Tópicos | PACIENTE 5

O Estadão pediu nesta terça-feira (19) à Justiça Federal em São Paulo que cobre explicações do Hospital das Forças Armadas (HFA), do Sabin e da Fiocruz sobre os laudos dos exames de coronavírus entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela defesa do presidente Jair Bolsonaro. Os testes, atribuídos ao chefe do Executivo, foram divulgados na semana passada por determinação do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, após o Estadão recorrer à Justiça para ter acesso aos dados por serem de interesse público.

No caso da Fiocruz, o laudo não possui CPF, RG, data de nascimento nem qualquer outra informação que o vincule ao presidente ou a qualquer outra pessoa. No papel, aparece apenas a identificação "paciente 5". Em outro exame, do laboratório Sabin, Bolsonaro utilizou como codinome o nome do filho de uma das responsáveis pela coleta do material, uma farmacêutica que trabalha no HFA.

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Para a defesa do jornal, os laudos apresentados, em vez de "apaziguarem incertezas sobre a saúde do presidente, fizeram surgir indagações". O Estadão pediu à Justiça Federal que sejam ouvidos o comandante logístico do Hospital das Forças Armadas, general Rui Matsuda, e a chefe do laboratório de vírus respiratórios e sarampo da Fiocruz, Marilda Mendonça Siqueira. "Foram juntados apenas três laudos. E nenhum deles, ao arrepio de regulamento técnico aprovado pela Anvisa, faz referência ao nome do presidente. Para piorar, o terceiro documento, expedido pela Fiocruz, é ainda mais vago: não traz data de nascimento, não aponta números de CPF ou de RG, nem indica qualquer outro dado que minimamente permita a identificação inequívoca do indivíduo examinado", afirmou o advogado do Estadão, Afranio Affonso Ferreira Neto.

O jornal quer saber do Sabin e da Fiocruz se eles já receberam, em outras oportunidades, material da Presidência da República sem o nome do paciente. No caso do Hospital das Forças Armadas, o pedido é para que se esclareça em quais datas foram realizadas as coletas de material da Presidência e para quais instituições foram enviadas as amostras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Fiocruz admitiu nesta quinta-feira, 14, que emitiu os laudos dos exames para covid-19 feito em amostras vindas do gabinete da Presidência da República, "de acordo com as condições de recebimento do material biológico remetido para análise", ou seja, sem a identificação do paciente.

O laudo do exame de covid-19 feito na Fiocruz e apresentado nesta quarta-feira, 13, pelo presidente Jair Bolsonaro à Justiça trazia apenas como identificação o número 05, sem nome do paciente ou número do documento.

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Em nota divulgada na tarde desta quinta, 14, a instituição esclareceu que "os laudos são emitidos regularmente com a identificação do paciente, em atendimento à norma ABNT-ISO-IEC 15189, adotada no escopo do Sistema da Qualidade do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo (Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz)".

Entretanto, ressaltou a instituição, "especificamente em relação à análise citada, foram recebidas amostras rotuladas numericamente. Considerando o cenário da pandemia de covid-19 em curso, com os primeiros casos sendo identificados no Brasil, à época, e a solicitação advinda do gabinete da Presidência da República, a Fundação emitiu os laudos de acordo com as condições de recebimento do material biológico remetido para análise".

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