O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou nesta quarta-feira (24) que serão publicados os textos dos acordos assinados até agora nas negociações entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e seu governo, em um esforço para dar fim às especulações e acabar com as "versões descabidas" sobre o processo de paz.
"No começo do processo, decidimos não publicar os acordos, não torná-los públicos, para proteger a negociação. Mas temos considerado que o processo já avançou o suficiente, está suficientemente protegido, para tornarmos público o que temos assinado", disse Santos a jornalistas na entrada principal da sede da Organização das Nações Unidas.
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O presidente indicou que os textos serão divulgados ainda nesta quarta-feira ou na quinta-feira. "Anunciaremos hoje a todos os colombianos a totalidade dos projetos conjuntos dos acordos até o momento", afirmou um comunicado publicado de Havana, onde ocorrem as negociações.
Desde o fim de 2012, o governo de Santos e a guerrilha das Farc discutem em Cuba em um processo de negociação para dar fim aos 50 anos de confrontos entre as partes. Até hoje, as equipes de negociadores chegaram a acordos em pontos chave como a reforma agrária e os problemas relacionados à terra, a participação política dos rebeldes e o combate conjunto ao narcotráfico. Atualmente, eles tratam da questão das vítimas do grupo, que, segundo a opinião de especialistas, pode ser a mais complexa.
Santos destacou que, com a publicação, tudo "será mais transparente do que tem sido" e que as pessoas "terão conhecimento de que lá não se está negociando nosso sistema democrático, nosso modelo econômico, nosso modelo de desenvolvimento, nossas instituições". Ele acrescentou que o que está em discussão "equivale ao que tem sido divulgado".
Segundo o presidente colombiano, um terceiro grupo de vítimas das Farc viajaram a Cuba nos dias 1º e 2 de outubro para a negociação, em um passo que, ele afirmou, foi aplaudido pela comunidade internacional. "É a primeira vez que um país e um grupo de negociadores em um conflito permite a participação de vítimas para que expressem diretamente suas vontades, sua dor, suas aspirações de como se deve proteger e garantir seus direitos", ele comemorou.
De acordo com Santo, à medida que se assinem mais acordos, se decidirá se eles também serão tornados públicos. Além da questão das vítimas, ambas as partes ainda discutem sobre o desarmamento do grupo e sua reintegração à sociedade. "O natural, o lógico seria que [esses acordos restantes] fossem tornados públicos, para ser coerente com a decisão que estamos tomando hoje", sugeriu o presidente.
Ele se reuniu nesta quarta-feira com a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, e com a presidente chilena, Michelle Bachelet. Ambas expressaram seu total apoio ao processo de negociação de paz, disse Santos. Fonte: Associated Press.