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O ano de 2021 deixará marcas profundas naqueles que amam o Carnaval. A não realização da festa, em virtude da pandemia do coronavírus, deixou triste os foliões que aguardam vários meses para curtir a folia e causou impactos severos naqueles que dependem do ciclo carnavalesco para sobreviver. Para os profissionais que se dedicam à manutenção de agremiações da cultura popular, a falta do Carnaval provocou muito mais que apenas lágrimas, causando baixas financeiras em seus cofres e, também, comprometendo a continuidade de saberes e tradições muitas vezes seculares. Com a possibilidade da repetição desse quadro em 2022, algumas agremiações pernambucanas temem o risco de fecharem em definitivo as portas e não voltarem mais às ruas. 

No mundo do samba, poucas são as escolas promovendo ensaios regulares para esquentarem suas baterias e desfilantes. Em entrevista ao LeiaJá, Rafael Nunes, presidente da Liga Nordeste das Escolas de Samba e da Escola Pérola do Samba, além de vice-presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba), revelou que muitas agremiações do segmento  preferiram aguardar pela definição do Governo do Estado de Pernambuco quanto à realização do Carnaval em 2022 antes de promoverem qualquer atividade.

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A espera apertou o cronograma para as escolas, que necessitam de bastante tempo, mão de obra e recursos financeiros para produzirem um desfile. Somando isso ao prejuízo acumulado durante o ano de 2021, a viabilidade de um espetáculo totalmente novo para 2022 fica cada vez menor. “Não há tempo de se fazer fantasias e carros alegóricos até fevereiro. Na minha opinião, como cidadão, acredito que não vai ter Carnaval oficial. Carnaval vai ter porque o povo faz de qualquer jeito, mas bancado pelo poder público acredito que não terá”. 

Nunes conta, também, que muitas escolas da Região Metropolitana do Recife estão com as contas apertadas, sofrendo corte de energia por falta de pagamento e até correndo o risco de fecharem de fato. Para tentar reverter o quadro, a Federação propôs à Prefeitura do Recife que, em caso de realização do Carnaval, fossem realizados desfiles simbólicos, com número reduzido de componentes e sem a disputa do tradicional concurso de Carnaval para que todas pudessem garantir suas subvenções e terem os valores dos prêmios divididos de forma igual. “Se não fizermos isso, vai ser mais um ano sem ganhar novamente. Sofremos um forte impacto e para se recuperar, para o concurso, as escolas vão precisar de muito mais que um ano”.

As escolas de samba pernambucanas estão aguardando a definição do Governo do Estado quanto à uma possível realização do Carnaval em 2022. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Já para os afoxés o ritmo de retomada tem sido um pouco diferente. Segundo Fabiano Santos, presidente da União dos Afoxés de Pernambuco (UAPE) e do Afoxé Alafin Oyó, todas as agremiações já estão desenvolvendo atividades, sobretudo as religiosas. A expectativa é de que haja alguma “celebração” do Carnaval 2022, ainda que seja de forma reduzida, em clubes ou espaços fechados, ou até mesmo de maneira híbrida ou remota. 

Fabiano lamenta que, após um ano sem Carnaval e sem a renda que ele proporciona às agremiações, “as pessoas estão quebradas,  tentando literalmente sobreviver” e afirma que o auxílio emergencial ofertado pela Prefeitura do Recife e ainda a  Lei Aldir Blanc, no último ciclo, não foram suficientes para suprir as demandas de todos. “O auxílio do Carnaval 2021 foi a maior balela. As pessoas se iludiram com essa  possibilidade, mas não conseguiu atender a cadeia produtiva geral. Como foi dividido por porcentagem, tiveram entidades que ganharam o que se tinha almejado, mas que também não serve pra nada, se você pensar em toda a cadeia produtiva, cantores, dançarinos, costureiras, você não consegue fazer a distribuição. Houve entidades que receberam R$ 980. Nas linhas miúdas do auxilio, não só os afoxés mas maracatu e outras entidades se prejudicaram muito”.

Para o presidente da UAPE, um segundo ano consecutivo sem a realização do Carnaval representa o risco de fragilizar ainda mais essas agremiações, muitas delas correndo o risco de encerrarem suas atividades em definitivo. Fabiano acredita que o momento servirá para  consolidar uma já existente “relação inferiorizada” da cultura popular com o poder público e que muitas entidades do segmento acabarão caindo novamente “na indução do erro de aceitar qualquer coisa” como remuneração, ou auxílio.

“A gente vive uma disputa de classe a qual nós permanecemos ainda nesse lugar do prestador de serviço, de mão de obra barata, inclusive fazendo a releitura da própria escravidão. A escravidão tinha essa mão de obra em valor tranquilo para estabelecer lucro, é o que temos hoje. A cultura popular é essa mão de obra que permanece na mesma relação trazendo lucro para o estado. A gente recebe muito menos do que deveria ou o velho pão para se alimentar e estar mantendo esse ciclo vicioso de que os coronéis ganham, é a escravidão paga”, disse o presidente da Uape. 

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Outra organização que cuida de um dos maiores símbolos da cultura tradicional pernambucana, o maracatu de baque virado, também teme passar mais um ano sem atividades. Fábio Sotero, presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe) e da Nação Aurora Africana, diz que no meio, todos estão bastante preocupados com o surgimento da nova variante do coronavírus, a ômicron; e com a possibilidade de passar mais um ano sem ir às ruas, “poucos maracatus estão realizando algum tipo de atividade”. 

No lugar do sonho com mais um ano de brilho e muito batuque, a realidade das nações é a perspectiva de mais um período amargando prejuízo. “Já estão acontecendo diversos eventos como se estivesse tudo normalizado mas as agremiações ainda estão sofrendo com a  pandemia porque elas vão ser as últimas a terem alguma coisa, enquanto os eventos estão acontecendo a todo vapor, as agremiações estão ainda a ver navios sem perspectiva de nada”. 

Sotero também criticou a aplicação da Lei Aldir Blanc para os fazedores de cultura popular. Para ele, o auxílio foi mesmo “um balde de água fria” com poucos contemplados, ao passo que "artistas grandes, já consagrados” acabaram levando uma fatia maior do bolo. “As agremiações ficaram ao relento, ou com apenas alguma migalha”. No último mês de outubro, a Amanpe chegou a promover um protesto em frente à Prefeitura do Recife exigindo melhorias nas subvenções pagas às nações e outras medidas que dariam maior suporte a elas, no entanto, até o momento não houve, segundo o presidente, nenhuma definição quanto às pautas apresentadas. 

Para Fábio, passar mais um ano sem colocar os batuques nas ruas causará impactos quase irreparáveis. Com as nações ‘no vermelho’ e muitos maracatuzeiros que tiveram que parar sua dedicação ao ‘brinquedo’ para conseguirem gerar renda através de outros ofícios, as consequências e prejuízos precisarão de muito tempo e apoio para serem revertidas. Algumas, talvez, não conseguirão ser solucionadas.

“Algumas manifestações vão deixar de existir porque tem gente que não vai dar continuidade. Se o próximo Carnaval for no mesmo formato deste de 2021, no qual a prefeitura inventou um auxílio emergencial para calar a boca que foi uma vergonha, uma migalha, então mais uma vez a gente vai ter perdas de extrema importância, uma perda irreparável. Não foi fácil, não está sendo fácil e vai ser pior ainda caso isso se repetir. A gente vai tentar negociar uma possível apresentação virtual ou alguma coisa nesse sentido que não seja apenas aquele auxílio emergencial vergonhoso”, finalizou o presidente da Amanpe. 

As nações de maracatu também estão em situação de fragilidade. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Auxílio do poder público

O LeiaJá procurou as prefeituras do Recife e de Olinda para questionar sobre as tratativas para um possível Carnaval em 2022. Através de sua assessoria de imprensa, a gestão recifense afirmou estar discutindo o assunto com a ajuda de um comitê formado por cidades que realizam grandes carnavais, como Rio de Janeiro e São Paulo, e que a decisão levará em conta as orientações das autoridades sanitárias.

Sobre as subvenções pagas às agremiações, eventuais auxílios financeiros aos grupos da cultura popular e artistas, ou outras estratégias de apoio a esses profissionais, a Prefeitura do Recife não emitiu resposta. “As tratativas sobre o Carnaval 2022, neste momento, no Recife, são conduzidas pela comissão formada em setembro, da qual faz parte a Secretaria de Saúde, realizando o monitoramento permanente do quadro sanitário e das recomendações”, diz a nota. 

A gestão de Olinda também afirmou, através de sua assessoria, estar trabalhando “com três hipóteses: não realização; que a festa aconteça com controle de acesso; realização do Carnaval em um cenário epidemiológico de 90% da população brasileira totalmente imunizada”. Além disso, colocou que a decisão será tomada “conjuntamente com outros municípios”. A respeito de possíveis auxílios financeiros à artistas e agremiações também não houve resposta. 

Na última quarta (1º), o secretário de saúde do estado de Pernambuco, André Logo, estipulou um prazo para a definição sobre a realização do Carnaval do próximo ano em terras pernambucanas. Durante reunião da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), o secretário afirmou que até o dia 15 de janeiro de 2022 a pauta será decidida.

 

Após ato realizado na última terça (5), em frente à Prefeitura do Recife, lideranças e integrantes de diversas nações de maracatu de baque virado conquistaram uma primeira vitória: serem ouvidos pela gestão municipal. Sete representantes da categoria tiveram uma reunião com o Secretário de Governo e Participação Social, Carlos Muniz, e o Secretário de Cultura, Ricardo Mello, para apresentarem suas demandas. Entre elas, o aumento da subvenção paga à categoria no Carnaval e a abertura da Casa do Maracatu. Como resposta, os maracatuzeiros receberam uma data limite para o início de um diálogo mais aprofundado dessas e de outras questões. 

Ao final da reunião, o presidente da Associação de Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe), Fábio Sotero, falou sobre o acordado entre maracatuzeiros e a gestão. Em entrevista ao LeiaJá, Fábio se mostrou confiante com o prazo dado pelo secretariado da prefeitura para que ações concretas comecem a ser realizadas em prol dos maracatus. “Todas as pautas da gente ficaram pra eles começarem a nos dar respostas até o próximo dia 14. Entre elas, a Casa do Maracatu. Eles estão reformando uma casa no Pátio de São Pedro para ser a Casa dos Patrimônios. A gente já tinha solicitado isso e dissemos que tínhamos o interesse em dividir o espaço com outros patrimônios, mas sob nossa administração”, disse.

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O presidente da Amanpe afirmou, ainda, ter dado uma espécie de ultimato à gestão quanto aos valores da subvenção, um auxílio pago pela Prefeitura do Recife para auxiliar nos custeios da produção do Carnaval das agremiações. “Deixei muito claro que se não houver aumento para o Carnaval 2022, nenhuma nação de maracatu vai pra rua”.  

Em ato realizado na última terça (5), representantes das nações de maracatu pediram para serem ouvidos pela gestão. Foto: Júlio Gomes/LeiaJàImagens

Procurada pelo LeiaJá, a Prefeitura do Recife informou, através de sua assessoria de imprensa, estar desenvolvendo ações pelo fomento não só do maracatu, como também de outras manifestações tombadas como patrimônio, e elencou alguns dos auxílios criados durante a pandemia em funçao dos trabalhadores da cultura, entre eles o “AME - auxílio municipal emergencial, voltado para os ciclos carnavalesco e junino".

Além disso, a gestão afirma que “a Comissão do Carnaval, criada pelo executivo municipal, sob coordenação das secretarias de Cultura e de Governo, que receberam a Associação de Maracatus ontem (também recebida em outras oportunidades na Prefeitura), segue trabalhando para organização do evento em 2022, desde que liberado pelas autoridades da saúde”. 

Confira a nota na íntegra.

A Prefeitura do Recife participa da elaboração do Plano de Salvaguarda do Maracatu Nação, que visa pactuar ações conjuntas entre o poder público nas suas diversas esferas e a sociedade civil. Mais do que isso, está em atividade um comitê criado pela administração municipal, envolvendo diversos órgãos como Iphan, Fundarpe e universidades, dedicado ao debate sobre os patrimônios culturais imateriais do Recife, com vistas a definir diretrizes para preservação e fortalecimento dessas expressões. 

Neste ano de 2021, a Prefeitura do Recife realizou o AME - auxílio municipal emergencial, voltado para os ciclos carnavalesco e junino, dando amparo às cadeias produtivas destes eventos, alcançando assim as mais diversas representações da cultura popular. Também foi com olhar para este segmento, que o Recife passou a ter a Lei do Registro do Patrimônio Vivo, outra proposta da gestão municipal aprovada na Câmara e já sancionada pelo prefeito. 

O processo de diálogo com as mais diversas manifestações da cultura recifense vem acontecendo desde o início do ano, por meio do Chama Cultura. Com o MOVE Cultura, outra ação local, a Prefeitura já reabriu a Casa do Carnaval, espaço de pesquisa, formação e memória, com exposição sobre a ciranda, novo patrimônio cultural imaterial do país. Também no Pátio de São Pedro, a prefeitura irá instalar a Casa dos Patrimônios - Centro de Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial do Recife. 

Outra ação pontual que vem ao encontro de todas essas articulações de salvaguarda a longo prazo foi o Edital Sevy Caminha Prêmio de Trajetória, lançado pela Prefeitura do Recife, dentro da programação da nova etapa recifense da Lei Aldir Blanc. O edital premiará mestres e mestras, reconhecendo o mérito cultural de atividades artísticas e culturais ligadas aos saberes tradicionais da cultura popular. As inscrições estão abertas até o próximo dia 18 de outubro. Edital e calendário completo podem ser acessados no site: www.culturarecife.com.br

Somam-se a isto duas linhas específicas para ações nas áreas de Patrimônio Cultural e Cultura Popular no Sistema de Incentivo à Cultura (SIC 2020-2021), retomado este ano. Sobre as demandas relativas aos valores das subvenções, vem acontecendo uma discussão interna, avaliando o cenário em busca de encaminhamentos possíveis, mas o diálogo permanece aberto.

A Comissão do Carnaval, criada pelo executivo municipal, sob coordenação das secretarias de Cultura e de Governo, que receberam a Associação de Maracatus ontem (também recebida em outras oportunidades na Prefeitura), segue trabalhando para organização do evento em 2022, desde que liberado pelas autoridades da saúde. Todas as medidas administrativas serão adotadas. E o diálogo mantido.

Com mais de duas décadas de história, a nação do Maracatu Encanto do Dendê está juntando forças para voltar para ‘a rua’. Após uma parada de seis anos, por problemas financeiros e estruturais, o Dendê mudou de direção, de casa, e agora busca apoio dos apaixonados por esta tradição pernambucana para reviver seus momentos de glória. Nesta sexta (28), a nação apresenta uma live, em seu canal do YouTube, para apresentar o novo momento e levantar fundos a fim de regularizar sua documentação. 

Fundada em 1998, no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife, por Edmilson Lima do Nascimento, o Mestre Missinho, o Encanto do Dendê se apresentou nos principais eventos do Carnaval do Recife, como a Noite dos Tambores Silenciosos e a abertura oficial do evento, quando ainda era realizada por Naná Vasconcelos; além de também se apresentar na cidade vizinha, Olinda. Além disso, a nação desenvolvia projetos sociais em sua comunidade, promovendo oficinas de percussão, costura e confecção de instrumentos. Em seus tempos áureos, o Encanto do Dendê chegou a contar com 130 integrantes, entre batuque e corte.

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No entanto, com o passar do tempo, manter a nação passou a ser tarefa muito difícil para o Mestre Missinho. Com pouco apoio do poder público, dificuldade em levantar recursos e problemas de saúde, o fundador do Dendê acabou abandonando as atividades. Após converter-se à religião evangélica, Missinho começou a vender instrumentos e fantasias da nação, e tudo indicava que essa trajetória havia, de fato, chegado ao fim. Porém, no início de 2020, uma visita despretensiosa à casa de Missinho mudaria o curso dessa história. 

Na época à frente da Nação Aurora Africana, o mestre de apito Danillo Mendes, encontrou-se com Missinho para uma visita cordial. Na ocasião, o fundador do Dendê sugeriu ao mestre que se juntasse a um de seus sobrinhos, Adílio Santos, para assumir a nação. Os dois toparam o desafio e caíram “de cabeça” no projeto de retomada do Encanto; o primeiro à frente do batuque e o segundo, assumindo a presidência da agremiação. 

O mestre de apito Danillo Mendes assumiu o batuque da Nação Encanto do Dendê. Foto: Reprodução/Instagram

Danillo e Adílio receberam o Dendê com quase nada: apenas poucos instrumentos - um gonguê feito de cilindro de oxigênio e dois caixas sem pele - um estandarte e um documento completamente desatualizado, a “escritura”. Meses mais tarde, o mestre de apito acabou se desvinculando do Aurora Africana e decidiu dedicar-se exclusivamente à ‘nova’ nação. “Sou muito grato à minha escola, minha formação foi no Aurora Africana. Tudo que passei lá dentro serviu pra criar a minha forma de ver maracatu. Vem muito dessa escola para o Encanto do Dendê”, disse Danillo em entrevista ao LeiaJá. Com o mestre vieram alguns batuqueiros de sua antiga ‘casa’ e outros simpatizantes que decidiram somar na reconstrução desse maracatu.  

Nova fase

O desafio do Encanto do Dendê, agora, é colocar toda sua documentação em dia para poder participar de editais de auxílio financeiro e, futuramente, voltar a participar dos eventos oficiais de Carnaval no Recife e Olinda. A nação já conseguiu apoio de amigos e outros grupos, como Pitoco de Aiyrá, da Nação Estrela Brilhante do Recife, Jamesson Florentino, da Nação Baque Forte, e do grupo Tambores de Olokun. Com essa ajuda inicial, e dinheiro investido do próprio bolso, o mestre e Adílio começaram a confeccionar novos instrumentos e outros materiais necessários para a retomada da nação. Tudo tem sido feito e guardado na oficina de marcenaria de Danillo, localizada em Jaboatão, Região Metropolitana do Recife.

Para reforçar o retorno do Dendê, nesta sexta (28), a nação apresenta uma live, em seu canal oficial do YouTube, com seus batuqueiros e alguns convidados. Durante a apresentação, o público poderá contribuir com qualquer valor através de doações feitas pelo PIX. O apurado será empregado na regularização dos documentos da agremiação. 

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O objetivo do mestre Danillo, e demais componentes que embarcaram nesse ‘sonho’, é, tão logo seja possível, reviver os momentos de glória do Dendê na rua, lugar onde o maracatu vive toda sua plenitude. “Eu quero ver o Encanto na rua, tocando o baque virado dele e só dar sequência pra que a agremiação nunca deixe de existir. Que tudo isso (a pandemia) passe, que nenhuma pessoa mais conhecida da gente vá embora por causa desse vírus e que no próximo Carnaval a gente esteja na rua, na avenida tocando e  se divertindo. O propósito não é disputar nada com ninguém, é só batucar e botar a baiana pra rodar a saia”, finaliza o mestre. 

Serviço

Live da Nação Encanto do Dendê

Sexta (28) - 20h

Youtube e Facebook

PIX: 060.893.684-74



 

Prestes a completar 90 anos de história, o Maracatu Almirante do Forte, uma das mais tradicionais nações de baque virado do estado de Pernambuco, vem enfrentando dificuldades. Além da pandemia do novo coronavírus, que paralisou as atividades da agremiação lhe tirando a renda, as fortes chuvas que caíram na Região Metropolitana do Recife, no último final de semana, destruiu parte de sua sede, localizada no Bongi, Zona Oeste da capital. Agora, a diretoria da nação busca ajuda do público e dos admiradores do maracatu, Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, para se reerguer e manter as portas abertas.

Segundo o vice-presidente e contramestre do Almirante, José Antônio da Silva, mais conhecido como Toinho, o grande volume de chuvas que caiu no Recife no último sábado (10) e domingo (11) acabou danificando parte da sede da agremiação. Alguns equipamentos eletrônicos e itens do acervo, como estandartes e os tambores, conseguiram ser salvos a tempo, no entanto, parte da estrutura da casa que abriga o maracatu acabou danificada pela água. “A rua encheu (de água) e acabou entrando pela sede. A geladeira, a gente perdeu. Mas as roupas, máquinas de costura conseguimos colocar no escritório e salvar. A gente agora precisa fazer o piso da sede para que ele fique mais alto do que o nível da rua”, disse em entrevista exclusiva ao LeiaJá. 

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A Nação Almirante do Forte é uma entre outras tantas agremiações de cultura popular pernambucana gravemente atingidas pela pandemia do novo coronavírus. Além da perda de alguns integrantes para a Covid-19, a impossibilidade de manter suas atividades, por conta dos protocolos de segurança sanitária e a não realização do último Carnaval, neste ano de 2021, deixou a nação sem renda para custear despesas fixas, como energia e manutenção de equipamentos e da própria sede. 

Comandada por Toinho e seu pai, o Mestre Teté, eles dependem apenas de recursos próprios para custear as necessidades da nação. “É triste ver todas as nações passando por esse momento difícil. Isso dói no coração, é complicado. O dinheiro que a gente ganha não dá pra fazer tudo. Meu pai depende da aposentadoria dele, eu botando o dinheiro que ganho na oficina, é pouco, mas eu gosto muito da minha missão”. 

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Sendo assim, a agremiação iniciou uma campanha de arrecadação de fundos para reparar os estragos causados pelas últimas chuvas e cuidar de seu acervo. Interessados em ajudar a agremiação quase centenária, podem fazê-lo pelos dados bancários abaixo ou entrando em contato através do instagram @almirantedoforte. A expectativa é de que a nação consiga chegar a seu nonagésimo aniversário, no dia sete de setembro, com a casa arrumada e repleta de esperança para voltar a rufar os seus tambores na rua, com o seu público, assim que possível. “Queremos voltar com  as oficinas para os jovens da comunidade, trazer a garotada pra perto da gente e dar continuidade ao nosso trabalho, depois que passar essa pandemia”, finaliza Toinho. 

Para ajudar:

Banco: Caixa Econômica

Conta Poupança: 21519-5

Operação: 013

Agência: 1028

José Antônio da Silva

 

 









 

Começa nesta sexta (9), o festival Canavial Lab. Até o domingo (11), o evento vai promover 22 atrações, entre maracatu rural, boi de carnaval, frevo, ciranda, coco de roda, afoxé. Além das apresentações, também serão realizados seminários e rodas de diálogo. Toda a programação é gratuita e totalmente digital. 

Abrindo o festival, nesta sexta (9), representantes culturais de todo o Brasil participam do seminário O presente e o futuro da cultura popular durante e no pós-pandemia. O encontro começa às 14h e será transmitido pelo canal do YouTube do evento. Já a partir das 19h, começam os shows com apresentações  do Grupo Mistura Pernambucana, de Serra Talhada;  do Coco Popular, de Aliança; e dos cantores Isaar e Afonjah, ambos do Recife. 

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Ao longo da programação, passam pelo palco virtual do festival nomes como João Paulo Rosa e o Eito (Nazaré da Mata); Nave do Tempo - Tributo a Arnoud Rodrigues (Serra Talhada), com Branca Sousa; e Maciel Salu (Olinda), entre outros. No domingo (11), o encerramento fica por conta de uma mistura de manifestações da cultura popular de Pernambuco com apresentações de maracatu de baque virado e solto, coco, boi e afoxé. 

Serviço

Festival Canavial Lab

Sexta (9), sábado (10) e domingo (11)

YouTube

 

O maracatu é uma manifestação cultural ‘barulhenta’. Os tambores das nações tradicionais ‘cantam’ alto e há quem diga que o peso desse som é de “uma tonelada”. No Carnaval do Recife, um dos eventos mais emblemáticos de sua programação reúne diversas nações de maracatu na segunda-feira carnavalesca: a Noite dos Tambores Silenciosos, realizada no Pátio do Terço. É quando todos tocam juntos e, pontualmente, às 00h, cessam os batuques para homenagear os ancestrais e reverenciar a cultura negra.

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Na última segunda (15), dia em que seria realizada, a Noite dos Tambores não aconteceu, em virtude da suspensão do Carnaval. Sem poder ir às ruas, algumas nações de maracatu usaram as redes sociais para marcar o momento e engrossar o coro pela importância de se proteger da pandemia do novo coronavírus. Os vídeos foram publicados no perfil oficial da Associação de Maracatus de Pernambuco (Amanpe). 

Nas postagens, os maracatuzeiros falaram sobre o momento de pesar pela falta do Carnaval mas, também, da esperança de retornar às ruas assim que possível. Também foram homenageadas as famílias que perderam entes por conta da Covid-19. “Hoje, nossos tambores não irão rufar e sim, pela primeira vez na história, os tambores sagrados silenciaram literalmente. A Amanpe e todas as nações de maracatu de Pernambuco prestam homenagem às famílias de milhares de vítimas dessa triste pandemia. E de uma forma diferente vem saudar todos maracatuzeiros espalhados pelo mundo. Nunca é tarde lembrar, fiquem em casa, se cuidem, usem máscara, tomem vacina. Em 2022, vamos rufar nossos tambores e celebrar a vida em homenagem aos que se foram”. 

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Rufar solitário

A Nação do Maracatu Porto Rico decidiu marcar o momento de outra forma. Alguns integrantes foram até o Pátio do Terço e realizaram uma cerimônia simbólica à porta da Igreja de Nossa Senhora do Terço. Eles cantaram, tocaram e fizeram um minuto de silêncio quando o relógio bateu as 12 horas. O momento foi transmitido ao vivo pelo Instagram. "Estamos aqui batendo uma foto na frente da igreja onde toda a cerimônia é feita, onde tudo é pedido, principalmente o bem, a paz, a saúde nesse momento tão difícil para todos nós. Não só a Naçao do Porto Rico está sentindo, em lágrimas, em choro, essa emoção vem de todos que fazem nação de maracatu”, disse um dos integrantes. 

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A segunda-feira de Carnaval guarda espaço para um dos eventos mais tradicionais da folia recifense: a Noite dos Tambores Silenciosos. É quando diversas nações de maracatu de baque virado se encontram no Pátio do Terço, localizado no Bairro de São José, região central da cidade, para uma celebração que mistura os batuques profanos aos toques sagrados da religião de matriz africana. O momento homenageia a ancestralidade negra e funciona também como uma prece às suas divindades para que o Carnaval seja de alegria e de paz.

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Mundialmente famosa, a Noite dos Tambores Silenciosos atrai turistas de toda a parte além dos brincantes de maracatu do Recife. A festa foi idealizada na década de 1960, por uma mulher, Maria de Lourdes Silva, mais conhecida como  Badia. Neta de escravos, ela foi moradora do Pátio do Terço até o fim de sua vida e partiu dela a ideia de lembrar os negros escravizados - muitos que passaram por aquele lugar na rota do comércio escravagista -, que morreram sem conhecer o Carnaval. 

A ideia de Badia ganhou corpo com a ajuda de dois homens, o jornalista Paulo Viana, e o advogado Edvaldo Ramos. A princípio, o evento era encenado pelo grupo de teatro Equipe, no chão, à porta da Igreja do Terço, e não tinha o caráter religioso que possui hoje. Mas com o crescimento da festa e o forte potencial turístico visto nela, sua dinâmica foi mudando ao longo dos anos. “Foi criando curiosidade e um pouco de interesse porque onde rola dinheiro você sabe que as coisas se expandem. Tanto é que teve um ano que a prefeitura botou arquibancadas no Pátio e ficou estreito para os maracatus se apresentarem. Mas, também, só foi esse ano porque eles viram que nem deu lucro e nem deu certo mesmo”, relembra Maria Lúcia Soares dos Santos, filha de criação de Badia. 

Dona Lúcia mantém viva a memória da mãe. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Atualmente, Dona Maria Lúcia, de 72 anos, continua morando na casa que foi da mãe, dando continuidade ao seu legado. A herança vem de longe. Badia também foi criada, naquele mesmo endereço, por outras duas mulheres negras, conhecidas como Tias do Axé: “duas irmãs a qual a mãe veio da África fugida no porão de um navio”. Elas não tiveram filhos e acabaram assumindo a criação de Badia após a partida de sua mãe biológica: “Quando a mãe de Badia morreu, Sinhá assumiu Badia e Iaiá ficou como tia e fizeram uma outra família”. Todas elas sobreviviam lavando roupa e jogando búzios, aliás, a casa também tinha espaço para a adoração de orixás uma vez por ano apenas, no mês de outubro.

Badia também costurava e era responsável por vestir grande parte das agremiações carnavalescas do Bairro de São José. “Todo ano nascia uma e de todas elas, ela foi madrinha”, diz Lúcia. Sua dedicação e apreço pela folia momesca, inclusive, lhe rendeu o título de Dama do Carnaval, e ela chegou a ser a homenageada do Carnaval do Recife em 1985. Além de ter idealizado a Noite dos Tambores Silenciosos, Badia também teve participação na fundação do Galo da Madrugada e fundou a troça Coroas de São José, na qual desfilava nas quintas-feiras pré-carnavalescas a bordo de um jipe. Hoje, nas tais quintas, o Pátio do Terço recebe o Baile Perfumado, prévia criada em sua homenagem.

O apreço de Badia pelo Carnaval ficou perpetuado em toda a família. No período, Dona Lúcia costuma receber em sua casa turistas que buscam conhecer melhor a história de sua mãe e também os brincantes que precisam de apoio. “A casa aqui é aberta o Carnaval todo. Todos os maracatus entram aqui pra ir no banheiro, trocar a roupa. Abro a porta de muita boa vontade, se der pra dar um lanche eu dou, e tô aqui. Quando a prefeitura precisa de mim estou presente, não cobro nada, mas também não ganho nada”.

A casa de Badia, construída por escravos, é tombada pelo IPHAN. Foto Arthur Souza/LeiaJàImagens

A filha de Badia lamenta o descaso e o esquecimento com os quais a história de sua mãe é tratada. A casa em que mora com o marido e o filho, Leandro Soares, é a única a servir, ainda, como residência no Pátio, tomado pelo comércio. Tombado em 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio imaterial brasileiro, o imóvel - construído por escravos - precisa de reparos específicos tanto por sua estrutura muito antiga quanto pelo tombamento que impede que os proprietários mexam nela. 

Segundo Lúcia, o telhado acometido por uma praga de cupins precisa ser restaurado mas ela não consegue ajuda nem autorização necessárias para trocá-lo. “Tenho três ofícios pedindo socorro à prefeitura. Quando eu comecei a ‘bulir’ na casa veio um cidadão que tem interesse na (compra da) casa e me denunciou que estava modificando a casa,  aí veio a Fundarpe. Eu fui lá na Fundarpe, mostrei os ofícios e nada. Se eu não tenho conhecimento e não sei falar, eu não tava aqui não, tava embaixo do viaduto. Desde que Badia morreu em 1991 que peço socorro e nunca fui socorrida”.

Para manter a casa, Lúcia e a família tocam um restaurante, que funciona de segunda a sábado vendendo almoço comercial. Leandro complementa a renda vendendo galeto. Sem ajuda externa, os três se esforçam tanto para sustentar o imóvel em pé quanto para manter viva a memória de Badia. “O espaço é rico, essa casa foi a primeira casa construída em Pernambuco, ela tem mais de 200 anos. Só que o tempo foi passando e a cultura foi enriquecendo, mas ainda não está no nível que a gente espera. Deve ser o desinteresse, falta de cultura”, lamenta Leandro.

Memória de Badia

Dona Lúcia e o filho Leandro mantém a casa com a renda do restaurante. Foto Arthur Souza/LeiaJáImagens

A herdeira de Badia ainda sonha em transformar a casa da Dama do Carnaval em um ponto de referência da cultura negra em Pernambuco. Entre os projetos, estão a abertura de um memorial, um espaço cultural e de formação, com cursos de culinária e cabelo afro, e um restaurante afro. Leandro diz que todos os planos estão “no papel mas não tem o interesse de autoridades, de chegar junto com patrocínio”.

Já Lúcia, segue confiando em sua fé nos orixás e no esforço da sua família para concretizar os sonhos. “Tudo que eu sei hoje em dia eu aprendi com ela. As lembranças, muitas estão nessa casa, eu tô aqui lutando pra sobreviver, zelar pela casa e pelo nome dela e das velhas (Sinhá e Iaiá) também que partiram. Antes de morrer eu quero deixar aqui um restaurante afro, pra ficar uma lembrança firme dela e da família dela”.

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Os maracatus de baque virado de Olinda têm compromisso certo para a segunda-feira que antecede o Carnaval: a Noite Para os Tambores Silenciosos de Olinda. O tradicional evento, que mistura festa e religiosidade, celebraria sua 20ª edição nesta segunda (8), porém, em virtude da pandemia do novo coronavírus, e consequente cancelamento do ciclo carnavalesco no estado de Pernambuco, a celebração ficou impedida de acontecer. Para que o dia não passe em branco, os tambores tomarão lugar em ambiente virtual, através de lives. 

Realizada pela Associação dos Maracatus de Olinda (AMO), a Noite Para os Tambores Silenciosos chega a seu 20º ano de existência em meio a uma pandemia global. Impossibilitada de promover o tradicional evento, a organização levou para o ambiente virtual a celebração. “Vamos ter o ato religioso da Noite acontecendo em cada nação realizando na sua casa, reverenciando aos Eguns, e pedindo saúde e proteção que ajudem-nos a superar essa não realização do tradicional Carnaval de Pernambuco  presencial”, diz uma postagem na página da associação. 

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Para marcar a data, o babalorixá Ivanildo de Oxóssi, mestre do Maracatu Estrela de Olinda, realizará uma cerimônia em homenagem ao evento em seu terreiro. O ritual será gravado e exibido posteriormente nas redes sociais da AMO. O Maracatu Nação Badia também homenageia os Tambores Silenciosos em uma live nesta segunda (8), às 20h. Idealizada pela desfilante Haia Marak (@haiamarak), a live reverencia o evento com participação de alguns batuqueiros do Badia e do babalorixá Wellington de Yemanjá. 

Na última quinta (17), o Governo de Pernambuco oficializou sua posição quanto à realização do Carnaval no ano de 2021. Em coletiva de imprensa realizada pelas redes sociais, o secretário de saúde do Estado, André Longo, anunciou a suspensão do ciclo carnavalesco em Pernambuco, no próximo ano, devido ao aumento dos números da pandemia do novo coronavírus em solo pernambucano. Na data do anúncio, o Estado contabilizava 203 mil diagnósticos de Covid-19 e 9.361 mortes pela doença. 

A decisão dos gestores pernambucanos, no entanto, não causou muita surpresa na população. Outros Estados brasileiros, com Carnavais tradicionais como o de Pernambuco, já haviam decidido pela não realização da festa em 2021, a exemplo da Bahia e Rio de Janeiro; bem como São Paulo e Brasília. O aumento nos números da pandemia e na ocupação de leitos nos hospitais locais, além da incerteza quanto à data da chegada da vacina contra a Covid no país também davam indicativos da suspensão dos festejos momescos. 

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Com a decisão assinada, resta agora aos fazedores de Carnaval se articularem para que o ano não seja totalmente perdido. Para esses profissionais, a festa representa muito mais do que folia, garantido-lhes o sustento da família e provisões para além do período carnavalesco. O Carnaval de Pernambuco é considerado o quinto maior do país em faturamento e, só no Recife, o ciclo momesco de 2020 rendeu ao município R$ 1, 4 milhão. 

Em entrevista ao LeiaJá, Rafael Nunes - presidente da Federação das Escolas de Samba de Pernambuco (FESAPE), da Liga Nordeste das Escolas de Samba, da Escola de Samba Pérola do Samba e ainda, vice-presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba)  -, disse concordar com a decisão do governo, que ele classifica como “racional”. O carnavalesco contou que a suspensão já era esperada dentro do seu segmento e que muitas agremiações nem se prepararam para 2021. 

No entanto, Nunes faz uma ressalva; ele acredita que o poder público deva abrir um diálogo com a cadeia produtiva do Carnaval na busca de soluções para aqueles que dependem da festa para faturar. “ O governo devia sentar com quem produz Carnaval aqui no estado para conversar. A Fesape tem um projeto pronto para as agremiações não serem totalmente penalizadas e poderem mover a economia da sua comunidade. A apresentação de lives com seu samba enredo, no YouTube, pro seu público poder prestigiar de forma segura, em casa, o que seria o desfile de cada escola na avenida. A gente tá esperando o novo governo (municipal) tomar posse pra gente apresentar essa saída para que os carnavalescos não fiquem parados durante o ano”, disse. 

Segundo o presidente da Fesape, a maioria das escolas de samba não se preparou durante o último ano para um possível Carnaval em 2021. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquiivo

Esse diálogo com o poder público já vinha sendo solicitado por parte dos trabalhadores da cultura pernambucanos desde meados de 2020. Em agosto, o coletivo  Acorde - Levante Pela Música de PE, formado por músicos e produtores locais, publicou em suas redes sociais uma carta aberta sugerindo um debate com os gestores acerca do tema. Já em outubro, o coletivo, em nova carta aberta, sugeriu propostas para a realização segura do Carnaval 2021 e, nesta última quinta (17), após o anúncio oficial da suspensão do ciclo, o grupo voltou às redes para propor uma conversa a fim de criarem juntos soluções que “garantam trabalho e renda para as pessoas que fazem o Carnaval, e também sejam capazes de amenizar, no coração do folião, a falta que fará não estar nas ruas, brincando junto com a multidão”. 

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Para o presidente da Associação dos Maracatus de Baque Virado de Pernambuco (Amanpe), Fábio Sotero), a falta de abertura entre gestões e classe artística é um “desrespeito”. “ O Governo do Estado, através da Fundarpe e da Secretaria de Cultura, não nos deu nenhuma satisfação, em momento algum, em relação à nossas perdas. Porque eles não estão cancelando um simples evento, um simples lazer, eles estão cancelando ou suspendendo o ganha pão de milhares de trabalhadores da área da cultura que dependem exclusivamente do Carnaval. O que realmente o Governo do estado fez? Cancelou ou a suspendeu? A gente tá com essa dúvida”, diz frisando que nenhum grupo ou artista da classe foi consultado antes do aviso da suspensão - realizado, também, sem a presença de qualquer representante da pasta de Cultura.  

Fábio conta que dentro da categoria do Maracatu de Baque Virado, ou Maracatu Nação, diversas pessoas trabalham para que um desfile seja organizado. São costureiros, aderecistas, luthiers, fora os desfilantes que saem na corte e no batuque. Muitos desses dependem do apurado da festa para se manterem durante todo um ano.

Os impactos de não haver um Carnaval atingem diretamente o bolso dessas pessoas, mas também, o emocional. “É um período de no mínimo cinco, seis meses, várias pessoas convivendo, trabalhando em prol daquele instrumento, das fantasias; esse período que a gente ta aquartelado praticamente, sem atividade, a gente já tá de uma forma... Eu confesso que às vezes eu vou pra sede (da nação), porque eu não aguento ficar longe do pessoal”, diz o presidente que também dirige a Nação de Maracatu Aurora Africana. 

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Para o representante da Amanpe, é possível haver atividades seguras para marcar o Carnaval de 2021, ainda que de forma bastante diferente do tradicional. Ele diz que assim como as nações, várias ouras categorias de agremiações já estão pensando em alternativas para não ficarem parados durante um ano inteiro. Mas, para que os projetos possam sair do papel, deve-se haver espaço para tanto. “Isso a gente só pode fazer quando a  gente sentar com os gestores, eles são nossos principais clientes, são eles que nos contratam para as apresentações, a gente depende do aval deles, a gente precisa que eles nos entendam e cheguem a um determinado acordo. O Governo do Estado não fez absolutamente nada pelos trabalhadores da cultura em geral (durante a pandemia). O auxílio emergencial é do Governo Federal, o dinheiro tá vindo de lá, a Secretaria da Fultura e a Fundarpe não fizeram absolutamente nada para auxiliar, para dar uma ajuda aos trabalhadores da cultura.”

Trabahadores que dependem do Carnaval estão preocupados com a falta de trabalho e renda. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Diálogo e auxílio

Procurados pelo LeiaJá, a Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco) e Secretaria de Cultura informaram que, atualmente, é a Secretária de Turismo e Lazer (Setur) o órgão à frente dos assuntos pertinentes ao Carnaval. A reportagem tentou estabelecer contato com a assessoria da Setur, porém, não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço está aberto para qualquer esclarecimento. 

Já as prefeituras do Recife e Olinda não responderam aos questionamentos enviados. No entanto, a reportagem apurou junto à fonte ligada à classe artística que já foram iniciadas discussões junto aos gestores olindenses bem como na última sexta (18), alguns representantes de agremiações estiveram na sede da Prefeitura do Recife para tratar do tema em uma reunião “bastante favorável”. 

Dona Santa, uma das grandes referências do maracatu de baque virado, pode ganhar o título de patrona da manifestação. Na última terça (29), durante reunião da Comissão de Constituição, Legislativa e Justiça (CCLJ), realizada na Assembléia Legislativa de Pernambuco (Alepe), a deputada estadual Teresa Leitão (PT) relatou e deu parecer favorável  a um projeto de lei que visa reconhecer a ex-rainha do Maracatu Nação Elefante como tal. 

O projeto, de autoria do deputado Isaltino Nascimento (PSB), tem o objetivo de reconhecer  Dona Santa enquanto referência maior dos maracatus nação. Para Teresa Leitão, a proposta seria, para além de uma homenagem, uma forma de fortalecer a visibilidade da participação feminina no segmento. “(O projeto) além de preservar uma das nossas marcas culturais mais importantes, o Maracatu, lhe dá como patrona um exemplo, um ícone dessa cultura. Dona Santa, por tudo que significou para as religiões de matriz africana, do ponto de vista espiritual, de aglutinar seu povo em torno da crença religiosa que ela professava, dentro dessa perspectiva motivou o Maracatu sendo, de fato, uma liderança. E homenagear mulheres é sempre muito bom no conceito de visibilidade política, social e cultural”. 

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Dona Santa é reconhecida como uma das maiores rainhas de maracatu da história. Ela esteve à frente das nações Leão Coroado e  Elefante, no século 20, além de ter sido fundadora da Troça Carnavalesca Mista Rei dos Ciganos, que mais tarde viria a ser o maracatu Porto Rico do Oriente. Foi na nação Elefante que Dona Santa teve seu reinado absoluto, por 16 anos. Ela também atuou como diretora da agremiação e foi devidamente coroada em 1947. Faleceu em 1962, aos 85 anos, deixando um legado de resistência e ainda, um exemplo concreto da  importância da presença das mulheres dentro dos maracatus. 

*Com informações da assessoria. 

Símbolo da cultura pernambucana, o maracatu de baque virado é uma tradição centenária que resiste e sobrevive às mais diversas dificuldades impostas pela passagem do tempo, através da dedicação e amor daqueles que integram as nações. Instaladas em comunidades pobres da Região Metropolitana do Recife, as nações de maracatu, que tanta alegria e beleza levam para o Carnaval pernambucano, estão colocando toda essa paixão em ações de solidariedade para ajudar a seus integrantes e moradores de seus entornos, nesse momento em que muitos estão impossibilitados de garantir o seu sustento por conta da pandemia do coronavírus. 

Para tanto, as próprias nações estão promovendo campanhas de arrecadação de alimentos e produtos de higiene, num esforço coletivo que visa superar a falta de políticas públicas mais efetivas voltadas para os fazedores de cultura popular. Outras, como a Nação Baque Forte e Nação Cambinda Africano receberam doações de grupos de maracatu da Europa e de outros estados brasileiros. Várias comunidades já foram beneficiadas por essas mobilizações, mas os interessados ainda podem ajudar com doações de cestas básicas ou, até mesmo, dinheiro. Confira onde e como colaborar. 

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Nação Almirante do Forte

Localizada no Bongi, Zona Oeste do Recife, o Almirante do Forte, liderado pelo Mestre Teté, está arrecadando mantimentos para ajudar sua comunidade. As doações podem ser feitas por dois canais. Informações: (21) 96501-0567.

Banco do Brasil

Ag: 3090-2

CC: 107240-4

CPF: 074.359.927-63

Ana Paula de Araújo Paulo

Nubank

Banco - 260 - Nu pagamentos

Ag: 0001

CC: 5700257-2

CPF: 074.359.927-63

Ana Paula de Araújo Paulo

Nação Leão Coroado

Centenária e Patrimônio Vivo de Pernambuco, a Nação Leão Coroado também está na luta para ajudar a comunidade de Águas Compridas, de Olinda. Informações pelos números: (81) 985885693/996668558.

Banco do Brasil

Ag: 7-8

CC: 10854-5

CNPJ: 09.789.314/0001-90

Maracatu Leão Coroado

Nação Aurora Africana

Fundada e sediada em Jaboatão, a jovem nação Aurora Africana, presets a completar duas décadas de atividade, também está captando doações para seus integrantes e para moradores das comunidades localizadas no entorno de sua sede. A nação vai fzer alguns sorteios entre os doadores, como forma de agradacer pela solidariedade. Entre os itens sorteados estarão instrumentos de maracatu e camisas do Aurora. 

Banco do Brasil

Ag: 0934-2

Poupança: 28608-7

Fabio de Souza Sotero

Itaú

Ag: 7125

CC: 17176-4

Lysandra Felizardo P. da Paz

Caixa Econômica

Ag: 0648

OP: 003

CC: 0001108 - 6

Nação do Maracatu Aurora Africana

Nação Cambinda Estrela

O Cambinda Estrela fica localizado na comunidade de Chão de Estrelas, na Zona Norte do Recife, mas assiste a outras várias comunidades próximas, como Capilé, Cidade de Deus, Saramandaia e Cajueiro, através de seu Centro Cultural. A nação também está arrecadando doações. Informações: (81) 981509354/985171065.

Caixa Econômica Federal

Ag: 0050

OP: 03

Conta: 2516-7

Nação Gato Preto

A Nação Gato Preto está empenhada em ajudar a sua comunidade, Alto dos Coqueiros, na Linha do Tiro, Zona Norte do Recife. Também há uma vaquinha virtual para arrecadar doações. 

Caixa Econômica Federal

Ag: 4976

Op: 001

Conta: 22959-4

Neide Greice M de M Silva

Nação Estrela Brilhante do Recife

O Estrela Brilhante do Recife criou uma vaquinha virtual para arrecadar donativos para sua comunidade, o Alto José do Pinho, na Zona Norte da cidade. A campanha já ajudou cerca de 270 famílias, mas ainda quer fazer mais. Informações pelo (81) 986857206.

 

 

É domingo. Nas ruas dos sítios históricos do Recife e Olinda o som dos tambores de maracatu ecoam por todas as esquinas. A variedade de grupos que replicam o batuque das tradicionais nações do brinquedo é imensa e a quantidade de integrantes confirma a força e o valor dessa tradição. Mas, nem sempre foi assim. Em meados dos anos 1970 e 1980, poucos eram os 'bombos' que soavam e Pernambuco chegou a contabilizar a existência de apenas sete nações de baque virado. Foi nesse cenário de esquecimento e desvalorização que surgiu um grupo que ajudaria a mudar o curso dessa história, o Nação Pernambuco. 

Antes mesmo do manguebeat de Chico Science colocar a capital pernambucana no mapa musical do país, o Nação Pernambuco começou a trabalhar para tirar o maracatu do esquecimento. Nascido em Olinda, em 1989, o grupo idealizado por Bernardino José, ator de carreira com experiência no Balé Popular do Recife, se propôs a dar nova cara e destino à essa tradição pernambucana. Ao lado de Amélia Veloso, também atriz e membro do Balé Popular, ele buscou na tradição os preceitos que dariam norte ao novo grupo. "O primeiro passo era manter a rua como referência, a gente surge na rua como um grêmio cultural e carnavalesco, mas com a  proposta de preservar o contato com o chão, que eu chamo de ‘transcurso secular’", conta Bernardino.

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Foi a vivência nos cortejos de rua por Olinda e pelo Recife, numa época em que o Carnaval não era o Multicultural - "ainda era meio abandonado", relembra Amélia -, e  as batucadas que acabavam regadas a 'ponche' na porta de Badia, importante figura que motivou a Noite dos Tambores Silenciosos no Pátio do Terço; que formaram a essência do Nação Pernambuco. O convívio com grandes mestres de nações tradicionais como Roberto Pescocinho (hoje no Nação de Luanda) e Teté (da Nação Almirante do Forte) também colaborou para que o grupo elaborasse sua essência, até hoje, ancorada nos preceitos fundamentais da tradição. 

Bernardino José: "A gente é uma agremiação que tem esse encantamento de botar (o maracatu) no palco"

A veia artística de seus fundadores, no entanto, foi o que fez o grupo ir além, e logo as ruas deram lugar aos palcos em espetáculos que imprimiram nova cara e sonoridade a esse maracatu. "O maracatu até a gente era performático, com a gente, ele passou a ser dramático, ele começou a ganhar voz, diálogo, aí vem a questão da ópera. A gente começou a dar voz às figuras do maracatu, através da música e dos poemas de Solano Trindade", explica Bernardino. 

Em 1992, o Nação Pernambuco estreou seu primeiro espetáculo, Batuque da Nação, no Teatro Beberibe, no Centro de Convenções. Era o início de um novo século, o 20, e também o começo de uma nova era para a cultura pernambucana. O manguebeat, movimento fundado por Chico Science também ganhava corpo e colaborou para o que o maracatu ganhasse maior visibilidade e valorização em todo o mundo.

O próprio Science foi um dos espectadores do Nação e ambos os movimentos acabaram caminhando de forma semelhante: "O maracatu era visto de uma forma muito depreciativa antes. Quando a juventude chegou, tudo ficou melhor. Nem ele (Chico) nem a gente se restringiu ao povo negro, abrimos (o maracatu) para todo mundo. Aconteceram os dois (movimentos) mais ou menos ao mesmo tempo e teve essa disponibilidade de abrir para que as pessoas conhecessem. Foi um período de abertura de cabeças", comenta Amélia. 

A sede provisória do Nação Pernambuco funciona em um casarão emprestado pela Prefeitura de Olinda, no Carmo. 

A história de lá pra cá já é bem conhecida. O Nação Pernambuco ganhou os palcos e ruas do mundo e, agora, do alto de seus 30 anos, é reconhecido como um dos mais importantes grupos da cultura pernambucana trabalhando, além do maracatu, outros ritmos tradicionais do Estado, como o coco, o caboclinho e a ciranda. As sementes desse trabalho  estão espalhadas não só pelo Brasil, como também pela Europa, por meio de alunos saídos das escolas da agremiação e outros grupos que nasceram inspirados e influenciados por ela. Os trabalhos registrados, como os quatros CDs e um DVD, além de cerca de 40 músicas autorais também são ferramentas que disseminam e perpetuam essa trajetória.  

Em sua terra natal, Olinda, o Nação continua trabalhando em função do Carnaval e na manutenção da tradição do maracatu. A luta pela continuidade do grupo, no entanto, é grande, devido à falta de patrocínio. “É murro em ponta de faca, porque a gente não tem apoio pra nada. A gente sobrevive de apresentações mesmo. Não tem diferença de uma batucada de maracatu que tá começando hoje”, diz Amélia. Na sede provisória do grupo, localizada no Carmo, funcionam as escolas de dança e percussão que formam os bailarinos e batuqueiros que vão integrar a nação. O fluxo de interessados é tamanho, que a agremiação já deu vida a muitos outros grupos, como o Congobloco, o Toque Leoa e o Badia, entre outros. 

Esse movimento de multiplicação é, de fato, o grande trunfo do Nação. Todo o trabalho desenvolvido, nas últimas três décadas, vem resultando na valorização da tradição do baque virado e na manutenção desse legado pernambucano para as novas gerações, como bem ilustra Bernardino: "O que a gente tá fazendo aqui é uma preparação para o que vem depois. A gente tá trabalhando todo esse universo e as gerações que vêm começam a assimilar, a gente simplesmente tá dando vida a isso. Quando a gente começou, a gente não se entregou às amarras do sistema político que diz que você tem que fazer ‘isso’ porque é tradicional. Eu não uso palavras como folclore e raiz, a gente é semente". 

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Aniversário

Os 30 anos do Nação Pernambuco serão celebrados com diversas atividades que começam neste mês de dezembro e prometem ganhar o ano de 2020. Neste domingo (15), a sede do grupo promove uma festa que, além de celebrar o Nação, também vai comemorar os 15 anos de uma de suas ‘crias’, o Congobloco. Já no dia 21 de dezembro, uma outra celebração, no mesmo local, vai receber convidados, como o Afoxé Oxum Pandá, entre outros, e aulas de dança. Para janeiro, está prevista uma exposição que contará, em linha cronológica, a história desse grupo que, como gostam de colocar os seus fundadores, "revitalizou" o maracatu. 

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O Recife vai sediar, neste mês de novembro, a primeira edição do Congresso Nacional de Maracatu Nação. O evento vai reunir maracatuzeiros, pesquisadores e brincantes de Pernambuco e de todo o país para debater e promover vivências sobre essa manifestação popular tombada como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. As atividades começam na próxima segunda-feira (11) e encerra com um grande encontro de batuqueiros no dia 17 de novembro.

Nesta primeira edição, o congresso pretende discutir sobre o Plano de Salvaguarda do Maracatu, pendente de elaboração desde o tombamento da manifestação como patrimônio nacional. Para isso, o evento promove apresentação de trabalhos acadêmicos, rodas de diálogos, sessões de educação patrimonial e vivências com pesquisadores, mestres e batuqueiros. As atividades acontecem em diversos locais da Região Metropolitana do Recife e são gratuitas. 

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O congresso é realizado pela Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco (Amanpe), com apoio  da FUNDARPE e Prefeitura do Recife, além do Departamento de Preservação do Patrimômio Cultural - DPPC, do IPHAN - PE. Segundo o presidente da Amanpe, Fábio Sotero, o evento pretende não apenas discutir o planejamento do plano de salvaguarda do maracatu de baque virado como, também, "discutir as necessidades das nações" e chamar a atenção para a importância da presença dos maracatus para além do período carnavalesco. "A gente tem uma diversidade muito grande nas nações, elas são muito diferentes umas das outras. A gente quer melhorar a situação dos maracatus de Pernambuco", afirma. 

As atividades do congresso começam na próxima segunda (11), com a exibição do Vídeo Documentário do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) - Maracatu Nação, à partir das 14h, no Teatro Arraial Ariano Suassuna e, em seguida, será feita uma homenagem aos mestres e mestras de algumas nações. Encerrando o evento, no dia 17 de novembro, às 15h, haverá um grande encontro de batuqueiros, de diversas nações de maracatu de baque virado e grupos percussivos de todo o país, no Bairro do Recife. “Vai ser uma grande ‘maracatuzada’ lá no Recife Antigo”, diz Sotero. Os batuqueiros sairão de diversas partes do bairro, com culminância do encontro na Av. Rio Branco. A programação completa pode ser vista na página oficial do congresso. 

Serviço

1º Congresso Nacional de Maracatu Nação

11 de novembro a 17 de novembro

Gratuito

 

A sede do Maracatu Nação Porto Rico recebe, nesta quarta (25), o lançamento do livro Nossa Rainha, Mãe Elda, Ancestralidade e Devoção. A obra homenageia a ialorixá e os 103 anos de sua nação. O lançamento começa às 19h.

O livro do pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e de Povos Tradicionais do Grupo Ser Educacional (NEABIT), Jorge Arruda, é dedicado à Nação Porto Rico que, em 2019, completa 103 anos de história. A obra traz poesias e relatos bibliográficos e fotográficos que contam a importância sócio cultural de sua presidente, ialorixá e rainha, Elda Viana. 

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Fundado no século 19, em Palmares, Mata Sul de Pernambuco, e trazido para o Recife em 1916 o Maracatu Nação Porto Rico é hoje uma das mais importantes nações de maracatu de baque virado de Pernambuco. Com diversos títulos de campeão do Carnaval do Recife, a nação já foi homenageada na folia recifense (em 2016) e já passou por diversos continentes do mundo, como Ásia e Europa, fazendo apresentações, oficinas e até apadrinhando grupos percussivos. 

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Serviço

Lançamento do livro Nossa Rainha, Mãe Elda, Ancestralidade e Devoção

Quarta (25) - 19h

Maracatu Nação Porto Rico (Rua Eurico Vetrúvio, 483)

Gratuito

 

Contam os mais antigos, e alguns pesquisadores que se debruçaram sob o tema, que no início do século 20, quando a prática do candomblé era proibida no Brasil, diversos terreiros se refugiavam dentro de nações de maracatu de baque virado para se livrarem da repressão e continuarem existindo. Mesmo antes disso, os maracatus já serviam como instrumento para que a população negra pudesse louvar seus deuses sob a desculpa de estarem celebrando uma festa ao toque dos tambores.

A ligação do maracatu de baque virado com a religião de matriz africana existe desde a origem do brinquedo e se estreitou ao longo dos séculos. A manifestação cultural, reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil, nascida em Pernambuco, atravessou gerações e, apesar de ter se moldado aos tempos modernos e se adaptado a inúmeras circunstâncias, mantém firmes seus fundamentos e tradições, sobretudo os religiosas. 

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Sendo assim, tocar maracatu pode significar algo muito maior do que apenas bater tambor. É o que garante Jobson José, de 22 anos. Ele toca há 10 anos e, há três, tornou-se integrante da Nação Aurora Africana, sediada em Jaboatão. Foi aí que tudo mudou. O jovem que havia conhecido o batuque através da igreja evangélica que frequentava aprendeu os fundamentos da nova casa e acabou se rendendo ao candomblé. "Saí da igreja e fui para a religião de matriz africana", diz ele. 

Jobson conta que no grupo percussivo que integrou na igreja, ele ouvia muitas críticas em relação à religiosidade nos maracatus nação e que quando chegou ao Aurora Africana um novo mundo se abriu para ele: "Foi um choque de realidade, eles me ensinaram lá que essas coisas eram malignas, quando cheguei aqui era totalmente diferente. O meio espiritual era outro, não tinha nada a ver com o que eles pregavam lá. Eu me identifiquei com isso, foi quando eu entrei pra religião, eu senti essa necessidade, quis agregar as duas coisas e abracei de coração os dois", conta. 

Hoje, Jobson ocupa um lugar importante dentro da nação. Ele é um dos responsáveis pelo 'bombo mestre', tambores maiores que têm o objetivo de guiar todo o batuque. Pelo tamanho de sua responsabilidade, esse batuqueiro precisa estar atento a alguns fundamentos religiosos que envolvem obrigações, tudo seguido à risca. "Faço resguardo total (antes de tocar), peço força ao meu Orixá primeiramente, e às calungas (bonecas que detém a ancestralidade da nação). Essas são minhas duas forças, além de Deus", garante.

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Depois de conhecer e entrar para a religião de matriz africana, o batuqueiro garante: sua relação com o maracatu mudou. Tocar tambor e levar o baque de sua nação adiante ganhou novo significado e isso repercutiu, inclusive, em sua vida pessoal: "A sensação é outra, a vibração é outra. A espiritualidade é mais forte, na hora de tocar, a concentração muda. Parece que você entra em um estado inexplicável. Lá (na igreja) eu tocava como se fosse por esporte, só por tocar. Agora o envolvimento é maior. Sinto que o meu espírito está mais próximo do tambor. Sinto que estou tocando para o orixá, não pra qualquer pessoa. É para alguém do outro lado, não só pra mim". 

Outro batuqueiro que passou por essa experiência é Josivaldo Romão, de 32 anos. Participando do maracatu nação há 15 anos, hoje ele integra a centenária Estrela Brilhante de Igarassu, Patrimônio Vivo do Estado. O jovem conta que após começar a tocar, sentiu a necessidade de buscar mais conhecimento e essa busca o levou às religiões de matriz africana e indígena, a Jurema: "(Foi) para aprender mais e mais sobre a grandeza dos elementos e a força contida dentro da ciência sagrada, para ser completo e conhecer todo o fundamento", explica.

Romão afirma nutrir grande respeito às "crenças que o rodeiam", e que a religiosidade mudou seu modo de ver o brinquedo e a própria vida: "a religião me abriu os olhos para o sagrado que o maracatu leva consigo, por ser um culto de egun (espíritos) que por muito tempo eu desconheci".

Já Ricardo Rocha, de 40 anos e batuqueiro desde os 15, entrar para a religião de matriz africana lhe deu o entendimento de coisas que aconteciam dentro da tradição que antes ele não tinha. Ele se descobriu no candomblé quando tocou na Nação do Maracatu Porto Rico. Lá, ele foi "suspenso", ou seja, designado como ogã (aquele que toca para os orixás) da casa, por Mãe Lêu, Oxum Pandá do terreiro, e desde então vem professando sua fé. 

Para o batuqueiro, hoje integrante da Nação Estrela Brilhante de Igarassu, além de entender melhor os fundamentos do maracatu de baque virado, ele tem em seu batuque um meio de comunicação com o sagrado: "Quando a gente toca, a gente faz um elo entre o profano e o religioso, o presente e o passado, quando a gente bate uma alfaia de maracatu a gente acorda quem tá dormindo, porque maracatu é uma música tocada para os eguns. Então, pra mim é uma coisa muito mágica, não é todo mundo que entende, tem gente que acha que tudo é ‘macumba’ mas não, cada coisa tem seu significado". 

Fundamentos

Fábio Sotero, presidente da Nação Aurora Africana, explica a ligação dos maracatus nação com a religião de matriz africana: "É devido aos antepassados. Quem fazia o maracatu eram as lideranças dos negros, que eram os babalorixás. Eles eram coroados como rei do Congo, depois passou a se evidenciar mais as rainhas, por isso que hoje temos tantas em destaque, começando a partir de Dona Santa (da Nação Elefante). Hoje temos outras figuras de extrema importância, como Mãe Nadja, do Leão da Campina, Marivalda do Estrela Brilhante do Recife, Elda, da Nação Porto Rico, são todas yalorixás e lideranças em seus maracatus".

O presidente afirma que as rainhas, bem como os reis, as damas de Paço (mulheres que carregam as calungas) e alguns batuqueiros, como os que levam o bombo mestre, são os responsáveis pelo bom andamento do cortejo e do batuque e, sendo assim, precisam estar atentos à sua religiosidade. "Essa é a pilastra que todo maracatu nação precisa ter para ser identificado como tal. Porque o maracatu em si é dos orixás. Quem rege isso é Dona Iansã e Xangô que é o dono de todos os maracatus. Mas cada um tem o seu orixá patrono. O Aurora é de Oxaguiã e de Xangô". 

Essas 'pilastras' precisam fazer algumas obrigações, como oferendas e resguardos de relações sexuais e bebida alcoólica antes de ‘ir pra rua’ e tocar. "A gente joga os búzios, eles (orixás) dizem o que precisa ser feito, e a gente dá esse conforto, faz essas oferendas pra essas lideranças. Graças a Deus a gente tem a compreensão deles e eles veem o que a gente pode fazer", explica Fábio.

Ele também deixa claro, que não é obrigatório ser da religião de matriz africana para integrar o maracatu nação. Aqueles que desejam fazer parte da brincadeira apenas para tocar e dançar, sem laços de fé e religiosidade, podem fazê-lo tranquilamente: "Não tem problema mesmo. No Aurora a gente abraça todo mundo, independente de religião, de gênero e de classe. Aqui todo mundo é tratado como igual, com ou sem religião. Mas a gente tem nossas pilastras, as pessoas ‘cabeça’ que colaboram para o maracatu ir pra rua". 

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Preconceito e intolerância

Hoje, em pleno 2019, as religiões de matriz africana já não enfrentam mais as proibições mencionadas no início desta matéria. No entanto, seus fiéis e adeptos continuam enfrentando a intolerância e o preconceito arraigados na sociedade em relação a essas tradições ancestrais. Os batuqueiros entrevistados pelo LeiaJá falaram a respeito do assunto. Josivaldo Romão conta que a vigilância precisa ser constante: “Estamos o tempo todo em luta contra a intolerância, sempre que vejo alguém que não tem a humanidade de buscar o conhecimento. Todos temos o sagrado”, afirma.

Jobson, que trocou a religião evangélica pelo candomblé, conta que precisa lidar com o preconceito dentro da própria casa, e que já chegou a ser chamado de "ovelha perdida". No entanto, o jovem não se abala e defende suas escolhas de cabeça firme: "Eu acredito que se você saiu de um canto que não estava se sentindo bem e agora está em um em que se sente bem, esse é o bom da vida. Se meu espírito está bem, então é porque estou bem com Deus e com os orixás. Depois que conheci os orixás a minha vida mudou. Meu espírito evoluiu, na minha cabeça houve uma evolução". 

Situação parecida enfrentou Ricardo, filho de mãe extremamente católica, ele precisou travar alguns embates com ela após entrar para o candomblé e o maracatu. Mas, o batuqueiro também não se intimida e procura entender a origem do preconceito: “É assim mesmo, quando a gente não conhece uma coisa, a gente sempre tem medo, fica receoso, porque o desconhecido faz com que você fique com medo. Mas quando você conhece, você percebe que não tem nada a ver”. 

Imagens

Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Reprodução/Facebook Josivaldo Romão

Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O município de Igarassu, berço da nação de maracatu de baque virado mais antiga do estado de Pernambuco, o Estrela brilhante de Igarassu, sedia, a partir desta quarta (18), a Mostra de Maracatu - evento realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional (IPHAN) e pelo Instituto Papiro de pesquisa. Até o próximo sábado (21), o evento vai promover oficinas e palestras sobre esta manifestação cultural tombada como patrimônio imaterial nacional culminando com a apresentação da nação anfitriã. 

Abrindo a programação da Mostra de Maracatu, nesta quarta (18), o mestre Gilmar Santana, mestre da nação Estrela brilhante de Igarassu, ministra uma oficina de confecção de alfaias. A oficina segue até a sexta (20), sempre às 14h, na Casa do Patrimônio do IPHAN, em Igarassu. Já no sábado (21), a Nação Estrela Brilhante de Igarassu se apresenta, às 17h. 

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Também no sábado (21), no mesmo local, o mestre apresenta a palestra O maracatu como bem cultural: memórias e práticas, ao lado do produtor cultural Hugo Nascimento. Sendo a mais antiga nação de maracatu de baque virado em atividade no Estado, com 195 anos de história, o Estrela de Igarassu é Patrimônio Vivo de Pernambuco e vencedor do Prêmio de Culturas Populares do extinto Ministério da Cultura. 

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Programação

Tambores de Igarassu - Oficina de confecção de alfaias

Quarta (18) a sexta (20) - 14h às 17h

Casa do Patrimônio do IPHAN em Igarassu (PE), Sobrado do Imperador (Rua Barbosa Lima, n° 122, Sítio Histórico)

Palestra - O maracatu como bem cultural: Memórias e Práticas

Sábado (21) - 14h às 17h

Casa do Patrimônio do IPHAN em Igarassu (PE), Sobrado do Imperador; rua Barbosa Lima, n° 122, Sítio Histórico.

Apresentação da Nação Estrela Brilhante de Igarassu

Sábado (21) - 17h às 19h

Casa do Patrimônio do IPHAN em Igarassu (PE), Sobrado do Imperador; rua Barbosa Lima, n° 122, Sítio Histórico.

Serviço

Mostra Maracatu

Quarta (18) a sábado (21) 

Casa do Patrimônio do IPHAN em Igarassu (PE), Sobrado do Imperador; rua Barbosa Lima, n° 122, Sítio Histórico

Gratuito

A cidade de Olinda vai celebrar, nesta quinta (1º), o Dia Estadual do Maracatu. A festa começa às 18h, com concentração de cerca de 10 grupos com mais de 200 batuqueiros, no Largo do Amparo. Em seguida, o batuque segue em cortejo até os Quatro Cantos, onde cada grupo e nação fará sua apresentação. 

Coordenado pela Associação dos Maracatus de Olinda (AMO), o evento celebra a data instituída para reverenciar a expressão cultural pernambucana. A data de 1º de agosto foi escolhida em virtude do nascimento do mestre Luiz França, importante nome do maracatu que esteve à frente da nação Leão Coroado por quatro décadas. Atualmente, um projeto de lei está sendo analisado pelo Senado para que a data se torne nacional. 

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Para festejar o baque virado, nesta quinta (1º), estarão presentes nas ladeiras do Sìtio Histórico a Nação Camaleão, Nação Leão Coroado, Nação Luanda, Nação Tigre, Nação Badia, Nação Pernambuco, Nação Maracambuco, Nação Estrela de Olinda, Nação Sol Brilhante e o grupo Várzea do Capibaribe.

Serviço

Celebração do Dia Estadual do Maracatu

Quinta (1º) - 18h

Largo do Amparo - Olinda

Gratuito

 

O maracatu de baque virado está prestes a ganhar mais uma honraria. O projeto da deputada Luciana Santos, que pretende instituir o dia 1º de agosto como Dia Nacional do Maracatu, foi aprovado, na última quarta (7), pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Agora, a instituição da data depende apenas da aprovação do Senado.

Segundo o relator da CCJ, Rubens Pereira Junior, a data de alcance nacional deverá promover o reconhecimento da  importância dos maracatus por se tratarem de uma das expressões culturais mais tradicionais do país.

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O dia 1º de Agosto, que em Pernambuco já é comemorado como Dia Estadual do Maracatu, foi escolhido por ser o dia do nascimento do Mestre Luiz de França, importante maracatuzeiro que comandou a tradicional nação Leão Coroado por mais de três décadas. Agora, o projeto segue para apreciação do Senado para instituição da data comemorativa.

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A cantora e percussionista pernambucana Chris Nolasco está excursionando pela Europa com a segunda etapa do projeto Intercâmbio Cultural - ALiança Brasil e Bélgica. Ela faz um giro por cidades da Bélgica ministrando workshops e masterclasses sobre o maracatu de baque virado, um dos mais importantes ritmos de Pernambuco.

Além de ensinar toques específicos do maracatu em instrumentos como alfaia, agogô e xequerê, Chris passa para os belgas, em suas aulas, um pouco sobre a história de luta e resistência do maracatu. Em contrapartida, o projeto idealizado por Nolasco já trouxe ao Recife os violinistas belgas Wouter Vandenabeele e Katrien Vanremortel, que ensinaram aos brasileiros sobre a música do país europeu.

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Na tarde desta segunda (16), batuqueiros, amigos e familiares se despediram do Mestre Afonso, mestre da Nação de Maracatu de Baque Virado Leão Coroado. Afonso faleceu no último domingo (15), aos 70 anos, vítima de um infarte. Sua despedida foi ao som de cânticos sagrados da religião de matriz africana, o candomblé, e toadas da nação que ele comandou por mais de duas décadas.

O corpo de Mestre Afonso foi velado na sede do Leão Coroado, localizada no bairro de Águas Compridas, Olinda. Por volta das 15h30, um cortejo seguiu do local do velório até o Cemitério Público de Águas Compridas, onde houve o sepultamento. Por todo o caminho, batuqueiros da Nação Leão Coroado tocaram seus tambores em uma última homenagem ao seu mestre. Familiares, amigos e representantes de outras nações de maracatu de baque virado também acompanharam, a maioria vestindo branco e cantando loas.

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Afonso Aguiar assumiu a nação Leão Coroado em 1997, sucedendo um dos maiores mestres de maracatu de Pernambuco, Luís de França. Por pouco mais de duas décadas, Mestre Afonso conduziu a nação levando-a para diversos cantos do Brasil e do mundo, em apresentações e oficinas ministradas por ele. O Leão Coroado é uma das mais importantes e antigas nações em atividade no Estado e é reconhecida como Patrimônio Vivo.

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