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As pessoas acordaram este sábado constatando, algumas surpresas, outras aliviadas, que o planeta continuava girando em torno do Sol e que só restava aguardar o anúncio de uma próxima catástrofe para alimentar fantasias apocalípticas.

E assim, como no famosa canção de Assis Valente "E o mundo não se acabou", terráqueos famosos, como a celebridade de Hollywood Kim Kardashina ou os atores Seth McFarlane e Milla Jovovich comemoraram acordar com a Terra ainda debaixo de seus pés.

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"Ótimo. Fico feliz em escutar que o resto do mundo ainda está aí. Eu posso dizer oficialmente que nós também estamos aqui", tuitou Jovovich, dizendo-se aliviada.

Os primeiros indícios de que o mundo não acabaria foram sentidos na Austrália onde, passada a meia-noite de 20 de dezembro, constatações empíricas possibilitaram ver que os quadrúpedes continuavam com quatro patas e que a Lua ainda estava no lugar.

A suposta profecia, gerada por uma interpretação equivocada do calendário maia e alimentada por obras de ficção, tinha sido levada muito a sério por místicos atraídos pela fantasia do Apocalipse.

"Não importa o que aconteça (na sexta-feira), sempre haverá quem diga que tem algo a ver com o calendário maia", avaliou a antropóloga Lisa Lucero, em palestra publicada pelo jornal USA Today, a fim de acalmar os ânimos dos crentes no fim do mundo.

"Não sei porque nós, humanos, sempre buscamos uma data para o fim do mundo. O que os profetas vão fazer agora? Vão se ocupar de Nostradamus?", interrogou a professora da Universidade de Illinois.

A cientista respondeu assim aos participantes que, em pânico, buscavam confirmar todo tipo de teoria apocalíptica, que ia da possível intensificação dos raios solares a conspirações catastróficas do governo.

Mas, com exceção dos turistas místicos que receberam o fim do mundo no sítio arqueológico de Chichén Itzá, no México, ou que se refugiaram em regiões "positivas" - que supostamente resistiriam ao Apocalipse -, da França ou da Turquia, a maioria encarou o assunto com bom humor.

Alguns astros de Hollywood também fizeram sua parte nesta espécie de 1º de abril maia.

"O mundo terminará em 21 de dezembro de 2012, diz o povo que praticava sacrifícios humanos, pensava que o Sol era mágico e idolatrava o milho", ironizou, também no Twitter, o comediante Seth McFarlane, brincando com a cultura maia.

Outra comediante, Rashida Jones, protagonista de "Celeste e Jesse para sempre" e que trabalha na série "Parks and Recreation", foi algo mais longe ao oferecer um banho de fim do mundo com ela.

"Alguém quer fazer desastres com sais de banho e praticar paraquedismo esta noite? Esperem... Talvez não seja boa ideia", escreveu.

Com outro estado de ânimo, Olivia Munn, a especialista em economia da série dramática "The Newsroom", escreveu, saturada: "Esses maias eram uns piadistas. Não é o fim do mundo, mas tomara seja o fim da gente que está ficando louca por causa do fim do mundo".

Mas foi a estrela de 'reality show' Kim Kardashian, una 'socialite' famosa por suas curvas, quem resumiu em um tweet o sentimento geral: "estou feliz de que o mundo não tenha terminado hoje".

O mundo continuou girando nesta sexta-feira (21), apesar da preocupação de alguns e das brincadeiras da maioria com os prognósticos apocalípticos que surgiram de uma mudança de era no calendário maia, celebrada entre a espiritualidade e a curiosidade turística, em sítios arqueológicos da América Central e do México.

Nos primeiros raios de Sol, sacerdotes maias celebraram a cerimônia do fogo em lugares sagrados e majestosas ruínas como Tikal, no norte da Guatemala, e Chichén Itzá, no sudeste do México, saudando a uma nova era, após a conclusão de um ciclo de 5.200 anos, 13 baktun no complexo calendário maia.

Perante cerca de 3.000 espectadores, reunidos em torno de um círculo no centro da Plaza Mayor de Tikal, a 560 km ao norte da capital guatemalteca, os sacerdotes acenderam o novo fogo e pediram por unidade, paz, o fim da discriminação e o racismo.

"Esperamos verdadeiramente um novo amanhecer, sem divisões, discriminação e exclusão entre nós", disse à AFP Fortunato Mendoza, um indígena de 55 anos que percorreu 1.000 km em dois dias para fazer uma oferenda aos deuses em Tikal, uma das cidades mais representativas do império maia.

Os descendentes dos maias, uma civilização milenar que se firmou no sul do México, Guatemala, Honduras, El Salvador e Belize, vivem este solstício com a esperança de um "novo amanhecer" e um despertar para a humanidade.

"Para nós não é um show e não é turismo, é algo espiritual e pessoal", disse à AFP Sebastiana Mejía, da Conferência de Ministros Maias da Guatemala, ao criticar a cerimônia oficial organizada pelo governo em Tikal, apresentada pelo presidente Otto Pérez.

A cerimônia atraiu chefes de Estado, convidados especiais e turistas, entre eles o cantor portorriquenho Chayanne, que nesta sexta-feira passeava pelas ruínas com certa discrição e o propósito "de conhecer mais sobre a civilização maia".

Quase 4.500 km ao sudeste, muito longe da zona maia e em pleno coração das civilizações incaicas, um rito ancestral de purificação do ambiente deu início à madrugada desta sexta-feira na boliviana Isla del Sol, sobre o Lago Titicaca, para saudar o solstício de verão austral.

As comemorações deram lugar às interpretações catastróficas, animadas em grande parte por filmes de Hollywood. Uma suposta profecia maia, que os próprios maias desmentiram veementemente, impulsionou alguns ao redor do mundo a se refugiarem nas montanhas e em curiosos refúgios anticataclismos, tão caros que somente os ricos poderiam se salvar.

Muitos que acreditavam que o mundo poderia acabar nesta sexta-feira viajaram para Alto Paraíso, no centro do Brasil, convencidos de que este povoado de tradição esotérica e antigo refúgio de hippies seria um bunker natural contra a catástrofe.

Outros fanáticos subiram as montanhas da Sérvia e da França. Na Argentina o maior temor era de suicídios coletivos em uma montanha de reputação mística. Na Índia, China, Austrália, Turquia, Holanda... milhares de pessoas se prepararam para este 21 de dezembro.

A loucura apocalíptica contagiou tanto o mundo que governos, como o dos Estados Unidos e da Rússia, e cientistas, inclusive da agência espacial americana Nasa, tiveram que explicar várias vezes que, pelo menos até agora, a Terra continuará girando.

"Nosso planeta vai bem há mais de 4 bilhões de anos, e cientistas competentes de todo o mundo asseguram que não há nenhuma ameaça relacionada com o ano 2012", disse a Nasa em seu site.

A grande maioria, cética, passou pelo suposto "fim do mundo" com serenidade e bom humor. As redes sociais foram invadidas por piadas, algumas bastante criativas, sobre o tão falado tema do apocalipse.

O que foi real foi o lucrativo negócio do fim do mundo. Governos e empresários do México e América Central lançaram campanhas para atrair turistas aos sítios arqueológicos como o de Tikal, Copán (Honduras) e Chichén Itzá.

Nesta sexta-feira cerca de 135.000 turistas estavam reunidos em bairros do Caribe Mexicano, onde há muitos sítios arqueológicos e somente em Chichén Itzá se esperavam para este 21 de dezembro cerca de 30.000 visitantes.

Hotéis lotados, que dispararam suas tarifas, jantares com os melhores chefes, bailes, excursões, shows... todo o entorno do fim do mundo foi, provavelmente, pago adiantado, exigência feita também como segurança de recebimento... no caso do mundo realmente acabar.

Enquanto muitos empresários encheram suas carteiras com o turismo apocalíptico, os maias, cujos descendentes são estimados em cerca de nove milhões na América Central e México, vivem na grande pobreza e sofrem a depreciação e a discriminação.

Ainda que já estivessem em decadência quando chegaram os conquistadores espanhóis, seu vasto legado para a humanidade permanece vivo: na arquitetura, ciência, cultura e astronomia. Segundo seus líderes, eles continuam contribuindo em todo o mundo com uma mensagem de paz e harmonia com a natureza. Nunca de cataclismos.

O próximo dia 21 marca para muitos, uma data apocalíptica. Segundo o calendário maia, o dia marcará "o fim do mundo". Em meio a tantas especulações e incertezas, a Nasa criou um vídeo na web há alguns meses denominado “12-21-2012 Just Another Day” (em tradução livre “21-12-2012 Apenas outro dia”), em que o cientista Don Yeomans desmentia todos os cenários apocalípticos previstos para 2012. 

Porém, com a proximidade da data, a Nasa viu a necessidade de criar uma seção em seu site denominada “Beyond 2012: Why the World Won’t End” (“Além de 2012: Por que o mundo não vai acabar”). 

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Na seção, são explicadas e desmistificadas as teorias sobre o fim do mundo, inclusive comentando sobre um possível planeta Nibiru que estaria em rota de colisão com a Terra. 

David Morrison, cientista da Nasa, afirmou que anda perturbado com a frequência que chegam até a agência cartas de crianças que estão com medo de que o mundo realmente acabe no dia 21 de dezembro. 

A Nasa ainda considera que as pessoas deveriam se preocupar mais com as mudanças climáticas e as consequências disso, do que com um alinhamento de planetas, algo que segundo a agência, se acontecer não trará problema algum.

E por fim, a agência declarou abertamente que a Terra não está em perigo e que qualquer declaração que contrarie isso é falsa. Além disso, Nibiru não existe e toda essa catástrofe já tinha sido prevista para 2003.

 

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