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Um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) mostra que, entre 2008 e 2022, o número de internações por infarto aumentou no Brasil. Entre os homens, a média mensal passou de 5.282 para 13.645, alta de 158%. Entre as mulheres, a média foi de 1.930 para 4.973, aumento de 157%.

O estudo leva em consideração dados do Sistema de Internação Hospitalar do Datasus, do Ministério da Saúde. Por isso, cobre todos os pacientes brasileiros que usam os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), seja nos hospitais públicos ou nos privados que têm convênios. Isso representa de 70% a 75% de todos os pacientes do país.

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Alguns fatores aumentam os riscos de infarto, informa o Instituto Nacional de Cardiologia. “O infarto do miocárdio acontece em populações mais idosas. E sabemos também do aumento da prevalência da obesidade na população brasileira”, explica a diretora-geral do INC, Aurora Issa.

Segundo Aurora, o frio também aumenta as chances de infarto. Dados do INC indicam que os casos são mais frequentes durante o inverno. No ano passado, o número de infartos nessa estação foi 27,8% maior em mulheres e 27,4% maior em homens na comparação com o verão.

“O frio leva à contração dos vasos [sanguíneos]”, diz a especialista. “A pessoa que tem um infarto, na maioria das vezes, já tem a placa de gordura nas artérias. O que leva ao infarto é uma inflamação na placa e a formação de um trombo em cima dessa placa. As infecções, muitas vezes, são um gatilho para a inflamação.”

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre homens e mulheres no Brasil. Entre 2017 a 2021, 7.368.654 pessoas morreram por esse motivo no país. De acordo com o INC, as principais formas de prevenção são a prática de exercícios físicos e a alimentação balanceada.

No início deste ano, a cantora Preta Gil foi diagnosticada com câncer de intestino, depois de passar mal em casa e ter uma hemorragia. Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, a cantora admitiu que seus hábitos alimentares nunca foram os ideais e contou que está tentando melhorá-los durante o tratamento, que inclui quimioterapia, radioterapia e cirurgia.

"Tenho consciência de que meus hábitos alimentares não eram os mais saudáveis", disse ela. "Agora, estou mudando meus padrões alimentares, meu estilo de vida, minhas horas de sono. É um desafio, mas estou viva, tenho oportunidade de me tratar, uma grande rede de apoio e Deus no coração. Isso tudo vai passar e vai ser um grande aprendizado."

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A campanha de conscientização e prevenção ao câncer de intestino tem como slogan este ano "Saúde é prevenção. Cuide de você, evite o câncer de intestino."

Além de recomendações para que as pessoas se alimentem bem, se exercitem e não consumam álcool em excesso, os especialistas citam a prevenção secundária, com a realização de exames de colonoscopia e busca de sangue oculto nas fezes para quem tem mais de 45 anos.

"Cerca de 90% dos casos de câncer de intestino têm origem a partir de um pólipo, um tipo de lesão na mucosa do intestino que pode se transformar em câncer", explicou o coloproctologista Antônio Lacerda Filho, presidente da SBCP. "Em uma colonoscopia, esses pólipos podem ser retirados, prevenindo, assim, a doença."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O número de internações por câncer de intestino (colorretal) aumentou 64% nos últimos dez anos, um resultado que preocupa especialistas de diferentes áreas. Todos apontam as mesmas causas para esse crescimento tão significativo: alimentação e estilo de vida. Com isso, os tumores de cólon já constituem o segundo tipo mais prevalente da enfermidade entre homens e mulheres, atrás apenas de próstata e mama, respectivamente.

O levantamento inédito foi realizado pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG).

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Médicos explicam que o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e a redução do consumo de fibras, somados a sedentarismo, tabagismo e alcoolismo, são as principais causas do crescimento dos cânceres intestinais.

"O câncer colorretal sempre foi prevalente, mas os números vêm aumentando, e ele já é o segundo mais comum tanto para homens quanto para mulheres", explicou o cirurgião Marcelo Averbach, do Hospital Sírio-Libanês, coordenador nacional da campanha março azul para prevenção do câncer de intestino. "O aumento do número de casos é decorrente, basicamente, de condições ambientais, sobretudo da dieta, rica em alimentos ultraprocessados e embutidos, baixa ingestão de fibras e de líquidos. Além disso, há outras questões comportamentais, como sedentarismo, tabagismo e alcoolismo."

Segundo o trabalho, os registros de internação trazem números alarmantes: foram 657.183 hospitalizações só no Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento dessa doença entre 2012 e 2021, com impactos imensuráveis para milhares de famílias brasileiras. Neste mesmo período, foi observado um crescimento de 64% das internações.

Já os dados de mortalidade decorrentes desse tipo de neoplasia indicam que, somente em 2021, foram registrados 19.924 óbitos por câncer do cólon, da junção retossigmoide e do reto, alta de 40% em relação a 2012.

Alimentação

"A associação entre estilo de vida e câncer colorretal vem sendo demonstrada em vários estudos científicos", afirmou a professora do Instituto de Nutrição Josué de Castro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Wilza Peres. "Isso envolve a má qualidade da alimentação e também o consumo de álcool, o tabagismo e o sedentarismo. A qualidade da alimentação vem piorando muito nos últimos anos, não só no Brasil mas em todos os países ocidentais."

De fato, a última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o brasileiro come, por exemplo, cada vez menos feijão com arroz, prato considerado excelente por nutricionistas, por reunir proteínas, carboidratos e fibras.

Entre a pesquisa realizada em 2002/2003 e a última, de 2017/2018, a média per capita anual de consumo de feijão caiu de 12,4 quilos para 5,9 quilos - uma redução de 52%.

Por outro lado, alimentos preparados e misturas industriais registraram alta de 56%, e as bebidas alcoólicas, de 19%.

A proporção de pessoas com obesidade na população com 20 anos ou mais de idade mais que dobrou no País entre 2003 e 2019, passando de 12,2% para 26,8%, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE, de 2020.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O número de crianças de até 2 anos internadas por Covid-19 no País em 2022 já superou em 21,3% o total registrado no ano passado, contrariando a tendência de queda de hospitalizações nos demais grupos populacionais. A faixa etária dos bebês foi a única que ainda não teve acesso integral à vacina.

Embora o imunizante da Pfizer tenha sido aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em setembro para a população a partir de 6 meses de idade, o Ministério da Saúde só liberou o uso do produto dois meses depois e restrito a crianças com comorbidades, decisão criticada por especialistas e sociedades médicas. Entre as comorbidades, estão diabete, hipertensão etc.

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De janeiro até o início de dezembro, 11.144 bebês foram hospitalizados com covid-19, segundo dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), do Ministério da Saúde, tabulados pelo Estadão. Em todo o ano passado, foram 9.181 registros. Já o total de hospitalizações no País, se considerados todos os grupos etários, caiu 82,6% - de 1,2 milhão em 2021 para 211,5 mil este ano.

O porcentual de internações na faixa do zero aos 2 anos, embora ainda seja minoritário, vem crescendo. Nos dois primeiros anos da pandemia, as hospitalizações de bebês por covid representaram menos de 1% do total. Neste ano, já superam os 5%.

As faixas etárias de zero a 2 anos e de 3 a 4 anos foram as únicas que tiveram aumento de hospitalizações no período analisado. No segundo grupo, a alta foi de 13,2%. Do total de crianças de 2 anos ou menos hospitalizadas pela doença, só 18,6% tinham algum fator de risco registrado no sistema do ministério, o que reforça a necessidade de imunização também para crianças sem comorbidades.

Especialistas destacam que o aumento nas internações de crianças é reflexo do alto volume de casos em 2022, puxado principalmente pela variante Ômicron no início do ano, mas também da baixa taxa de vacinação infantil, visto que, nas demais faixas etárias, houve queda nas hospitalizações.

"Tivemos um 'boom' de casos pela Ômicron e picos muito mais elevados do que pelas outras variantes. Proporcionalmente, vemos mais crianças, que, ao contrário dos adultos, não estão protegidas por vacina, doentes e internadas. Ao passo que nos adultos, apesar do aumento importante de casos, não tivemos esse aumento de internações, por conta da vacinação", resume Marcelo Otsuka, infectologista e vice-presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

"As crianças estiveram alijadas desse processo de imunização no início e, mesmo agora, quando teoricamente poderíamos expandir o benefício às crianças, as coberturas estão muito aquém", complementa Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Só 37,18% dos pequenos de 3 a 11 anos estão totalmente imunizados (ciclo primário, de duas doses). Na população com 12 anos ou mais, por outro lado, a taxa é de 80,18%.

Causas

Para os médicos, há algumas explicações para a baixa taxa de vacinação infantil. Além da campanha ter começado depois dos adultos (crianças de 5 a 11 anos só começaram a receber imunizante em janeiro; os pequenos a partir de 3 anos só no segundo semestre), há hesitação vacinal dos pais causada por uma onda de desinformação, que questiona - sem evidências científicas - a segurança das injeções pediátricas e que criou um senso comum de que a covid não era grave para os pequenos.

Outros empecilhos são problemas na oferta desigual de imunizante (uma em cada cinco cidades brasileiras relatou falta de doses para vacinar crianças) e alguns posicionamentos do Ministério da Saúde, avaliam eles.

Sáfadi acrescenta que, no caso dos bebês, principalmente daqueles com menos de um ano, a "imaturidade imunológica" e "características do trato respiratório" também ajudam a entender a necessidade de hospitalização. "Esse cenário de maior gravidade no bebê do que nos demais grupos etários a gente já observou em diversas outras doenças respiratórias infecciosas", diz.

O aumento explosivo de infecções não pode ser atribuído apenas a maior transmissibilidade e escape imune da Ômicron e suas subvariantes, segundo o infectologista Francisco de Oliveira Junior, gerente médico do Hospital Infantil Sabará. Também tem relação com o relaxamento de medidas não farmacológicas, como uso de máscara e distanciamento, conforme diminuía a percepção de risco da população, o que aumentou a exposição ao vírus.

O hospital paulistano também viu crescimento de internações de crianças por covid este ano. Em 2020, foram registradas 73 hospitalizações de pessoas de zero até 17 anos. No ano passado, foram 112 hospitalizados; e, em 2022, 346.

Sequelas

Já os óbitos de bebês por covid caíram 25% entre 2021 e 2022 (considerando os dados preliminares até o início de dezembro). O número de 2022 ainda deve crescer porque o ano não acabou e os dados das últimas semanas passam por atualizações por causa do atraso no preenchimento de alguns registros. A taxa de queda de óbitos observada até agora entre bebês é menor do que a geral (85,2%).

A redução na letalidade (chance de morrer) tem, possivelmente, a ver com as características das variantes que predominaram este ano. "O mais provável, quando se avalia a história natural das epidemias e pandemias, é que, ao longo do tempo, o vírus fique menos letal, até porque, se tem menos letalidade, tem capacidade de infectar mais gente", diz o infectologista Francisco de Oliveira Júnior.

No entanto, os especialistas destacam que a carga da doença segue relevante em crianças - o que, para eles, fica provado no alto volume de internações - e alertam para os riscos mesmo para quem sobrevive, seja pela persistência de sintomas após a fase aguda da doença (covid longa) ou pela síndrome inflamatória multissistêmica (SIM-P).

"A infecção nas crianças é muito menos grave que no adulto, (mas) não significa que a doença não seja grave em crianças", frisa o infectologista Marcelo Otsuka. Segundo ele, a covid é a "principal causa infecciosa de óbito em criança".

Para crianças e adolescentes, a infecção traz um risco a mais: a síndrome inflamatória multissistêmica. Embora os casos sejam raros, o Ministério da Saúde alerta que, na maior parte das vezes, "é um quadro grave, que requer hospitalização" e, algumas vezes, "pode ter desfecho fatal". Na pandemia, foram confirmados 1.940 casos de SIM-P associado à covid, com 133 óbitos.

A síndrome é uma resposta inflamatória tardia e exacerbada, que ocorre após a infecção - em geral, dias ou semanas após a covid. Os sintomas podem incluir febre persistente, sintomas gastrointestinais, conjuntivite bilateral não purulenta,

E há ainda perigos da covid longa. "Com persistência de sintomas respiratórios por tempo prolongado; alterações neurológicas, como de humor, depressão, ansiedade; alteração de sono; cognitivas também, como dificuldade de concentração e perda de memória", diz Oliveira Júnior.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) defendeu, nesta sexta-feira (11), o incremento da vacinação, a volta do uso de máscaras e outras medidas para evitar que o cenário atual de alta nos casos de Covid-19 traga um possível aumento de internações, superlotação nos hospitais e mais mortes no futuro. 

A entidade divulgou nota técnica de alerta, elaborada por seu Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias e assinada pelo presidente da SBI, Alberto Chebabo. 

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"Pelo menos em quatro estados da federação, já se verifica com preocupação uma tendência de curva em aceleração importante de casos novos de infecção pelo SARS-COV-2 quando comparado com o mês anterior", diz o texto, baseado nos dados divulgados ontem (10) no Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz. 

A SBI alerta que o cenário é decorrente da subvariante Ômicron BQ.1 e outras variantes e pede que o Ministério da Saúde, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenham atenção especial às medidas sugeridas.   

O primeiro ponto levantado pela sociedade científica é que é preciso incrementar as taxas de vacinação contra a covid-19, principalmente nas diferentes doses de reforço. A SBI avalia que as coberturas se encontram, todas, em níveis ainda insatisfatórios nos públicos-alvo. 

Os infectologistas recomendam também garantir a aquisição de doses suficientes de vacina para imunizar todas as crianças de 6 meses a 5 anos de idade, independente da presença de comorbidades. Até o momento, a vacinação da faixa de 6 meses a 3 anos ainda está restrita a crianças com comorbidades, e o Ministério da Saúde iniciou ontem (10) a distribuição de 1 milhão de doses de vacinas destinadas a elas. 

A SBI também pede a rápida aprovação e acesso às vacinas covid-19 bivalentes de segunda geração, atualizadas com as novas variantes, que estão atualmente em análise pela Anvisa. Procurada pela Agência Brasil, a agência respondeu que os processos estão em fase final de análise, e é esperado que a deliberação ocorra em breve, embora não haja uma data fixada para isso. 

"A Agência Nacional de Vigilância Sanitária continua trabalhando na análise dos pedidos de uso emergencial das novas versões de vacina contra a covid-19 do laboratório Pfizer contendo as subvariantes BA.1 e BA.4 /BA.5. Os processos passaram pelas etapas de análise dos dados submetidos à agência, questionamentos da agência e esclarecimentos dos fabricantes, bem como discussão com sociedades médicas brasileiras. A equipe técnica da agência já recebeu os pareceres de especialistas das sociedades médicas sobre ambas as vacinas bivalentes da Pfizer", detalhou a Anvisa. 

O quarto ponto levantado pelos infectologistas é a necessidade de disponibilizar nas redes pública e privada as medicações já aprovadas pela Anvisa para o tratamento e prevenção da covid-19, como o paxlovid e o molnupiravir, medida que ainda não se concretizou após mais de seis meses da licença para esses fármacos no Brasil, ressalta a SBI. A Agência Brasil perguntou ao Ministério da Saúde se essas medicações já estão disponíveis, mas não recebeu resposta até o fechamento desta reportagem. 

O quinto ponto diz respeito às medidas de prevenção chamadas não farmacológicas. A SBI defende a volta do uso de máscaras e do distanciamento social para evitar situações de aglomeração, principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos. 

A SBI pede que as medidas sugeridas sejam tomadas com brevidade, para otimizar as tecnologias de prevenção e tratamento já disponíveis e reduzir a chance de um possível impacto futuro de óbitos e superlotação dos serviços de saúde públicos e privados por casos graves de covid-19.

Desde o início da pandemia, os idosos tendiam a ser os pacientes mais graves de Covid-19. Com vacinas aprovadas para a maioria das faixas etárias, esse cenário mudou. O número de bebês e crianças de até cinco anos hospitalizados entre 14 de agosto e 10 de setembro foi de 678, o que equivale a quase o dobro dos internados com mais de 60 anos, que foram 387. A situação é diferente do primeiro semestre; período em que foram registradas 90.206 hospitalizações de maiores de 60 anos e de 7.809 menores de cinco.

No primeiro semestre deste ano, de cada 50 pessoas internadas por complicações causadas pela covid-19, três eram crianças menores de cinco anos. Depois do mês de julho, essa faixa etária passou a representar duas de cada cinco internações. Os dados são do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), uma iniciativa de divulgação científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e foram embasados pelos Boletins Epidemiológicos Especiais do Ministério da Saúde.

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Em janeiro, o governo de São Paulo informou que as internações de crianças e adolescentes em leitos de UTI pelo coronavírus no Estado haviam aumentado 61% nos últimos dois meses, atingindo uma ocupação de leitos pediátricos de 60%. O anúncio foi feito quatro dias depois do início da imunização da faixa etária de cinco a 11 anos.

Segundo a Fiocruz, conforme os índices de vacinação entre adolescentes, adultos e idosos aumenta, as taxas de mortalidade e hospitalização em todas essas faixas diminuem, mas essa diminuição é mais lenta entre os bebês e crianças pequenas. Entre os idosos, houve redução de 325% na média diária de óbitos por covid-19, e de 250% entre os menores de cinco anos.

No dia 13 de julho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial da vacina Coronavac para crianças de três e quatro anos, mas, até 23 de setembro, somente 2,5% desse grupo populacional havia recebido as duas doses da vacina. Para bebês de seis meses a dois anos, a Anvisa aprovou o uso de uma dose diferente do imunizante da Pfizer no dia 16 de setembro.

Vacinação infantil avança devagar

Em junho, quando as crianças com menos de cinco anos ainda não contavam com uma vacina aprovada para sua faixa etária, o Observa Infância divulgou uma pesquisa que indicava que, desde março de 2020, em média duas crianças nessa faixa de idade morriam da doença no País.

Em agosto, quando crianças a partir dos três anos já podiam ser vacinadas, o consórcio de veículos de imprensa apurou que de cada três crianças entre os três e os 11 anos, apenas uma estava com o esquema vacinal completo e metade não havia recebido nem a primeira dose do imunizante. O cenário é atribuído por especialistas a fatores como a falta de doses disponíveis em alguns Estados e a desconfiança dos pais sobre a aplicação da vacina em crianças.

Conforme a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, consideram-se imunizadas todas as pessoas acima de 18 anos com três doses de vacina. "Essa porcentagem já é baixa, menor que 80%, e particularmente reduzida abaixo de 40 anos. Com isso, a gente pode antever que, se as pessoas de 20 a 40 anos não fizeram sua dose adicional, a chance de levarem seus filhos para serem vacinados acaba se tornando muito remota." E há riscos. "Os pediatras compartilham conosco a grande preocupação com os pais que se recusam a vacinar as crianças por não terem a percepção da gravidade da covid nas crianças, o quanto pode afetar em relação a casos graves e ser causa de morte, ou da covid longa."

O mesmo alerta é feito pelo presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. "Só em 2022, tivemos 15 mil hospitalizações de crianças e adolescentes por covid e já são 638 óbitos. Se pegarmos de março de 2020 a junho de 22, vamos ter mais de 50 mil internações e cerca de 2.500 óbitos. Infelizmente a desinformação e a fake news contribuíram muito para esses números", disse.

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TRATATIVAS

Sobre a falta da Coronavac, fabricada no Brasil pelo Butantan, o instituto paulista informou que, após a aprovação pela Anvisa da vacina para crianças dos 3 aos 5 anos, já importa a quantidade de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) para produzir as doses e atender ao esquema vacinal primário completo de toda a população brasileira desta faixa etária. A decisão foi tomada para ofertar o mais rápido possível o imunizante ao Ministério da Saúde.

A previsão de entrega pelo instituto de São Paulo é em meados de setembro. "O Butantan dialoga constantemente com o Ministério e aguarda posicionamento oficial da pasta sobre as ofertas de venda."

O Ministério da Saúde informou que está em tratativas para aquisição do imunizante com maior celeridade, de acordo com a disponibilidade dos fornecedores. "A pasta reitera a disponibilidade de outras vacinas contra a Covid-19 para o público acima de 5 anos e reforça a necessidade de Estados e municípios cumprirem as orientações pactuadas para a imunização", disse.

Informou ainda que acompanha com atenção o andamento da vacinação, já distribuiu mais de 519 milhões de doses e ressalta que o Brasil tem uma das maiores taxas de cobertura.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Luciano Szafir concedeu uma entrevista ao veículo O Globo e relembrou os momentos assustadores durante as suas internações por conta das complicações da Covid-19.

Aos 53 anos de idade, o artista contou que viu a morte de perto duas vezes, confessou que está com trauma de hospitais e, no final, afirmou que agora sabe o valor da vida.

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"Eu passei 29 dias deitado ou sentado olhando para o teto. Claro, fazia fisioterapia durante uma hora por dia, mas depois voltava a deitar ou sentar na maca sem respirar um ar puro. Se contar todo o meu período em hospitais, eu passei 70 dias dentro deles. Eu não pretendo passar por um bom tempo nem para visitar alguém", disse.

De três internações, Luciano confessou que a retirada da bolsa de colostomia foi a mais difícil.

"Depois da cirurgia, eu já estava no quarto, começando a me alimentar, prestes a receber alta, uma das alças do meu intestino inflamou e a comida que eu coloquei para dentro ficou entupida. Passei muito mal, precisei vomitar, mas não foi o suficiente, colocaram uma sonda em mim. Um cabo, de cerca de 60 centímetros. Os médicos introduziram pela minha narina até a região da garganta. De lá, eu precisei fazer movimentos peristálticos para engolir o tubo, que tem a grossura de um canudo de milkshake, até chegar no estômago. Fiquei uma semana com essa sonda, sem me alimentar direito, sem dormir, foi desesperador. E isso precisava ser feito para desinflamar as alças e fazer com que o órgão voltasse a funcionar normalmente. Foi doloroso, duro e muito difícil", detalhou.

Em seguida, o artista revelou os dois momentos que achou que iria morrer. A primeira aconteceu em sua primeira internação.

"Eu estava no CTI, eram duas da manhã, tomei meu remédio, dei boa noite para todo mundo e dormi. Quando abri o olho, havia uns quatro médicos em volta de mim. Acordei sentindo uma dor no peito absurda. No quadro, onde fica os batimentos cardíacos, estava marcando 180. O normal acelerado era 70. Os meus batimentos cardíacos chegaram nos 202, antes de pararem. Eu ouvi aquele som contínuo da máquina, o mesmo que escutamos nos filmes quando o personagem morre. Eu só pensava que a qualquer momento as luzes se apagariam. Eu estava totalmente consciente, quase quebrei a mão da doutora de tanto que eu a apertava. Foram os dez piores segundos da minha vida. E do nada a máquina começou a contar os batimentos novamente, até parar no 80. O meu coração foi desligado. É uma sensação de pular do precipício sem paraquedas", disse.

Já o segundo momento ocorreu durante a retirada da bolsa de colostomia: "Eu acabei pegando um trauma muito grande de hospital e internação. A todo o momento, desde que eu entrei no hospital, tive medo de morrer. A cada dez minutos, eu não sabia se eu sobreviveria outros dez".

Szafir fala sobre a recuperação

Após a alta, Luciano está seguindo uma dieta bem restritiva: "Como fiquei muito tempo sem colocar uma comida ou bebida na boca, o simples fato de comer uma sopa já está sendo delicioso. Mas não vou mentir, sinto falta de um bom e belo prato de arroz e feijão, daqueles bem grande e temperado para comer de colher".

No final, o artista refletiu sobre a importância de sua vida e o amor pela família: "Depois disso vou cuidar da minha saúde, seja por meio da fisioterapia, ginástica, musculação. As reuniões de trabalho ou gravações serão só a partir das 11h, e vou parar definitivamente às 19h. Quero aproveitar ao máximo ao lado das pessoas que eu amo, dizer 'não' sem medo de me preocupar com o que as pessoas vão pensar sobre mim. Acho que isso foi a grande mudança que aconteceu comigo: eu parei de me preocupar mais com os outros e passei a me preocupar mais com a minha família e comigo. Eu quero viver para quero ver meus filhos envelhecerem, se casarem. Vi a Sasha recentemente, e agora faltam os outros dois. Quando estou nessa posição, me lembro da minha mãe que já enterrou uma filha, minha irmã mais velha, nos meus três filhos, na minha esposa, meus irmãos. Eu amo a família intensamente, isso me dá forças para passar por qualquer obstáculo por pior que ele seja. Hoje eu sei o quanto a vida é valiosa".

Uma mudança no perfil dos pacientes hospitalizados com covid-19 neste ano é o destaque do último boletim epidemiológico feito pelo Núcleo de Inteligência Médica do HCor (antigo Hospital do Coração), obtido com exclusividade pelo Estadão.

A análise comparou o total de 2.277 internados entre 2020 e 2021 com os 423 pacientes hospitalizados em 2022. O resultado aponta o aumento da idade média e da proporção de comorbidades apresentadas pelos doentes.

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Do início da pandemia até o ano passado, a idade média dos pacientes hospitalizados era de 61,7. Em 2022, houve o acréscimo de uma década (71 anos). Ao mesmo tempo, a grande maioria (91,9%) dos internados apresenta três ou mais comorbidades. Até o ano passado, esse índice era de 64,4%.

"Podemos inferir que a vacina cumpriu o papel de reduzir os casos graves de covid-19 porque as pessoas com menos comorbidades praticamente desapareceram do hospital", diz a epidemiologista Suzana Alves da Silva, coordenadora do Núcleo de Inteligência Médica do Hcor.

Apesar do perfil de maior risco da maioria dos internados em 2022, a necessidade de UTI diminuiu de 37,1% para 29,1%, enquanto a de ventilação mecânica caiu de 8,3% para 5,2%.

"Essa tendência mostra que as vacinas continuam tendo um bom efeito protetor contra a covid-19, mesmo na onda Ômicron", afirma Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). "Estudos recentes indicam que as vacinas também reduzem sequelas da infecção pela atual variante".

SEM VACINA

Entre os hospitalizados no HCor neste ano, 31,8% não haviam recebido uma dose sequer da vacina. A taxa de letalidade foi de 5,5% entre os vacinados e de 9,9% entre os não vacinados. "Minha percepção pessoal é a de que boa parte da população ainda tem grande desconfiança em relação aos eventos adversos", afirma a médica. "As pessoas precisam entender que a mortalidade e a taxa de internação despencaram depois da vacinação. Essa é uma ótima notícia. O benefício da imunização supera em muito qualquer risco que ela possa trazer", ressalta Suzana.

Ainda segundo a médica, é fundamental que pacientes de risco e seus familiares entendam a importância da vacinação. Um exemplo da proteção conferida pelas doses é que os óbitos no hospital praticamente zeraram entre os pacientes acima de 40 anos com uma ou duas comorbidades. Atualmente, as mortes na instituição ocorrem em pacientes com múltiplas doenças e acima de 80 anos. "Em 2022, tivemos um aumento expressivo de mortes de pessoas que estavam em cuidados paliativos. Até o ano passado, esse grupo representava 12% dos óbitos. Agora ele é de 19%", salienta a médica.

PRONTO-SOCORRO

Nas últimas duas semanas, a covid-19 e outras doenças respiratórias aumentaram a procura pelos serviços de urgência e emergência na capital e no interior de São Paulo. No HCor não foi diferente. A taxa de positividade para covid-19 das pessoas testadas no hospital aumentou de 32% em abril para 62% em junho. Dos pacientes atendidos no pronto-socorro gripário em abril, 7% precisaram ser internados. Em junho, o índice subiu para 9%.

Embora a Ômicron pareça causar doença menos grave nas pessoas, a transmissibilidade é alta. A médica, dessa maneira, aconselha que as pessoas não descuidem das medidas de prevenção: lavagem das mãos e uso de máscara em ambientes fechados e também em locais abertos, em caso de aglomeração.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dos mais tradicionais da capital paulista, o Hospital Sírio-Libanês voltou a destinar alas inteiras a pacientes com covid-19 diante da alta de internações. Atualmente, são 43 pessoas hospitalizadas com a doença no hospital, sendo seis delas em leitos de unidades de terapia intensiva (UTI). Há duas semanas, no dia 24 de maio, eram 22 internados, sendo quatro em leitos de UTI.

Os números seguem abaixo do pico de janeiro, em que o hospital paulistano chegou a ter cerca de 130 pacientes internados pela doença, mas têm demandado maior atenção da direção da instituição.

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Diante da alta, o Sírio-Libanês passou a dedicar uma ala inteira com dez leitos de UTI e outra com 24 leitos de enfermaria exclusivamente para pacientes com a doença, medida que não era adotada desde abril. Se os casos continuarem avançado, podem ser dedicadas ainda outras unidades inteiras só para pacientes de covid, informou em entrevista ao Estadão o gerente de Pacientes Internados e Práticas Médicas do Sírio-Libanês, Felipe Duarte.

"O Sírio tem algo em torno de 490 leitos. Se os casos continuarem aumentando, a gente vai ter que destinar outras unidades. Esse plano já existe, está combinado entre as equipes, e a gente vai ajeitando a demanda conforme a necessidade. Talvez suba um pouco mais, mas não é o que a gente espera. A gente não espera uma nova avalanche. O que temos que reforçar sempre é para a população tomar a dose prevista para o calendário vacinal. Isso é muito importante para evitar o contágio e o avanço da covid", afirmou Duarte.

Em um período de um mês, o número de internados por covid-19 subiu até 275% em hospitais privados de São Paulo. A maior variação foi registrada no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, mas também houve aumentos expressivos em hospitais como o Albert Einstein e o Sírio-Libanês. Nas redes municipal e estadual, os hospitalizados por covid mais do que dobraram no mesmo intervalo de tempo.

Apesar do cenário de alta, os números ainda seguem distantes do pico da variante Ômicron, no começo do ano. Com o avanço da vacinação, especialistas dizem que há risco bem menor de saltar a quantidade de pacientes graves. Mas, diante do avanço da transmissão, o comitê científico do governo estadual recomendou a volta do uso de máscaras em ambientes fechados. A proteção, porém, será exigido por lei só em unidades de saúde e no transporte público.

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O Hospital Alemão Oswaldo Cruz contabilizou oito pacientes internados por quadro suspeito ou confirmado de covid no dia 30 de abril. Um mês depois, passaram a ser 30 pacientes, o que representa aumento de 275%. Apesar da alta, a situação não tem sobrecarregado leitos para atendimento no hospital. "O gerenciamento de leitos envolve um processo dinâmico, permitindo a abertura de novos leitos de internação e de UTI de acordo com as demandas da instituição", informou o Oswaldo Cruz.

No Hospital Sírio-Libanês, 11 pacientes estavam internados com suspeita ou confirmação de covid no final de abril, entre leitos de enfermaria e de UTI. Após um mês, o número de hospitalizados saltou para 30. Ainda com a alta, o patamar segue distante do apresentado no final de janeiro, pico da variante Ômicron. Na ocasião, o hospital tinha 115 hospitalizados com a doença, quase quatro vezes o valor atual.

Já o Hospital Albert Einstein atendia naquela mesma época 139 pacientes internados com a covid-19. Com a melhora da pandemia, esse número caiu para 10 no dia 30 de abril. Um mês depois, as hospitalizações pela doença praticamente triplicaram e estão atualmente em 29. Houve, portanto, reversão na tendência de queda.

No Hospital 9 de Julho, entre casos suspeitos e confirmados de covid, 11 pacientes estavam internados em 30 de abril. Após um mês, o número mais do que dobrou e passou a ser de 25 hospitalizados. Conforme o hospital, a taxa de positividade para covid no pronto-socorro também apresentou aumento - de 10%, em abril, para 31%, no último mês.

Com a melhora da pandemia, grande parte dos hospitais passou a desmobilizar os leitos destinados a pacientes de covid. Pesquisa do Sindicato dos Hospitais Privados de São Paulo (SindHosp) realizada entre 29 de abril a 12 de maio indica que 91,78% dos hospitais do Estado reduziram o número de leitos para tratamento da covid nos últimos 30 dias.

Como principal causa, estaria a queda nas taxas de ocupação. O levantamento, que reuniu dados de 76 hospitais privados, apontou que no começo de maio a ocupação de leitos para covid - o que inclui tanto os clínicos quanto os de UTI - era inferior a 20% em mais de 93% das instituições, o que permitiu que os hospitais atacassem outras frentes. Com o aumento de casos de coronavírus, a atenção deve voltar a ser dividida.

Dados da Fundação Seade indicam que a média móvel de novas internações por covid ou suspeita da doença no Estado saltou de 171, em 30 abril, para 374, em 30 de maio. Os números representam alta de 118,7%, apesar de seguirem bem abaixo do pico da variante Ômicron. Em 29 de janeiro, a média móvel de novas hospitalizações chegou a ficar em 1.521 no Estado, número três vezes maior do que o índice atual.

Como mostrou o Estadão nesta terça, a capital paulista teve aumento de 251,8% no total de internados na rede municipal com o coronavírus em leitos de enfermaria e de UTI no último mês. Entre 30 de abril e segunda-feira, 30, o total saltou de 56 para 197. O número também segue abaixo do registrado no fim de janeiro, quando o surto da Ômicron provocou 873 internações na rede.

Casos têm sido marcados por forte tosse, dor de cabeça e dor de garganta, diz médico do Emílio Ribas

No Instituto de Infectologia Emílio Ribas, 26 pacientes com casos confirmados de covid foram atendidos na semana que foi do dia 9 a 15 de janeiro. Na última semana de abril, entre os dias 24 e 30, foram cinco. Depois, 19 hospitalizados tiveram diagnósticos positivos para covid na semana entre os dias 22 a 28 de maio.

"Existe um claro aumento do número de casos de covid", disse o médico infectologista Jamal Suleiman ao Estadão. Ele alerta que o cenário atual requer atenção ainda que a demanda por leitos de alta gravidade esteja distante do pico do início do ano. "O vírus circula, tem pessoas vulneráveis", destacou.

Suleiman explica que a interrupção na tendência de queda começou a ser observada no hospital há cerca de quatro semanas e diz ainda não ser possível ver um platô, quando há estabilização das curvas. Como causas do cenário atual, aponta principalmente o encerramento de medidas não farmacológicas. "O que fez a retomada dos casos foi abolir completamente as estratégias de proteção, como a não exigência de máscara."

Os acessórios de proteção deixaram de ser obrigatórios em ambientes fechados em São Paulo a partir de 17 de março. Nesta terça-feira, o Comitê Científico, grupo que assessora o governo de São Paulo sobre as ações adotadas durante a pandemia, voltou a recomendar o uso de máscaras de proteção em ambientes fechados no Estado, mas não alterou a legislação vigente.

Segundo o médico, grande parte dos casos tratados no Emílio Ribas são da BA.2, subvariante da Ômicron. "Essa subvariante, em especial, dá muita dor de cabeça, muita dor de garganta e muita tosse", explicou. Além disso, Suleiman reforçou que a BA.2 "tem uma capacidade de infectividade alta", o que seria uma preocupação a mais.

Diante desse contexto, o médico reforçou a importância de a população completar o esquema vacinal para diminuir os riscos não só de contaminação, mas de que a doença evolua para quadros graves. Destacou ainda que manter o uso de máscara, sobretudo em ambientes fechados ou com aglomeração de pessoas, pode fazer a diferença.

A capital paulista registrou aumento de 251,8% no total de internados com coronavírus em leitos de enfermaria e de UTI na rede municipal no último mês. Entre 30 de abril e na segunda-feira (30) o total saltou de 56 para 197, tanto em leitos comuns quanto na terapia intensiva.

Apesar da alta, o número ainda está bem abaixo do registrado em 30 de janeiro, quando o surto da variante Ômicron provocou 873 internações. Segundo especialistas, a vacinação tem evitado a explosão de casos graves, mas permanece a necessidade de cuidados, sobretudo para proteger os mais vulneráveis, como idosos e doentes crônicos.

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Nesta segunda-feira, São Paulo teve 86 internados por covid em leitos de UTI e outros 111 na enfermaria. As taxas de ocupação em cada modalidade são de 48% e 38%, respectivamente, o que também está abaixo das registradas em janeiro, quando eram de 69% e 68% e a rede contava com 810 vagas a mais do que o total de hoje para a doença.

O aumento de internações na capital ocorre poucos dias após a Prefeitura ter desobrigado o uso de máscara em corridas de táxi e carros por aplicativo. Paralelamente, o Município começou a aplicar a terceira dose da vacina em adolescentes dos 12 aos 17 anos, para ampliar a parcela da população com o reforço do imunizante. Pelo País, o aumento gradual na média móvel de testes positivos tem impulsionado uma retomada das recomendações para uso de máscara em locais fechados e nas escolas.

Municípios como Curitiba (PR), São Bernardo do Campo, Santo André e São Caetano do Sul (SP) são alguns dos que voltaram a recomendar a proteção facial para tentar impedir o avanço do contágio. Boletim InfoGripe da Fiocruz, de quinta-feira, já sinalizava aumento dos casos de Covid-19 em todas as regiões do País. Das 27 unidades federativas, 18 apresentaram crescimento no longo prazo (seis semanas).

A Secretaria Municipal da Saúde da capital confirma a tendência de aumento. Em nota, sobre o uso de máscaras, explica que está vigente o Decreto 61.149, de 17 de março de 2022, que dispensa a obrigatoriedade, com exceção dos locais de prestação dos serviços de saúde e dos meios de transporte.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ivermectina não se mostrou eficaz para evitar que pacientes com covid-19 fossem internados, de acordo com o resultado de um grande ensaio clínico publicado nesta quarta-feira, 30. A pesquisa envolveu 1.358 pessoas infectadas pelo novo coronavírus de 12 cidades de Minas Gerais. Os resultados foram publicadas no The New England Journal of Medicine.

Pesquisadores realizaram um estudo duplo-cego, com pacientes que tiveram sintomas de covid-19 por até sete dias entre 23 de março de 2021 e 6 de agosto de 2021, principal pico de mortes da pandemia no Brasil. Metade foi aleatoriamente designada para ser medicada com ivermectina (679 pacientes) e outra metade recebeu placebo (679 pacientes).

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"O resultado demonstrou que nós não tivemos nenhuma sinalização de benefício da medicação para tratar a covid", diz em entrevista ao Estadão o pesquisador e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) Gilmar Reis, que liderou o estudo.

Voluntários que tomaram ivermectina nos primeiros três dias após um teste positivo de coronavírus, inclusive, tiveram resultados piores do que os do grupo placebo. O estudo foi revisado por pares antes de ser publicado no periódico científico.

A ivermectina normalmente é usada como medicamento antiparasitário e demonstrou ter eficácia clínica no tratamento contra oncocercose (infecção por verme), estrongiloidíase (infecção intestinal) e sarna. No início da pandemia, pesquisadores passaram a testar vários medicamentos contra o covid-19 e surgiu a hipótese de que a ivermectina poderia bloquear o coronavírus, o que não se confirmou.

Ideologização

"Vimos grande ideologização da ivermectina no nosso país, e também nos Estados Unidos. Hoje, no Brasil, isso reduziu muito, mas nos Estados Unidos continua muito intensa", diz o pesquisador. "Então, nós julgamos que tínhamos todos os pressupostos para estudar o medicamento."

A motivação para ir atrás desses resultados, explica Reis, partiu também de uma inquietação por um remédio para combater a doença. "O mundo está numa corrida contra o tempo na tentativa de encontrar terapêuticas para a covid. Nós entendemos que diante da pandemia, a gente precisava dar respostas rápidas, consistentes e robustas", explica.

"Para isso, desenvolvemos uma rede de colaboração. Fiz o desenho do protocolo de pesquisa e recebemos as aprovações regulatórias", acrescenta Reis. Conduzido em pacientes da rede pública, o estudo contou com o auxílio de prefeitos e secretários de Saúde. Para dar consistência à parte metodológico, teve apoio ainda de pesquisadores de universidades como a McMaster, do Canadá, e a de Stanford, nos Estados Unidos.

Segundo o pesquisador, a expectativa agora é que os resultados obtidos pelo estudo gerem efeitos no tratamento da covid. "Com certeza, em diversas partes do mundo, vão parar de consumir ivermectina", aponta Reis.

"Agora que as pessoas podem mergulhar nos detalhes e nos dados, esperamos que isso desvie a maioria dos médicos da ivermectina para outras terapias", disse David Boulware, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Minnesota, ao jornal The New York Times.

A demanda por internações para pacientes da Covid-19 pode ter caído no Rio de Janeiro com a aplicação de vacinas em adolescentes. Após receber as doses, maiores de 12 anos foram a parcela mínima de hospitalizações em duas unidades de saúde acompanhadas por pesquisadores.

O estudo assinado por cinco brasileiros utilizou 300 pacientes menores de 18 anos atendidos no hospital Prontobaby e no Centro Pediátrico da Lagoa.

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Dados do Ministério da Saúde usados na pesquisa apontam que 1.422 crianças morreram de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) até 3 de dezembro do ano passado, equivalente a 0,38% das mortes relacionadas a Covid-19.

Quando ainda não havia imunizantes aos menores de 18 anos, 240 crianças e adolescentes deram entrada nas unidades. O índice caiu gradativamente com a campanha e, a partir de janeiro deste ano, imunizados na faixa etária representavam dois em cada 60 internados.

"Muito poucas crianças [foram] internadas maiores de 12 anos, apenas cinco. E dessas cinco, só duas tinham recebido esquema completo. Ou seja, das 60 crianças que foram internadas, 58 não tinham as doses do calendário", comentou o infectologista pediátrico e professor da faculdade de medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), André Ricardo da Silva, a Folha de S. Paulo.

Apesar dos indícios materiais, a pesquisa ainda vai passar por revisão.

O número de adolescentes internados e atendidos nas unidades da Fundação Casa em São Paulo caiu pela metade entre 2013 e o ano passado. A quantidade de jovens infratores saiu de 8,7 mil há oito anos, com pico de 10,5 mil 2014, para cerca de 4,5 mil no fim do ano passado. A tendência tem feito com que o governo paulista feche parte das unidades. Cinco tiveram as atividades encerradas na semana passada, elevando para 30 o número de centros desativados.

A fundação atribui a queda a quatro fatores: melhora geral dos indicadores de criminalidade no Estado; adoção de medidas alternativas pelo Judiciário; envelhecimento da população; e atividades para reduzir a reincidência, como capacitar jovens para o mercado de trabalho. Especialistas destacam ainda a pandemia, com isolamento social e menor circulação nas ruas. Além disso, ponderam que é difícil prever se o cenário de diminuição acentuada se manterá após a covid-19 e temem que as unidades fechadas façam falta no futuro.

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A internação é a pena máxima que pode ser aplicada a adolescentes condenados por atos análogos a crimes graves - vai até três anos. O perfil dos jovens da fundação mostra que a maioria (48,37%) está lá por tráfico de drogas, seguido de roubo qualificado (34,32%).

"Antigamente, a gente tinha a Febem com unidades com grande quantidade de jovens, com rebeliões e agressões", disse ao Estadão o presidente da Fundação Casa e secretário da Justiça do Estado, Fernando José da Costa. "Isso foi completamente alterado na Fundação Casa. Deixamos de ter grandes centros para termos pequenos centros."

As últimas cinco unidades fechadas foram uma de São Vicente, que tinha 41,7% de ocupação; outra em Iaras, com 54,7%; uma unidade de semiliberdade Ibituruna, com 22,7%; além da Casa de Semiliberdade de Franca, com 35%, e outra do mesmo tipo em São Mateus, zona leste paulistana, com 25%. A rede da Fundação Casa conta com 7.582 vagas, em 47 cidades paulistas. A taxa de ocupação atual é de 60%.

Segundo Ariel de Castro Alves, advogado e membro do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, por trás da queda há uma mudança no fluxo da atuação policial por causa da pandemia e um novo entendimento do Judiciário, que "tem internado menos e aplicados mais medidas alternativas, como a liberdade assistida e a prestação de serviços à comunidade".

RECOMENDAÇÕES

Em 2020, decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin estabeleceu limites para medidas judiciais socioeducativas contra adolescentes para impedir eventual superpopulação nos centros de recuperação. Se não houver espaço adequado, conforme a decisão, os adolescentes devem ter "internação domiciliar". Também naquele ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recomendou a revisão emergencial de processos de pessoas privadas de liberdade, diante do risco de transmissão da covid-19 em presídios e unidades de internação.

Conforme Walter Godoy, juiz auxiliar da presidência do CNJ, as norma nacionais e internacionais observadas pelo Brasil consideram a privação de liberdade de adolescentes medida excepcional, que deve ser pelo menor tempo possível. "Além disso, com uma ocupação mais racional das unidades de internação, Judiciário e Executivo podem ter uma atuação mais qualificada no acompanhamento desses adolescentes e investir em métodos alternativos de responsabilização que se fizerem necessários", aponta. Segundo ele, o decréscimo de jovens internados é visto em outros Estados - os cadastros nacionais não permitem fazer séries históricas.

"São vários os fatores que provocam essa redução da internação", afirma Mariana Chies-Santos, professora de Direito do Insper e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ela, a curva de alta de internações, que vinha desde 1990, mudou a partir de 2016. "Não sabemos ainda explicar porque isso demanda pesquisa em profundidade em todas as áreas do fluxo do sistema de Justiça, da apreensão ao julgamento final e adoção das medidas."

ENXUGAMENTO

O secretário Costa diz que a ideia do governo é manter a redução de custos para investir em outras áreas do sistema. "A pedido do governador João Doria, reduzimos as diretorias regionais de 11 para 8, encerramos parcerias com ONGs e reduzimos também o número de servidores, com programas de demissão incentivadas. Tínhamos 11,5 mil servidores para 10,5 mil jovens internados. Hoje não precisamos mais desse volume. Já baixamos em mil servidores e temos um novo programa de demissões incentivadas para mais mil, para chegar a 9,5 mil funcionários."

Segundo a fundação, todos os adolescentes atendidos nos locais desativados foram transferidos para outros centros socioeducativos mais próximos de sua casa. A instituição diz que não haverá prejuízo aos servidores e afirma que a maior parte foi realocada em centros preferencialmente próximos às suas residências, de acordo com processo de escolha, possibilitando a todos a manifestação de seu interesse.

Ariel de Castro Alves lembra que a lei prevê que o adolescente deve ficar internado perto de onde vive a família. Para ele, a transferência de unidades pode dificultar a ressocialização. "Tememos que a diminuição seja temporária, em razão da pandemia, mas que, depois, a fundação precise reabrir as unidades", diz. "Se ela se desfizer dos imóveis, terá dificuldade de reabertura e podemos ter a volta da superlotação de algumas unidades."

Uma das novas ações no setor é o programa Minha Oportunidade, da ONG Rede Cidadã, com foco em preparar internos para o mercado de trabalho. "Temos cerca de 800 adolescentes sendo capacitados, em 90 turmas", detalha Fernando Alves, fundador e diretor executivo da Rede Cidadã, que começou a atuar na Fundação Casa no último dia 24.

O programa envolve 244 profissionais treinados pela Rede Cidadã, entre analistas de desenvolvimento humano, psicólogos, assistentes sociais, para aplicar a metodologia socioemocional criada pela Rede. Até agora, 142 profissionais atuam diretamente na capacitação e 41, no acompanhamento.

O programa adotado em São Paulo já atende adolescentes de Minas há quatro anos, e foi usado no Ceará, de acordo com o dirigente da Rede Cidadã. Segundo o secretário de Justiça, a Rede Cidadã foi escolhida para o trabalho entre seis propostas. A ONG vai operar por 22 meses. O investimento do Estado é de cerca de R$ 25 milhões para a organização estudar quais empresas podem atender os egressos em parceria com a fundação.

A psicóloga Elaine Straub da Rocha, que trabalha com adolescentes em Sorocaba, encaminhou denúncia ao Ministério Público em que alega tentativa de "terceirização" das atividades da fundação, o que o órgão estadual nega. O documento afirma que os servidores sofrem com os impactos de transferências de locais de trabalho. Elaine critica ainda o custo-benefício dos convênios contratados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O coordenador executivo do Comitê Científico de Combate à Covid-19 do Estado de São Paulo, João Gabbardo, afirmou que o pico de internações pela doença no Estado deve ocorrer em até três semanas. Com avanço da variante Ômicron, a ocupação de leitos deve continuar a piorar nas próximas semanas, com uma situação "mais tranquila" em março, avaliou o coordenador.

"O Comitê Científico trabalha com uma expectativa de que nós ainda vamos piorar por duas semanas, nós vamos aumentar muito o número de casos. O nosso pico de internações e uso de leitos de Unidade de Terapia Intensiva UTI deve ocorrer em três semanas, aí pelo dia 20 de fevereiro vamos começar a reduzir a ocupação desses leitos e em março vamos estar em uma situação mais tranquila", disse Gabbardo, em entrevista à CNN na manhã desta sexta-feira.

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Mesmo com o cenário de aumento de internações, o coordenador descartou a necessidade de adoção de lockdown devido à alta disseminação da doença. Gabbardo justificou que não há risco de "desassistência" afirmando que São Paulo é capaz de aumentar os leitos na medida da necessidade. "Nós não vamos passar de cinco mil leitos para 15 leitos, até porque não seria necessário", disse, ressaltando que a expectativa do governo é que o número de internados fique em torno 6 mil pacientes.

Sobre o aumento na taxa de ocupação dos leitos, que atualmente na Grande São Paulo é de 74,4%, o coordenador justificou que existe um outro perfil de internados no Estado. "O que acontece agora é que as pessoas estão internadas por outras razões, pelas situações clínicas delas, na cardiologia, na neurologia", disse.

"Quarenta por cento da população hoje apresenta teste positivo para covid mesmo sem ter sintomas, e quando chega no hospital, faz o teste e esse pessoa vai ter o teste positivo para covid, então ela tem que ser deslocada para um leito de covid, e vai aparecer como uma interação por covid, porque efetivamente ela está com covid, mas ela não está no hospital pelos sintomas da covid, ela está no hospital por outras razões", justificou.

Vacina

Em incentivo à vacinação, o coordenador censurou aqueles que ainda não completaram o ciclo vacinal. "Quem ainda não tomou a dose de reforço está perdendo tempo, está fazendo uma aposta para ver quem chega primeiro no hospital". Gabbardo também avaliou que a vacinação contra a covid possa ser anual. "É bem provável que as pessoas uma vez por ano tomem uma vacina por covid, assim como a gente toma vacina por influenza", disse. "Talvez não seja necessário em toda a população, talvez seja necessário só nos grupos de maior risco", considerou.

A exemplo do que se viu na primeira quinzena deste mês, alguns dos principais hospitais privados de São Paulo seguem assistindo a uma alta de pacientes internados por Covid-19. Na comparação com duas semanas atrás, o Hospital Sírio-Libanês registrou o crescimento mais expressivo: o número de hospitalizados na capital paulista por infecção pelo coronavírus subiu 71%. Os hospitais Albert Einstein, São Camilo e Oswaldo Cruz também notificaram aumento.

Há 430 leitos ocupados por doenças diversas no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo neste momento. Em 115 desses, estão pacientes internados com covid-19, sendo 21 deles em unidades de terapia intensiva (UTI). A taxa de ocupação total da instituição é de 82%.

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Há cerca de duas semanas, no último dia 12, a quantidade de internados com covid no Sírio era de 67 pessoas. 11 desses pacientes, praticamente a metade de agora, estavam em UTI. Com 401 leitos ocupados, a taxa de ocupação do hospital na ocasião era de 81%, índice semelhante ao apresentado nesta semana.

Embora seja crescente, o número é inferior ao registrado nos piores momentos da pandemia. Em março de 2021, conforme noticiou o Estadão, o Sírio tinha 219 pacientes com confirmação ou suspeita de covid-19 (63 em UTIs). Naquela época, a campanha de vacinação ainda estava no início no Brasil.

No último dia 12, a unidade do Hospital Albert Einstein no Morumbi, zona oeste de São Paulo, tinha 91 pacientes internados com covid. Diante disso, cerca de 100 leitos foram colocados à disposição de pacientes com sintomas gripais. Nesta quarta-feira, 26, com o aumento de 53% nas hospitalizações pela doença - o número chegou a 139 -, a oferta de enfermarias para atender esses pacientes também está maior. Agora, são 153 vagas.

Em março de 2021, segundo reportava o Estadão, o Albert Einstein atendia 216 pacientes internados com diagnóstico confirmado para covid-19. Deste grupo, 112 ocupavam leitos de UTI e da unidade semi-intensiva.

A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo informou que nesta quarta-feira contava com 110 pacientes internados para tratamento de covid-19 em suas unidades, sendo 34 desse total em UTIs. Em 12 de janeiro, eram 86 internados (25 em UTIs). "Com as oscilações registradas, a taxa de ocupação total dos leitos se manteve em torno de 55% no mês", informou a rede.

"Em virtude do aumento da demanda de pacientes com covid e influenza, a Rede reforçou suas equipes de prontos-socorros, com o objetivo de otimizar os fluxos de triagem, reduzir o tempo de espera e ampliar a capacidade de atendimento a pacientes graves", acrescentou o São Camilo.

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz faz o acompanhamento de forma diferente, mas ainda assim indica alta expressiva. Entre os dias 1º e 12 de janeiro, 4,1 mil pacientes procuraram o pronto-atendimento da instituição com sintomas gripais. A positividade dos testes realizados foi de 47% para covid-19.

Segundo o hospital, cerca de 97% dos pacientes apresentaram sintomas leves, sem necessidade de internação, e 3% dos atendimentos evoluíram para internação. O número total de internados com covid até 12 de janeiro foi de 84. De 1º a 26 de janeiro, o número total de hospitalizações por covid no hospital passou a ser de 294. Houve, portanto, 210 novas internações pela doença do dia 12 até então.

O número de pacientes com Covid-19 internados em leitos de terapia intensiva (UTI) da rede municipal de saúde aumentou quase 600% em um mês em São Paulo. Segundo o boletim epidemiológico da capital, havia 363 pacientes em UTI nesta segunda-feira (24). Na mesma data do mês passado, o quantitativo era de 52.

Na semana passada, o número de internações em UTI Covid foi de 325. Isso significa que houve um aumento de pouco mais de 11% nos últimos sete dias.

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Desde o dia 17 de janeiro, o número de pacientes em leitos de terapia intensiva não fica abaixo de 320. Entre 24 de dezembro e 11 de janeiro, o número estava na casa das dezenas.

Atualmente, a taxa de ocupação das UTIs está em 72%. Esse porcentual, no entanto, também é influenciado pela quantidade de leitos abertos na cidade, que variou ao longo desses trinta dias.

Na segunda, 458 pacientes diagnosticados com Covid ocupavam leitos de enfermaria. Há um mês, esse número era de 126. Ou seja, um aumento de 263%.

O médico Gonzalo Vecina atribui o aumento das internações à transmissibilidade da variante Ômicron - que fez o número de casos de Covid explodir ao longo das últimas semanas. Além disso, a uma maior "permissividade" da população, principalmente dos mais jovens, que tem deixado cuidados não farmacológicos, como o uso de máscara e o exercício do distanciamento social, de lado.

"Mas isso não vai durar como foi com a (variante) Gama", avalia. Ele fala isso ao lembrar da expansão da Ômicron na África do Sul e na Europa.

Para ele, a "situação seria muito pior" sem o avanço da vacinação contra a Covid no País. O sanitarista avalia que boa parte das internações em terapia intensiva são de pessoas não vacinadas ou daquelas que não buscaram pela dose de reforço.

Com o espalhamento da variante Ômicron, as internações por covid-19 mais do que dobraram em ao menos três hospitais privados de São Paulo, na comparação com o final do ano passado. No Hospital Israelita Albert Einstein, a alta foi de 707%. Hospital Sírio-Libanês e Hospital Alemão Oswaldo Cruz também tiveram aumento.

O Hospital Israelita Albert Einstein informou que no dia 31 de dezembro tinha 14 pacientes internados por covid-19, sendo 11 deles em leitos clínicos e três em unidades de terapia intensiva (UTI). Ontem, o número de hospitalizados saltou para 99. Do total, são 81 em apartamentos e 18 em unidades de terapia intensiva e semi-intensiva. Três deles estão entubados.

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"Com a variante Gama, por volta de metade dos pacientes precisavam de terapia intensiva, era um quadro bem mais grave. Agora, são casos em que os pacientes têm principalmente uma gripe forte. Não chegam a ter pneumonia. Até tem casos, mas são mais raros", explica o superintendente e diretor médico do Hospital Albert Einstein, Miguel Cendoroglo Neto. "Em média, o paciente fica cerca de três, dois dias internado por covid (no Einstein). Há um ano, quando estava começando a subir a Gama, o índice estava em 9,5 dias. O quadro clínico é bem mais brando", acrescenta.

Aumento

O Hospital Sírio-Libanês, por sua vez, informou que as unidades de São Paulo tinham 27 pacientes internados com covid-19 no dia 31 de dezembro. Desse total, 22 pacientes estavam em enfermaria e outros cinco em leitos de UTI. Já em balanço feito na quarta-feira, o hospital contabilizou 67 pessoas hospitalizadas com a doença, 11 delas em UTI.

"Olhando por um panorama geral, o número de casos aumentou muito, é uma coisa notória. E quando a gente aumenta esse número absoluto de casos, por mais que eles aparentem ter um quadro clínico pouco severo, até por estarem associados a uma maior taxa de vacinação, a gente tem um aumento do número absoluto de hospitalizados", explica a infectologista do Hospital Sírio-Libanês, Carla Kobayashi.

A Rede D'Or São Luiz informou que seus hospitais na Grande São Paulo estão, em média, com um volume de atendimento em seus prontos-socorros 50% maior do que o habitual em semanas anteriores.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A rápida propagação da Ômicron causará "um grande número de hospitalizações" de pessoas com Covid-19, embora seja uma variante um pouco menos perigosa do que sua antecessora - advertiu o braço europeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira (28).

"Um rápido aumento da Ômicron, como o que observamos em vários países - embora combinado com uma doença ligeiramente menos grave -, provocará um grande número de hospitalizações, especialmente entre os não vacinados", afirmou Catherine Smallwood, uma das autoridades da OMS Europa.

Diante das incertezas sobre a nova variante detectada pela primeira vez no final de novembro na África do Sul, os países hesitam entre adotar fortes restrições ou uma estratégia mais flexível, devido aos sinais de menor gravidade da Ômicron.

"É muito cedo para dizer se a onda da Ômicron será mais ou menos grave do que a da delta", disse Smallwood, "embora os dados preliminares nas populações mais afetadas da Europa (Inglaterra, Escócia, Dinamarca) mostrem que a Ômicron pode dar lugar a um menor risco de hospitalização em comparação com a delta".

A especialista em resposta a emergências pediu que os dados preliminares sejam considerados "com cautela", já que, hoje, os casos observados se referem, principalmente, a "populações jovens e saudáveis em países com altas taxas de vacinação".

"Ainda não vimos o impacto que a Ômicron terá nos grupos mais vulneráveis, como os idosos que ainda não receberam a vacinação completa", insistiu a especialista.

Os primeiros estudos na África do Sul, na Escócia e na Inglaterra mostram que a Ômicron parece causar menos internações do que a variante delta.

Conforme esses dados, ainda muito incompletos e que devem ser tomados com cautela, a Ômicron pode ser entre 35% e 80% menos grave do que a delta.

Outros especialistas destacam, no entanto, que um maior contágio pode anular a vantagem de uma variante menos perigosa. Muitos países vêm anunciando números recordes de casos desde o início da pandemia da covid-19.

Os especialistas também não sabem se essa gravidade aparentemente menor advém das características intrínsecas da variante, ou se está relacionada ao fato de afetar populações já parcialmente imunizadas (pela vacina, ou por infecção prévia).

De acordo com números divulgados na segunda-feira (27), a Europa se tornou o epicentro mundial do repique da pandemia, com 2.901.073 novos casos nos últimos sete dias (55% do total mundial), e o maior número de mortes, 24.287 em uma semana (53% do total), seguida por Estados Unidos/Canadá (10.269 mortos, 22%).

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