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Em Pernambuco, um segmento específico do comércio vem se destacando nos últimos anos. O mercado da moda, que abrange estilistas, confecções e empresas voltadas à indústria têxtil, obteve um crescimento de mais de 10% em 10 anos, segundo apontam pesquisas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
##RECOMENDA##Com o objetivo de fomentar a qualificação de novos profissionais para atuar no ramo da moda, algumas iniciativas foram criadas. É o caso do Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções (NTCPE), em atividade desde 2012. Atualmente, o núcleo vem gerando mais de 100 mil postos de trabalho, o que colocou Pernambuco como a segunda cadeia mais expressiva do Brasil no segmento. O NTCPE atua principalmente no chamado Polo de Confecções do Agreste, conhecido nacionalmente como um dos grandes expoentes do mercado têxtil.
Segundo o presidente do NTCPE, Edilson Tavares, o mercado cresce, mas enfrenta dificuldade. O problema está na penetração de produtos importados no mercado brasileiro. Provenientes principalmente da Ásia, esses produtos têm um custo de confecção mais barato, chegando ao comércio brasileiro num valor inferior. Edilson comentou que a difícil situação de competição pode ser contornada por duas características do produtor local: design e inteligência mercadológica. “Nossos empreendedores são muito criativos e inovadores. Além disso, os produtores pernambucanos conhecem o mercado, sabem qual é a nossa demanda. Para desenvolver essa inteligência, capacitações são essenciais”, explana o gestor.
“Às vezes um empresário é bom com costura, mas não tem conhecimento de administração”, diz Edilson, sobre a necessidade de investir em qualificações. “Trazer capacitação gerencial, para que as empresas possam competir globalmente, é um dos nossos objetivos”, comenta.
É grande o número de instituições de ensino que oferecem graduações para o ramo da moda. Segundo o Ministério da Educação (MEC), existem 162 cursos em atividade no País. Destes, sete são localizados em Pernambuco. Além das qualificações, o Sebrae também oferece oportunidades de consultoria e capacitações na área.
No último dia 21, foi inaugurado no Recife o Marco Pernambucano da Moda. A iniciativa é da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e tem gestão do NTCPE. Com 10 empresas incubadas, o Marco tem como objetivo promover um espaço onde a moda seja o principal foco. Com sede no Marco Zero, o local reúne diversos profissionais do segmento.
Novos nome do mercado
Maiara Miranda, 23 anos, se formou em design de moda pela Faculdade de Boa Viagem em 2011, mas só neste ano conseguiu montar seu primeiro negócio. A loja Frescura de Moda nasceu da parceria da designer com Marcia Moura, que também trabalha com a criação das peças. Para Maiara, o cenário da moda em Pernambuco está em crescimento. “Quando eu entrei na faculdade era muito difícil o mercado, o único trabalho era ser vendedor. Agora não, há outros serviços que as lojas procuram. A moda em Pernambuco cresce cada vez mais”, comenta.
Participante do Marco Pernambucano da Moda, Maiara criou o Cabirêd, aplicativo que ajuda as pessoas a escolherem o melhor look. Com o projeto paralelo à Frescura de Moda, o Marco trouxe para a empresária o contato com outros atores da cena da moda pernambucana. “O contato com as outras empresas soma bastante, porque cada um mostra pra gente uma visão diferente, então a gente junta as figurinhas e vai crescendo”, diz.
Sobre a dificuldade apresentada anteriormente, a designer admite o problema. “É difícil, porque muitas faculdades não ensinam a parte de costura, que a estilista precisa saber para criar suas peças. A defasagem começa daí. Uma costureira hoje em dia é caríssima, que torna muito difícil pra gente começar uma coisa nossa. A produção aqui é muito cara”, desabafa.
Se manter em um mercado tão recente como o da moda não é fácil. Há preconceitos, falta de incentivo, mas o retorno para quem faz o que gosta vale todo o esforço. Maiara é nova no ramo, mas sabe quais os caminhos que o novo empreendedor deve tomar para manter a empresa. “A principal dica que posso dar é que a pessoa deve saber se gosta mesmo de moda. A outra dica é nunca desistir. O retorno financeiro demora a chegar, tudo o que entra sai para investir novamente. A nossa visão é daqui a um ano obter lucro”. Sobre a atual situação do mercado no Brasil, a empresária se mostra esperançosa. “O investimento tá começando agora, vai demorar um pouco para começar a dar grande resultados. Nosso diferencial é que temos muita riqueza, a gente tem que enxergar o nosso diferencial para poder dizer: isso é daqui, isso é a moda pernambucana”, finaliza.