Tópicos | preconceitos

Deitado na cama e com as costas escoradas por travesseiros, Erik Tiago Leme, de 38 anos, assopra os três bocais de um controle de eSports (esportes eletrônicos) fixado na altura do rosto. Com a boca, ele faz o seu avatar do Free Fire, um jogo online de aventura, saltar, se agachar, atacar e atirar. Pelo mesmo aparelho, usa a boca e o queixo para movimentar a câmera que exibe seu personagem.

"Esse controle tem três furos. Se assoprar o do meio, ele atira. Se assoprar o do meio junto com o buraco esquerdo, ele pula. Foi difícil se adaptar no começo, mas agora está bem mais tranquilo", conta o gamer sobre o Quadstick, um aparelho feito especialmente para gamers com deficiência e mobilidade reduzida conseguirem jogar.

##RECOMENDA##

É o caso de Erik, que ficou tetraplégico depois de sofrer um acidente em 2011, quando nadava com os primos em uma lagoa de Araraquara, interior de São Paulo. Ao dar um mergulho frontal, a água deslocou seu pescoço para trás com tanta força que fraturou as vértebras cervicais, a C2 e a C3 ao mesmo tempo.

Erik não consegue mover mais nenhuma parte do corpo do pescoço para baixo, e é dependente de um respirador que o acompanha, imperiosamente, por onde vai. Além disso, a presença do tubo de traqueostomia era um obstáculo para a saída da sua voz que, por anos, parecia um apanhado de falas sem volume.

Entediado de passar horas vendo televisão e sem conseguir conversar, Erik decidiu se arriscar nos eSports para se divertir. Também porque a sua noiva, fã de Free Fire, o incentivou a aprender para que jogassem juntos. Por ser considerado um jogo de estratégia, o Free Fire exige que os integrantes da equipe conversem entre si. Até então, para substituir a voz inócua, Erik usava um aparelho que o ajudava a digitar no computador usando o movimento dos olhos. Mas, depois que começou nos esportes eletrônicos, comprou um aparelho de jogo próprio para sua condição, o Quadstick, e passou a se empenhar mais para retomar a voz visando a melhor interlocução com o time.

"O meu pai não conseguia entender nada do que eu dizia. Era frustrante querer se expressar e as pessoas não entenderem. Quando consegui voltar a falar, a minha vida mudou completamente", disse.

Kevin Lucas Inácio, morador de São Paulo, é conhecido no universo gamer como Cadeira FPS. Hoje com 26 anos, ele nasceu com atrofia muscular espinhal, uma doença degenerativa que o impossibilita de andar e mexer os braços. "É basicamente igual ao Stephen Hawking", explica, referindo ao físico teórico e cosmólogo britânico, reconhecido mundialmente por sua contribuição à ciência - um dos mais renomados cientistas do século.

Mas nem sempre foi assim. Até os 12 anos, Kevin ainda podia contar com parte da sua mobilidade e até usava as mãos para jogar PlayStation 2. Uma escoliose (quando a coluna faz uma curva para a lateral), provocada pela sua doença, porém, apertou o pulmão comprometendo o funcionamento do órgão e tornando-o dependente de um respirador. Como Erik Tiago, ele joga com a boca por meio do Quadstick.

O objetivo é fazer do seu canal na Twitch, um serviço de streaming ao vivo (as lives) muito popular entre os gamers, uma fonte de renda. "O que é ser livre para uma pessoa que depende de outra até para coçar a cabeça? Que liberdade eu posso desejar? A liberdade financeira, talvez. É o único meio que eu vejo", comenta.

Não tem sido tão fácil. Ele conta que o retorno financeiro tão aguardado ainda não veio e que, apesar do desânimo bater algumas vezes, não desiste. "Alguma coisa me diz que as lives vão dar certo. Não sei em que momento, mas elas vão dar certo."

Gabriel Félix, de 25 anos, morador de Buritama, interior de São Paulo, mostra que ser tetraplégico e monetizar com jogos eletrônicos é possível. "Eu cheguei a conseguir, num dia, R$ 1,3 mil na Twitch", conta. "O dinheiro me ajudou a comprar um aparelho de eletroestimulação".

Em 2017, ele sofreu um acidente durante treino de jiu-jitsu, um dia antes de participar do seu primeiro campeonato. Ao tentar aplicar um golpe, o seu pescoço atingiu o chão, comprimindo a medula e fraturando a 5ª vértebra da coluna cervical. "Na hora, eu perdi todos os movimentos. As pessoas até achavam que estava brincando, mas infelizmente era sério e grave".

Há dois anos, ele começou a se aventurar nos esportes eletrônicos. Apesar de jogar apenas por diversão, participa de torneios. As premiações são outra forma de conseguir renda no meio amador. "Eu indico que sou tetraplégico, mas às vezes jogo de igual para igual com quem não tem deficiência", diz.

Um desses adversários foi Gabriel Toledo de Alcântara, popularmente conhecido como Fallen. Ele é jogador profissional. No ano passado, conheceu Gabriel Félix pela Twitch, se sensibilizou com a história dele e resolveu presenteá-lo com a Scorpion, uma cadeira gamer feita para pessoas com deficiência.

"Jogar me ajuda muito na parte psicológica. Até então, eu só assistia à Netflix. Como não tenho movimentos, em diversas situações do jogo, parece que as partidas me dão uma descarga de adrenalina."

O professor Li Li Min, titular do Departamento de Neurologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), explica que o hábito de jogar provoca ganhos em processos de reabilitação de pessoas com tetraplegia. "O sistema nervoso não diferencia o real do imaginário. Então, alguém com tetraplegia está ativando regiões do cérebro responsáveis pelo movimento, mesmo que o movimento não ocorra. Isso é uma vantagem em termos de plasticidade de reabilitação", explica.

Os três personagens tiveram dificuldade para conseguir ter o Quadstick, controle que é necessário para um tetraplégico jogar. A tecnologia é produzida por um único fabricante nos EUA, que vende apenas quatro aparelhos por semana. "É disputado pelo mundo todo", comenta Erik Tiago, que teve o seu produto taxado quando tentou importá-lo para o Brasil.

O Quadstick custa US$ 549, o que na cotação atual corresponde a R$ 2.680. Sem contar os custos com a importação do produto e a compra de suportes, como hastes que fixam o aparelho. Os três recorreram às "vaquinhas" ou contaram com a ajuda de amigos que estavam nos EUA e que conseguiram adquirir produto por um preço mais acessível.

Além de pouco inclusivo, o universo dos games também pode machucar. Sob o véu da internet, onde identidades e informações são facilmente manipuláveis e omitidas, os gamers entrevistados pelo Estadão contam que pessoas usufruem de uma falsa liberdade para ofender quando alguém comete um erro nas partidas. "A comunidade do CS Go é muito tóxica", afirma Kevin Lucas, sobre seu jogo favorito, o Counter Strike. "Os argentinos já me chamaram de ‘macaco’ e ‘burro’. Já vi brasileiros falando que eu não sirvo para nada, ou que deveria desinstalar o jogo."

A violência manifestada nas plataformas já levou Gabriel Félix a dar uma palestra sobre o assunto em uma escola. A diretora do colégio o convidou porque viu que os estudantes estavam xingando-o em excesso e que tal comportamento poderia estar associado à prática do esportes eletrônicos. "Eu contei um pouco da minha história e disse a eles para não serem tóxicos com as pessoas porque, muitas vezes, não se sabe com quem está jogando. Às vezes, pode ser uma pessoa igual a mim. Às vezes, o jogador é mais sensível, e não tem um psicológico tão bom. Às vezes, alguém só queria estar ali para se distrair, e não para ser xingada."

Um casal transexual em Cuba superou preconceitos e realizou uma cerimônia de casamento civil em Havana, um fato inédito na ilha socialista, mas ambos tiveram que inscrever sua união com os gêneros registrados legalmente em seus documentos, masculino e feminino, sem violar as normas.

"Este ato jurídico não transgride o estabelecido no ordenamento jurídico cubano pois se tratam de duas pessoas cujos gêneros registrados legalmente são feminino e masculino, embora não sejam coerentes com as identidades de gênero de Ramsés e Dunia", os novos esposos, explicou o estatal Centro Nacional de Educação Sexual (Cenesex).

A nova Constituição da ilha, vigente desde abril, proíbe a discriminação por identidade de gênero. Também define o matrimônio como uma instituição social e jurídica, mas não legisla sobre quem o contrai. Isso será matéria de um novo Código de Família, ainda em elaboração. O atual só reconhece a união heterossexual.

Ramsés, homem transgênero, e Dunia, mulher transgênero, contraíram matrimônio em 16 de julho no Palacio de Matrimonios de San Francisco de Paula de Havana, uma entidade que pertence ao Ministério da Justiça. Mas não sem contratempos.

O casal fez uma primeira tentativa fracassada. Depois o Cenesex precisou intervir, fornecendo assessoria jurídica.

Em Cuba, os homossexuais sofreram perseguição, sobretudo nos anos posteriores à vitória da revolução, um fato pelo qual o ex-presidente Fidel Castro (1926-2016) pediu perdão.

No entanto, há mais de uma década o Cenesex promove a luta pelos direitos das pessoas LGBTI, sob a direção da deputada Mariela Castro, filha do ex-presidente Raúl Castro.

A instituição promoveu a inclusão na nova Constituição do conceito de matrimônio como "união entre duas pessoas", embora não tenha conseguido apoio majoritário.

 Nesta terça-feira (2) é comemorado o Dia Internacional do Livro Infantil. A data foi escolhida em homenagem ao dinamarquês Hans Christian Andersen, considerado o primeiro autor moderno de contos de fadas. ‘Soldadinho de Chumbo’, ‘ A Pequena Sereia’ e ‘Patinho Feio’ são algumas das obras clássicas escritas por Hans.

Para celebrar esta data, o LeiaJá listou algumas obras infantis que abordam temas como representatividade, empoderamento e igualdade de gênero. Confira:

##RECOMENDA##

Olivia não quer ser princesa

A porquinha Olívia não entende o porquê de todas as suas amigas gostarem de rosa, varinha de condão e quererem ser princesas. Olívia não quer vestir as mesmas roupas, sonhar os mesmos sonhos e pensar igual a todo mundo. Ela quer explorar todas as possibilidades e descobrir quais coisas combinam mais com o seu jeito de ser. A narrativa é de Ian Falconer e ilustrações de Roberto Fukue. No Brasil, a obra foi lançada em 2014 pela editora Globo.

Ceci tem pipi?

Max e Ceci se conhecem na escola e até onde Max sabe existem pessoas com pipi, que são os mais fortes e as pessoas sem pipi. No entanto, Ceci não tem pipi e parece ser tão forte quanto Max. Ela joga bola, desenha mamutes e tem uma bicicleta de menino. Em ‘Ceci tem pipi?’ as crianças têm contato de forma divertida sobre a importância da igualdade de gênero entre meninas e meninos.

 

Menina não entra

Idealizado pela escritora brasileira Telma Guimarães Castro Andrade, ‘Menina não entra’ também aborda a igualdade de gênero. Na narrativa, um grupo de meninos decidem formar um time de futebol e não querem deixar Fernanda participar por ela ser menina. Mas a visão dos garotos muda quando percebem que ser menina não significa não ter habilidades .

 

A princesa e a costureira

Prometida em casamento a um príncipe do reino vizinho, a princesa Cintia vai encomendar seu vestido de noiva e acaba se apaixonando pela costureira Isthar. Cintia irá contar com ajuda de amigos para enfrentar seus pais e viver esse amor. O livro foi escrito por Janaina Leslão e conta com ilustrações de Júnior Caramez. De acordo com a editora, a obra pretende auxiliar famílias e escolas na discussão sobre a diversidade e ampliação dos direitos LGBT.

Tenho Dois Papais

Financiado com o apoio de uma campanha colaborativa no Catarse, a obra apresenta a história de um garotinho que tem dois pais, mostrando que sua vida é igual a de outras crianças que têm pais heterosexuais.

Amoras

Escrito pelo rapper Emicida e inspirado na música ‘Amoras’, a obra mostra a importância da autoaceitação. O livro tem ilustrações de Aldo Fabrini.

 

 

Meu crespo é de rainha

Publicado originalmente em 1999, o livro celebra a beleza e a diversidade dos cabelos crespos e cacheados, além de desconstruir a ideia de beleza padrão imposta pela sociedade.

Quanto mais tempo um adolescente passa jogando videogames, mais propenso a mostrar atitudes sexistas e estereótipos de gênero ele fica, segundo um estudo com milhares de usuários franceses publicado nesta sexta-feira.

O estudo, realizado por uma equipe de pesquisadores franceses e americanos, comparou o tempo gasto por 13.520 jovens jogando videogames com as suas atitudes em relação às mulheres e aos papéis de gênero.

##RECOMENDA##

Os resultados, publicados na sexta-feira na revista Frontiers in Psychology, sugerem que o aumento da exposição aos videogames está associado a níveis mais altos de estereotipagem e sexismo entre os adolescentes, principalmente entre os meninos.

"As representações sexistas saturam a publicidade, a televisão e o cinema, e os videogames não são exceção", disse à AFP o coautor do estudo Laurent Begue, da Universidade de Grenoble. "A análise de conteúdo mostrou que as mulheres estão sub-representadas em videogames populares. Elas têm papéis passivos, são princesas que precisam ser salvas ou objetos secundários e sexualizados de conquista", acrescentou.

Embora as mulheres sejam as principais vítimas dos estereótipos, os homens também são afetados, sendo retratados como "mais ativos, armados e musculosos". A pesquisa envolveu meninos e meninas de 11 a 19 anos, residentes nas cidades de Lyon e Grenoble, e cujo tempo de jogo variava de uma a 10 horas por dia.

Pesquisadores da Universidade Savoie Mont Blanc, na França, e da Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos, também colaboraram no projeto. Experimentos anteriores mostraram que jogar videogames específicos por alguns minutos pode reforçar atitudes sexistas, mas o novo estudo é a primeira análise em larga escala do fenômeno entre os adolescentes.

Begue advertiu que, apesar da ligação "estatisticamente significativa" entre sexismo e videogames, a influência dos jogos sobre as atitudes dos adolescentes permanece limitada.

O fervor religioso é um determinante maior do sexismo, observaram os pesquisadores. A televisão, por outro lado, teve um impacto menor do que os videogames.

[@#galeria#@]

Adorada por uns, vista com maus olhos por outros, a profissão de gogo dancer, às vezes conhecida como gogoboy, ainda gera muita dúvida no imaginário da população. Muitos questionam se o trabalho está necessariamente relacionado a atividades sexuais. Outras pessoas acham que é apenas mais uma forma de emprego em tempos de mercado de trabalho acirrado. Mas, o que ninguém pode negar é que ser dançarino em boates e fazer as performances de tirar a roupa nos palcos causa, no mínimo, curiosidade. 

##RECOMENDA##

Mesmo sendo visto com muitos olhares negativos, o trabalho de gogo dancer vem ganhando a preferência de jovens que desejam ganhar dinheiro e dançar ao mesmo tempo. O dançarino Fellipe Pedrosa, de 24 anos, é gogo dancer há três anos e meio. O jovem entrou na profissão após participar do concurso “Coelho Boy”, da boate Club Metrópole, e conseguir o segundo lugar na disputa. “Uma amiga me disse que eu tinha perfil para entrar nesse concurso, então eu resolvi arriscar e alcancei a segunda colocação. Eu chamei a atenção de promoters e da ‘galera’ e continuei dançando e conseguindo meu prestígio”, conta Fellipe.

[@#video#@]

Muito mais do que apenas dançar, Fellipe explica que o trabalho do gogo dancer está associado à sensualidade masculina e à liberdade. “Dançando, eu mostro o lado sensual do corpo masculino, ainda pouco explorado. Eu tento também combater a discriminação que existe com quem é gogo dancer. Eu, que danço em boates LGBT, vejo que as pessoas que frequentam o local são estudiosas, bem-sucedidas e, sobretudo, humanas”, relata. 

Embora ele tente combater todas as críticas, Fellipe confessa que a repressão que sofre é constante. “Eu sofro homofobia mesmo sem ser homossexual e isso é muito comum nesse meio. Às vezes também sou taxado como garoto de programa. Eu sofro, sofri e sempre sofrerei preconceitos enquanto pessoas mal informadas e ignorantes ainda existirem”, comenta.

 

Em relação ao glamour da profissão, Fellipe se considera sortudo no ramo. “Eu tive muita sorte porque nem todos conseguem sucesso. O meu profissionalismo, com uma dose de sorte, conseguiu fazer com que eu viaje, tenha veículo próprio e consiga me manter”, conta. O dançarino mora no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, e afirma viajar para vários estados brasileiros para dançar. “Eu vim de origem humilde, sou do subúrbio e conheci lugares como São Paulo, tudo por conta da dança. De outra forma, nunca imaginaria chegar onde cheguei”, diz o dançarino. Ele conta também que as apresentações duram, em média, de 15 a 20 minutos e que o salário depende de quantas apresentações são realizadas. A remuneração de praxe chega a um salário mínimo por mês. “Esse mês eu vou ganhar R$ 2 mil reais, o que é um dinheiro muito bom. Se eu trabalhei muito, foi uma hora nesse mês”, relata. 

O jovem ainda revela que o assédio é muito grande. “As mulheres, geralmente, ficam enlouquecidas, querem arrancar minha roupa. Muitas pessoas perguntam para mim se faço ‘algo a mais’, mas sempre separo o pessoal e sou extremamente profissional”, explica. Fellipe, além de dançar em boates, também faz suas apresentações em ‘clubes das mulheres’, despedidas de solteiros e casas de swing. 

Apesar do sucesso na profissão, Fellipe pretende se ‘aposentar’ da vida de gogo dancer mais ou menos aos 27 anos. “Tudo o que tem a ver com beleza é temporário. Eu não vou ficar até os 65 anos no palco, não é? (risos). Então, por isso, estou seguindo outra área que amo, que é a de segurança do trabalho. Já estou, inclusive, estagiando em uma construtora”, explica.

 

Fora da vida agitada e assediada de gogo dancer, Fellipe Pedrosa torna-se Thailson Fellipe Lourenço Pedrosa da Silva, estudante e noivo. Apesar da vida cercada de pessoas que o desejam, o relacionamento dele dura há cerca de um ano e meio com a empresária Driele Oliveira. Os dois se conheceram em uma balada e ele, a princípio, não quis misturar as coisas. “Ela veio falar comigo, mas eu não quis. Eu só percebi que ela estava investindo quando ela veio falar comigo no Facebook, no outro dia. Eu fiquei pensando: ‘o que essa mulher quer comigo?’ (risos)”. Já Driele comenta que o ciúme que sente do noivo é saudável. “Sinto ciúmes, lógico, mas nossa relação é baseada no respeito e confiança. E eu vejo que quando ele está no palco ele é outra pessoa, um personagem.”, comenta.

O mercado 

O promoter Fellipe Bambam é conhecido no meio do agenciamento de gogo dancers. Ele conta que para entrar no ramo, o interessado tem que ter o perfil e saber dançar. “Isso é o básico, mas também depende muito da ocasião. Dependendo do evento, do público que vai participar, da natureza da festa, tudo isso é avaliado pelo contratante e eu ofereço nosso arsenal de opções.”, explica. 

O produtor ainda conta que a diferença de gogo dancer para striper está na dança. “Gogo dancer sabe dançar todos os estilos. Já stripper é aquele especializado em danças sensuais e números de tirar a roupa apenas. Mas, não basta saber dançar, tem que ter beleza completa, rosto, corpo, ser carismático”, explana Bambam. 

A proprietária da Club Metrópole, Maria do Céu, conta que o mercado de gogo dancers em Pernambuco é repleto de bons profissionais e que o perfil é formado por pessoas que já têm algo paralelo. “Geralmente os jovens que nos procuram gostam de dançar, têm um corpo bonito e querem uma renda extra”, explica. A empresária ainda relata como foi primeiro gogo dancer selecionado para dançar na boate. “Um dia eu estava andando pela rua e vi um rapaz lindíssimo que trabalhava numa empresa de gelo. Aí eu perguntei ‘você gosta de dançar?’, ele respondeu que sim e depois eu perguntei se ele ‘topava’ se apresentar. Ele disse ‘topo’ e eu não acreditei, ele era incrível!”, detalha Maria do Céu. 

A empresária ainda afirma que ser gogo dancer é um trabalho muito bonito e que os jovens que se interessam têm que ter o perfil físico e já dançar alguma coisa. “É importante que eles já saibam algum tipo de dança para não ficar travados no momento da apresentação”. 

 

[@#galeria#@]

Arte para uns, erro para outros. As famosas tatuagens atravessaram séculos e acompanham gerações. Já serviram de ritual em tribos indígenas, como formas de identificação em campos nazistas, símbolo de força e de vida para os marinheiros, se “marginalizaram” através dos presidiários e, atualmente, viraram entre os jovens símbolos para a liberdade de expressão. 

##RECOMENDA##

Quando as tatuagens ainda vêm acompanhadas de piercings, o preconceito é bem maior. O problema mais questionado é que os desenhos podem ser “mal vistos” por certas profissões consideradas conservadoras, representando assim uma barreira para a admissão. Então, essa escolha é um grande dilema para quem quer colocar os desenhos na pele. É preciso saber analisar como esse ato pode interferir na vida profissional.

Apesar de o preconceito contra pessoas tatuadas ser menos evidente atualmente, ainda existe um receio em algumas pessoas na hora de se tatuar por conta do mercado de trabalho. Na hora do "vamos ver" sempre surge aquela pergunta: “Ser tatuado pode ser um problema na hora de buscar emprego?”.  Na hora de uma seleção, é sempre importante saber o perfil da empresa, se o cargo é diretamente ligado ao atendimento ao consumidor e se você acredita ter o perfil para a vaga. Para a assessora de Recursos Humanos, Viviane Duque, as tatuagens não são motivos para a eliminação de um candidato em um processo seletivo. “ Não existe nenhum normativo, nenhuma norma de conduta e contratação que implique que a pessoa que for tatuada está fora da seleção”, afirma.

Em depoimento ao Portal LeiaJá, a assessora dá algumas dicas para os candidatos. Confira na entrevista em vídeo:

[@#video#@]

As “aparências” não enganam

As tatuagens são presentes na vida do advogado Vinícius Santiago. Ele conta que pensou bastante no local que em que seria tatuado. “Nas primeiras tatuagens, minha preocupação era muito grande. Quando fiz a mais recente, na parte interna do braço, pensei como isso poderia repercutir na minha vida profissional. Embora a advocacia seja uma profissão extremamente tradicional, não há que se confundir a conduta do profissional com gosto e preferências da vida pessoal”, opina.

Para o advogado, as tatuagens não interferem  na competência,  no compromisso profissional e não podem estar vinculados apenas a imagem.“Acredito que as pessoas associam as tatuagens a uma vida desregrada. A representatividade dos desenhos e mensagens são pessoais, escolhidas para marcar eventos importantes. Em outros países, da América Latina mesmo, o uso de tatuagens é bem mais comum. É incrível como há resistência às diferenças. Afinal, considerar que uma pessoa riscada tenha um caráter duvidoso é, no mínimo, uma grosseria.”, complementa. 

Cuidados necessários na hora de se tatuar

Para evitar traumas, infecções e estresses, devem ser tomados alguns cuidados antes de escolher o local onde será feita a tatuagem. A primeira dica é que sejam visitados alguns estúdios, para que você tenha noção de como é o espaço e conheça tatuador. Preste também muita atenção se o local está com condições de higiene validadas pela Vigilância Sanitária. Pontos como esterilização do material, uso de luvas e o descarte delas devem ser analisados. Os tatuadores não podem receitar nenhum tipo de remédio, apenas pomadas para cicatrização.

Vale ressaltar que após fazer a tatuagem existem vários e importantes cuidados que devem ser seguidos para que possam garantir a cicatrização e evitar qualquer tipo de infecção. Depois de terminada a sua tatuagem, ouça bem as recomendações do tatuador sobre quais são os cuidados a serem tomados. Use uma película sobre o desenho e aplique a pomada no local. É importante evitar a exposição solar durante pelo menos um mês para que queimaduras sejam evitadas. Durante o processo de cicatrização é normal que a tatuagem ganhe uma crosta e que dê comichão, mas, evite coçar, a retirada pode modificar os desenhos. Ao primeiro sinal de infecção ou reação alérgica, consulte de imediato um médico.

O que diz a legislação?

Não existe nenhuma lei no Brasil que proíba o preconceito sofrido por pessoas tatuadas. Mas, o Art.1º da Lei Nº 9.029, de 13 de Abril de 1995, proíbe a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso a relação de emprego, ou sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar ou idade.

Mas em São Paulo, um projeto de Lei do deputado estadual Campos Machado, tornou crime a tatuagem feita em menores de idade, mesmo que eles tenham a autorização de seus responsáveis. O Art.1º da Lei 9.828/97 diz que estabelecimentos comerciais, profissionais liberais, ou qualquer pessoa que aplique tatuagens permanentes em outrem, ou a colocação de adornos, tais como brincos, argolas, alfinetes, que perfurem a pele ou ombro do corpo humano, ainda que a título não oneroso, ficam proibidos de realizarem tal procedimento em menores de idade, assim considerados nos termos da legislação em vigor.

Opinião do tatuador

Existem muitos profissionais bem treinados para tatuar e reproduzir com perfeição os desenhos e escrituras em corpos. O tatuador e grafiteiro  Júnior M. EU relata que o número de pessoas que fazem tatuagens tem crescido, que os clientes já tem noção do que querem fazer. “Grande parte da clientela já vai decidida do que quer fazer e onde, mas venho  percebendo que grande parte evita certos tamanhos e não mais lugares”, afirma o tatuador.

Júnior sempre aconselha seus clientes antes das sessões. “A pessoa tem que ser ela mesma e fazer o que lhe está confortável a fazer. Se ela não está segura de que quer ter uma tattoo no momento, então não é a hora certa. Às vezes o medo pode vir de casa, do trabalho ou igreja e quem tem uma tatuagem assume o risco e pra isso é preciso ter a mente decidida”, declara.

O episódio de racismo sofrido pelo jogador de futebol Daniel Alves durante um jogo do Barcelona,ue time que defende, e a reação dele em comer a banana que foi atirada em campo por um torcedor resultaram em uma campanha disseminada nas redes sociais com a hastag: Somos todos macacos. A reação de Daniel Alves à tentativa de agressão racista foi de extrema inteligência e desmontou completamente a intenção premeditada com o ato.

Reações a parte, descobriu-se, logo depois do fato, que uma campanha publicitária com a participação do jogador Neymar, que também foi vítima de racismo há algum tempo, já estava pronta para ser lançada ao mercado e foi ideia da agência publicitária a #SomosTodosMacacos.  A internet foi tomada pelas publicações, no entanto, algumas pessoas não aceitaram a “comparação” com os macacos. E surgiu, então, um movimento contra a campanha.

É óbvio que o racismo é um problema grave e precisa ser combatido. Tornou-se lugar comum falar sobre isso.  No entanto, em tempos que as pessoas se apegam as palavras e não ao espírito das ações, é necessário explicitar o óbvio. Claro que não somos todos macacos no sentido literário. Somos seres mais evoluídos que os macacos. No entanto, a ciência já comprovou que todos descendemos deles, então, sim, somos todos macacos.

A campanha lançada vai muito além de palavras no sentido de que, como seres humanos, somos todos iguais. Descendemos e compartilhamos da mesma natureza. Então, se um determinado torcedor considera que Daniel Alves, Neymar ou Tinga são macacos, ele próprio necessariamente também tem de ser. É o sentido.

Algumas pessoas criticaram a atitude de Neymar, especulando sobre uma possível motivação financeira com a campanha, no entanto, não houve por parte dele nenhuma oferta de produtos ligados ao tema e mesmo se houvesse, ninguém é obrigado a comprá-los.

Publicidade e propaganda a parte, a atitude de Daniel Alves foi, sem dúvida, a novidade dessa história. O comum é que jogadores que passam por esse tipo de agressão por atos de racismo tenham dois tipos de reação: a primeira é um falso posicionamento de indiferença e, em seguida, façam o desabafo sobre a situação. A segunda é a forma agressiva de reação, muito comumente feita pelo revide.

O bom humor adotado por Daniel diante da banana jogada no campo chegou como uma nova forma de reação: o de indiferença diante da mentalidade tão pequena das pessoas racistas. A inteligência demonstrada pelo jogador merece aplausos.

Num setor dominado por homens, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta terça-feira que foi a primeira mulher na petroleira a ocupar os cargos que exerceu e que teve de lidar com preconceitos ao longo da carreira na companhia. Graça fez uma palestra sobre o papel das mulheres no setor de petróleo no Offshore Technology Conference (OTC), o maior evento do mundo dedicado à área de exploração e produção de petróleo no mar, com publico basicamente masculino. As inscrições para a palestra estavam esgotadas bem antes do início do evento e os organizadores tiveram de procurar uma sala maior.

Ela disse que, no quadro de funcionários da Petrobras, a maioria (84%) são homens, incluindo nos níveis de comando. "Não foi fácil chegar à presidência da Petrobras. Foi uma longa história de lutas e sacrifício pessoal", disse, destacando que começou na empresa ainda como trainee e passou por todas os níveis da companhia.

##RECOMENDA##

Graça falou que, depois de passar por diversos cargos, todos eles voltaram a ser ocupados por homens. "Isso me preocupa." Sobre as mulheres numa empresa de petróleo, ela disse: "Somos diferentes, mas podemos fazer o mesmo trabalho se decidimos a fazer." Graça não falou com a imprensa e saiu da conferência antes do final para embarcar de volta ao Brasil.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando