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O nadador Daniel Dias, conhecido pelo apelido "Michael Phelps brasileiro" em razão dos seus expressivos feitos no esporte, ficou em primeiro lugar nas eliminatórias e conseguiu nesta quinta-feira (8) a classificação para a final dos 200 metros livre, classe S5, nos Jogos Paralimpícos.

Esta foi a primeira prova que Daniel Dias competiu no Rio-2016. Ele obteve o tempo de 2min39s35 e ganhou com larga distância em relação aos adversários de sua bateria. O segundo lugar na classificação geral ficou com o norte-americano Roy Perkins, que competiu em outra bateria e marcou 2min39s69. A terceira melhor marca foi do britânico Andrew Mullen, com 2min43s20.

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A final desta prova será realizada ainda nesta quinta-feira, às 19h59, no Estádio Aquático Olímpico. No total, nesta edição da Paralimpíada, Daniel Dias competirá em nove provas, seis individuais e três revezamentos.

Daniel Dias é o maior medalhista do País, com 15 conquistas, sendo dez de ouro, quatro de prata e um de bronze, conquistadas nos Jogos Paralímpicos de Pequim (2008) e Londres (2012). Também é dono de 14 títulos e seis recordes mundiais.

O brasileiro Odair Santos conquistou na manhã desta quinta-feira a primeira medalha para o Brasil nos Jogos Paralímpicos do Rio. O atleta de 35 anos ficou com a prata na prova dos 5.000 metros T11 (cego total), na primeira final disputada no Engenhão. O queniano Samwel Kimani levou o ouro, enquanto o também queniano Wilson Bill ficou com o bronze.

Odair ficou o tempo todo no pelotão de frente, e chegou a liderar a prova no início da última volta. Nos 200 metros finais, porém, Kimani conseguiu uma grande arrancada e fechou a prova com relativa vantagem. Ele venceu com a marca de 15min16s11, enquanto o brasileiro fechou em 15min17s55.

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A prata representa uma espécie de redenção para Odair. No ano passado, ele liderava com folga a prova no Mundial de Doha, no Catar, quando sofreu uma hipertermia pelo excesso de calor e desmaiou a pouco mais de 100 metros da linha de chegada, tendo que ser conduzido para o hospital e ficando fora do pódio.

Com a medalha, Odair chega ao seu oitavo pódio em Jogos Paralímpicos. É seu segundo competindo pela T11 - o primeiro fora conquistado em Londres-2012, quando levou a prata na prova dos 1.500 metros. Antes, ele ainda competia em categorias para atletas com perda parcial da visão.

O corredor começou a perder a visão aos nove anos de idade, devido a uma retinose pigmentar. Aos dez, ele começou a participar de provas de atletismo por influência de um tio. Deixou as pistas entre os 17 e os 22, mas quando retornou passou a empilhar conquistas pelo País e mundo afora. Desde 2004, em Atenas, Odair disputa os Jogos Paralímpicos, tendo alcançado medalhas em todas as edições desde então.

As disputas dos Jogos Paralímpicos do Rio-2016 começam nesta quinta-feira (8) e o Brasil tem grandes chances de conquistar uma medalha logo na primeira delas. A partir das 10h, Odair Santos disputa a final dos 5.000 metros T11 (cego total) e entra como favorito. No início da noite, a expectativa recai sobre o nadador Daniel Dias, que deve encarar sua primeira final dentre as nove que pretende disputar nos Jogos.

Ao todo, o Brasil disputará sete modalidades nesta quinta. Haverá atletas do País em provas de atletismo, basquete em cadeira de rodas, goalball, natação, judô, tênis de mesa e futebol de 7. Dessas, atletismo, judô e natação já terão definição de medalhas.

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Nos 5.000 metros, Odair entra com a melhor marca entre os dez competidores. O brasileiro de 35 anos tem o tempo de 15min16s82, quase dez segundos mais veloz que o principal concorrente, o chileno Cristian Valenzuela (15min26s26).

Um dos principais nomes do paralimpismo brasileiro, Daniel Dias disputa a eliminatória dos 200 metros livre a partir das 11h31. Caso se classifique, ele fará a final à noite, às 19h59.

Atletismo

Manhã:

10h - 5000m masculino T11 (final) - Odair Santos

10h25 - Salto em distância masculino F11 (final) - Ricardo Costa

10h35 - Arremesso de peso masculino F12 (final) - Caio Vinícius e Alessandro Rodrigo

10h22, 10h31, 10h40 e 10h49 - classificatórias da prova de 100m rasos feminino T11 - Terezinha Guilhermina, Jerusa Santos e Lorena Spoladore.

10h57, 11h05, 11h13 e 11h21 - classificatórias da prova de 100m rasos feminino T12 - Alice Correa

Tarde/Noite:

17h33 - Arremesso de peso feminino F57 (final) - Roseane Santos

17h47 - Arremesso de peso masculino F41 (final) - Jonathan Souza

18h09 - Lançamento de disco masculino F37 (final) - João Victor

18h11 - Salto em distância feminino T47 (final) - Sheila Finder

17h30 e 17h37 - classificatórias da prova de 100m rasos feminino T36 - Tascitha Cruz

17h45 e 17h52 - classificatórias da prova de 100m rasos masculino T44 - Alan Fonteles e Renato Cruz

18h13 e 18h21 - classificatórias da prova de 400m rasos masculino T20 - Daniel Tavares

19h19 e 19h27 - classificatórias da prova de 100m rasos masculino T13 - Gustavo Henrique e Kesley Josué

20h05 e 20h12 - classificatórias da prova de 100m rasos feminino T38 - Verônica Hipólito e Jenifer Martins

 

Basquete em cadeira de rodas

12h15 - Brasil x Argentina (feminino)

15h15 - Brasil X EUA (masculino)

 

Futebol de 7

10h - Brasil x Grã-Bretanha

 

Goalball

9h - Brasil X Suécia (masculino)

10h15 - Brasil x EUA (feminino)

 

Judô

A partir de 10h:

Até 48 kg - Quartas de final - Karla Cardoso (BRA) x Yuliya Halinska (UCR)

Até 52 kg - Quartas de final - Michele Ferreira (BRA) x Ramona Brussig (ALE)

Até 60 kg - Oitavas de final - Rayfran Mesquita (BRA) x Uugankhuu Bolormaa (MGL)

Até 66 kg - Oitavas de final - Halyson Bôto (BRA) x Miguel Vieira (POR)

 

Natação

Classificatórias (manhã):

9h30 - 100m costas masculino S6 - Talisson Glock

9h46 - 400m livre masculino S8 - Caio Oliveira

10h01 - 400m livre feminino S8 - Cecília Jerônimo de Araújo

10h17 - 100m peito masculino SB9 - Ruan Felipe Lima de Souza e Lucas Lamente Mozela

10h42 - 100m livre feminino S3 - Maiara Regina Pereira Barreto

10h54 - 100m costas masculino S14 - Felipe Vila Real

11h10 - 100m borboleta masculino S13 - Thomaz Rocha Matera

11h31 - 200m livre masculino S5 - Daniel Dias

11h43 - 200m livre feminino S5 - Joana Maria Silva e Susana Schnarndorf Ribeiro

11h56 - 100m costas masculino S7 - Italo Pereira

Finais (tarde) *caso se classifiquem

17h30 - 100m costas masculino S6 - Talisson Glock

17h44- 400m livre masculino S8 - Caio Oliveira

17h54 - 400m livre feminino S8 - Cecília Jerônimo de Araújo

18h05 - 100m peito masculino SB9 - Ruan Felipe Lima de Souza e Lucas Lamente Mozela

18h41 - 100m livre feminino S3 - Maiara Regina Pereira Barreto

19h04 - 100m costas masculino S14 - Felipe Vila Real

19h32 - 100m borboleta masculino S13 - Thomas Rocha Matera

19h59 - 200m livre masculino S5 - Daniel Dias

20h08 - 200m livre feminino S5 - Joana Maria Silva e Susana Schnarndorf Ribeiro

20h32 - 100m costas masculino S7 - Italo Pereira

 

Tênis de mesa

12h20 - 1ª fase Classe 5 - Claudiomiro Segatto (BRA) x Valentin Baus (ALE)

13h40 - 1ª fase Classe 4 - Joyce Oliveira (BRA) x Borislava Peric-Rankovic (SRB)

16h - 1ª fase Classe 1 - Aloisio Lima (BRA) x Chang Ho Lee (COR)

16h - 1ª fase Classe 10 - Bruna Alexandre (BRA) x Andrea McDonnel (AUS)

16h40 - 1ª fase Classe 10 - Carlos Carbinatti (BRA) x Jose Manuel (ESP)

18h - 1ª fase Classe 7 - Israel Pereira Stroh (BRA) x Will Bayley (GBR)

Antes mesmo de aparecer na Tribuna de Honra no Maracanã, o presidente Michel Temer ouviu protestos dos presentes ao estádio para a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos do Rio-2016. Às 18h07, boa parte do público presente gritou "Fora, Temer" repetidas vezes. O presidente chegou à tribuna seis minutos mais tarde, acompanhado da primeira-dama, Marcela.

Temer foi uma das últimas autoridades a ocupar seu espaço no Maracanã, e sua entrada foi discreta, quando as luzes do estádio já estavam apagadas para o início da cerimônia. O presidente não iria discursar, mas o protocolo prevê que seja ele o responsável por declarar abertos os Jogos Paralímpicos do Brasil. No mês passado, quando ainda não havia sido finalizado o processo de impeachment, Temer foi vaiado ao declarar aberta a Olimpíada.

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Sem a presença de chefes de Estado do exterior, a Tribuna de Honra do Maracanã foi ocupada por grande número de políticos do País. Além do presidente Michel Temer e da primeira-dama, Marcela, ocupavam o espaço o prefeito do Rio, Eduardo Paes, o governador em exercício, Francisco Dornelles, o governador licenciado, Luiz Fernando Pezão, e os ministros José Serra (Relações Exteriores), Raul Jungmann (Defesa) e Alexandre de Moraes (Justiça e Cidadania), além do secretário-executivo do Programa de Parceria em Investimentos, Moreira Franco.

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Os Jogos Paralímpicos Rio-2016, os primeiros da América do Sul, começaram nesta quarta-feira (7) com a cerimônia de abertura, embalada por muito samba e protestos. O fogo paralímpico brilhará no Maracanã até 18 de setembro no Rio de Janeiro, onde 4.342 atletas deficientes de 160 delegações, incluindo uma equipe de refugiados, passarão mensagem de determinação, força e superação.

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A cerimônia começou no fim da tarde carioca com uma roda de samba, que mais uma vez mostrou a riqueza musical e a vitalidade do Brasil, atolado em uma severa crise econômica e política. A viagem transmitida por vídeo do presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI), Philip Craven, da Grã-Bretanha ao Brasil deu início ao espetáculo, que contou com a participação de cerca de 500 pessoas, entre coreógrafos e artistas, alguns com deficiências físicas.

De repente, o Maracanã se transformou em praia, na qual passeavam os típicos vendedores ambulantes, as famosas barracas e o tradicional aplauso ao pôr do sol, tudo sob a música de Jorge Ben Jor, que repetia: "O Rio de Janeiro continua lindo".

Um momento emocionante aconteceu quando foi tocado o hino do Brasil, interpretado pelo maestro João Carlos Martins, que precisou abandonar o piano em um momento na carreira devido à atrofia nas mãos, mas logo retomou o instrumento, mostrando que ainda tem talento de sobra.

Em seguida, chegaram os protagonistas da festa: os atletas, que desfilavam ao ritmo contagiante. Os nomes das delegações eram expostos em quebra-cabeças que iam se juntando no meio do palco.

Concebida pela designer gráfico Fred Gelli, o escritor Marcelo Rubens Paiva e o artista plástico Vik Muniz, a cerimônia de abertura tem como tema "Cada corpo tem um coração" e "acentua a condição humana, os sentimentos, as dificuldades, a solidariedade e o amor", segundo a organização.

- "Fora Temer" -

Na tribuna de honra do estádio não estava presente o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, que participou nesta quarta-feira do velório do ex-presidente alemão Walter Scheel, falecido em Berlim aos 97 anos. É a primeira vez desde 1984 que um presidente do COI não participa da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos e, "por enquanto, não está previsto que o presidente (Bach) vá ao Brasil", anunciou o COI em comunicado.

A agitada atualidade política do Brasil também se fez presente em um Maracanã lotado, no qual milhares de pessoas gritaram pouco antes do início do evento em coro "Fora Temer", para denunciar o presidente Michel Temer, que assumiu o poder após a destituição de Dilma Rousseff pelo Senado. Temer, que já havia sido vaiado na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, em 5 de agosto, deverá proclamar os Jogos Paralímpicos abertos ao fim da grande festa.

- Grande expectativa -

Berço do Paralimpismo, a Grã-Bretanha elevou o padrão nesse tipo de evento, organizando em sua capital Jogos recorde e sem falhas há quatro anos, que serviram de modelo. Os Jogos do Rio correm o risco de mostrar uma cara pior que a dos Jogos Olímpicos, nos quais a torcida brasileira demonstrava muito interesse pelos atletas do país, e pouco ou nenhum atrativo pelos personagens estrangeiros.

Mesmo assim, a organização garante que vendeu 1,6 milhão de ingressos e espera que o milhão restante sejam esgotado nos próximos dias. Essa questão será chave, porque os cofres estão vazios e a falta de patrocinadores e os gastos imprevistos dos Jogos Olímpicos afetaram o orçamento global da Rio-2016.

- Esquecer a deficiência -

Cerca de 6,2% dos mais de 200 milhões de brasileiros têm alguma deficiência, segundo números oficiais divulgados em 2015. Os desafios são inumeráveis.

Não há calçadas, ou estão cheias de buracos; os semáforos não têm aviso sonoro; não há rampas, ou são tão inclinadas que obrigam a pessoa com deficiência a fazer uma força brutal para subi-las; as rampas dos ônibus não funcionam, ou o motorista não sabe operá-las; e ainda há táxis que evitam transportar pessoas com deficiência...

E em meio à crise e críticas, chegou ao Rio o fogo paralímpico com uma mensagem de igualdade, determinação, inspiração, coragem, poder de transformação e paixão pelo esporte. Futebol para cegos, atletismo, rúgbi e voleibol sentado, natação, esgrima e equitação são os destaques do programa de 22 esportes desta edição, dois a mais em relação a Londres-2012, com a inclusão da canoagem e do triatlo.

Os atletas, que vêm se preparando há quatro anos, estão prontos para mostrar que sua deficiência não é impedimento para conseguir uma medalha. A poderosa delegação russa não estará presente, excluída dos Jogos devido ao grande escândalo de doping estatal no país.

A Cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos está sendo realizada esta noite de quarta-feira (8), no Maracanã, no Rio de Janeiro. O evento está 'bombando' nas redes sociais. Pelo Twitter, milhares de pessoas elogiam a abertura que já está em segundo lugar entre os temas mais comentados no Brasil hoje. Confira as primeiras imagens do evento:

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A segurança aérea e o transporte aerologístico durante os Jogos Paralímpicos no estado Rio de Janeiro contarão com 50 aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). As aeronaves cumprirão medidas de monitoramento e policiamento para que não haja voos nas áreas determinadas pela estratégia de segurança do evento. Elas também ficarão na capital fluminense e em outros pontos do país para acionamento em casos emergenciais. 

O espaço aéreo sobre a cidade do Rio de Janeiro terá novas regras. Qualquer aeronave que descumprir as orientações poderá ser interceptado. Dos dias 7 a 19 de setembro serão ativadas áreas de exclusão aérea com restrições de voo sobre o bairro de Deodoro, os estádios do Maracanã e Engenhão e os bairros de Copacabana e Barra da Tijuca. As medidas não causarão impacto sobre os aeroportos do Galeão e Santos Dumont, que terão pousos e decolagens mantidos normalmente. O esquema é igual ao que ficou em vigor entre 24 de julho e 21 de agosto, durante os jogos Olímpicos. 

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"Nosso objetivo é manter o mesmo padrão dos Jogos Olímpicos", disse o coronel Dias Gomes, Chefe do Estado-Maior do comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA). 

Segundo a Força Aérea, a área que abrange Angra dos Reis até Cabo Frio, e do oceano até quase a divisa com Minas Gerais, estarão proibidos voos de treinamento, instrução e turísticos. Também estarão proibidas operações de paraquedas, parapentes, balões, dirigíveis, ultraleves, aeronaves experimentais, asas-deltas, pulverização agrícola, reboque de faixas, aeromodelos, foguetes e veículos aéreos remotamente pilotados. 

Por Antonio Henrique 

A venda de ingressos para os Jogos Paralímpicos alcançou a marca de 1,5 milhão de bilhetes. De acordo com a organização, ainda há 1 milhão de ingressos disponíveis. Algumas finais já estão esgotadas. Também quase não há mais entradas para as provas que ocorrem no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, nos dois fins de semana da Paralimpíada (10 e 11 de setembro e 17 e 18 de setembro). A expectativa do Rio-2016 é de que todos os ingressos serão vendidos.

Os Estados que mais compraram ingressos paralímpicos foram Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal e Paraná. "Houve uma mudança importante do padrão das vendas de ingressos. Em primeiro lugar, vimos uma grande quantidade de venda proveniente da energia gerada pelos Jogos Olímpicos e de pessoas que queriam ter acesso ao Parque na Barra. Agora estamos vendo um público com um olhar específico para os atletas e pelos duelos marcados. É muito gratificante ver o esporte paralímpico como a principal razão para as pessoas comprarem determinados ingressos", disse Mario Andrada, diretor executivo de Comunicação do Comitê Rio-2016.

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A meta brasileira é ficar entre os cinco primeiros países no quadro de medalhas. Em 2012, o País ficou em sétimo, com 43 medalhas (21 de ouro, 14 de prata e 8 de bronze). Ainda há ingressos para a primeira chance de ouro para o Brasil nesta Paralimpíada: a final dos 5 mil metros na categoria T11, em que compete Odair Santos. O corredor cego de 35 anos tem sete medalhas (três de prata e quatro de bronze) e está na quarta paralimpíada. Ele corre nesta quinta-feira no Engenhão. O bilhete custa R$ 20, sem lugar marcado.

Outra atração do atletismo é o irlandês Jason Smyth, há um ano detentor do recorde de atleta paralímpico mais rápido do mundo. Ele corre na categoria T13, para atletas com deficiência visual, nesta quinta e sexta. Também na sexta, ocorrerá o duelo de "blade runners" (atletas amputados) Jonnie Peacock, da Grã-Bretanha, Jarryd Wallace, dos Estados Unidos, e Alan Fonteles, do Brasil. Outra grande esperança brasileira, a corredora Terezinha Guilhermina busca o segundo ouro nos 100m rasos, ainda na sexta-feira.

Em contraste com a infraestrutura oferecida aos atletas paralímpicos, que estarão em atividade na Paralimpíada a partir de quarta (7), os deficientes físicos enfrentam no Rio dificuldades de locomoção e circulação decorrentes da carência de equipamentos facilitadores de acessibilidade.

Uma jornada em que a reportagem do jornal o Estado de S. Paulo acompanhou por um dia um cadeirante e uma deficiente visual por ruas do centro, zonas norte, sul e oeste mostrou que, para eles, circular com autonomia pela cidade ainda é uma realidade distante.

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O convidado Leonardo de Paula Silva do Nascimento, de 35 anos, cadeirante com paraplegia, fez um passeio de sua casa, na Praça da Bandeira (zona norte), ao Boulevard Olímpico, no centro, na última quarta. O atleta de arremesso de peso encontrou tantas dificuldades no trajeto que afirmou que jamais o repetirá.

As dificuldades começaram logo ao deixar seu prédio. Ele precisava empinar a cadeira a todo momento para ultrapassar buracos e desníveis da Rua Mariz e Barros. "Por isso, só me desloco de carro", reclamou ele, paraplégico desde 2006, quando sofreu acidente de trânsito.

No ponto de ônibus, o primeiro que seguia para o Boulevard não tinha elevador para cadeirante. O motorista saiu do veículo para se desculpar e ofereceu carregá-lo no colo. O atleta não aceitou. O segundo ônibus dispunha do aparelho de acessibilidade. Porém, o ferro de apoio estava desaparafusado e ele seguiu por toda a viagem se equilibrando no ônibus.

"Quando tem ônibus com elevador, é este descaso por dentro, estruturas soltas, cintos sujos", diz. Durante o caminho, conta as dificuldades de seu cotidiano. "Os ônibus de viagem ainda são piores, estreitos. Só conseguimos entrar com cadeiras especiais ou arrastados. Quando vou na praia, não posso ir na areia, só fico no calçadão. Mesmo com este sol e calor, tenho de esperar até o verão pelo programa Praia para Todos, que bota rampas na Praia da Barra (zona oeste). Os bondinhos de Santa Teresa (zona sul) também não são acessíveis. Nem todos os taxistas param para a gente. É uma loteria."

Quando desembarca na Praça Pio X, na Candelária (centro), a única rampa de acesso na guia (meio-fio) é íngreme. Ao atravessar para a outra calçada, não há declives. O único local sem desnível está bloqueado por um carro da prefeitura, com uma placa do subsecretário da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Solidário.

Nascimento fica por alguns minutos no meio da rua, com os carros passando rente a seu corpo. Até que três agentes do Centro Presente, força de segurança que atua na região, se oferecem para carregá-lo.

A travessia pelo Polo Gastronômico Rio Antigo, atrás do Centro Cultural Centro do Brasil (CCBB), também é difícil. Não há rampas nas calçadas e ele tem que seguir por ruas de paralelepípedos, entre os carros. As mesas e cadeiras dos restaurantes não deixam lugar para os pedestres. Ao ver a reportagem, o dono de um restaurante avisa a Nascimento que vai retirar as mesas. "Isso só acontece porque vocês da reportagem estão aqui comigo", garante.

Entre a calçada da Bolsa de Valores, na Praça XV, e a entrada do Boulevard também não há rampas, informação confirmada por um agente de trânsito da prefeitura. Ele oferece ajuda e, mais uma vez, Nascimento é carregado. "É humilhante. Gostaria que o prefeito ou o governador passasse um dia em cima de uma cadeira de rodas e desse um rolê pela cidade para passar por essas situações." Chegando no Boulevard Olímpico, há acessibilidade.

DEFICIENTES - Desafio parecido foi o de Virgínia Menezes, de 66 anos, cega desde o nascimento, no trajeto do bairro do Flamengo, onde mora, na zona sul, ao Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. Apesar da vida intelectual ativa e versátil - é psicóloga, cantora e consultora de áudiodescrição -, ela teme circular a longas distâncias na cidade.

"Nunca fui na Barra. Você vai ter de me segurar, me acompanhar. Tem de ficar atenta porque o que pode passar despercebido para você, como um desnível, pode ser difícil para mim", avisou à repórter. Ela apontou suas dificuldades. "Os canteiros não são cercados, assim como os orelhões. Esbarro sempre. Não há avisos sonoros nos sinais para atravessar a rua nem nos pontos de ônibus. Dependemos da boa vontade de alguém para nos avisar."

Na Barra, o elevador da passarela que leva à estação do metrô e do BRT Jardim Oceânico está quebrado. Virgínia não percebe porque não há aviso sonoro ou tátil sobre a manutenção. Também precisa de ajuda para entrar e caminhar na passarela, por falta de piso tátil. As pessoas se desviam da psicóloga para não haver colisão.

Na estação, não há informativos em braile nem avisos sonoros. Ela precisa da ajuda de funcionários. Ao desembarcar no terminal Morro do Outeiro, a mais próxima do Parque Olímpico, Virgínia não tem como saber por onde seguir. Depende novamente da boa vontade das pessoas.

No caminho até o Parque Olímpico, não há piso tátil. Se não fosse a ajuda da reportagem, esbarraria em um poste sem proteção. "Não somos autônomos, dependemos sempre de alguém. Gastam-se rios de dinheiro em obras de acessibilidade, mas não nos perguntam qual a melhor maneira. Nossa corrente hoje é Nada Para Nós Sem Nós", disse.

O Consórcio BRT informou que o módulo de controle do elevador de acesso ao Terminal Jardim Oceânico "queimou em decorrência de infiltração causada pela água da chuva, o que determinou sua interdição". "Tão logo a empresa Schindler, fabricante dos elevadores, entregar a peça, o elevador entrará em funcionamento", informa nota.

ESPECIALISTAS - Para a coordenadora do Núcleo Pró-acesso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Regina Cohen, o cenário de acessibilidade da cidade ainda está aquém do desejado. Segundo ela, apesar das obras, o Rio perdeu a oportunidade de se tornar plenamente acessível com a Rio-2016.

"Algumas obras de melhoria da acessibilidade foram realizadas em pontos turísticos, transportes, ginásios e em todas as instalações esportivas. Mas essas melhorias precisavam ser realizadas de forma mais ampla em toda a cidade", disse.

Regina explica que uma cidade plenamente acessível deve possuir um bom sistema de transportes, calçadas e travessias que facilitem os percursos de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Segundo a outra coordenadora do programa, Cristiane Rose Duarte, apesar das melhorias, os problemas na mobilidade urbana têm sido o grande gargalo. "Instalaram elevadores hidráulicos nos ônibus, que logo ficam fora de funcionamento por falta de treinamento dos motoristas em manejar o equipamento e pela falta de manutenção. A falta de informação também impede que o sistema de transportes funcione bem: não há placas em Braille, sinalização luminosa e sonora, não se acha funcionários que saibam comunicar com pessoas surdas."

PEDIDO DE DESCULPAS - Em nota, depois de questionada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário pediu desculpas à população pelo carro do secretário estacionar no único ponto sem desnível da calçada. "O motorista já foi notificado por ter parado em frente a uma rua de serviço", diz o texto. Sobre os problemas verificados pela reportagem do Estado na Praça Pio X, a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos informou que vistoriou o local na sexta-feira e construirá novas rampas de acessibilidade a partir da próxima semana.

"As rampas serão implantadas dentro dos padrões da ABNT para garantir a acessibilidade. Somente nas últimas semanas, a secretaria implantou 180 rampas em diversos bairros da cidade e, até o fim do ano, chegará ao total de 500 rampas e 250 passagens de nível", informou o órgão público em nota.

Como legado olímpico, a prefeitura do Rio citou que, por meio do Programa Bairro Maravilha, instalou 8.245 rampas de acessibilidade e que, até dezembro, chegará a 10.643.

Também ressaltou que foram realizadas obras no entorno do Complexo Esportivo de Deodoro (zona oeste), que requalificaram a região. "A obra conta com 269,7 metros quadrados de novo asfaltamento, 53,8 mil metros quadrados de calçadas e 115 rampas de acessibilidade."

No entorno do Maracanã (zona norte), a prefeitura enumerou 2 mil metros quadrados de passeios e calçadas reformados, "o que tornou a região mais inclusiva e acessível". "Com a construção de uma nova estação ferroviária em substituição à existente em São Cristóvão, melhorias em seus acessos e percursos até o estádio foram implementadas", informou.

Nos arredores do Estádio Olímpico João Havelange (zona norte), mais conhecido como Engenhão, o órgão divulgou que 131.840 metros quadrados de calçadas receberam 241 rampas e quatro travessias elevadas ao público. No entorno do Sambódromo (centro da cidade), 25,6 mil metros quadrados de passeios foram reformados.

A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos informou ainda que mantém o cronograma dos serviços de implantação de rampas na cidade. "Um contrato de aproximadamente R$ 1,5 milhão garante a execução desses serviços programados. Nos últimos dois meses, a secretaria implantou 152 rampas ou passagens de nível."

Depois de passar por Brasília, Belém e Natal, a chama paralímpica chegou hoje (3) a São Paulo. Na capital, o trajeto da chama teve início no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, pela manhã. Depois, passou pelo Centro Educacional Unificado (CEU) Caminho do Mar, retornando ao Centro de Treinamento para, depois, seguir de carro até a Avenida Paulista, aonde ela chegou por volta das 14h, na esquina com a Rua Bela Cintra.

Na Paulista, acompanhada por diversos curiosos, os 25 condutores se revezaram para levar a chama em um percurso de cerca de 5 quilômetros até a Estação Ana Rosa de Metrô.

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No início do trajeto, quatro mulheres, com bandeiras do Brasil, que observavam a trajetória da tocha, aproveitaram para protestar e pedir a prisão do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o percurso, também houve pessoas que gritaram "Fora, Temer", pedindo a saída do atual presidente da República Michel Temer. Apesar dos protestos, o revezamento transcorreu sem incidentes.

A jovem Mariana Santos, 23 anos, que tem uma síndrome degenerativa, foi a primeira a conduzir a tocha pela Avenida Paulista. O momento foi acompanhado por diversos parentes de Mariana, que levaram uma grande faixa, com uma foto dela, para celebrar a ocasião. “Isso é muito importante para ela e para nós também. E para o nosso país também. Isso divulga e dá valor para as pessoas com deficiência”, disse Maria Irene Santos Vieira, 62 anos, tia e madrinha de Mariana, à Agência Brasil. “Ela [Mariana] está se divertindo. Está amando isso. Estamos na preparação [para o revezamento da tocha] há mais de um mês”, contou.

Emocionada, a avó de Mariana, Conceição Garcia Santos, 81 anos, também foi à Avenida Paulista para poder acompanhar a passagem da tocha paralímpica. “A gente fica contente e triste também porque ela não anda e não fala. Mas ela está sempre rindo e contente. Hoje não é mais como antigamente, quando escondiam as crianças [com deficiência]. Ela [Mariana] vai para todo lado”, contou a avó, que disse aprovar a realização dos Jogos Paralímpicos no Brasil. “Se Deus quiser, a gente vai acompanhar. Temos que torcer pelo Brasil”, disse.

Marta de Almeida Machado, conhecida como Martinha, 52 anos, que trabalha na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, foi uma das condutoras da tocha paralímpica na tarde de hoje, na Avenida Paulista. “Foi muito bacana. Uma emoção muito grande. Faço adestramento paralímpico, mas não pude competir nos Jogos por motivos de saúde. Senão estaria lá no Rio, competindo. Para mim é uma alegria muito grande poder fazer parte dessa festa”, afirmou.

Martinha disse que vai torcer muito pelo Brasil nos Jogos, principalmente pela equipe de adestramento. “É muito importante [os Jogos] para mostrar que o deficiente é capaz de competir e de estar em tudo, bastando a cidade ter acessibilidade. Estando acessível, conseguimos participar de tudo”, ressaltou ela.

Acompanhada do marido e de sua filha, a nutricionista Alessandra Barbeiro, 39 anos, estava passeando pela avenida hoje à tarde quando deparou com a passagem da tocha. “Eu estava na Paulista e nem sabia que a tocha ia passar. Fiquei surpresa, mas gostei”, disse. Para ela, “é ótimo” que o Brasil vá sediar a próxima edição dos Jogos Paralímpicos, que tem início no próximo dia 7 de setembro. “Isso acaba mostrando, para as outras pessoas, como é que são os esportes paralímpicos.”

Da Estação Ana Rosa, a tocha segue para a Fundação Dorina Nowill para Cegos, passando também pela Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). O símbolo olímpico encerra o trajeto no Parque Ibirapuera, com uma cerimônia de celebração marcada para as 18h, que contará com a apresentação da Orquestra Bachiana e do maestro João Carlos Martins.

De São Paulo, a tocha seguirá para a cidade de Joinville e, depois, finalmente, chegará ao Rio de Janeiro, que sediará os Jogos Paralímpicos.

Nesta edição dos Jogos, a chama Paralímpica será formada pela união de cinco chamas regionais, acesas no Brasil, e uma acesa em Stoke Mandeville, na Inglaterra, o berço do movimento paralímpico mundial. Cada uma das chamas representa um valor dos Jogos Paralímpicos: Brasília representa a igualdade; Belém, a determinação; Natal, a inspiração; São Paulo, a transformação; Joinville, a coragem. No Rio de Janeiro, o valor será a paixão.

Se os resultados do Brasil na natação e no atletismo deixaram a desejar na Olimpíada, exceto pela medalha de ouro de Thiago Braz no salto com vara, a expectativa é de um panorama bem diferente nos Jogos Paralímpicos. No Rio, o País deve dar um salto no quadro de medalhas graças a nomes de destaque nas duas modalidades esportivas mais nobres como os nadadores Daniel Dias e André Brasil e os corredores Alan Fonteles e Terezinha Guilhermina.

Só para se ter uma ideia, nos Jogos de Londres-2012, o Brasil conquistou 18 medalhas no atletismo (7 de ouro, 8 de prata e 3 de bronze) e 14 na natação (9 de ouro, 4 de prata e uma de bronze). Quatro anos antes, em Pequim, foram 15 pódios no atletismo e 19 nas piscinas. Isso coloca o País como um dos grandes nomes nas duas modalidades.

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"Tradicionalmente o Brasil tem excelentes resultados em atletismo e natação. Essas devem ser as duas modalidades que o País conquistará seu maior número de medalhas", projetou Mizael Conrado, vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e ex-atleta paralímpico de futebol de 5.

Além dos nomes mais conhecidos, o dirigente inclui Odair Santos, Petrúcio Ferreira e Yohansson Nascimento entre os destaques e conta com bom desempenho das modalidades coletivas, principalmente bocha, futebol de 5 e golbol. "O Brasil participa das 22 modalidades do programa e podem surgir boas surpresas, já que todas tiveram excelentes condições de preparação", afirmou Mizael.

A maior estrela paralímpica brasileira é o nadador Daniel Dias, 10 vezes campeão - seis ouros em Londres-2012, quatro ouros, quatro pratas e um bronze em Pequim-2008. O astro da natação nasceu com má formação congênita dos membros superiores e da perna direita e entrou para o paradesporto depois de assistir a Clodoaldo Silva em uma das provas dos Jogos Paralímpicos de Atenas-2004.

Daniel Dias, que compete em uma série de eventos na classe S5 - 50 metros borboleta, 50 metros livre, 50 metros costas, 100 metros peito, entre outros -, também ganhou sete ouros e uma prata no Mundial de Glasgow, na Escócia. Além disso, recebeu três vezes o prêmio Laureus, o "Oscar do Esporte".

Em uma brincadeira com seu técnico, prometeu deixar a barba crescer até o início da competição. E promete estar pronto para alavancar o Brasil no quadro de medalhas. "Não vou nadar assim não, é só uma brincadeira. De vez em quando mudar o visual faz bem", disse. "A expectativa é das melhores, não só individualmente, mas do Brasil como um todo. Vamos fazer o possível e o impossível para atingir o Top 5", continuou.

Outro nome importante da natação é André Brasil, que tem 10 pódios olímpicos no currículo, nos Jogos de Pequim e Londres, incluindo sete medalhas de ouro. Quando tinha três meses de idade, ele teve poliomielite por reação à vacina. Com isso ficou com uma sequela na perna esquerda. Encontrou no esporte uma forma de reabilitação e agora é candidato a muitas medalhas no Rio.

No atletismo, Alan Fonteles vai em busca do bicampeonato olímpico nos 200 metros na classe T43. Sua façanha foi tirar a vitória do sul-africano Oscar Pistorius, favorito na prova, nos metros finais. Ele teve tanto destaque com aquele resultado que o vídeo da prova é mostrado sempre que se fala de Paralimpíada.

Ele teve de amputar as duas pernas quando tinha apenas 21 dias de vida, por causa de uma septicemia ocasionada por uma infecção intestinal. Aos 8 anos, começou a praticar o esporte e utilizava próteses de madeira. Quando tinha 15 anos, estreou nos Jogos de Pequim, em 2008, com sua prótese de fibra de carbono e ficou com a medalha de prata no revezamento 4x100 metros.

Outra lenda das pistas é a velocista Terezinha Guilhermina. Aos 37 anos, ela já foi a três edições dos Jogos Paralímpicos (2004, 2008 e 2012) e acumula seis medalhas, sendo três de ouro, uma de prata e duas de bronze. No Rio, vai tentar mais pódios nos 100 metros, 200 metros, 400 metros e revezamento 4x100 metros.

Mineira de Betim, ela nasceu com retinose pigmentar e foi perdendo gradualmente a visão. Começou no esporte pela natação, mas ao ganhar da irmã o seu primeiro par de tênis, em 2000, deixou as piscinas e vem tendo bons resultados nas pistas.

Após o Brasil patinar na meta de pódios nos Jogos Olímpicos, os atletas nacionais entram nos Jogos Paralímpicos com a missão de ser Top 5 no quadro de medalhas e as chances são boas. Tanto que existe a promessa de ter Hino Nacional e pódios em todos os dias da competição. O evento começará nesta quarta-feira e irá até o próximo dia 18, no Rio. O Brasil terá uma delegação recorde, com 287 atletas.

Mais do que pelo número portentoso, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) está eufórico pelo potencial da equipe. "A gente tem uma mescla de gerações, a de Londres-2012 com uma nova, pós-Londres, que vem muito forte. São atletas que já são campeões mundiais e esta é a nossa melhor delegação da história", afirmou Andrew Parsons, presidente do CPB.

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Além das modalidades com histórico de medalhas para o Brasil - como atletismo, natação e futebol de 5 -, o comitê aposta em esportes em que o País teve grande evolução no último ciclo, com medalhas em campeonatos mundiais. São os casos de ciclismo, golbol, canoagem, remo, tiro com arco, levantamento de peso e vôlei sentado.

O planejamento para a competição iniciou ainda em 2009, quando o Rio foi escolhido sede dos Jogos de 2016. Desde então, o CPB vem aumentando os investimentos e sua previsão de pódios a cada ano. "Nós fizemos um planejamento visando aos Jogos do Rio com diversas etapas e várias metas intermediárias", explicou Mizael Conrado, vice-presidente do CPB. "Fizemos a previsão de ficar em sétimo lugar em Londres e de ganharmos os dois Parapans, de Guadalajara e de Toronto. Isso tudo aconteceu. Agora, queremos o 5.º lugar, que é o nosso maior desafio".

O plano traçado pelo CPB incluiu investimento nas mais diversas modalidades paralímpicas e também uma "atenção especial" aos atletas com histórico de bons resultados. Competidores com mais chances de vencer as disputas tiveram investimento maior no último ciclo paralímpico. A intenção é assegurar o maior número de ouros, primeiro critério para a definição do quadro de medalhas.

A grande expectativa de pódios também animou o público brasileiro. Nas últimas duas semanas, quase um milhão de ingressos para os Jogos Paralímpicos foram vendidos, número quatro vezes maior do que havia sido comercializado em quase um ano. As entradas para as competições no fim de semana estão praticamente esgotadas.

Fora das arenas de disputa, a Paralimpíada também ajudou a garantir um legado para as próximas edições. Em maio, foi inaugurado em São Paulo um centro de treinamento orçado em R$ 300 milhões.

Os protestos anti-impeachment que tomaram as ruas nos últimos dias não deverão mudar em nada o protocolo da cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos. O evento está marcado para a próxima quarta-feira (7), no Maracanã, e contará com a presença do presidente Michel Temer.

Assim como no evento que abriu a Olimpíada, Temer será o responsável por declarar oficialmente aberta a Paralimpíada. Apesar de a fala durar menos de dez segundos, no mês passado o então presidente em exercício recebeu vaias ao abrir os Jogos Olímpicos no Maracanã.

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Mesmo assim, o Rio-2016 não pretende alterar em nada o seu protocolo. O comitê organizador considera que, apesar dos protestos, o momento é melhor do que aquele visto no mês passado, quando ainda não havia a definição sobre o processo de impeachment de Dilma Rousseff.

A cerimônia de abertura da Paralimpíada é menos badalada que a dos Jogos Olímpicos, e, por ora, Temer é o único chefe de Estado aguardado na quarta-feira. A expectativa é a de que 40 autoridades do País estejam presentes. O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, também confirmou presença.

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A Tocha Paralímpica chegou na manhã desta sexta-feira (2) a Belém. O principal símbolo da Paralimpíada foi desembarcado às 10h30, no Aeroporto Internacional de Belém. Depois, seguiu para o polo Sacramenta do programa do Pro Paz, onde foi recebido com uma programação artística e esportiva, na praça Dorothy Stang.

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Belém é a segunda cidade a receber a tocha. Cada uma delas representa um valor paraolímpico. A capital paraense abriga a determinação. Brasília, onde o percurso começou, representa igualdade. Natal, o próximo destino, neste sábado (3), inspiração. As demais são São Paulo (transformação), Joinville (coragem) e Rio de Janeiro (paixão).

O revezamento da tocha paralímpica teve início na avenida Visconde de Souza Franco, no bairro do Reduto, em Belém. A chama paralímpica também percorre ruas do centro da capital até chegar ao Complexo Feliz Lusitânia, onde ocorrerá a cerimônia de celebração e acendimento da pira paraolímpica, prevista para o final da tarde.

Cinquenta condutores participam do revezamento, ao longo de 10 quilômetros, a exemplo do que ocorreu antes dos Jogos Olímpicos. A caravana da tocha deixou o trânsito lento em algumas vias do centro de Belém, mas nenhuma ocorrência foi registrada.

Com informações de Raiany Pinheiro e Thiago Barros.

Quem já sente saudades dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro vai ter uma nova chance de vivenciar os ritos da maior cerimônia esportiva do mundo. O revezamento da tocha paralímpica começou nessa quinta-feira, em Brasília, e vai cruzar todas as regiões do País.

Na capital federal, o primeiro atleta a conduzir a tocha foi Cláudio Irineu da Silva, 48 anos, que é tetracampeão mundial de futebol para amputados e medalha de ouro no vôlei sentado na Paralimpíada de Pequim-2008. "O esporte é a maior ferramenta de inclusão que temos no momento e foi ele que me trouxe de novo à sociedade e me ajudou a brigar por títulos e pela vida", disse Cláudio.

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O atleta, que competia no futebol profissional, sofreu um acidente aos 20 anos, quando seguiu para o esporte adaptado. "Essa visibilidade não é importante somente para os atletas paralímpicos, mas para as pessoas com deficiência em geral", disse.

De fato, a visibilidade foi o que trouxe muitas famílias e pessoas com deficiência para acompanhar a cerimônia nessa manhã no Parque da Cidade. O pequeno Brian, de 6 anos, nasceu com problemas motores nas pernas. Ele viu a propaganda da cerimônia na TV e pediu para a mãe levá-lo. De cadeira de rodas, ele veio do Gama, cidade a 40 km de Brasília para seguir o revezamento.

"É importante que a gente participe e divulgue esse evento. Não tinha tantas pessoas aqui hoje como no revezamento da Olimpíada. Precisamos estar aqui para mostrar que as pessoas com deficiência também podem fazer esporte", disse Emanuel Pereira, 29 anos. Ele tem Síndrome de Down e também foi ver a tocha acompanhado da família.

TRAJETO - A tocha, que ainda vai passar pelas cidades de Belém (PA), Natal (RN) e Joinville (SC), chega a São Paulo no próximo domingo, no Centro Paralímpico Brasileiro (CPB). A última parada, no Rio de Janeiro, será na terça-feira. Mais de 700 atletas vão participar do revezamento, entre pessoas com deficiência e pessoas que apoiam o esporte paralímpico.

Os Jogos Paralímpicos acontecem no Rio de Janeiro entre 7 e 18 de setembro, com cerimônia de abertura no Estádio do Maracanã. A meta do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é terminar a competição na quinta posição geral, duas à frente do resultado obtido em Londres-2012, quando ficou com o sétimo lugar geral.

Uma das principais forças paralímpicas do mundo, o Brasil inicia os Jogos Paralímpicos do Rio-2016 na próxima semana com uma meta ousada: terminar a competição no quinto lugar do quadro de medalhas. O objetivo, estabelecido ainda em 2009, é considerado "duro e agressivo" pelo presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons. Mas o dirigente diz acreditar que o País está preparado. "A gente sabe para onde está indo, qual o objetivo e como chegar", afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

Parsons se tornou presidente do CPB em 2009 e foi reeleito por aclamação quatro anos mais tarde. A meta de ser Top 5 no quadro de medalhas foi capitaneada pelo dirigente. "Se pegarmos os resultados de Londres-2012, estamos falando em ultrapassar Estados Unidos e Austrália, que são potências esportivas", disse. "A gente está se propondo um desafio muito grande e de uma meta lançada em 2009. (Nos Jogos de Pequim-2008) Para chegar em quarto lugar você precisava ganhar 24 ouros. Em Londres-2012, foram 34, então o buraco ficou mais embaixo. Vamos ter que nos superar mais do que de costume".

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Para atingir o plano traçado, o CPB decidiu investir mais forte em atletas com histórico de bons resultados. A lógica é simples: como o quadro de medalhas valoriza mais o ouro, o CPB faz o mesmo. "Faz parte da nossa estratégia. Vou dar um exemplo: da Paralimpíada de Pequim para Londres, o Brasil ganhou menos medalhas - a gente saiu de 47 para 43 -, mas subimos de 16 para 21 de ouro", lembrou Parsons. As cinco medalhas douradas a mais na última edição fizeram o Brasil ganhar duas posições no quadro geral, saindo do nono lugar em 2008 para o sétimo em 2012.

A exclusão da delegação russa em função do escândalo de doping poderá ajudar, uma vez que o país terminou em segundo lugar na última edição. Mas a ascensão não é automática, na avaliação do dirigente. "Acho que traz mais incertezas do que certezas. Por mais que você tivesse um rival muito grande, era um rival que pouca gente esperava alcançar".

POLÊMICA - Na semana passada, uma campanha publicitária do movimento paralímpico que teve dois atores sem deficiência como protagonistas causou enorme polêmica. A campanha contou com o apoio e a aprovação do CPB. Nesta quarta-feira, Parsons defendeu o material. "Acho que alguns setores não estão preparados para alguns tipos de abordagem e aí até alguns segmentos de pessoas com deficiência. Ali, basicamente, a gente chama atenção que todo mundo tem as suas deficiências, algumas visíveis e outras não, algumas que te tornam elegíveis para ser atleta paralímpico ou não. Era essa mensagem", disse o dirigente.

A Prefeitura do Rio de Janeiro divulgou nesta terça-feira o cronograma de eventos e parte da programação cultural e de transportes da Paralimpíada. A Vila Paralímpica, na Barra da Tijuca, zona oeste, será aberta nesta quarta-feira. Já a Tocha Olímpica chegará na cidade no próximo dia 6 de setembro e ficará acesa no Boulevard Olímpico, na Praça Mauá, zona portuária. A cerimônia de abertura será no dia 7. A de encerramento, no dia 18. A Vila será fechada no dia 21.

A pira olímpica será acesa no dia 6 dentro no Museu do Amanhã, na Praça Mauá. Depois, haverá um revezamento no centro e nos bairros de Vila Isabel, Grajaú, Campo Grande, Bangu, Realengo, Deodoro e Madureira, nas zonas norte e oeste. A chama também visitará o Instituto Benjamim Constant, em Botafogo, zona sul, a Fundação Urece, na Tijuca, zona norte, e o Cristo Redentor, zona sul. No dia 7, ela seguirá pelo Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca (bairros na zona oeste), Leblon e Copacabana (ambos na zona sul).

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Quem for assistir aos Jogos Paralímpicos não precisará utilizar o cartão especial da Olimpíada para embarcar na Linha 4 do metrô, que liga Ipanema, a Barra da Tijuca e começará a operar no próximo dia 5 para o público do evento. O cartão Riocard servirá como bilhete de embarque, junto com a apresentação do ingresso para o evento. Não haverá serviço noturno do BRT, já que os Jogos terminarão no início da noite, segundo o secretário executivo da prefeitura, Rafael Picciani.

NÚMEROS - A prefeitura também apresentou nesta terça números de comparação entre a Olimpíada e a Paralimpíada. Enquanto a primeira teve 207 delegações (205 países mais a delegação independente e a de refugiados), a segunda terá 160. Também serão 22 modalidades esportivas na Paralimpíada, contra 42 na Olimpíada.

Picciani recomendou que o público utilize o transporte público para os deslocamentos na cidade durante a Paralimpíada e que a área de Copacabana seja evitada, principalmente entre os dias 8 a 11 e 16 a 18, devido às provas de rua. "Pudemos contar com o apoio da população durante a Olimpíada para conseguirmos um bom resultado e é o que esperamos na Paralimpíada também. Apesar de termos menos delegações na Paralimpíada, temos o agravante que não estamos mais em férias escolares e, com isso, o trânsito poderá piorar", disse o secretário.

O Boulevard Olímpico da zona portuária terá shows diários à tarde e à noite. Também haverá a exposição de cadeiras de rodas customizadas por artistas plásticos e personalidades. A companhia britânica The Garden se apresentará nos dias 10 e 11 de setembro, pela manhã. Eles recriarão o "Jardim do Éden", elevando artistas com ou sem deficiência em até sete metros de altura, com ajuda de hastes de aço. Já no Boulevard Olímpico de Campo Grande haverá shows da cantora Valesca Popozuda e do cantor Belo.

Por toda a cidade acontecerão 1.200 atividades culturais, cerca de 100 eventos por dia. Das 13 casas temáticas dos países que funcionarão durante os Jogos, seis serão abertas ao público, sem necessidade de compra de ingressos.

Sucesso durante os Jogos Olímpicos do Rio, com público três vezes maior do que o esperado, o Boulevard Olímpico, junto à Praça Mauá, às margens da Baía de Guanabara, deve voltar aos dias de glória na Paralimpíada, de 7 a 18 de setembro. Nos 17 dias do evento, a faixa litorânea recebeu 4 milhões de pessoas, com pico de 1 milhão na partida do ouro no futebol masculino, quando o Brasil derrotou a Alemanha no Maracanã. Para os 12 dias de Paralimpíada, com boa parte da estrutura ainda montada, a previsão é de receber 1,5 milhão de pessoas.

Mesmo com apenas um feriado (7 de setembro, Dia da Independência), contra quatro da Olimpíada, Gaetano Lops, diretor da Gael, empresa que organizou o Boulevard, crê que a região será um point paralímpico. "Os próprios cariocas não conheciam essa região, ainda tinham a referência do lugar abandonado que era antes", disse. Serão mantidos o balão panorâmico da empresa Skol, que sobe a 150 metros do chão, 40 food trucks e um palco para shows diários e transmissões de competições, entre outras atrações.

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A renovação da zona portuária começou em 2011. A intenção era dar nova cara a uma área histórica e degradada havia décadas. As cidades de Barcelona - que teve como legado da Olimpíada de 1992 a renovação de sua zona portuária - e de Buenos Aires - cujo Puerto Madero foi remodelado na mesma época - serviram de inspiração.

Agora, diante do fenômeno do Boulevard na Olimpíada, as secretarias municipais de Cultura e de Turismo estão debatendo com a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp) que tipo de ocupação será feita na praça, reinaugurada há 11 meses, e em seu entorno. Parte dos food trucks deve seguir por lá passada a Paralimpíada. A continuidade do balão - agora com cobrança - está sendo negociada.

Durante os últimos dias, em que a cidade experimentou uma ressaca pós-olímpica, o movimento na chamada Orla Conde, que se estende da Praça 15 até a Avenida Rodrigues Alves, onde ficam os armazéns do cais do porto, foi grande. Cariocas que estiveram no Boulevard durante os Jogos ou que viram o burburinho no noticiário foram passear por lá. Somaram-se a eles turistas que esticaram a estada na cidade.

"Eu só conhecia a velha praça, e fiquei sabendo da nova pela TV. Quis vir conferir. Espero que continue bonito assim, que não seja algo só para inglês ver. O lugar é maravilhoso", disse a autônoma Vanessa Martins, de 29 anos, que foi na última terça-feira com o marido e o filho de dois anos. Moradora de Bangu, na zona oeste, distante 40 quilômetros do centro, a família também foi apresentada a outra novidade: o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que passa por ali.

A dúvida de Vanessa é compartilhada pelo arquiteto e urbanista Luiz Fernando Janot, que representa o Rio no Conselho Federal de Arquitetura: como garantir a frequência de pessoas no Boulevard Olímpico? "O ponto já havia se consolidado como área de lazer antes da Olimpíada, mas para permanecer é preciso que haja segurança. O trecho que me preocupa é o que vai da Candelária até a Praça Mauá, porque lá não há tantos atrativos. Se te assaltam ali, não há para onde correr. Também gostaria que tivesse um cuidado paisagístico maior, um calçadão mais interessante", ponderou Janot.

Como outros colegas, ele foi crítico da derrubada do Elevado da Perimetral, iniciada em 2013, e que foi o pontapé inicial para a revitalização da área do porto. Reviu a posição com o resultado pronto.

Para quem apostou no êxito da revitalização, o momento também é de expectativa. Mauricio Lobo, proprietário do mais charmoso café da área portuária, o Grão Café, abriu as portas em fevereiro de olho na Olimpíada e agora espera que o movimento seja perene. "Foi incrível, tive dias de fila na porta. Depois que passar a Paralimpíada, acredito que a frequência vá se estabilizar num outro patamar."

A prefeitura acredita que o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio serão suficientes para manter o público por lá, além da faixa litorânea. "A Orla Conde já entrou na agenda do Rio. A Olimpíada só veio consolidar isso, e agora a tendência é se intensificar. Já recebíamos 30 mil pessoas por dia, sendo de 5 mil a 10 mil só nos museus. Esse número deve passar para 40 mil ou 50 mil", estima o presidente da Cdurp, Alberto Silva. Na Paralimpíada, a expectativa é de 100 mil pessoas por dia.

Até o fim do ano, a realização de dois eventos de grandes dimensões vão garantir o fluxo de visitantes na região: a ArtRio, feira de arte entre 28 de setembro e 2 de outubro, vai ser abrigada pelos armazéns 2, 3 e 4; entre 12 e 16 de outubro, os mesmos galpões serão tomados pelo festival internacional de cerveja Mondial de La Bière.

A prefeitura do Rio busca uma ocupação permanente, e não esporádica, da área. O uso residencial de edifícios seria um caminho para tal - mas a crise econômica no País freou projetos.

A inauguração do AquaRio, empreendimento privado construído na Rodrigues Alves para ser o maior aquário marinho da América do Sul, com oito mil animais de 350 espécies, é outra aposta para a consolidação do fluxo de visitantes. Atrasada quase um ano, a inauguração é prometida para o início de novembro, passada a fase de pesca e compra de peixes, povoamento dos tanques e estabelecimento do equilíbrio biológico dos ambientes.

"O AquaRio sozinho já seria um grande atrator de público. Nosso projeto antecede a revitalização, é de 2007. Nem nos meus mais lindos sonhos imaginei que a região ficaria assim", contou o biólogo Marcelo Szpilman, diretor-presidente do AquaRio. A estimativa inicial de público é de 1 milhão de pessoas por ano.

Enquanto aguardam para receber os Jogos Paralímpicos, o Parque Olímpico da Barra, o Complexo de Deodoro e a Vila Olímpica passam por adaptações para receber os paratletas. As instalações estão sendo adaptadas, principalmente na área de disputa das provas e no acesso dos competidores. Tudo isso ocorre em meio a cortes de custos e readequações de projetos.

Os Jogos Paralímpicos sofreram mudanças profundas em relação ao projeto original. O motivo foi a falta de recursos anunciada no fim da Olimpíada do Rio. Com problema de caixa, o Comitê Rio-2016 remanejou verba prevista para a Paralimpíada e empurrou o problema para a competição que começará no dia 7 de setembro.

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Sem dinheiro, os organizadores dos Jogos chegaram a cogitar até mesmo a revisão do programa de disputas da Paralimpíada, mas mantiveram a competição com as 22 modalidades previstas. Os cortes acabaram recaindo sobre a logística e a operação, com locais de disputas sendo remanejados.

No Parque Olímpico, a Arena Carioca 3, por exemplo, receberá a disputa de esgrima em cadeira de rodas, modalidade prevista até o mês passado para ser disputada na Arena da Juventude, em Deodoro. Já a Quadra 1 do tênis teve seu piso coberto por gramado sintético e receberá as disputas de Futebol de 5 para cegos. Essa alteração já era prevista.

Equipamentos utilizados nas mais diversas arenas durante a Olimpíada também estão sendo remanejados. O reservado utilizado pelo técnico e jogadores do rúgbi, por exemplo, saiu de Deodoro e foi instalado ao lado do gramado artificial do Futebol de 5.

Dentro das arenas, as principais mudanças são nas áreas de disputa. "As arenas já são acessíveis e a grande mudança é na área de competição. O estádio da ginástica (Arena Rio) se transforma em estádio de basquete em cadeira de rodas, a quadra de tênis se torna de Futebol de 5 e assim por diante. A parte significativa é na área de competição e todo o sistema de fluxo de atletas", explicou Gustavo Nascimento, diretor de Instalações do Comitê Rio-2016. "Temos também uma verificação de acessibilidade. Às vezes temos uma passagem de cabo que precisa ser realocada, um sistema de rampa que precisa se refeito, mas nada muito significativo", garantiu.

Assim, quem foi ao Parque durante a Olimpíada e voltar ao local a partir do dia 7 encontrará o local com algumas mudanças. A mais icônica delas, porém, já estava prevista e passou ao largo dos problemas financeiros: os anéis olímpicos estão sendo retirados e substituídos pelo símbolo dos Jogos Paralímpicos, chamado de Agitos.

DEODORO - Segundo principal centro de disputas durante a Olimpíada, o Complexo Esportivo de Deodoro terá uma função "mais discreta" na Paralimpíada. Devido à contenção de custos, as áreas comuns do complexo ficarão fechadas e o público terá acesso apenas às instalações olímpicas.

"Nossa operação em Deodoro será em três arenas independentes: tiro, o estádio de Deodoro para o Futebol de 7 e o hipismo", explicou Nascimento. "Temos uma demanda de público muito menor lá (em relação à Olimpíada) e queremos ter eficiência. Não queríamos que o público tivesse uma experiência vazia. A praça de convivência comportava 65 mil pessoas por dia e a demanda prevista agora é de 20 mil".

Mesmo com as mudanças, o público brasileiro está demonstrando interesse em acompanhar as disputas in loco. Após assustar os organizadores com a baixíssima venda até o fim dos Jogos Olímpicos, os ingressos começaram a ter forte demanda na última semana. Até sexta-feira, mais de 900 mil bilhetes haviam sido comercializados. O total colocado à venda é de 2,5 milhões.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira que o veto ao seu país dos Jogos Paralímpicos do Rio, marcados para começar no próximo dia 7 de setembro, é uma punição que ele descreveu como "imoral e desumana".

Putin se manifestou sobre o assunto um dia após a Rússia ser definitivamente banida da Paralimpíada como sanção por um programa de uso de substâncias proibidas que contou com apoio estatal, depois de fracassar em seu recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), que anunciou seu veredicto sobre a apelação contra a exclusão do evento. A audiência do caso foi realizada na última segunda, no Rio.

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O líder russo ressaltou que a "decisão de desqualificar os nossos atletas paralímpicos está fora dos limites da lei, da moral e da humanidade", em declarações dadas diante de atletas olímpicos no Kremlin, sede do governo do país. Para completar, ele disse que o veto aos atletas é uma punição "cínica" e que ainda "humilha aqueles que tomam tais decisões".

Antes de fracassar em seu recurso na CAS, a Rússia foi suspensa no dia último 7, durante o período inicial de disputas da Olimpíada do Rio, quando o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) anunciou que a entidade decidiu, por unanimidade, banir toda a delegação da Rússia da Paralimpíada.

Segundo Philip Craven, presidente do IPC, a análise feita pelos membros do conselho da entidade sobre o Relatório McLaren, somada a investigações adicionais, demonstrou que os fatos apurados pelo advogado canadense Richard McLaren a pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) também ocorreram no esporte paraolímpico.

O relatório, publicado pela Wada no último dia 18, revelou que o governo russo fraudou testes de laboratório para beneficiar seus atletas em dezenas de competições, incluindo os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia. "O relatório McLaren marcou um dos dias mais escuros da história de todo o esporte", disse Craven, em entrevista coletiva no Rio.

Segundo o presidente do IPC, o relatório identificou 35 amostras de exames antidoping relacionados a atletas paraolímpicos. A investigação ainda está em curso e a entidade foi informada pela equipe de McLaren de que há mais dez amostras envolvidas. Do total de 45 amostras, 28 são de esportes que estão no programa dos Jogos Paralímpicos. Ainda segundo Craven, testes de DNA mostraram que amostras de uma mesma pessoa foram usadas em mais de um teste.

E, ao comentar a decisão da CAS em relação ao recurso apresentado pela Rússia, o dirigente afirmou que "a decisão sublinha a nossa forte crença de que o doping absolutamente não tem lugar no esporte paralímpico, e melhora ainda mais a nossa capacidade de garantir a justa competição em igualdade de condições para todos os atletas em todo o mundo".

Indignada com a decisão da CAS, a Rússia confirmou que irá organizar competições especiais para os atletas paralímpicos vetados dos Jogos, sendo que os vencedores das mesmas receberão os mesmos prêmios que ganhariam por possíveis vitórias no Rio. O governo russo faz premiações em dinheiro a medalhistas olímpicos e paralímpicos.

Com a Rússia excluída da Paralimpíada, o IPC afirmou que agora vai "redistribuir as 267 vagas que haviam sido garantidas para os atletas russos competir".

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