O ex-presidente sul-africano, Nelson Mandela, que em breve completará 95 anos e que está novamente hospitalizado desde a noite de quarta-feira por uma infecção pulmonar, reage positivamente ao tratamento, indicou nesta quinta-feira a presidência do país em seu site.
"Os médicos nos informaram que o ex-presidente, Nelson Mandela, reage positivamente ao tratamento ao qual é submetido depois de uma recaída de sua infecção pulmonar. Continua em tratamento e em observação no hospital", segundo o comunicado.
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A presidência informou em um comunicado divulgado no início da manhã desta quinta-feira que "o ex-presidente Mandela foi hospitalizado pouco antes da meia-noite por uma recaída de sua infecção pulmonar".
Mandela estava consciente quando chegou ao hospital, disse pela manhã à AFP o porta-voz da presidência, Mac Maharaj. Nenhuma outra informação de natureza médica nem relacionada com a possível duração de sua internação no hospital foi fornecida.
"O país não deve entrar em pânico. Madiba (Mandela) está bem (...)", disse o presidente Jacob Zuma. "É preciso compreender que Madiba já não é um homem jovem. Será feita uma avaliação hoje e amanhã e acredito que as pessoas não devem entrar em pânico (...). Segue sendo o Madiba, apesar da idade que tem".
Mas perguntado sobre se chegou o momento de encarar o inevitável (a morte de Mandela), Zuma respondeu: "sim (...), a idade sugere isto". Herói nacional sul-africano, ícone da luta contra o apartheid e contra o racismo em todo o mundo, Nelson Mandela não aparece em público há quase três anos.
O presidente sul-africano, Jacob Zuma, desejou a ele uma recuperação rápida. "Pedimos ao povo sul-africano e ao mundo inteiro que rezem por nosso querido Madiba (o nome do clã de Mandela) e por sua família (...) Temos total confiança na equipe médica e sabemos que farão todo o possível para que recupere a saúde", disse o chefe de Estado.
A Presidência sul-africana, que não indicou onde o ex-presidente está hospitalizado, pediu aos meios de comunicação de todo o mundo que "respeitem a intimidade" do prêmio Nobel da Paz "para deixar que os médicos façam seu trabalho".
O partido governante, o Congresso Nacional Africano (ANC), também pediu à África do Sul e ao mundo inteiro que rezem por Mandela. O principal grupo da oposição, a Aliança Democrática (DA), também se uniu aos desejos de uma recuperação rápida.
No início de março, o ex-presidente sul-africano foi hospitalizado durante 24 horas e a presidência disse na época que se tratava de uma visita de rotina. Sua última hospitalização longa, que durou 18 dias, ocorreu em dezembro de 2012, também como consequência de uma infecção pulmonar.
Em Qunu, povoado da infância de Mandela, a população foi ficando ciente pouco a pouco da hospitalização de Madiba. "A maioria das pessoas do povoado não tem internet", disse à AFP Zimsile Gamakulu, guia do museu Mandela. "Mas as pessoas desejam uma longa vida a ele. Sentimos falta dele, especialmente os mais velhos, que esperam que volte logo para casa".
Mandela, que vive em Qunu, foi levado a Pretória no início de dezembro para ser hospitalizado. Ao sair do hospital, seus parentes preferiram instalá-lo em sua casa de Johannesburgo, a 60 km de Pretoria e perto dos centros médicos mais modernos do país.
Nelson Mandela, presidente entre 1994 e 1999, passou 27 anos de sua vida na prisão por ter lutado contra o regime do apartheid de segregação racial na África do Sul.
Libertado em 1990, Mandela se converteu quatro anos depois no primeiro presidente negro de seu país, depois de ter conquistado em 1993 o prêmio Nobel da Paz - junto ao último presidente do apartheid, Frederick de Klerk - por ter dirigido com sucesso as negociações que instauraram a democracia.
Há alguns anos, Mandela desapareceu do âmbito público e não faz nenhum comentário sobre a política de seu país. No entanto, no dia 10 de fevereiro recebeu a visita do presidente da África do Sul, Jacob Zuma, que disse tê-lo visto "em bom estado e relaxado", vendo televisão.
Mas alguns dias depois, seu amigo George Bizos, um advogado muito conhecido, o visitou e mostrou-se menos entusiasmado. "Infelizmente, às vezes se esquece de que alguém faleceu e seu rosto expressa incompreensão quando você diz a ele que Walter Sisulu (ativista sul-africano contra o apartheid) ou outra pessoa já não formam parte deste mundo", explicou.
Nelson Mandela sofreu vários problemas de saúde, frequentemente relacionados aos seus 27 anos de prisão e de trabalhos forçados na ilha de Robben Island (sudoeste).