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Embora possa ser desenvolvida de maneiras diferentes, a escrita permite que a imaginação das pessoas seja estimulada e que grandes histórias sejam contadas, inclusive no universo das fanfics. Com origem no termo inglês fanfiction, fanfic significa “ficção de fã”. Como o nome diz, as histórias são criadas por fãs e são inspiradas em tramas e/ou personagens que já existem, artistas, entre outros.
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Atualmente, esse estilo de literatura tem crescido cada vez mais, principalmente na internet, graças às plataformas criadas para a leitura de fanfics e por causa das redes sociais. A estudante de Letras e escritora Daniela Alves, de 29 anos, conheceu as fanfics de modo inusitado, enquanto pesquisava sobre a banda sul-coreana BTS, e começou a escrevê-las em 2017.
Na época, Daniela percebeu que a maioria das fanfics possuía a mesma temática e o conteúdo era bom, mas notou também a falta de contextualização dos personagens e do ambiente. Por esse motivo, a escritora quis escrever algo parecido, porém de forma leve e mais próxima da realidade. “Outra motivação foi o fato de não encontrar fanfics que tinham Belém como cenário e, claro, a minha recente paixão pelo BTS”, conta.
Daniela escreve fanfics de romance com um pouco de ação e erotismo, e afirma que ama escrever sobre os cenários, porque, além de descrevê-los, gosta de fazer com que o leitor consiga se imaginar nos lugares. Apesar de não ler mais, a escritora relata que encontrou uma autora de fanfictions do BTS que aborda temas relevantes sobre autocuidado e tem buscado a reconexão com o mundo das fanfics.
Além do grupo de k-pop, as maiores inspirações de Daniela eram Belém, as frutas e comidas típicas da cidade. Ela revela que o seu desejo era atravessar fronteiras e mostrar a capital paraense a partir de uma perspectiva romântica e real do que temos. “Atualmente, o que me inspira são os meus pensamentos agitados que a cada instante querem falar”, diz.
A escritora acredita na contribuição das fanfics para a formação de novos autores e leitores, e destaca que existem escritores maravilhosos que abordam a depressão, preconceito, desigualdade social e outros temas importantes que precisam de visibilidade e aceitação maiores.
Além disso, Daniela relata que existe um preconceito em relação ao gênero pelo fato de autores de fanfics usarem artistas (rosto e corpo) como base para os personagens, desqualificando a criatividade dos escritores. “Muitos jovens estão ali, produzindo e consumindo histórias incríveis. Temos que incentivar ainda mais essa leitura, mostrar os vários gêneros textuais e literários que existem e visibilizar essas mentes criativas em ascensão”, afirma.
Daniela encoraja a expressão da criatividade e dos sentimentos daqueles que pensam e têm vontade de escrever fanfics. “Não escreva pensando ou se preocupando com o que as outras pessoas irão falar ou pensar de ruim sobre sua história, pois isso pode travar o seu processo criativo. Veja a escrita como algo leve e que vá satisfazer sua paixão”, incentiva a escritora.
A estudante de Publicidade e Propaganda Vitória Gonçalves, de 21 anos, escreve fanfics desde 2017 e o que a motivou foi o gosto pela leitura. Além disso, ela conta que costumava imaginar histórias e a partir disso começou escrever as ideias que tinha no papel.
Vitória relata que gosta de todas as partes do processo de escrita, principalmente da criação de uma história, e que se empolga bastante com as ideias. A escritora também consome fanfics e relembra que leu muito durante a pandemia. Além disso, ela fala sobre suas inspirações. “As ideias surgem de repente na minha mente, mas às vezes me inspiro em filmes, livros, séries e letras de músicas para escrever uma fanfic”, revela.
A escritora acredita que as fanfics possuem grande relevância e que podem estimular o surgimento de novos autores e leitores no mundo literário. “A escritora Anna Todd, por exemplo, começou a sua carreira em 2013, publicando uma fanfic do cantor Harry Styles no Wattpad, que é uma plataforma exclusiva para quem gosta de ler e escrever fanfics. E atualmente é uma autora de grande sucesso”, exemplifica.
Vitória também incentiva os que têm vontade de se aventurar com a criação de fanfics porque ela estimula a criatividade, ajuda a aprimorar a habilidade da escrita e melhora o humor, e os reforça a acreditarem no seu potencial. “Eu acredito que todos nós temos capacidade de criar uma história e que a imaginação faz parte da nossa essência”, afirma.
A partir dos enredos nos quais pensava e gostava, a estudante de Jornalismo Gabrielle Almeida, 19 anos, começou a escrever fanfictions em 2016. A escritora revela que gosta de todas as etapas do processo de escrita de uma história, mas principalmente do desenvolvimento dos personagens. “Eu gosto de pensar o que vai acontecer com cada personagem”, destaca.
Além de escrever fanfics de romance, Gabrielle conta que lê histórias do mesmo gênero e também gosta de ler fantasia. Assim como Vitória Gonçalves, a escritora também busca inspirações nos livros, filmes e músicas, e afirma a contribuição das fanfictions para a literatura.
“A princípio, quando começamos a escrever uma história, eu diria que é mais como um hobby, mas a partir do momento em que vemos que gostamos de escrever, por que não investir nisso? Inclusive muitas autoras de fanfics estão investindo em ter seus livros físicos”, aponta Gabrielle.
A escritora deixa um recado para aqueles que pretendem investir na criação dessas histórias: “Apenas faça. Se você tem um bom plot (enredo), apenas escreva. Acho que escrever fanfics é uma forma de ter uma melhora gramatical e ter mais criatividade”.
Conheça os perfis das autoras:
Daniela Alves – Instagram: @danyalvessz
Vitória Gonçalves – Instagram: @citedbts / Wattpad: @citedbts
Por Isabella Cordeiro, com apoio de Even Oliveira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).