Acusado de tráfico de influência no Governo Federal, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (25). A solicitação foi acatada pelo presidente Michel Temer (PMDB). A queda de mais um auxiliar de Temer é resultado de denúncias feitas pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero.
Segundo Calero, Geddel o pressionou a modificar uma decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre a construção de um empreendimento imobiliário na Bahia. O ministro peemedebista é dono de um dos apartamentos do imóvel que teve a obra embargada pelo órgão técnico.
##RECOMENDA##O que agravou ainda mais o caso foi o fato de Calero trazer à tona outras denúncias nessa quinta-feira (24), uma delas contra o próprio Temer. O ex-auxiliar revelou, em depoimento à Polícia Federal, que também sofreu pressões do presidente para destravar o andamento do imóvel. Nos bastidores, caso Geddel não pedisse demissão, Temer o afastaria temporariamente do cargo.
Na carta encaminhada a Temer, Geddel diz que com o crescimento das críticas contra ele e vendo o sofrimento dos familiares "é hora de sair". "Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto", crava. "Fiz minha mais profunda reflexão e fruto dela apresento aqui este meu pedido de exoneração do honroso cargo que com dedicação venho exercendo”, acrescenta.
O baiano também pede desculpas aos que são citados por Calero como envolvidos nas articulações para modificar a decisão do Iphan. “Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior do que tudo isso”, salienta no texto, observando ainda que vai “torcer” pelo bom andamento do governo.
Oposição pede que Temer seja investigado
Após a divulgação do depoimento de Calero à PF, a bancada de oposição ao presidente afirmou que pretendia entrar com um pedido de investigação contra ele por advocacia administrativa e crime de responsabilidade. Segundo o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), há base jurídica para um pedido de impeachment — julgado pelo Congresso —, mas, além disso, Temer poderia ser julgado também pelo Supremo Tribunal Federal por crime comum cometido durante o mandato.
“Ele participou. O nome disso é advocacia administrativa e é crime de responsabilidade. Estamos preparando o pedido de impeachment, para estar pronto até segunda-feira e estamos entrando também por infração penal comum. Ele não poderia ser investigado por atos anteriores ao seu mandato, mas nesse caso foi no mandato, então ele pode ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal”, frisou.
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