Tópicos | Felício Ramuth

Então prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth, de 53 anos, decidiu deixar o PSDB em maio do ano passado quando soube pelos jornais que o então vice-governador Rodrigo Garcia abandonaria o DEM para se tornar tucano. A mudança era parte de uma engenharia política ousada do na época governador João Doria, que planejava transmitir o cargo para o aliado "leal" quando saísse para disputar a Presidência da República.

Ao ser informado da notícia, Garcia chamou Ramuth em seu gabinete para tentar demovê-lo da decisão. O então vice ouviu que não era nada pessoal, mas o PSDB tinha bons quadros e não precisava lançar alguém "de fora".

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Foi de fora do PSDB - partido ao qual era filiado desde 1993 - que Ramuth foi eleito vice-governador do Estado na chapa com Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Foi de uma sala ampla da sede do PSD no 15.º andar do icônico edifício Joelma, no centro de São Paulo, que o vice-governador eleito despachou na semana passada, enquanto Tarcísio estava nos Estados Unidos com a família.

A sua escolha como vice na chapa do ex-ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL) foi fruto de uma articulação do presidente do PSD, Gilberto Kassab, e só foi possível porque Geraldo Alckmin desistiu de tentar voltar ao Palácio dos Bandeirantes pela sigla e migrou para o PSB, ingressando como vice na chapa presidencial vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Bailarino

Antes de entrar na política, Ramuth sonhava ser ator e chegou perto de seguir carreira no teatro. "Sou dançarino de dança folclórica israelita e sei as marcações do balé. Fiz teatro com (o ator) Caco Ciocler na Hebraica. Nós fizemos juntos a peça O Gênio do Crime (baseada no livro de João Carlos Marinho)", lembrou.

Ramuth chegou a São José dos Campos aos 17 anos por acaso. Ele e o irmão, um ex-jogador profissional de tênis de mesa - que foi parceiro do campeão e atleta olímpico Cláudio Kano -, moravam em São Paulo, mas foram para a cidade do Vale do Paraíba assumir uma pequena loja de ferragens e madeiras do pai, que havia sofrido um enfarte. O Gasômetro Madeiras cresceu e se tornou uma rede de dez lojas, mas Ramuth está afastado dos negócios.

Na política, o vice-governador eleito sempre atuou como um tucano clássico da ala "alckmista". Foi secretário e se elegeu prefeito em 2016, sendo reeleito em 2020.

Família

"São José foi certificada como a primeira cidade inteligente do Brasil e isso é coisa que o Felício conseguiu", elogiou o deputado federal Milton Vieira (Republicanos-SP). O parlamentar, que é pastor evangélico, classificou o vice-governador eleito de São Paulo como "muito família, preocupado com a população".

Ramuth minimiza eventual pressão do bolsonarismo para ocupar cargos no governo paulista e garante que o Palácio dos Bandeirantes não será um cabide de emprego para aliados derrotados do presidente da República.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ex-prefeito de São José dos Campos, o administrador de empresas Felício Ramuth, de 53 anos, foi um quadro importante do PSDB por 28 anos antes de se filiar ao PSD de Gilberto Kassab, no ano passado. Ramuth trocou de partido após apoiar o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite nas prévias presidenciais tucanas e romper com o então governador de São Paulo, João Doria.

Pré-candidato do PSD ao governo de São Paulo, Ramuth defende a manutenção da gratuidade das universidades públicas e das câmeras no uniforme de policiais militares. Prometeu ainda criar uma agência reguladora de Organizações Sociais (OSs), que ganham cada vez mais espaço na gestão da saúde do Estado.

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O PSD está com Jair Bolsonaro no Sul e com Lula no Nordeste. O partido pratica pragmatismo radical?

Não enxergo como pragmatismo radical. O PSD entende que as realidades são distintas em cidades, Estados e regiões do País. Por isso, dá liberdade para que seus grupos políticos tomem decisões. Eu chamaria de não ideologia evidente.

Isso não é meio vago?

É meio vago. Por isso às vezes (o PSD) se alia com um conjunto de pessoas da direita e outras à esquerda.

Gilberto Kassab costuma dizer que o PSD não é de direita, nem de esquerda, nem de centro. E o sr.?

O PSD não tem compromisso ideológico com ações ditas de direita, tampouco de esquerda. Valoriza a eficiência do Estado. Concessões e privatizações estão no programa, mas valorizamos o SUS e políticas ditas de esquerda. Defendo as organizações sociais de saúde. Tenho proposta de criar uma agência reguladora de OSs.

O sr. foi do PSDB durante 28 anos e decidiu sair no ano passado. Por quê?

O PSDB não teve capacidade de renovação. Não valorizou seus quadros, especialmente em São Paulo. Ao longo dos anos foi mais do mesmo. Fomos o único diretório do PSDB de São Paulo que apoiou o Eduardo Leite em vez do João Doria (nas prévias presidenciais). Hoje vejo que foi a situação mais acertada.

O sr. é a favor do uso de câmeras no uniforme dos PMs?

Sou a favor das câmeras no policiamento de rotina e nos batalhões de operações especiais com protocolos específicos criados pelas próprias forças de segurança.

Como o sr. se posiciona na agenda de costumes: progressista ou conservador?

Trago os valores da família para a política. Mas os conceitos de família mudaram. Sou contra o aborto, mas a favor do casamento homossexual. Um dos erros do bolsonarismo é se preocupar com o acessório. Agora estão falando em pagar pela universidade pública.

O sr. é contra?

Cinquenta por cento das vagas são para pessoas que vieram da escola pública. Já existe um critério. Sou favor que se mantenha como está.

Como será fazer campanha sem o apoio de nenhum outro partido?

Será uma campanha independente, não isolada. O PSD tem um grande time no Estado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab, convidou na segunda-feira (7) o prefeito de São José dos Campos (SP), Felício Ramuth - que deixou o PSDB no início do ano -, para disputar o governo paulista. Os dois se reuniram na cidade do Vale do Paraíba.

"Faço publicamente, em nome de todo o partido, este convite, e espero que o prefeito possa refletir e responder positivamente, já que é uma excelente opção para o PSD e para o Estado de São Paulo", afirmou Kassab após o encontro.

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Durante o processo de prévias presidenciais do PSDB, Ramuth rompeu com o governador de São Paulo, João Doria, e apoiou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. São José dos Campos foi o único diretório municipal do partido em São Paulo que não apoiou Doria na disputa.

Antes de convidar Ramuth, Kassab sondou o governador gaúcho para entrar no PSD e disputar o Palácio do Planalto - Leite seria uma opção ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que pode desistir de concorrer.

ALCKMIN

A primeira opção de Kassab em São Paulo era lançar o ex-governador Geraldo Alckmin em uma coligação com o PSB do também ex-governador Márcio França. Esse projeto, porém, naufragou após a aproximação de Alckmin com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem deve ser candidato a vice.

Ao falar sobre a candidatura própria, o presidente do PSD defendeu o fim das coligações em eleições proporcionais e o mesmo para as candidaturas majoritárias, e reiterou sua posição de que essas medidas "vêm pra ficar" nas eleições.

"O político deve dar um passo de cada vez, de forma sólida. Um passo importante foi dado hoje (ontem), mas, para mim, seria impossível tomar neste momento uma decisão, antes de consultar aqueles que me fazem permanecer na vida pública, os cidadãos de São José e da região", disse Ramuth, quando questionado por jornalistas sobre o convite.

Kassab foi aliado de Doria até dezembro de 2020. O ex-ministro foi secretário licenciado desde o começo da gestão tucana e, nesta data, oficializou sua saída da Casa Civil.

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