final de 2020, o plano de trabalho traçado para o Manejaí prevê a realização de 18 cursos sobre manejo de açaizais nativos e a implantação de duas vitrines da tecnologia. As atividades serão viabilizadas com recursos do projeto Bem Diverso e do Banco da Amazônia. Nesse trabalho, os agentes multiplicadores contarão com um kit de material didático para auxiliar a comunicação com os ribeirinhos, chamado de mochila do facilitador.

O projeto Bem Diverso é uma parceria entre a Embrapa e o Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD), com recursos de doação do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A iniciativa abrange ações em outros biomas do país e é liderada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O principal objetivo é conservar a biodiversidade brasileira e gerar renda para comunidades tradicionais e agricultores familiares.

No Pará, o projeto Bem Diverso trabalha para a sustentabilidade da cadeia produtiva do açaí. Desde 2016, a Embrapa promove treinamentos em Manejo de Mínimo Impacto de Açaizais Nativos em parceria com a Emater/PA e as prefeituras municipais. Até 2018, foram capacitadas 1.193 pessoas, entre técnicos e agentes multiplicadores, em diversos municípios. A parceria com a Emater/PA e comunidades também levou a tecnologia para 820 ribeirinhos. De forma complementar, foram ministrados ainda cursos sobre criação de abelhas sem ferrão para cerca de 300 pessoas. Esses insetos são polinizadores do açaizeiro e contribuem para a produção de frutos.

Por Vinicuis Soares Braga, da assessoria da Embrapa Amazônia Oriental.

 

Em maio de 2019 a pesquisa agropecuária na Amazônia completa 80 anos de história. Para marcar a data, a Embrapa Amazônia Oriental reunirá especialistas em agronegócio, Amazônia, ciência, tecnologia e mercado para um debate público sobre o presente, o futuro e a inovação na agropecuária da região. Aberto ao público, o evento será nesta quinta-feira (16), das 8h30 às 11h30, na sede da instituição, em Belém.

Uma das 42 unidades da empresa em todo o país, e sucessora direta da primeira instituição de pesquisa agropecuária do Norte do Brasil - o Instituto Agronômico do Norte (IAN), a Embrapa Amazônia Oriental é uma das instituições pioneiras na produção de conhecimento na Amazônia. “O que a Empresa gerou ao longo desses 80 anos foi de fundamental importância para a produção agropecuária e florestal em diferentes escalas na região, como também para a construção de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, afirma o pesquisador Adriano Venturieri, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental.

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Na Amazônia, a empresa atua na agricultura, pecuária e no segmento florestal. Entre os principais resultados de pesquisa figuram novas variedades de cupuaçu, açaí, milho, arroz, feijão-caupi, pimenta-do-reino, além de sistemas de produção de carne e leite e bovinos e bubalinos, pastagem e manejo florestal. Tudo isso para produzir mais, melhor e com sustentabilidade ambiental na Amazônia.

Um dos desafios para a região é aliar a tecnologia da informação à produção agropecuária, o que já é uma realidade em diferentes regiões do país. O tema Agricultura 4.0 está na pauta do debate que acontece na sede da Embrapa Amazônia Oriental, nesta quinta, em Belém.

A Agricultura 4.0 será abordada pela chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP), Sílvia Massruhá. Trata-se de um conjunto de tecnologias digitais integradas e conectadas por meio de softwares, sistemas e equipamentos capazes de otimizar a produção agrícola, em todas as suas etapas. Drones, sensores, GPS e softwares de análise de dados já são utilizados para, por exemplo, verificar a necessidade de água ou adubo em uma plantação ou para fazer a gestão da propriedade ou ainda para encontrar pragas e doenças em plantas com precisão.

 “Há fazendas já bastante automatizadas. Um próximo passo importante será avançar na convergência dessas tecnologias e na análise e tratamento do grande volume de dados produzidos para a entrega de informação qualificada na forma de serviços para o produtor rural”, explica a especialista.

Programação

O painel “Um olhar para o Futuro” conta com a participação de Cleber Soares, diretor-executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa, que vai falar sobre a inovação no contexto da pesquisa agropecuária no Brasil; Marcello Brito, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), que vai abordar as oportunidades para o agronegócio na Amazônia; Judson Valentim, gestor do portfólio de pesquisas da Embrapa para a Amazônia; Silvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, que vai abordar a Agricultura 4.0; entre outros. 

Com informações da assessoria da Embrapa Amazônia Oriental.

Horta vertical orgânica para pequenos espaços, sistemas de produção agrícola que imitam a floresta, alimentos biofortificados e até uma fossa séptica que transforma dejetos humanos em adubo estão entre as tecnologias sociais que a Embrapa apresentou, na quinta-feira (4), em Belém. A vitrine tecnológica ficará em exposição permanente no Núcleo de Responsabilidade Social (Nures) da Empresa para visitação e realização de capacitações gratuitas para o público externo.

O Nures é um espaço de diálogo permanente entre a Embrapa e a comunidade por meio da capacitação de multiplicadores em tecnologias sociais e ações que reflitam diretamente na geração de renda, qualidade de vida e desenvolvimento local sustentável. O espaço também integrará o roteiro de visitações do programa Embrapa&Escola, que tem como o objetivo o despertar e fortalecimento da curiosidade científica em crianças em adolescentes.

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A apresentação ocorrerá em forma de circuito, imitando um dia de campo, no qual os convidados percorrerão os espaços, chamados de estações, onde as tecnologias estão instaladas, conhecendo como funcionam, além de benefícios sociais e ambientais. Ao todo serão seis tecnologias sociais e o espaço saberes, que é o local onde os cursos e encontros são realizados. São elas: fossa séptica biodigestor (para várzea e terra firme); produção orgânica de hortaliças; cultivares biofortificadas; canteiro vertical de horta; biocompostagem; sistemas agroflorestais (SAF); e o espaço saberes.

De acordo com Delman Gonçalves, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental e um dos responsáveis pelo setor, a mostra é uma vitrine tecnológica de soluções sustentáveis que podem ser adotadas tanto pelo morador urbano, comunidades ou escolas, como a horta vertical e a biocompostagem, como pelo rural, a exemplo dos SAFs e biofortificados. “Todas as informações e passo-a-passo, da instalação ao cultivo, em um mesmo espaço físico interativo, com experiências em tamanho real ou em pleno funcionamento, com mais conforto e comodidade, disponíveis gratuitamente sob demanda ao publico externo e interno”, explicou Delman.

Conheça as tecnologias

Fossa séptica biodigestor - De fácil instalação e custo acessível, trata o esgoto do vaso sanitário (ou seja, somente a água com urina e fezes humanas) de forma eficiente. Produz um processo fermentativo anaeróbico, que substitui a fossa negra e transforma resíduos humanos, em um produto com baixa ou nenhuma carga biológica, que pode ser utilizado como biofertilizante, no cultivo de fruteira e madeiráveis.

Produção orgânica de hortaliças - É um serviço de capacitação que aborda os princípios da produção orgânica de hortaliças com ênfase na adubação orgânica, proveniente da biocompostagem e/ou transformação de resíduos de alimentos, em fertilizantes, além de resíduos de poda, para o cultivo de hortas domésticas e/ou comercial, garantindo a produção de alimentos saudáveis.

Cultivares biofortificadas - São culturas alimentares com maior valor nutricional, obtidas por meio de melhoramento genético convencional, ou seja, por meio de seleção e cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando alimentos mais nutritivos, ricos em ferro, zinco e vitamina A, excluindo, assim, ações transgênicas. A produção de cultivares biofortificadas  visa enriquecer alimentos que já fazem parte da dieta da população, principalmente das camadas sociais mais carentes, para que esta possa ter acesso a produtos mais nutritivos e que não exijam mudanças de seus hábitos de alimentares.

Canteiro vertical de horta - A horta vertical é uma técnica de jardinagem que utiliza vários recursos para permitir que as plantas cresçam para o alto em vez de crescer ao longo da superfície do jardim. Entre as vantagens está a possibilidade de acomodá-la em pequenos espaços, como a varanda, área de serviço e até mesmo em um canto da cozinha. É simples, prático, de baixo custo operacional e ainda possibilita o uso racional da água. É ainda ergonomicamente correto e favorece uma melhor postura para produção, apropriada, inclusive, para idosos e cadeirantes.

Biocompostagem - É uma prática agropecuária de transformação de resíduos de origem vegetal e/ou animal, por ações de microrganismos, gerando um tipo de adubo denominado composto orgânico, que contém propriedades físico químicas desejáveis à nutrição do solo. É uma excelente forma de aproveitamento dos restos vegetais e animais oriundos da atividade agropecuária ou a sobras de alimentos domésticos. Com relação ao meio ambiente, a prática reduz ou elimina a quantidade de resíduos orgânicos encaminhados para lixões ou aterros sanitários.

Sistemas agroflorestais (SAF) - São sistemas integrados de produção de culturas alimentares, frutíferas e florestais, visando à diversificação e o aumento da produção agrícola, com melhorias do uso do solo agregando valores econômicos, sociais e ambientais. Consiste em plantar, de forma integrada, uma diversidade de vegetais, com ciclos de vida diversos, intercalados de forma que se possa aproveitar o espaço de plantio, tanto na vertical quanto na horizontal. O SAF imita as florestas naturais e tem o potencial de produzir hortaliças, grãos, tubérculos, frutos, madeiras e plantas capazes de fertilizar o solo, sendo ao agricultor uma alternativa de elevado potencial para produção de alimentos, geração de renda e restauração ambiental e segurança alimentar, em especial à agricultura familiar.

Espaço saberes - Não se configura especificamente em uma tecnologia social em si, mas é o espaço físico onde ocorre a interação e a integração mais direta entre a equipe do Nures e a comunidade. Possibilita um ambiente propício à socialização das tecnologias sociais e experiências integradas que são desenvolvidas, por meio do intercâmbio de saberes populares com as técnicas que são disponibilizadas por meio de capacitação interativa, com vias ao estimulo à geração de trabalho, renda e qualidade de vida.

Serviço

Vitrine permanente de tecnologias sociais do Nures/Embrapa Amazônia Oriental.

Local: Embrapa Amazônia Oriental, Nures (Av Enéas Pinheiro, S/N, esquina com a Perimetral, bairro do Marco).

Informações: 91 99144-0125 ou 3204-1099 ou 1200.

Por Kélem Cabral, da assessoria da Embrapa.

 

 

 

 

 

As áreas de vegetação nativa preservadas por agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas somam 25% do território brasileiro e equivalem a R$ 3,1 trilhões em patrimônio imobilizado, mostra um mapeamento inédito feito pela Embrapa. "Sabia-se que havia uma contribuição dos agricultores na preservação, porém os números dessa participação eram desconhecidos", afirma Evaristo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Territorial. "Mapeamos os dados do Brasil inteiro e constatamos que não há país do mundo no qual o setor agrícola dedique tanto patrimônio e recursos à preservação do meio ambiente."

O levantamento foi possível graças ao Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR), o registro público obrigatório de todos os imóveis rurais, que identificou as áreas de preservação permanente, de uso restrito, reservas legais, remanescentes de florestas e outras formas de vegetação nativa. A partir desse cadastro, a expectativa do governo é aumentar controles, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e o combate ao desmatamento. "Ao registrar o CAR, o produtor fez uma espécie de imposto de renda no qual, além de declarar seu 'apartamento', foi obrigado a detalhar seus limites, a documentar a planta do imóvel e a disposição dos móveis, com o compromisso de não mexer mais neles", diz Miranda.

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Até janeiro, 4,8 milhões de produtores haviam feito seu cadastro, o equivalente a 94% dos imóveis registrados no Censo Agropecuário de 2006. A base de dados foi construída sobre imagens de satélite. "A precisão é impressionante: com um zoom, é possível verificar onde estão as nascentes, a extensão e a largura dos rios e riachos, os tipos de vegetação, as áreas de preservação excedentes", diz.

Monitoramento

O trabalho da Embrapa não analisou, nem fiscalizou a qualidade dessa preservação. Aliás, segundo o Prodes, o programa que acompanha o desmatamento da Amazônia e demais biomas e é monitorado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), quase metade do cerrado brasileiro foi desmatado e é hoje ocupado por atividades ligadas ao agronegócio. O Prodes mostra a evolução desse avanço ano a ano: só em 2017, 7,5 mil km ² foram desmatados na região. Na Amazônia, 62% das terras abertas estão sendo usadas pela pecuária e 6% pela agricultura. "Percebe-se, ao longo dos anos, que existe um avanço do desmatamento em direção à região Norte do cerrado", diz Claudio Almeida, coordenador do Prodes.

Essa expansão foi constatada também no trabalho da Embrapa. O número de imóveis rurais cadastrados no SiCAR na região Norte superou o que havia sido identificado pelo Censo Agrícola em 35%. Já a área aumentou em 240% no período. Só no Amazonas, o salto da área foi de 801%. Há duas explicações: A primeira é que o CAR considera em sua base também as reservas extrativistas, regiões enormes e com grande presença no Norte, não contabilizadas no censo. Outra é que agricultores com condições precárias de posse usaram o cadastro para tentar formalizar suas ocupações, mesmo com o fato de o documento não valer para regularização fundiária.

A Embrapa calculou a receita que o agronegócio teria, caso as reservas legais fossem exploradas. "A intenção não é aumentar o desmatamento, mas medir a contribuição financeira do agronegócio para a preservação", diz Miranda. Se as reservas legais fossem usadas para a produção de milho, uma cultura presente em todo o País, a receita obtida seria de R$ 6 bilhões no ano, com a geração de 74 mil empregos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O pesquisador aposentado da Embrapa Sebastião Barbosa foi indicado pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para presidir a empresa a partir de outubro. No momento, o nome passa pelo crivo do Palácio do Planalto antes de ser oficializado, segundo informou o secretário executivo da pasta, Eumar Novacki.

A escolha é polêmica e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf) estuda barrar a nomeação na Justiça, por falta de transparência no processo de seleção. Alguns ex-subordinados não têm boas lembranças de sua passagem pelo comando da Embrapa Algodão. Foram iniciadas investigações por assédio moral, todas arquivadas por falta de fundamento. Barbosa foi exonerado do posto em fevereiro deste ano, por decisão judicial.

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O Ministério Público do Trabalho ingressou com ação questionando sua nomeação, uma vez que ele não é funcionário de carreira da estatal, como determina o regulamento. O pesquisador foi do quadro da Embrapa, mas, com a aposentadoria, seu vínculo foi desfeito. Nada disso tirou de Barbosa a primeira colocação numa lista tríplice para o posto. Segundo Novacki, Barbosa obteve ótimos resultados à frente da unidade.

"Aumentou muito a visibilidade das nossas pesquisas para o setor produtivo", confirmou o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da unidade, João Henrique Zonta. "Deu uma arrumada boa em muita coisa aqui, inclusive infraestrutura." Segundo relatou, Barbosa se aproximou das associações empresariais e trouxe mais recursos para a unidade. Obteve financiamento privado e também mais verbas da própria Embrapa para a unidade.

"Ele tem fama de ser um pesquisador brilhante na área do algodão", disse o vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, Pedro de Camargo Neto. "A dúvida é se ele será também um gestor brilhante e para onde ele quer conduzir a Embrapa."

Camargo é um dos signatários da carta subscrita por 40 entidades do agronegócio que pediu a Maggi para o setor ser ouvido no processo, conforme noticiou o Estado no último dia 15. O pedido foi ignorado. No entanto, o futuro presidente da Embrapa já foi orientado a intensificar a interlocução com as empresas do agronegócio.

Segundo Novacki, o fator que mais pesou a favor de Barbosa foi sua experiência internacional. O Brasil tem como meta aumentar de 7% para 10% sua participação no mercado mundial de produtos agrícolas, e para isso pretende usar a Embrapa como ferramenta. Nos países com os quais existe cooperação na área de pesquisa agrícola, a ideia é pedir preferência no campo comercial.

Não por acaso, os três candidatos finalistas no processo de seleção precisaram fazer ao conselho da Embrapa uma apresentação de cinco minutos, em inglês, sobre seus planos para a estatal. Barbosa atuou durante 17 anos na Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), tendo morado na Itália e no Chile. Além disso, chefiou a área de cooperação internacional da Embrapa.

O presidente do Sinpaf, Carlos Henrique Garcia, credita a nomeação de Barbosa ao interesse de Maggi em colocar alguém de sua relação no comando da Embrapa. Novacki nega. "O ministro nem o conhecia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quarenta entidades de peso do agronegócio enviaram na última quarta-feira uma carta ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, criticando o processo de seleção para o novo presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que deverá ser concluído até 15 de outubro. O setor quer opinar na escolha, que será feita pelo conselho de administração, composto exclusivamente por integrantes do governo.

O protesto, encabeçado pelo Instituto Pensar Agrícola (IPA), é endossado por entidades como Unica, Aprosoja, Viva Lácteos e Citrus Br, entre outras. Ligada à pasta da Agricultura, a Embrapa se dedica à pesquisa e inovação no desenvolvimento da agropecuária. Neste ano, seu orçamento é de R$ 3,34 bilhões, dos quais R$ 2,96 bilhões vão para despesas com pessoal.

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Na quinta-feira, 13, o conselho se reuniu para elaborar uma lista tríplice a partir de 16 candidatos que se ofereceram para o cargo. Os nomes selecionados não foram divulgados, mas circula no mercado que são o atual diretor executivo de Inovação e Tecnologia da estatal, Cleber Oliveira Soares, o pesquisador aposentado Sebastião Barbosa e o ex-ministro da Agricultura Luis Carlos Guedes Pinto.

Os três passarão por uma espécie de sabatina e o conselho escolherá um nome para submeter à Casa Civil da Presidência da República e, posteriormente, ao presidente Michel Temer. Existe a possibilidade de outros candidatos serem chamados, caso algum dos integrantes da lista tríplice não atenda ao desejado na entrevista.

"Parece-nos que o processo seletivo de presidente, sem a prévia definição de sua estratégia e desenvolvimento futuro, traz uma enorme dificuldade", diz a carta, assinada pelo presidente do Instituto Pensar Agrícola (IPA), Fabio de Salles.

"Esse processo está invertido", afirmou Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das signatárias da carta. "Antes de escolher o presidente, precisaria saber quais os planos dele para enfrentar os graves problemas da Embrapa."

Ajustes

Com o orçamento restrito, a estatal tem tido um desempenho aquém do esperado pelo setor privado na entrega de novas tecnologias. Os sucessivos cortes de verbas numa empresa em que a folha de pessoal é incomprimível levou ao sacrifício de serviços de ponta.

Ela tem também enfrentado dificuldades corporativas para fazer ajustes que poderiam melhorar seu funcionamento. "O centro de pesquisa de algodão está na Paraíba, quando deveria estar no Mato Grosso", exemplifica Camargo. Isso fazia sentido nos anos 1970, quando a produção se concentrava na região de Campina Grande (PB), mas hoje ela está no cerrado brasileiro.

Camargo tem dúvidas se os pré-selecionados para a lista tríplice teriam condições de levar essa reforma adiante. Isso porque os candidatos foram avaliados a partir de seus currículos. "Mas um bom pesquisador pode não ser um bom gestor",diz.

Na carta, as entidades sugerem que os candidatos apresentem "proposta de trabalho, com a estratégia de gestão da empresa, de forma que o setor produtivo possa conhecer e avaliar as melhores proposições."

Fontes do governo informaram que a seleção do presidente da Embrapa segue a Lei das Estatais. O processo foi aberto a toda a sociedade civil, de forma que todos os que se consideraram aptos ao cargo puderam concorrer. Para se candidatar, a pessoa precisou justificar por que se apresentou, qual sua visão da empresa e qual o futuro que espera para ela. A estratégia de gestão será ainda avaliada nas entrevistas.

Com isso, a ideia é conduzir um processo de seleção com critério exclusivamente técnico. Assim, ao menos em tese, ficariam de fora pressões políticas e também os interesses classistas, aí incluídas as empresas do agronegócio. Consultados, a Embrapa e o Ministério da Agricultura não se pronunciaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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