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A Polícia Civil deu maiores detalhes, na tarde desta quinta-feira (11), da Operação Castelo de Farinha, deflagrada contra a empresa Casa de Farinha por fraude em processos licitatórios. Segundo a Polícia Civil, há indícios de que a empresa intimidava e ameaçava concorrentes para não participarem dos pregões. Três mandados de prisão temporária foram expedidos contra representantes da empresa, que é do setor alimentício.

O principal fato investigado pela Polícia Civil é uma licitação de merenda escolar da Prefeitura de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), no dia 4 de julho de 2018. Os alvos da operação Valéria dos Santos Silva, Romero Pontual Filho e Nelson Canizza participaram do pregão, que teve como vencedora a Casa de Farinha. A polícia pediu a prisão temporária dos suspeitos e, até o momento, apenas Valéria foi presa.

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Segundo a delegada Patrícia Domingos, o carro de uma empresa concorrente foi batido duas vezes no caminho para o local da licitação. Após o carro parar, ao invés dos ocupantes do outro veículo discutirem a responsabilidade do acidente, eles só diziam que ninguém deveria sair do local até resolver a questão. "Quando o licitante entregou a documentação para a funcionária para ela participar do pregão, um homem pegou o documento, rasgou e jogou no rio", lembra Patrícia.

Uma testemunha também relatou que outro licitante foi abordado por dois homens e ofertado um valor em dinheiro para que o valor da proposta fosse alterado. "Fizeram ameaças veladas como 'você não teme pela sua vida?'", relatou a delegada. Outra licitante ainda estaria em uma lanchonete próxima à prefeitura quando suspeitos arrancaram os documentos dela e desapareceram.

Todas as empresas com algum registro de ocorrência são de fora de Pernambuco. Por conta disso, a Polícia investigará se há alguma formação de quadrilha da Casa de Farinha com outras empresas pernambucanas.

A Casa de Farinha também foi investigada em outra operação da Polícia Civil, por fraudes em licitações do Cabo de Santo Agostinho. Segundo Patrícia, as merendas seriam de má qualidade. Romero e Nelson teriam abordado licitante e ofertado dinheiro para que não participasse de pregão da Prefeitura de Olinda. O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) investiga irregularidades nos contratos também com a Prefeitura do Recife.

Por nota, o advogado da Casa de Farinha, Ademar Rigueira, rebateu as acusações. O defensor ressalta que há mais de 13 anos a companhia é reconhecida por atuação no segmento de alimentação coletiva, "seguindo todos os padrões de controle e qualidade exigidos pelos órgãos de fiscalização, não se tratando, portanto, de uma quadrilha". Romero Pontual Filho, afirma a defesa, estava no exterior e irá se apresentar nos próximos dias. Sobre a licitação de Ipojuca é dito que ela ocorreu dentro da mais estrita legalidade, com observação de parâmetros técnicos, formais e legais. Por fim, o advogado diz também que a polícia agiu com finalidade exclusivamente midiática. O pregão de Ipojuca foi cancelado.

A Polícia Civil de Pernambuco desencadeou na manhã desta quinta-feira (11) uma operação com objetivo de prender integrantes de uma associação criminosa envolvida em crimes relacionados a licitações. A Operação Castelo de Farinha está cumprindo três mandados de prisão e sete mandados de busca e apreensão domiciliar expedidos pelo poder judiciário do Estado.

De acordo com a polícia, as investigações começaram em julho deste ano após prisões em flagrante de pessoas que tentaram impedir uma licitação na Prefeitura de Ipojuca, no Grande Recife. Segundo a corporação, esses acusados chegaram a rasgar os documentos para que a oferta não acontecesse. Proprietários e funcionários de empresas do setor de alimentos estão sendo investigados. Há a possibilidade de que mais fraudes tenham sido realizadas pelo grupo. "O objetivo é identificar possíveis fraudes em outras licitações. Os mandados de prisão temporária são para que a gente possa dar continuidade e chegar à conclusão do inquérito policial", detalhou o delegado José Cláudio Nogueira, diretor da Diretoria Integrada de Polícia Especializada (DIRESP). 

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Dos três mandados de prisão, apenas um foi cumprido. "Temos informações de que uma dessas pessoas está fora do país", disse o delegado. Os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos em áreas de luxo do Estado, como a Avenida Boa Viagem e a Reserva do Paiva. "São [alvos dos mandados] empresários, pessoas com alto poder aquisitivo", explicou Nogueira. A operação, que conta com a participação de integrantes do departamento de inteligência da corporação e do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), está sendo presidida pela delegada Patrícia Domingos. Cerca de 60 policiais, entre delegados, agentes e escrivães, estão participando. A pessoa presa, que não teve o nome divulgado, e os materiais apreendidos foram levados para a sede do Grupo de Operações Especiais (GOE), no Cordeiro, na Zona Oeste do Recife.

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