Tópicos | Lincoln Portela

O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, contrariou a orientação do Palácio do Planalto e nesta terça-feira, 24, decidiu indicar o deputado Lincoln Portela (MG) para o cargo de vice-presidente da Câmara, em substituição a Marcelo Ramos (AM), que foi destituído por ter mudado para o PSD.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Bolsonaro patrocinou uma operação para emplacar o deputado Major Vitor Hugo (GO) na cadeira anteriormente ocupada por Ramos e chegou a pedir votos para o aliado, que é pré-candidato ao governo de Goiás.

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O presidente, no entanto, foi avisado pela cúpula do PL de que Vitor Hugo não teria apoio suficiente para ser o nome do partido e teve de recuar. O impasse entre bolsonaristas pela cadeira na Mesa Diretora da Câmara deflagrou uma crise na base aliada.

Nos bastidores, um setor importante do PL já vê interferência excessiva de Bolsonaro nas articulações partidárias, controladas pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto.

Vice-presidente nacional do PL e líder da Frente Parlamentar da Segurança Pública, o deputado Capitão Augusto (SP) também concorreu à indicação do partido.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, destituiu Ramos da segunda cadeira mais poderosa da Casa após pressão do governo. Em rota de colisão com o Planalto, Ramos deixou o PL depois que Bolsonaro se filiou ao partido e acabou migrando para o PSD.

Eleição

A nova eleição para os cargos vagos na Mesa Diretora deve ocorrer nesta quarta-feira, 25. Para tirar Ramos da vice-presidência, o PL alegou justamente a troca de partido. O deputado chegou a entrar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir sua permanência no posto. Conseguiu uma liminar favorável, mas, nesta segunda-feira, 23, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a decisão, dando a palavra final ao Legislativo.

As deputadas Marília Arraes (PE) e Rose Modesto (MS) também foram destituídas da Mesa Diretora. Elas ocupavam a segunda e a terceira secretarias, respectivamente. O motivo foi o mesmo que levou à saída de Ramos da vice-presidência da Câmara. Marília trocou o PT pelo Solidariedade e Rose, o PSDB pelo União Brasil.

"Os três deputados que mudaram de partido saem. Ele não é diferente dos outros, não", respondeu Lira ao Estadão/Broadcast, ao ser questionado sobre a destituição do vice-presidente da Casa. No Twitter, Ramos criticou a decisão. "Fui eleito pelo voto de 396 deputados e deputadas e destituído por 1 e atendendo a uma ordem do Presidente da República", escreveu ele, em referência a Lira e a Bolsonaro.

Ramos atribuiu sua saída do cargo ao embate que trava com o governo em torno do corte no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que afeta a Zona Franca de Manaus. "Alguns achavam que me chantageavam quando sugeriram meu silêncio nas críticas ao presidente e na defesa do Amazonas para que não me retirassem da vice-presidência da Câmara em um gesto ilegal, arbitrário e antidemocrático. Não me conhecem", disse.

Na avaliação de parlamentares do Amazonas, reduzir o IPI para produtos de todo o Brasil que concorrem com os da Zona Franca reduz a vantagem dos itens fabricados em Manaus, que já contam com desoneração.

A presidente Dilma Rousseff procura a reconciliação com o PR, o partido mais atingido na recente "faxina" implementada na Esplanada dos Ministérios. Na semana em que a presidente se reuniu com os partidos aliados e o PR declarou independência, coube à ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, abrir a porta para promover a volta do partido à base. O convite, em nome do governo, ainda não foi aceito nem rejeitado pelo PR. A legenda quer um tempo de "maturação" antes de responder se voltará.

"Foi um gesto de valorização do partido. A partir desse convite, a discussão está aberta no PR, mas não há pressa para tomar decisão", afirmou o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), que se reuniu com a ministra por uma hora, ontem, junto com o deputado Luciano Castro (PR-RR), vice-líder do governo.

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A saída do PR da base foi anunciada na terça-feira em discurso do presidente da legenda no Senado, senador Alfredo Nascimento (AM), ex-ministro dos Transportes, que deixou o cargo na esteira das denúncias envolvendo a Pasta. Na quarta-feira, o PR na Câmara estreou na nova posição, votando contra a orientação do governo durante análise no plenário da medida provisória que muda a estrutura dos Correios.

Do total de 32 deputados do PR que participaram da sessão, apenas Luciano Castro (RR) votou com o governo. Houve uma abstenção na bancada e 30 votos contrários aos que pretendia o Palácio do Planalto, mostrando a unidade do partido. Essa votação foi lembrada pela ministra Ideli no encontro com os deputados do PR, hoje.

Portela lembrou a ministra que o partido tomou a decisão de sair da base e adotar uma linha de independência depois de várias conversas que levaram 45 dias. Agora, esse mesmo processo terá de se repetir para avaliar se o partido voltará ou não para a base. "A decisão é colegiada", disse o líder Portela.

O deputado Luciano Castro considerou a conversa com a ministra como uma reaproximação, sem, no entanto, haver nada concreto. Para contornar a insatisfação do PR, o deputado afirma que será necessário um amadurecimento maior como governo. "É um começo, mas não significa muita coisa hoje", disse. Castro reafirmou que a principal insatisfação do partido foi com ao tratamento dado ao partido no episódio do ministério dos Transportes.

"O governo de alguma forma tem de reparar isso e começa com a presidente chamando o partido para uma conversa", afirmou. No caso do ministério dos Transportes, a presidente Dilma atuou diretamente, demitindo os envolvidos em suposta corrupção, ao contrário do que ocorreu no Ministério da Agricultura, também atingido por denúncias de corrupção.

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