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A Polícia Federal marcou para o dia 7 de abril, em São Paulo, o depoimento da jornalista Mirian Dutra, que teve um relacionamento extraconjugal com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nos anos 1990 e o acusa de ter pago parte de despesas dela e do filho, Tomás, no exterior, por meio de uma empresa que era concessionária do governo.

No dia 26 de fevereiro, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar as declarações de Mirian ao jornal Folha de S.Paulo e apurar se houve evasão de divisas. A jornalista, que vive na Europa, disse que só falará com a imprensa novamente quando chegar ao Brasil.

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Ela afirma que a empresa Brasif S.A. Exportação e Importação foi o canal usado por FHC para enviar dinheiro ao exterior, por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, assinado em dezembro de 2002 e com validade até dezembro de 2006.

A empresa nega que tenha feito a contratação a pedido de FHC. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada no último sábado, 19, o ex-presidente afirmou que nunca remeteu divisa por meio da Brasif e que considera "bom" o andamento do inquérito. "Eu acho bom (a investigação), para acabar com as suspeitas que foram lançadas por uma única pessoa, sem nenhum documento, nem nada".

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou na noite desta segunda-feira, 22, que sua ex-amante mentiu ao afirmar que ele lhe repassou recursos por meio de contrato fictício com a empresa Brasif - como Mirian Dutra afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo.

"Não tem denúncia nenhuma, a própria empresa disse que não é verdade. Isso não existe, é invenção", afirmou FHC na primeira entrevista coletiva após a divulgação da notícia, na semana passada. "Não vou entrar nessas coisas que são menores, estou preocupado com o Brasil. Não tenho nada a temer, a esconder, nada", completou.

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Fernando Henrique disse que não fala "há anos" com Mirian Dutra e repetiu que não fala sobre assunto de foro pessoal. "Não falo com ela há anos. É (assunto) privado, o que é privado não adianta pedir que não vou falar. Temos que discutir o que é público. Não tem fato, quando houver, tudo bem, vou discutir. A empresa disse que não, vocês estão insistindo num tema que não existe", frisou.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reafirmou nesta sexta-feira, 19, que nunca utilizou qualquer empresa, exceto bancos, para fazer remessas de recursos a pessoas no exterior e lamentou o "uso político de uma questão pessoal" no episódio envolvendo a jornalista Miriam Dutra, com quem ele teve um relacionamento extraconjugal nos anos 1980 e 1990.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Miriam disse que FHC teria usado uma empresa, a Brasif Exportação e Importação, que foi concessionária até 2006 das lojas duty free em aeroportos brasileiros, para enviar dinheiro a ela entre 2002 e 2006.

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"Todas as remessas internacionais que realizou obedeceram estritamente à lei, foram feitas a partir de contas bancárias declaradas e com recursos próprios resultantes de seu trabalho. Não tem fundamento, portanto, qualquer ilação de ilegalidade. O presidente lamenta o uso político de uma questão pessoal", afirmou em nota a assessoria do ex-presidente.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nessa quinta (18) existir um contrato feito "há mais de 13 anos" com a Brasif S.A. Exportação e Importação, empresa que, segundo a jornalista Mirian Dutra - com quem o tucano teve um relacionamento extraconjugal nos anos 1990 -, foi usada para repassar uma mesada de US$ 3.000 a ela entre dezembro de 2002 e dezembro de 2006. O tucano, no entanto, disse não ter condições de se manifestar sobre os detalhes até que a empresa preste esclarecimentos sobre o assunto.

Mirian afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que um contrato fictício de trabalho com a Brasif era usado para repassar a mesada. A empresa foi concessionária das lojas duty free nos aeroportos brasileiros nos anos 1990 e atualmente atua em diversos segmentos. "Desconheço detalhes da vida profissional de Mirian Dutra. Com referência à empresa citada no noticiário de hoje (ontem), trata-se de um contrato feito há mais de 13 anos, sobre o qual não tenho condições de me manifestar enquanto a referida empresa não fizer os esclarecimentos que considerar necessários", disse o ex-presidente.

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Fernando Henrique afirmou que os recursos destinados à jornalista "provieram de rendas legítimas" do seu trabalho. "Depositadas em contas legais e declaradas ao IR, mantidas no Banco do Brasil em NY/ Miami ou no Novo Banco, Madri, quando não em bancos no Brasil."

Segundo Mirian, que na ocasião era funcionária da TV Globo, o contrato previa que ela fizesse análise de mercado em lojas convencionais e de duty free. Mirian admitiu ao jornal, porém, que nunca esteve em uma loja para trabalhar. De acordo com ela, o contrato era um meio para receber dinheiro de FHC e ajudar a sustentar o filho dela, Tomás Dutra.

DNA

Em sua nota, o ex-presidente também diz que sempre ajudou Tomás, apesar de os testes de DNA não terem reconhecido sua paternidade. "Sempre me dispus a fazer qualquer outro teste que os interessados julgassem conveniente. A despeito disso, procurei manter as mesmas relações afetivas e materiais com o Tomás."

O ex-presidente também relata que continuou a pagar a matrícula e sustento de Tomás em uma "prestigiada universidade americana". "Da mesma forma, doei mais recentemente um apartamento a ele em Barcelona, bem como alguns recursos para fazer os estudos de mestrado e, quando possível, atendo-o nas necessidades afetivas". Ao jornal, o ex-presidente havia negado ter enviado dinheiro para Mirian Dutra por meio da empresa.

Procurada pelo jornal O Estado de S.Paulo, a empresa Brasif não se manifestou até a conclusão desta edição.

Por meio de nota, a TV Globo informou que "jamais foi avisada" pela jornalista de supostos contratos fictícios que a profissional teria firmado com Brasif.

Contrato. Mirian afirmou ainda na entrevista que começou a receber a ajuda financeira em 2002, quando seu contrato com a TV Globo foi alterado e sua remuneração diminuída.

A emissora disse no comunicado que revisou o contrato da "remuneradora" em 2004, não em 2002, "tudo segundo a lei vigente no país em que trabalhava (Espanha)".

A jornalista havia tratado da relação com FHC também em entrevista à edição deste mês da revista BrazilcomZ, publicada na Espanha.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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