Tópicos | Mandetta

A atenção primária à saúde é a porta de entrada no sistema de saúde no Brasil. Na pandemia da Covid-19, seu potencial para prevenção, vigilância e atendimento de casos leves poderia ter evitado a sobrecarga de hospitais e emergências. A conclusão é de pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas) e da Escola de Administração de Empresas do Estado de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) em artigo publicado nesta segunda (28) na “Revista Brasileira de Medicina da Família e Comunidade”.

Os autores analisaram documentos publicados durante o primeiro ano da pandemia, como recomendações do Ministério da Saúde (MS) e de órgãos governamentais como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Também compuseram a análise notas técnicas publicadas por sociedades científicas como a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC). O objetivo foi verificar os aportes técnicos para o trabalho na atenção primária à saúde, que compreende serviços como a Estratégia de Saúde da Família e procedimentos como vacinação e testagens.

##RECOMENDA##

A pesquisadora Michelle Fernandez, uma das autoras do artigo, explica que a atenção primária consegue chegar facilmente à população, pois tem capilaridade no território brasileiro e está presente em áreas de vulnerabilidade social.

“Isto dá à atenção primária à saúde capacidade de mapear e recomendar isolamento de casos suspeitos, e esse é um mecanismo muito eficaz de desaceleração do contágio. Porém, no caso da Covid-19, não havia normativas do Ministério da Saúde indicando a atuação nesse sentido para frear o avanço naquele primeiro momento”, aponta.

Fernandez observa que outros entes, como estados e municípios, organizaram o enfrentamento à Covid-19 diante da ausência de coordenação nacional. Mesmo passados quase três anos do início da pandemia, ainda é tempo para o MS atuar de forma mais assertiva em diversas frentes do combate à Covid-19, sobretudo na vacinação, destaca a pesquisadora.

“Já temos vacina para toda a população maior de seis meses e atualizadas para as novas cepas, mas o Ministério da Saúde ainda não comprou as vacinas com essa atualização”, destaca.

Conforme a autora, também é fundamental que a gestão pública atente para o bem-estar dos profissionais da atenção primária à saúde, que atuam em diversas frentes desde o início da pandemia.

“Temos profissionais lidando com novos casos na triagem e cuidando de pacientes na Covid longa, e boa parte dessa demanda chega pela atenção primária. Também temos profissionais trabalhando ativamente na vacinação. Eles estão sobrecarregados, com saúde mental debilitada, e o atual governo não estabeleceu política para cuidado desses profissionais”, frisa Fernandez.

O estudo evidencia a importância da coordenação do Ministério da Saúde para a atuação bem-sucedida da atenção primária à saúde e de suas equipes em todo o Brasil.

“Outro achado interessante é a participação de atores além dos estatais na ressignificação da política pública para a atenção primária à saúde”, completa Fernandez, mencionando a contribuição de redes e entidades científicas no período analisado.

Fonte: Agência Bori

Em uma reunião realizada na noite desta terça-feira (21) a Executiva Nacional do Democratas (DEM) aprovou, por unanimidade, a possível fusão com o PSL. Os 41 votos  favoráveis e nenhum contrário submetem a decisão à convenção nacional, que deve acontecer em outubro. A possibilidade de revisão, no entanto, é quase nula.

A aprovação massiva do “super  partido de direita” contou com os votos favoráveis dos ministros Onyx Lorenzoni, do Trabalho, e Tereza Cristina, da Agricultura. Ambos são possíveis candidatos a disputar o governo do Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, respectivamente. Ademais, também participaram da reunião o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o presidente do partido, ACM Neto (DEM-BA), além de outros quadros da legenda.

##RECOMENDA##

Durante o encontro da Cúpula, os discursos de oposição ao governo e também ao PT foram marcados pela disputa interna entre os nomes que almejam o pleito presidencial no ano que vem. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, por exemplo, sinalizou a disponibilidade de seu nome para “enfrentar a esquerda”. Da mesma forma, o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, mostrou entusiasmo no que chamou de “chance de viabilizar a terceira via”.

De acordo com ACM Neto, ainda é cedo para falar sobre o projeto nacional que surgirá da fusão, mesmo assim, a estimativa é de que “o partido tenha papel decisivo nas eleições, inclusive na sucessão presidencial”. Caso seja confirmado, ainda neste ano, a nova legenda terá outro nome e novas diretrizes.

 

 

Divulgada nesta sexta-feira (17), a nova pesquisa do instituto Datafolha mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotaria o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 2022. Conforme o resultado, o petista seria eleito no 2º turno com 56% dos votos, contra 31% do atual chefe do Planalto.

Lula aparece vitorioso em todos os cenários disputados. Enquanto Bolsonaro não seria reeleito em uma eventual disputa com nenhum dos concorrentes e é o candidato com maior índice de rejeição.

##RECOMENDA##

Entre seus eleitores de 2018, 26% dos que votaram em Bolsonaro rejeitaram repetir a opção nas eleições de 2022. Entre os bolsonaristas do último pleito, 68% não votariam de jeito nenhum em Lula.

Acompanhe os aspectos do levantamento que ouviu 3.667 eleitores entre a segunda (13) e a quarta (15) em 190 cidades. O nível de confiança é de 95% com margem de erro de dois pontos percentuais.

 

>Pesquisa espontânea de 1º turno

Lula (PT): 27% (+1% em comparação ao levantamento anterior)

Jair Bolsonaro (sem partido): 20% (+1%)

Ciro Gomes (PDT): 2% (mesmo resultado da pesquisa anterior)

Outros: 3% (+1%)

Brancos/nulos/nenhum: 10! (+3%)

Não sabe: 38% (-4%)

 

>Pesquisa estimulada de 1º turno

1. Cenário A (com João Doria pelo PSDB)

Lula (PT): 44% das intenções de voto (-2% em relação à pesquisa anterior);

Jair Bolsonaro (sem partido): 26% (+1%)

Ciro Gomes (PDT): 9% (+1%)

João Doria (PSDB): 4% (+1%)

Luiz Henrique Mandetta (DEM): 3% (+1%)

Brancos/nulos/nenhum: 11% (+1%)

Não sabe: 2% (mesmo resultado da última pesquisa)

 

2. Cenário B (com Eduardo Leite pelo PSDB)

Lula (PT): 42% (-4%)

Jair Bolsonaro (sem partido): 25% (mesmo resultado da última pesquisa)

Ciro Gomes (PDT): 12% (+3%)

Eduardo Leite (PSDB): 4% (+1%)

Luiz Henrique Mandetta (DEM): 2% (-3%)

Brancos/nulos/nenhum: 11% (+1%)

Não sabe: 2% (resultado da anterior)

 

3. cenário C (sem participação de Luiz Henrique Mandetta (DEM))

Lula (PT): 44%

Jair Bolsonaro (sem partido): 26%

Ciro Gomes (PDT): 11%

João Doria (PSDB): 6%

Brancos/nulos/nenhum: 11%

Não sabe: 1%

 

>Simulações 2º turno

1. Disputa: Lula x Bolsonaro

Lula (PT): 56% (-2%)

Jair Bolsonaro (sem partido): 31% (valor mantido)

Brancos/nulos/nenhum: 13% (+3%)

Não sabe: 1% (mantido)

 

2. Disputa: Lula x Doria

Lula (PT): 55% (-1%)

Doria (PSDB): 22% (-1%)

Brancos/nulos/nenhum: 22% (+2%) 

Não sabe: 1% (mantido)

 

3. Disputa: Bolsonaro x Ciro Gomes

Ciro Gomes (PDT): 52% (+2%)

Jair Bolsonaro (sem partido): 33% (+1%)

Brancos/nulos/nenhum: 15%

Não sabe: 1%

 

3. Disputa: Bolsonaro x Doria

Doria (PSDB): 46% (mantido)

Jair Bolsonaro (sem partido): 34% (-1%)

Brancos/nulos/nenhum: 19% (+1%)

Não sabe: 1%

 

4. Disputa: Ciro Gomes x Lula

Lula (PT): 51%

Ciro Gomes (PDT): 29%

Brancos/nulos/nenhum: 19%

Não sabe: 1%

 

>Rejeição

Jair Bolsonaro (sem partido): 59% (mantido)

Lula (PT): 38% (+1%)

João Doria (PSDB): 37% (mantido)

Ciro Gomes (PDT): 30% (-1%)

José Luiz Datena: 19%

Eduardo Leite (PSDB): 18% (-3%)

Luiz Henrique Mandetta (DEM): 18% (-5%)

Rodrigo Pacheco (DEM): 17%

Aldo Rabelo (PCdoB): 15%

Alessandro Vieira (Cidadania): 14%

Simone Tebet (MDB): 14%

Rejeita todos/não votaria em nenhum: 2% (mantido)

Votaria em qualquer um/não rejeita nenhum: 1% (-1%)

Não sabe: 1% (-1%)

Enquanto os partidos de centro seguem em busca de um nome que represente a almejada "terceira via" contra a polarização Lula-Bolsonaro nas eleições de 2022, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta estuda para se credenciar como o candidato do DEM. Desde junho, ele promove seminários com especialistas por área e tem se aproximado de movimentos cívicos para conhecer melhor os problemas do País e apresentar soluções. A meta é criar um "Plano Nacional de Reparação" para o pós-pandemia que sirva de cartão de visitas para uma candidatura a presidente ou vice.

Em dois meses, a equipe de Mandetta organizou quatro reuniões - a próxima está marcada para a semana que vem e terá como tema Segurança Pública. Em cada encontro, o convidado da vez apresenta um panorama da área e debate projetos que ecoam na sociedade civil.

##RECOMENDA##

O primeiro deles foi comandado pelo professor de práticas sociais Marcelo Garcia, ex-secretário nacional de Assistência Social no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. Um dos nomes mais respeitados no setor, ele defende a candidatura de Mandetta e a construção de um projeto social que tenha a distribuição de renda como base de um processo amplo de combate à pobreza.

"Tenho discutido com o ministro, na figura de consultor do DEM, um programa robusto de combate à pobreza que ajude as famílias a superarem diversos obstáculos, como a ausência de educação, de formação profissional, de habitação digna, de renda. Acredito que num governo do Mandetta ele possa organizar essa espécie de trilha social para cada família. O foco não será só a transferência de renda, que segue sendo um ativo fundamental, mas não vamos fazer a gestão diária da pobreza e, sim, garantir a sua superação de forma sustentável", afirmou Garcia.

O conteúdo é explorado em entrevistas e debates, como na segunda edição da série Primárias, realizada pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com o Estadão no dia 12. Ao lado do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também presidenciáveis, Mandetta discutiu temas que fogem de sua experiência profissional. Médico, o ex-ministro abordou propostas para a educação pública, por exemplo, e citou números do Pisa, o maior programa de avaliação de alunos no mundo.

Semanas antes, Mandetta teve uma reunião com representantes do Todos pela Educação, uma das principais organizações da sociedade civil que se dedicam ao tema, para tratar de políticas de curto prazo (como retorno às aulas presenciais) e de médio e longo prazos, mais estruturantes.

"Como o ‘Todos’ é dedicado a estudar essa visão sistêmica e suas partes, boas experiências e o sequenciamento necessário de implementação, é um ótimo sinal que candidatos nos procurem para melhorar seus programas educacionais", disse a presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, que já se reuniu com outros presidenciáveis, como Ciro, Leite e João Doria. "Temos bom diálogo também com Fernando Haddad e governadores aliados ao ex-presidente Lula, como Wellington Dias (PT-PI) e Flávio Dino (PSB-MA). Além disso, firmamos parcerias com nove fundações partidárias de amplo espectro", afirmou.

O primeiro ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro, que deixou o cargo em abril do ano passado por divergências relacionadas ao combate à pandemia pelo governo federal, reafirmou que aceitaria ser candidato a vice numa composição que reúna partidos do centro.

Ao Estadão, Mandetta disse ter feito, no mínimo, dois a três encontros mensais com a bancada do DEM para discutir temas que contribuam para a formulação do "Plano Nacional de Reparação", que, em breve, será aberto a contribuições.

"O DEM está muito vivo. O partido todo sabe dessa minha participação, o partido todo concorda, não tive voz dissonante. Agora, o partido não está ainda no momento de fazer a deliberação. Isso será bem lá na frente quando formos falar de convenção. Enquanto isso, vamos fazendo a pré-campanha."

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fez neste domingo (15) uma análise dura e preocupante do atual momento pelo qual passa o Brasil. Mandetta foi muito enfático ao afirmar que vê o País muito perto de uma ruptura democrática. O ex-ministro participava no início da noite de "live" organizada pelo Parlatório, grupo que reúne formadores de opinião de todo Brasil. De acordo com ele, a pandemia, que é pano de fundo para a crise econômica em todo o mundo, acirra a crise política no Brasil porque é "agravada por pontos obscuros que tencionam por uma ruptura entre os Poderes".

Ao se referir especificamente à pandemia, o ex-ministro criticou a postura do governo, do qual ele fez parte quando comandava a pasta da Saúde, por ter demorado muito por escolher o caminho das vacinas. Para ele, se a escolha pelo caminho da vacina tivesse sido tomada no tempo ideal, mortes ao longo do primeiro semestre teriam sido evitadas.

##RECOMENDA##

"A boa notícia é que a nossa rede de vacinação confirmou sua eficácia. Temos uma boa capilaridade no sistema saúde", disse Mandetta.

De qualquer forma, segundo o ex-ministro, "devemos atravessar o segundo semestre inteiro tentando aplicar a segunda dose da vacina e lutando contra a variável delta". Mais que isso, continuou o ministro, se aparecer uma cepa da covid-19 resistente às vacinas, o País vai voltar à estaca zero.

No final da sua apresentação, Mandetta deixou uma palavra de alento, ao afirmar que, com a crise sanitária - que é pano de fundo para as crises econômica e política no Brasil - saindo do radar, é possível que o País volte aos níveis de boa convivência do pré-crise.

O ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta lamentou, neste domingo (16), por meio do Twitter, a morte do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB). "Tristeza, Bruno Covas, meu colega de legislatura, homem público de valores, íntegro. Lutou o bom combate. Que possa descansar em paz após essa batalha. E que Deus conforte o coração dos familiares e amigos", escreveu.

Covas morreu aos 41 anos. Ele lutava desde novembro de 2019 contra um câncer que, inicialmente, atingiu o trato digestivo.

##RECOMENDA##

Nas últimas semanas, exames detectaram novos tumores no fígado, na estrutura da bacia e na coluna vertebral, agravando o seu quadro a ponto de a equipe médica do Hospital Sírio Libanês decretar a irreversibilidade do seu estado de saúde.

No dia em que o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta fez declarações à CPI da Covid que comprometem o governo federal, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não dedicou muito tempo ao ex-aliado durante o encontro diário entre o presidente e apoiadores na porta do Palácio da Alvorada. "Mandetta é aquele do fique em casa e continue sem ar", afirmou Bolsonaro.

A declaração é uma referência às orientações da pasta sob a gestão Mandetta para que pessoas acometidas pela covid-19 procurassem atendimento médico somente em caso de sintomas graves. À época, a medida foi defendida por especialistas como forma de proteger o sistema público de saúde do colapso.

##RECOMENDA##

Segundo o ex-ministro Mandetta à comissão de inquérito hoje, o Planalto cogitou um decreto para incluir a covid entre as indicações para uso em remédio que não tem comprovação de eficácia contra a doença. Mandetta também relatou ter alertado Bolsonaro - em carta que foi ignorada - sobre a possibilidade de colapso na saúde e falta de apoio às ações do Ministério. Por último, fez críticas à atuação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao apoio da pasta às medidas de prevenção contra a covid-19.

Viagens

A apoiadores, sem dar muitos detalhes, Bolsonaro disse que amanhã (5) estará no Rio de Janeiro e na sexta (7) em Rondônia.

Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) classificou o depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta à comissão como "produtivo e além da expectativa". "Foi recheado de informações. Presença de Mandetta vai ajudar muito para que possamos aprofundar toda a investigação", disse Renan em coletiva à imprensa após o encerramento da sessão.

Ao lado de Mandetta, o relator afirmou ainda acreditar que o depoimento de Nelson Teich, segundo titular da Saúde no governo Bolsonaro, também será "além da expectativa". A oitiva de Teich foi remarcada para esta quarta-feira, 5, após a mudança de data do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

##RECOMENDA##

Ao comentar a alteração, Renan ironizou a postura do mais longevo ministro da Saúde durante a pandemia. "Isso caracteriza perda e ganho. Perda porque só vamos o ouvir no dia 19, e ganho porque parece que está havendo conversão, ele quer depor remotamente porque é contra aglomeração", disse o senador do MDB. Pazuello pediu que o dia do seu depoimento fosse alterado após ter tido contato com dois servidores que testaram positivo para a covid-19. A outra alternativa era falar à comissão remotamente. Os senadores optaram por remarcar sua presença para o dia 19 de maio.

Dolo

Durante a coletiva de imprensa após o depoimento, Mandetta foi perguntado sobre se enxergava dolo por parte do governo quando não adquiriu vacinas contra a covid-19, apostando na teoria da imunidade de rebanho como forma de combate à doença. Atribuindo à CPI da Covid o papel de responder essa questão, Mandetta apenas disse que houve orientação conflitante entre o Planalto e as orientações técnicas do Ministério da Saúde. "Mas se isso tinha razão de ser, se era achismo, se tinha algo além disso, cabe a comissão (dizer)", respondeu Mandetta. "Eu orientando de uma maneira, e presidente fazendo de uma maneira diferente", afirmou, reforçando o que disse durante o depoimento.

A CPI da Covid deu início nesta terça-feira à sua fase mais ostensiva, ao coletar depoimentos com potencial para aumentar a pressão sobre o presidente de Jair Bolsonaro. O colegiado vai ouvir os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. A estratégia do Palácio do Planalto é dar condições para que os senadores governistas da comissão apontem erros e contradições de Mandetta, hoje crítico de Bolsonaro.

Emissários do presidente reuniram uma série de informações sobre Mandetta e as repassaram a senadores. Além disso, perguntas que serão feitas ao ex-ministro foram preparadas dentro do Planalto e enviadas aos aliados. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, e o chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, estiveram pessoalmente envolvidos no municiamento dos governistas, segundo apurou o Estadão.

##RECOMENDA##

Um dos pontos no qual os bolsonaristas devem insistir sugere que Mandetta foi responsável por inúmeras mortes ao recomendar que infectados só procurassem atendimento quando os sintomas se agravassem. Na época, contudo, essa era a orientação para que se evitasse o colapso no sistema de saúde. Senadores governistas estão sendo orientados a tirar a fala do contexto e a chamar Mandetta de "genocida". A estratégia é tentar anular um "uso político" do espaço pelo ex-ministro da Saúde, pré-candidato à Presidência, em 2022.

"Vai depender da fala do ministro. Nessas coisas, cada ação tem uma reação", disse o líder do PSDB, Izalci Lucas (DF), numa referência à posição dos governistas. O tucano não é integrante do colegiado, mas tem preparado questionamentos aos ex-ministros.

O interesse eleitoral de Mandetta deve influenciar até a maneira como senadores de oposição e independentes vão questioná-lo. Para uma ala pragmática da CPI, será melhor abreviar a sessão porque a maior parte das posições do ex-ministro já é conhecida e o depoimento poderá servir para que ele capitalize politicamente.

Para um parlamentar independente, um interrogatório maçante servirá como "palanque eleitoral". Fora do Executivo há mais de um ano, Mandetta assinou manifesto de presidenciáveis críticos do governo.

Entre os não governistas, uma das estratégias é usar os ex-ministros convocados para identificar Bolsonaro como o responsável pela "última palavra" e, consequentemente, pelos erros. No entanto, o grupo também pretende vasculhar o desempenho de Mandetta. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), embora Mandetta tenha se tornado crítico da gestão Bolsonaro, o trabalho dele deve ser passado a limpo. "É importante o questionamento à gestão dele. Não vai ser, digamos, nenhuma inquisição, mas também não vai ser um negócio para se jogar flores", afirmou o petista.

A expectativa é a de que Mandetta e Teich sejam ouvidos a partir das 10 horas, no Senado. Procurados, nenhum dos dois quis se manifestar.

'Treinamento'

O depoimento mais tenso era esperado para amanhã, quando o general Eduardo Pazuello se sentaria no plenário da CPI. Mas o militar alegou ter tido contato com pessoas com covid-19 e disse nesta terça-feira que não irá comparecer.

As possíveis consequências dos questionamentos ao general são as maiores fontes de preocupações para o governo. Substituído pelo médico Marcelo Queiroga, Pazuello deixou o Ministério da Saúde em março e fez acusações graves, admitindo até a existência de um esquema de corrupção na pasta.

Os integrantes da comissão têm na manga uma série de omissões de Pazuello que reputam terem sido responsáveis pelo agravamento da pandemia de coronavírus no Brasil.

O militar tem sido "treinado" pelo governo para suportar a pressão. Pazuello é um dos alvos do senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI. "Guerras se enfrentam com especialistas, sejam elas bélicas ou sanitárias. A diretriz é clara: militares nos quartéis e médicos na saúde. Quando se inverte, a morte é certa", disse Renan. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na manhã desta terça-feira (4), o primeiro ministro da Saúde a enfrentar a pandemia no Brasil, o ortopedista Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), abriu as oitivas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado. A investigação avalia possíveis omissões do Governo Bolsonaro no enfrentamento ao vírus e o uso de recursos da União por Estados e municípios.

Na condição de testemunha, Mandetta fez uma breve explanação sobre o início da pandemia no período em que esteve à frente da pasta, entre o dia 1º de janeiro de 2019 e 16 de abril de 2020. Ele lembra que, através da Secretaria Executiva, manteve diálogo com Estados e municípios, promoveu reuniões diárias na tentativa de comprar insumos, montou uma escala entre servidores para atender ao fuso-horário chinês e orientou todo sistema em relação à testagem e disponibilidade de leitos.

##RECOMENDA##

Sem máscaras já no começo da pandemia

“Todas nossas orientações foram assertivas, foram feitas pela ciência", ressaltou o ex-ministro, que pontuou que o repasse de medicamentos era monitorado pelo Serviço de assistência especializada (SAE) para evitar a briga judicial de Estados pela divisão dos insumos adquiridos.

"Nós ficamos quase a zero no Brasil de máscara. Não havia nem para a rede privada. Nosso sistema ficou extremamente vulnerável e próximo do colapso mesmo sem ter casos de Covid, naquele momento, em número suficiente", recorda ao comentar ainda sobre o início da pandemia, entre fevereiro e março, quando o mercado foi absolvido 'fúria de aquisição' de Estados Unidos e do mercado Europeu.

Questionado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) sobre a testagem em massa, que jamais ocorreu no Brasil, o médico aponta que acionou a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) para reverter a falta de capacidade de compra do país. "No mês de março, nós iniciamos toda aquisição com 24 milhões de testes. Não adianta comprar o teste, tem que processar de maneira automatizada [...] disparamos o processo de aquisição com todas as dificuldades, mas isso só foi assinado o recebimento dos testes [quando] já era o ministro Teich e depois soube que essa estratégia não foi utilizada. Essa era, de maneira muito clara, a nossa estratégia para diminuir o índice de transmissão”, respondeu.

O caminho era a Ciência

Na sua visão, a estratégia adotada pela primeira gestão da Saúde na pandemia não foi encorpada após sua demissão. "Tínhamos um caminho, tínhamos claramente que iríamos testar, bloquear o máximo de contágio e tratar, via tensão primária, e ampliar nosso atendimento na rede hospitalar. Nós não tomamos nenhuma medida que não tenha sido pela Ciência e é isso que é recomendado. Agora, a posteriori vimos parar muitas coisas e não colocar outras no lugar, a testagem é uma delas", apontou.

Ele verificou a disparada de preços de produtos fundamentais para os leitos, principalmente dos respiradores, e culpou a competição interna pela situação. Sem dispositivos no mercado, Mandetta diz que o Ministério "pacificou" a questão ao estimular a indústria nacional a produzir os respiradores no próprio território. "O Brasil foi o país que comprou respiradores pelo valor mais baixo do mundo e os entregou 100%. Isso não impede dos governadores e prefeitos tentarem comprar através de representantes, coisa que o Ministério da Saúde também tentou", acrescenta.

Nenhuma vacina foi oferecida

Sobre a demora na negociação de vacinas, o médico relatou que não chegou a criar um protocolo de aquisição pois os imunizantes ainda estavam nas fases iniciais de testagem e só foram oferecidos após sua saída. "Na minha época não foi oferecido, mas eu rezava muito para que fosse. Teria ido atrás delas como um prato comida. A gente sabia que a saída era pela vacina".

"O SUS é o melhor sistema para aplicar as vacinas, basta tê-las. Nós temos histórico de mega campanhas de vacinação [...] o SUS é muito bom, basta colocar os insumos. Nós nunca tivemos dificuldade em abastecê-lo", intercedeu pelo Sistema Único de Saúde.

O ex-ministro ainda é ouvido por senadores e os trabalhos da CPI seguem nesta terça (4) com a participação do sucessor da pasta, Nelson Teich, às 14h. O terceiro gestor, o general Eduardo Pazuello, estaria agendado para esta quarta (5), mas alegou uma gripe para não responder aos senadores. Na quinta (6), deve ser a vez do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antônio Barra Torres, participarem da comissão.

*Conteúdo em atualização

Enquanto a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado ouve o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, enfatizou, nesta terça-feira (4), na Câmara que o governo liberou R$ 5 bilhões para a Saúde combater o novo coronavírus já nas primeiras semanas da pandemia, em março do ano passado.

Guedes listou todas as ações do governo federal desde o começo da pandemia, como a aprovação do orçamento de guerra, a criação do auxílio emergencial e os programas de crédito para as empresas.

##RECOMENDA##

"Foi um ano trágico para o Brasil e para a humanidade. Foi uma doença de proporções bíblicas que nos atingiu quando a economia estava se recuperando e começando a rodar em um ritmo melhor, graças às reformas que aprovamos antes. O Brasil teria colapsado na pandemia se não tivéssemos aprovado a reforma da Previdência", afirmou Guedes, em audiência pública conjunta das comissões de Finanças e Tributação; Educação; Trabalho, Administração e Serviço Público; e Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.

Inicialmente, estava prevista a participação do ministro também na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), mas os deputados membros preferiram remarcar a audiência pública para o dia 9 de junho. Apesar da reunião conjunta desta terça, as demais comissões pretendem votar requerimentos para também ouvir o ministro individualmente.

"Eu considero uma obrigação minha estar disponível para conversar com as diversas comissões. Ao longo dessa pandemia, participei de dez sessões com a Comissão Mista da Câmara e do Senado para acompanhar os gastos com a covid. Prestei contas em tempo real sobre a crise econômica e as nossas reações", afirmou Guedes. "Pode demorar uma ou duas semanas pra conseguir uma agenda, mas vou estar disponível para todas as comissões", completou.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que apura as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia, iniciou as oitivas nesta terça-feira (4). O primeiro que está sendo ouvido pelos senadores é o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Acompanhe ao vivo:

##RECOMENDA##

[@#video#@] 

O Palácio do Planalto perdeu a primeira batalha para a CPI da Covid, instalada na terça-feira (27), no Senado, após várias tentativas de aliados do governo de adiar os trabalhos. A principal derrota para o presidente Jair Bolsonaro foi a confirmação do senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da comissão parlamentar de inquérito. Renan foi designado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e, ao assumir o posto, fez um duro discurso com recados ao Planalto, dizendo que não se curvará a "intimidações".

Em sua estreia na relatoria, Renan apresentou uma lista com 11 sugestões de requerimentos - oito dois quais com foco na gestão de Bolsonaro. Além disso, há outros 169 pedidos protocolados por integrantes da CPI para investigações. O primeiro convocado para falar à CPI, na próxima terça-feira, será o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, um dos principais críticos à condução da pandemia de coronavírus por Bolsonaro. Médico, Mandetta foi demitido em abril do ano passado, após defender o isolamento social e se recusar a indicar o tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina.

##RECOMENDA##

"Não foi o acaso ou o flagelo divino que nos trouxe a este quadro. Há responsáveis, há culpados, por ação, omissão, desídia ou incompetência e eles serão responsabilizados", disse o senador. "Os crimes contra a humanidade não prescrevem jamais (...). O país tem o direito de saber quem contribuiu para as milhares de mortes. E eles devem ser punidos imediatamente e emblematicamente".

O governo fez de tudo para tirar Renan da relatoria, um cargo estratégico, responsável por dar o tom dos trabalhos e até recomendar o indiciamento de autoridades. Não conseguiu. Logo cedo, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região suspendeu uma decisão do juiz Charles de Morais, da 2ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, que barrava a indicação do senador para o cargo de relator. A liminar havia sido expedida em ação protocolada pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), mas foi derrubada.

Bolsonaro vê a CPI que vai investigar erros e omissões do governo federal na pandemia como palanque político para desgastá-lo, a um ano e meio da eleição de 2022. Renan é aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já se prepara para a campanha ao Planalto após o Supremo Tribunal Federal anular as condenações que lhe foram impostas pela Lava Jato.

Pazuello

Uma das maiores preocupações do Planalto na CPI, hoje, é com o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que também será convocado. Ao deixar o cargo, em março, Pazuello denunciou um esquema de corrupção no ministério e atribuiu sua queda a um complô formado por políticos descontentes com a falta de "pixulé" e também por integrantes da pasta que queriam empurrar uma "pseudo nota técnica" em defesa de um remédio.

Manobra

Depois de um início tumultuado de sessão, com a tropa de choque de Bolsonaro tentando adiar a instalação da CPI, Aziz foi eleito por 8 votos a 3 e imediatamente confirmou a indicação de Renan. Autor do requerimento original de criação da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi escolhido pelos pares como vice-presidente. Até mesmo o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas e apoiador de Bolsonaro, votou em Aziz ao perceber a derrota. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se diz independente, mas atua alinhado com o Planalto, concorreu à presidência da CPI, mas teve apenas três votos.

Coube ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, o protesto mais enfático contra Renan. Flávio também viu "ingratidão" e "irresponsabilidade" na atitude do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de abrir a CPI, embora a ordem para a instalação tenha partido do STF.

Flávio afirmou, ainda, que haverá novos "questionamentos judiciais" sobre a escolha do relator por ser ele pai do governador de Alagoas, Renan Filho. A CPI também promete investigar o destino do dinheiro repassado pelo governo federal a Estados e municípios para o combate à pandemia. Em minoria na comissão, os aliados de Bolsonaro querem mostrar que a verba foi desviada.

Na véspera da abertura da CPI da Pandemia, os senadores membros dessa comissão já reúnem várias sugestões de audiências, convocações e diligências. Os pedidos ainda precisam ser oficializados no plano de trabalho, a ser apresentado pelo relator (que ainda será nomeado), ou em requerimentos. Entre os nomes que podem ser ouvidos estão ministros e ex-ministros do governo federal, representantes de estados e municípios e autoridades da comunidade científica.

Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Eduardo Girão (Podemos-CE), que são os autores dos requerimentos que deram origem à CPI (RQS 1.371/2021 e RQS 1.372/2021), manifestaram a intenção de trazerem os quatro ocupantes do ministério da Saúde durante a pandemia: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga.

##RECOMENDA##

Os dois senadores também propõem que a CPI ouça o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten, mas por motivos distintos. Randolfe quer que o ex-secretário esclareça declarações recentes à imprensa, segundo as quais o ministério da Saúde, na gestão de Pazuello, teria interferido para impedir a aquisição de vacinas pelo governo federal em 2020. Já Girão quer que Wajngarten fale sobre as campanhas de publicidade do governo contra a pandemia e a aplicação de recursos federais em ações de comunicação pública.

Girão e o senador Humberto Costa (PT-PE) também querem ouvir representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre medidas sanitárias de prevenção e combate ao vírus. Em ambos os casos, o que motiva a convocação é o chamado "tratamento precoce", o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19 em pacientes com os primeiros sintomas. Humberto e Girão querem discutir a "autoridade" e o "poder de escolha" dos médicos para receitarem esses remédios.

Planos de trabalho

Duas sugestões de planos de trabalho já circulam entre os membros da comissão, apresentadas pelos senadores Eduardo Girão e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). O plano de trabalho oficial da CPI será apresentado pelo seu relator e deverá ser aprovado pelos membros da comissão. O relator será nomeado pelo presidente, que será eleito pela comissão. A eleição acontece nesta terça-feira (27). Girão é candidato à presidência, e Alessandro Vieira é membro suplente da comissão.

Ambos os documentos dividem o trabalho em áreas temáticas, que poderão ser tratadas como "sub-relatorias". As duas propostas incluem:

O emprego de verbas federais repassadas para estados e municípios;

As medidas sanitárias contra o vírus, incluindo prevenção (como isolamento social) e vacinação;

Insumos para o tratamento de pacientes, como remédios e oxigênio;

A situação do Amazonas, primeiro estado a reportar desabastecimento nos hospitais, no início do ano.

O plano de trabalho de Girão inclui ainda uma quinta sub-relatoria, que trataria de contratos e licitações firmados pelo poder público durante a pandemia.

Os senadores querem a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. As investigações, no que diz respeito aos gastos públicos, seriam auxiliadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pela Polícia Federal (PF), pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelos Tribunais de Contas estaduais (TCEs).

*Da Agência Senado

 

Numa live feita na segunda-feira, 5, à noite pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, a empresária Luiza Trajano, maior acionista e presidente do conselho da Magazine Luiza, defendeu que o País deixe de lado as brigas e se una no combate à pandemia do coronavírus. Numa conversa transmitida pelo Instagram do ex-ministro, ambos combinaram que "não falariam de política" para priorizar o debate sobre como ajudar nas ações de Saúde e também para minimizar a desigualdade social ampliada pelos problemas na economia.

Mas, apesar da promessa, as mensagens políticas da empresária foram claras. Ao explicar porque não assinou o manifesto dos presidenciáveis em defesa da democracia, Luiza disse que ninguém lhe pediu que apoiasse o documento e afirmou que nem poderia ser chamada para isso por não ser presidenciável. Nos últimos meses, o nome da empresária tem sido citado como uma opção de candidatura ou de vice-presidente vinda de fora da política para 2022."Disseram que a Luiza não quis assinar. Primeiro, eu não tinha de assinar nada. Segundo, nem me convidaram para assinar porque eu não sou presidenciável", garantiu, ao ser perguntada sobre o assunto por Mandetta, um dos signatários do documento ao lado dos governadores João Doria e Eduardo Leite, de Ciro Gomes, João Amoêdo, e do apresentador Luciano Huck.

##RECOMENDA##

Mandetta ainda insistiu na possibilidade: "Mas pode ser, gente...".

"Não, não, não", afirmou Luiza.

"Não é hoje. Mas não tem porta fechada nisso", reforçou Mandetta.

Na conversa, a empresária e o ex-ministro reconheceram que para superar as dificuldades provocadas pela pandemia será importante deixar as brigas de lado. "Nesse momento, temos de nos unir. Temos de deixar o ódio de lado, a raiva. O diagnóstico, fulano não fez, porque ele não fez, onde já se viu ele não fazer. Já foi, gente. É daqui para a frente. É para já", defendeu Luíza.

Uma ideia proposta pela empresária e apoiada por Mandetta é transformar Saúde e Educação em políticas de Estado. A inspiração vem da autonomia do Banco Central, que fez com que a atuação do órgão se descolasse do governo da vez. Para Luiza, isso garantiria às duas áreas uma espécie de blindagem política e garantindo sempre uma gestão técnica.

"Eu defendo que a Saúde e a Educação sejam um órgão do Estado e não um órgão político. Porque aí tem de ter plano de carreira, tem de ter tudo direitinho. Mas quem manda é o Estado", disse.

"Tem sido feito muito uso político. Acho que Saúde e Educação talvez tivessem que ser dois setores que precisassem de um comitê técnico permanente", concordou Mandetta.

Luiza Trajano concordou e defendeu que a boa governança é fundamental para que áreas como a da Saúde possam conseguir melhores resultados.

"Há mais de quatro anos, fiquei sabendo o que era o SUS. Eu fiquei com vergonha de não conhecer. Passei a defender esse SUS em todas as minhas palestras, em todo lugar. O SUS é o melhor sistema de saúde na Constituição que existe no mundo para um país com desigualdade social. Ele é perfeito. Ele não tem de mudar nada. Ele tem de ter governança e tem de ter digitalização. Porque imagina no seu celular, você marcar consulta, saber que dia você volta. E precisa ter governança, porque nenhuma empresa vai para frente com dez ministros da saúde em nove anos. E não estou nem dizendo que é culpa desse governo. É uma coisa que vem acontecendo", afirmou.

"Até porque a gente tem pouco dinheiro para a Saúde. Então, se não administrar bem...Eu falo que pouco dinheiro, bem administrado, a gente ainda consegue resultado. Agora, pouco dinheiro, mal administrado, aí é tragédia", disse Mandetta.

Luiza Trajano defendeu o pagamento do auxílio emergencial pelo governo como forma de minimizar as dificuldades dos mais vulneráveis.

"Quando foi a primeira onda, fiquei muito paralisada pela primeira vez. Mas, depois de dois dias, me juntei ao IDV e comecei a estudar economia de guerra. Não tem jeito. O governo federal tem de colocar o dinheiro, como todos os países colocaram, porque se não piora PIB, piora tudo", avalia.

"Junto com o IDV, fomos ajudar uma área do Ministério da Economia a fazer aquelas medidas de emergência. Que foram boas, não foram ruins. E aí saiu o auxílio emergencial, que foi um valor que salvou. Que salvou a fome, salvou tudo. Dessa vez, por causa do déficit público, que a gente tem de respeitar, não quero entrar nisso, ele é menor. Mas custou um pouco a sair. E a crise econômica agora está pior do que era antes. E a crise de saúde também", lembra a empresária.

Ela conta que a maioria das pessoas que se dispôs a ajudar na primeira onda do coronavírus queria colaborar com bens perenes, em vez de doar cestas básicas. Mas que a situação atual se tornou tão grave que isso agora inevitável.

"O pessoal que queria ajudar dizia: a gente não quer dar cesta básica. A gente quer dar UTI, a gente quer dar respirador. Mas acabou que não teve nenhuma família que não teve de dar de 20 a 30% para combater a fome, para cesta básica. Com fome, ninguém faz nada. Então, todas as famílias que começaram assim, olha, a gente quer dar para coisa que fique perene. Agora, estamos todos voltando a ter que dar cesta básica de novo. Não tem comida na mesa", lamenta.

A empresária abriu uma exceção na conversa para falar explicitamente de política. Ela defendeu o fim da reeleição. "O Fernando Henrique pediu desculpa por ter dado a reeleição. É uma coisa que nós temos que acabar. Com a reeleição. Tinha de ter cinco anos para o Executivo e não tinha reeleição", afirmou, defendendo a realização de uma reforma política.

Mas a empresária martelou na tecla de que é preciso unir novamente o País num esforço de recuperação diante das dificuldades.

"Se a esquerda fez bem feito, vamos apoiar. Se a direita fez bem feito, vamos apoiar. Eu apoiei as medidas do governo que foram boas. Estou falando do começo da pandemia. Eu saí fazendo live com as medidas. Eu precisava salvar as pequenas empresas. Então, não é porque é um que faz que não vou apoiar. As medidas foram rápidas, o Ministério da Economia criou rápido. Se não saiu o dinheiro é porque ainda temos uma burocracia muito grande para aprovação de crédito. Mas fez rápido. Se fez isso, temos de sair falando bem. Agora temos de unir. É o mundo inteiro que está pedindo isso. Não é hora de divisão", disse.

Em resposta à crise militar instaurada pelo Governo Bolsonaro, seis presidenciáveis assinaram um manifesto pela Democracia nessa quarta-feira (31). A data celebrada pelo presidente Jair Bolsonaro marca o aniversário de 57 anos do golpe que trouxe um regime de exceção ao Brasil.

O documento lembra do movimento "Diretas Já" e adverte para a ameaça à Democracia após o período de redemocratização. O texto foi assinado pelos concorrentes do presidente Jair Bolsonaro em 2018, Ciro Gomes (PDT) e João Amoêdo (Novo); pelo governadores de São Paulo e Rio Grande do Sul, João Doria (PSDB) e Eduardo Leite (PSDB); pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), e pelo apresentador Luciano Huck.

##RECOMENDA##

Entre o Centrão e a direita, mas com certo diálogo com a esquerda, a coalização dá pistas sobre uma eventual frente para vencer Bolsonaro nas urnas. "Fora da Democracia o que existe é o excesso, o abuso, a transgressão, a intimidação, a ameaça e a submissão arbitrária do indivíduo ao Estado", descreve parte da carta articulada por Mandetta, que se mostrou preocupado com a troca de seis ministros e a saída dos comandantes das Forças Armadas praticamente no mesmo dia.

"O autoristarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democráticos", alertam em outro trecho da carta. Apesar do posicionamento contrário ao Palácio do Planalto, exceto Ciro Gomes, todos os demais integrantes do manifesto indicaram apoio à candidatura do atual presidente na eleição de 2018.

Confira o documento:

Reprodução/Twitter

Segundo pesquisa da Exame/Ideia, divulgados na manhã dessa sexta-feira (12), Jair Bolsonaro (sem partido) seria reeleito mesmo em cenários contra Lula (PT), Ciro Gomes (PDT), Doria (PSDB) ou Luciano Huck.

A pesquisa é a primeira realizada pela parceria EXAME/IDEIA desde que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou as condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato.

##RECOMENDA##

No primeiro turno, segundo a pesquisa Exame/Idea aponta os seguintes números:

33% Jair Bolsonaro

18% Lula (PT)

11% Sérgio Moro

9% Ciro Gomes (PDT)

7% João Dória (PSDB)

6% Luciano Huck

5% Guilherme Boulos (PSOL)

3% João Amoedo (Novo)

2% Luiz Henrique Mandetta (DEM)

Segundo turno

Em sentido contrário à pesquisa Atlas, que apontou vitória de Ciro ou Lula diante de Bolsonaro em um segundo turno, o levantamento da Exame/Ideia apontou vitória do atual presidente em quatro cenários.

Bolsonaro venceria Lula por 44% a 37% e Ciro Gomes por 45% a 34%. A reeleição também viria, segundo a pesquisa, diante de Doria, por 47% a 26%, e Luciano Huck, por 46% a 37%.

Quantas pessoas foram ouvidas?

Segundo a Exame/Ideia, o levantamento foi realizado entre os dias 10 e 11 de março e ouviu 1.000 pessoas, por telefone. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Um ano após o registro do primeiro caso da Covid-19 no Brasil, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), que comandou a pasta nos meses iniciais da pandemia, vê o País como uma nau sem rumo, o Sistema Único de Saúde (SUS) destruído e a situação do País cada vez mais grave. "A cepa mais transmissível anda de Ferrari. Já a campanha de vacinação vai de carroça", disse ao jornal O Estado de S. Paulo.

Mandetta tornou-se personagem central nos primeiros meses de pandemia ao divergir da postura do presidente Jair Bolsonaro, que minimizava a força da doença. Bolsonaro o demitiu em 16 de abril.

##RECOMENDA##

O ex-ministro afirmou que vai participar "ativamente" das eleições de 2022, "como eleitor, cidadão ou candidato", mas que estará em caminho diferente da "esquerda equivocada" e do "Bolsonaro desequilibrado".

Quando o senhor ouviu falar sobre a Covid-19 e em que momento percebeu que se tratava de uma doença grave?

O Brasil foi um dos primeiros países a questionar a OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre a doença, quando o Wanderson Oliveira (ex-secretário de Vigilância Sanitária) ouviu ruídos sobre o vírus. Quando fui para o Fórum de Davos, parei em Genebra. Iria jantar com Tedros (Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS), mas ele disse que não iria participar, pois haveria reunião no comitê de emergência sobre a doença. Eles (a cúpula da OMS) racharam sobre declarar emergência global. Aí fizeram (a declaração): é uma emergência para Wuhan e um alerta internacional.

Quando o senhor falou ao presidente que a doença causaria uma grave crise?

Quando tivemos o primeiro caso no Brasil e o sistema de saúde da Itália caiu. Mas ele começou a entrar na vibe do Trump, não dimensionou. Ele tinha uma viagem aos EUA. Eu já estava dando o alerta. Eles não queriam usar nem álcool em gel para não transparecer preocupação.

Em que momento o senhor percebeu que Bolsonaro assumiu postura diferente daquela recomendada pela Saúde?

O presidente começou a forçar saídas e aglomerações. A imprensa me perguntando: "Você está dizendo para o pessoal se cuidar e o presidente fica saindo". Ele me convidou (para as saídas), mas como percebeu que eu não iria começou a chamar o presidente da Anvisa (Antonio Barra Torres). A Anvisa servia como autoridade de saúde para legitimar aquilo. O presidente me chamou para uma live e disse (aos apoiadores) que era melhor não irem à manifestação, mas no domingo ele sai, abraça, beija. Era para ele estar em quarentena, porque teve contato com infectados na viagem aos EUA. Daquele momento para frente foi só... "bom, não vou poder contar com ele para enfrentar isso".

Com as informações disponíveis hoje sobre a doença, o senhor teria feito algo diferente no cargo de ministro?

Não. Eles não queriam fazer nenhuma campanha de esclarecimento ao público. Passei a utilizar a imprensa, fazer coletivas, para a imprensa fazer o papel que foi fundamental naquele momento. Chegamos a zerar as máscaras. Então dissemos: use máscara de pano. Conseguimos um navio da China de equipamentos de proteção porque eu pedi ao ministro para deixar sair o último navio. Fazia licitação e dava "zero". Pessoal querendo cobrar a máscara a R$ 8 por unidade. Abrimos linha de montagem para respiradores. E foi o que salvou. No meio disso ainda havia um conflito com a China.

O senhor acha que errou ao autorizar a primeira orientação sobre o uso da cloroquina?

Não, naquele momento havia consenso sobre uso compassivo, inclusive pela OMS, como última tentativa. Autorizei para uso hospitalar. Agora, colocar isso na rede, recomendar tratamento com cloroquina, aquilo não. Na semana anterior à minha saída, me chamaram numa sala onde estava a Nise Yamaguchi (médica defensora da cloroquina) e ministros. Havia uma minuta de decreto, mas não oficial, em papel timbrado, com sugestão para que a Anvisa colocasse indicação para Covid na bula da cloroquina. Olhei para o presidente da Anvisa e ele disse que não faria aquilo. Eu disse: o presidente está extrapolando.

Como o senhor vê a pandemia hoje e o que pode ser feito?

O Brasil está como uma nau sem rumo. O que poderia ser feito: começar colocar gente que entende de saúde e epidemia para conduzir, gerar políticas, recuperar o SUS. Tem de começar a refazer o sistema. Estamos num caos. Não tem liderança que fala pela saúde.

Qual a responsabilidade do ministro Eduardo Pazuello na crise?

Ele é responsável. Se o presidente me chamar para ser chefe do Exército, vou falar: não tenho formação. Se me botarem pra dirigir um Boeing com 400 pessoas dentro, vou dizer que não posso pilotar. Ele está num cargo em que não tem condições técnicas para administrar. Retirou a equipe técnica. Não precisava ficar comigo, mas por que tirar o Wanderson? Um dos três ou quatro melhores epidemiologistas do mundo. A culpa do Pazuello é na formação da equipe. Ele forma pensando que está dentro de um quartel. Não é lugar de mando, mas de liderança, que se impõe pelo conhecimento do sistema, da doença. Ele não tem conhecimento do sistema, da doença nem do ser humano.

Como vê os próximos meses da doença?

Um agravamento da doença. Vamos passar pela sazonalidade, mas com a nova cepa. Vimos isso na região Norte, onde faltou oxigênio, o que é uma barbeiragem enorme. O Brasil não estuda a nova cepa e o ministério fez um movimento errado de tirar os pacientes de Manaus de qualquer jeito. Ele plantou a nova cepa em todo o País. A gente tem uma situação em que a cepa mais transmissível anda de Ferrari. Já a campanha de vacinação vai de carroça.

O senhor fez parte do governo mesmo conhecendo Bolsonaro como deputado, quando ele votou a favor da pílula do câncer e defendeu a tortura. O senhor acha que cometeu um erro ao entrar no governo e até validar posições do governo?

O presidente a gente conhece quando ele assume. Eu conhecia um deputado Bolsonaro, que era polêmico. Votei nele porque queria uma ruptura com o PT. A proposta que ele me fez foi de montar o ministério com equipe técnica. Só que o dia que veio um problema na nossa frente e eu precisava dele, aí ele não queria um ministério técnico, mas político. Aí você fala: isso aqui não é sério, é equívoco.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou na quarta-feira, 27, que o Brasil pode ter uma megaepidemia causada pela nova variante do coronavírus, identificada em Manaus, em aproximadamente 60 dias. Mandetta também fez um alerta sobre a falta de cuidados ao transferir pacientes para outros Estados.

"Hoje nós temos quatro grandes crises sanitárias. E entrando a quinta crise que é essa história, dessa Cepa, dessa variante de Manaus, que o mundo inteiro está fechando os voos para o Brasil e o Brasil está, não só aberto normalmente, como está retirando paciente de Manaus e mandando para Goiás, mandando para a Bahia, mandando para outros lugares sem fazer os bloqueios de biossegurança", disse o ex-ministro durante entrevista ao programa Manhattan Connection, da TV Cultura.

##RECOMENDA##

O avanço da cepa é apontado como uma das razões para a explosão de casos e o consequente colapso no sistema de saúde no Amazonas.

Segundo estudos feitos por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e Fiocruz Amazonas, a cepa teria surgido em Manaus em dezembro e vem se disseminando com rapidez.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a variante encontrada no Brasil já é vista em oito países.

Divergências com Bolsonaro

O ex-ministro, que deixou o governo em abril do ano passado, também voltou a comentar sobre as divergências com o presidente Jair Bolsonaro. "Nós tínhamos uma doença nova e um sistema com problemas antigos. Eu tinha que proteger esse sistema e reorganizar dentro de um ambiente de governo extremamente hostil a qualquer iniciativa de reorganização", disse Mandetta, relembrando que optou por ter uma comunicação direta com a população. "Como não tinha campanha do governo e o presidente fazia o contrário, eu passei a me comunicar com a sociedade para que ela construísse uma linha de defesa."

Vacinas

Questionado sobre as atuais vacinas contra a covid-19, Mandetta afirmou que o imunizante desenvolvido pelos laboratórios Pfizer e BioNTech é o que chama mais atenção, mas comenta sobre as necessidades do Brasil. "Para um País que não tem como chegar uma vacina a -70 graus em todos os rincões, a vacina tanto da Coronavac, quando da AstraZeneca, são aquelas que melhor se aplicam aqui", disse. "E eu vou tomar aquela que estiver disponível para mim", complementou.

Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, fez duras críticas à gestão da pandemia de Covid-19 por parte do Governo Federal, mais especificamente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que segundo ele, não acredita no vírus e conduz a gestão da doença de forma “desastrosa”. 

“O número de mortes fala por si. Ele (Bolsonaro) teve uma condução desastrosa. A desautorização do ministro em público, 'manda quem pode e obedece quem tem juízo'; o 'e daí?'; 'não sou coveiro'; 'gripezinha'; 'está no final'. Está no final nada. Se teve alguma coisa digna de nota eu não saberia te citar. Nós conseguimos ativar a indústria brasileira de respiradores, foi uma coisa que conseguimos fazer quando eu estava lá, conseguimos abrir 15 mil leitos de UTI, que é uma coisa positiva. Agora, eles deixaram 7 milhões de kits no almoxarifado. O governo federal deixou as pessoas à própria sorte”, afirmou Mandetta.

##RECOMENDA##

Questionado sobre os principais erros do presidente, o ex-ministro conta que tentou alertar Bolsonaro sobre o problema assim que “a China noticiou a doença e a OMS (Organização Mundial da Saúde) fez a primeira recomendação de emergência somente para Wuhan”, afirmando que era “uma doença para a qual tinha que se organizar”. De acordo com ele, apesar do alerta, “o presidente entrou em uma rota de absolutamente negar a existência disso, assim como outros líderes mundiais. Ele falou várias vezes que entre a saúde e a economia, ele ia ficar com a economia”. 

O resultado do negacionismo, segundo Mandetta, foi a tentativa de organização contra a doença por parte da população a nível municipal e estadual, sem apoio federal. “Vimos o Ministério da Saúde falando uma coisa e ele falando outra. Ele começou a criticar todo e qualquer prefeito e governador que fizesse qualquer coisa para diminuir a velocidade de transmissão para não carregar o sistema de saúde, que era o principal problema da doença”. Perguntado sobre que nota daria à condução da pandemia, ele respondeu três. “Está de recuperação”. 

O ex-ministro também citou a sua substituição por Nelson Teich, que teve uma rápida e conturbada passagem pelo ministério antes de ser substituído pelo atual ministro e militar, General Eduardo Pazuello, que passou quatro meses como ministro interino antes de ser efetivado. 

“Depois ele me troca, coloca um médico. É impossível para um médico com base científica fazer política de governo, firmar uma recomendação, uma prescrição médica. Aí ele põe um militar para oferecer ordem. Faz uma intervenção militar na Saúde, mas um militar não tem a menor noção do que é Saúde. A gente passa a ter um governo federal que sai completamente do enfrentamento da Saúde e com o argumento de que o problema era de logística. Nunca foi, o problema era de Saúde pública, muito mais complexo do que carregar caixa para lá e para cá. E agora tem uma crise tripla, de prevenção, atendimento e vacina”, criticou Mandetta.

Ao ser perguntado sobre o que teria feito diferente durante a sua gestão, Mandetta afirma que errou ao se preparar para um vírus lento quando a China noticiou sua existência e seriedade. 

“Gostaria muito de ter tido melhor percepção, porque quando a China apresentou a doença, eles apresentaram como um vírus pesado, que se você identificasse a pessoa e bloqueasse os contatos dela, ele parava (de disseminar). A gente se preparou com essas informações para um vírus lento. Somente quando ele entrou na Itália, que fez aquele estrago no sistema italiano, e foi fazendo estrago na Inglaterra, na Espanha e se mostrou extremamente capaz de transmitir, é que vimos que estávamos diante de um vírus extremamente competente. Se eu soubesse que era um vírus tão competente em termos de transmissão, teria feito um sobredimensionamento de vigilância e testagem. A gente começou imaginando que precisaria de 2 mil leitos de CTI a mais, recalculamos e vimos que precisaríamos de 15 mil a mais. Somente quando a doença chegou na sociedade ocidental (vimos a dimensão). (...) Diante do que pôde ser feito naquele período com os elementos que a gente tinha, eu não faria nada diferente”, afirmou ele.

LeiaJá também

--> Vacinas na rede privada, só depois do SUS, diz Pazuello

--> França recebe as primeiras doses da vacina contra Covid-19

--> 'Eu tive a melhor vacina, o vírus', diz Bolsonaro

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando